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APRESENTAÇÃO
Nesta aula você compreenderá em que consiste o movimento pietista, quando e por que ele
surgiu, bem como os aspectos que marcaram a Era da Razão e sua relação com a história da
igreja.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
• Compreender os objetivos do movimento pietista frente aos problemas enxergados por
seus precursores na teologia luterana
• Compreender como o pensamento iluminista, denominado era da razão, interfere na
igreja do início da Modernidade.
META
Apresentar os aspectos do movimento pietista e da era da razão na história do cristianismo.
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO I 2
1 MOVIMENTO PIESTISTA
1.1 PIETISMO
O pietismo foi um movimento que surgiu na Alemanha no século XVII. O termo pietismo
é derivado da palavra latina pietas, cuja tradução é “piedade”, “devoção”. Com efeito, os
pietistas desejavam uma renovação dos princípios da Reforma Luterana. Os membros do
pietismo acreditavam que a teologia luterana estava muito racional e lógica, ao passo que
enfatizavam uma doutrina cristã prática, em que o estudo bíblico e a devoção deveriam
caminhar juntos.
Os pietistas aceitavam todos os princípios fundamentais da Reforma como o
sacerdócio universal de todos os crentes e a autoridade suprema das Escrituras em relação à
tradição. Contudo, para eles a Reforma Luterana estaria incompleta, pois era necessária
também uma reforma na vida interior. A necessidade de uma experiência com Deus era uma
das ênfases desse movimento.
Com o passar dos anos, a teologia luterana passou a ser elaborada de forma bastante
racional e lógica. As doutrinas possuíam forte influência escolástica e racionalista. Por essa
razão, os pietistas acreditavam que o cristianismo na Alemanha havia entrado em um estado
de apatia teológica e espiritual. Para muitos pietistas a doutrina estava morta e precisava ser
renovada. Eles afirmavam que o cristianismo verdadeiro precisava ter três elementos:
ortopatia (os sentimentos certos); ortopraxia (uma prática de vida correta) e a ortodoxia
(doutrina correta), de modo que os três devem estar sempre juntos para que se viva o
cristianismo de maneira autêntica. Também,
O fundador do Pietismo foi o alemão Filipe Jacó Spener (1635- 1705), o qual era
originário de uma família luterana. Quando se tornou pastor na cidade alemã de Frankfurt,
Spener organizou grupos em sua casa a fim de realizar cultos devocionais. Nessa cidade
publicou o livro Pia desideria, cujo significado é “desejos piedosos”, o qual está em circulação
até os dias de hoje.
O primeiro desejo era de que os cristãos se reunissem com mais frequência em cultos
familiares com o intuito de aprofundar no estudo das Escrituras. No segundo, Spener deseja
ver o princípio do sacerdócio universal de todos os crentes em prática, pois segundo ele, os
leigos devem participar ativamente das funções sacerdotais, principalmente nos encontros de
estudos bíblicos nos lares. O terceiro apontava para a necessidade de uma vida cristã
baseada não apenas nas formulações doutrinárias, mas também na experiência de fé.
Spener aceitava e enfatizava a importância da igreja conhecer sua doutrina, entretanto
de igual modo a prática cristã autêntica é necessária. Era preciso demonstrar não apenas
conhecimento das formulações teológicas, porém, sobretudo um viver cristão baseado nas
Escrituras e nos ensinos de Cristo.
No quarto desejo, Spener esperava que as muitas controvérsias teológicas fossem
discutidas em um ambiente de paz e espírito cristão, onde prevalecesse o amor o qual é a
essência do cristianismo e ensino de Jesus. Spener prossegue e deseja que os pastores não
recebam apenas um treinamento baseado somente na teoria teológica, como também na
prática; uma vida de devoção e experiência com Deus é fundamental.
Destarte, a vocação ministerial é desenvolvida a partir da teoria e também pela prática
em atividades pastorais. Conforme Spener, após receber o treinamento, o ministro devia usar
o púlpito não para trazer doutrinas obscuras aos ouvintes, não obstante a pregação e o ensino
devem ser marcados pela clareza com objetivo de alimentar o rebanho de Cristo.
O amigo e seguidor de Spener chamado Augusto Hermann deu prosseguimento ao
movimento, fundando escolas e creches visando atender famílias pobres. Assim sendo, as
principais características do pietismo sob a ótica de Spener foram:
1- Ênfase na piedade pessoal
2- Prática em realização de pequenos grupos
3- Ênfase na leitura devocional da Bíblia
4- Uma vida cristã marcada pela simplicidade
2 A EMERGÊNCIA DA RAZÃO
Neste tópico estudaremos o Iluminismo. Veremos que no século XVII ocorreu uma série
de movimentos no campo da ciência, arte e cultura na Europa acarretando uma virada
antropológica. A razão ganhou primazia no que diz respeito às interpretações da vida e da
realidade.
2.1 ILUMINISMO
O Movimento Iluminista durou cerca de dois séculos apenas; entretanto, durante esse
período relativamente curto de tempo, uma nova cosmovisão logrou destronar aquela que
havia reinado na civilização ocidental desde os dias de Agostinho, ou seja, a cosmovisão
cristã. Embora o iluminismo tenha muitas de suas raízes no racionalismo do século XVII, as
ideias que o caracterizavam foram muito além do racionalismo de Descartes, Spinoza e os
demais pensadores contemporâneos. Emanuel Kant, assim escreve sobre o iluminismo:
O Iluminismo é a saída do homem do estado de minoridade de que ele deve
imputar a si mesmo. Minoridade é a incapacidade de valer-se de seu próprio
intelecto sem a guia de outro. Essa minoridade é imputável a si mesmo se sua
causa não depende de falta de inteligência, mas sim de falta de decisão e
coragem de fazer uso de seu próprio intelecto sem ser guiado por outro.
Sapere aude! Tem a coragem de servir-te de tua própria inteligência! Esse é o
lema do iluminismo (KANT, 1990, p. 308).
morrer, produzindo numerosos livros, peças teatrais, panfletos e cartas. Sua obra mais
conhecida é “Candide”, fábula filosófica sobre a natureza do bem e do mal.
ATIVIDADES
Foi uma longa trajetória até aqui, desde a era da igreja primitiva, passando pelas
perseguições, pelo domínio da igreja romana e do cléro, até as reformas e influências das
transformações culturais e filosóficas. Para sintetizar tantas informações e consolidar o
aprendizado, desenvolva um quadro como o exemplo abaixo com os principais aspectos de
cada período e os impactos no cristianismo:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta aula você pôde compreender as críticas do movimento pietista à teologia luterana, vista
como uma teologia racionalista e vazia de sentimento e espiritualidade. O movimento pietista
foi fundamental na base da nossa igreja atual, pois influenciou inclusive John Wesley, que
preconizava o valor da experiência de fé em Cristo e do coração aquecido pelo Espírito.
Vimos como as bases filosóficas do Iluminismo marcaram a história do cristianismo, através
da valorização da razão e do conhecimento humano e desvalorização da fé.
REFERÊNCIAS
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: o que é o iluminismo. In: A paz perpétua e outros
opúsculos, Lisboa, Edições 70, 1990.