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Introdução
Singer constrói a proposta ética de inclusão dos animais na conside
ração moral, por um lado, na perspectiva da crítica às tradições religiosas
e filosóficas antropocêntricas e hierarquizantes das quais somos herdei
ros, e, por outro lado, na perspectiva do ideal da igualdade apregoado
1
desde a modernidade pela mesma filosofia que fomenta o especismo, o
preconceito contra seres de outras espécies. Sem perder de vista a exi
gência de coerência com o princípio da universalizabilidade, da generali-
Peter Singer.
Philosophica 17/18, Lisboa, 2001, pp. 21-48
22 Sônia T. Felipe
2 “... When Aristotle in Book V of the Nicomachean Ethics comes to grips with distribu
tive justice, almost the first remark he has to make is that ‘justice is equality, as all men
Da Igualdade 23
Treze anos antes dos franceses, mas inspirados pelos vigorosos prin
cípios da igualdade e da liberdade, os norte-americanos haviam declarado
a igualdade política e o direito de autodeterminação a todos os cidadãos,
antecipando-se, assim, aos franceses, em declarar a independência e a
não obediência à vontade política de outrem, no caso, à do Império Bri
tânico. A não subordinação de um sujeito aos interesses e ao domínio de
outro, condição básica que assegura a igualdade de seres dotados de
razão e de liberdade, passa a ser o ideal político e moral dos cidadãos
daquelas duas novas repúblicas. Nessa via que impregna o princípio da
igualdade de um carácter moral e político, desvencilhando-se do sentido
teológico tradicional da “igualdade de todos perante Deus”, a primeira
grande batalha trava-se em favor da independência política dos homens,
seguida da guerra pela abolição da escravidão. Em terceiro lugar aparece
a luta pela emancipação das mulheres, e, por fim, o movimento pela
libertação dos animais que deu origem, nas três décadas seguintes, à cria
ção das duas sociedades mais conhecidas de protecção aos animais: a
ASPCA- Americam Society for the Prévention of Cruelty against Ani
mais (EUA) e a RSPCA - Royal Society for the Prévention of Cruelty
against Animais (UK).
No mesmo ano da Revolução norte-americana, em 1776, Humphrey
Primatt publica em Londres A Dissertation on the Duty of Mercy and Sin
o f Cruelty to Brute Animais, um ensaio no qual condena a crueldade da
caça e atribui a todos os seres sensíveis a igualdade moral. Assim, a
revolução política europeia fundada sobre a liberdade e a igualdade para
os homens, testemunha já nos seus primórdios um nascimento trigémeo,
o início da luta pela liberdade e pelo fim dos tratamentos cruéis e escravi-
zantes, extensivos a outros seres além dos homens, aos negros, às mulhe
res e aos animais, trigémeos indesejáveis que os progenitores da igualda
de tentarão a todo custo esconder nos bastidores da história.
Humphrey Primatt defende para os animais a libertação do jugo
humano ao qual estão condenados, e sob o qual seus interesses não con
tam. Seguindo seus passos Jeremy Bentham escreve em 1780 também na
Inglaterra An Introduction to the Principies of Morais and Legislation,
publicado nove anos mais tarde. Nesse tratado ético*3 o Autor apela aos
homens a buscarem o aperfeiçoamento moral através da inclusão dos
animais dotados de sensibilidade na comunidade dos seres que devem ter
believe it to be, quite apart from any argument.’ And well they might if they are Greeks,
for their ordinary word for equality, to ison or isotes comes doser to being the right
word for ‘justice’ than does the word dikaiosyne, which we usually translate as ‘justice’.
Thus, when a man speaks Greek he will be likely to say ‘equality’ and mean ‘justice’.”
Gregory Vlastos. Justice and Equality. In: Waldron, Jeremy, Théories ofRights. Oxford:
Oxford University Press, Sixth impression, 1995, p. 41.
3 An Introduction to the Principies of Moral and Legislation.
24 Sônia T, Felipe
obras: Stanley and Rosalind Godlovitch and John Harris, Animais, Men and Morais
(Oxford 1971); no mesmo ano Roslind Godlovitch publica ainda Animais and Morais-,
Peter Singer publica em edição norte-americana pela primeira vez em 1973 Animal
Liberation, editado três anos mais tarde em Oxford; também em 1976 Andrew Linzey
(teólogo e filósofo) publica Animal Theology; e em 1975, do próprio Richard D. Ryder
Victims o f Science; desse grupo ainda faziam parte Stephen Clark, que publicou em
26 Sônia T. Felipe
1977 The Moral Status o f Animal e John Harris. Cf. Ryder, Animal Revolution, p. 5-8.
Enquanto no entender de Ryder estas são as obras que desencadeiam o movimento
filosófico e as acções políticas desses mesmos filósofos pela abolição do especismo,
Singer, por seu turno, indica a obra de Ruth Harrison, Animal Machines, publicada em
Londres por Vincent Stuart em 1964, como a denúncia pioneira mais contundente e
oportuna da condição de vida dos animais criados para o abate na Inglaterra. Este livro
marca-o tão profundamente que o leva a escrever Animal Liberation, considerado desde
sua publicação em 1973 como o texto que dá fundamento a todo o movimento pela
libertação dos animais na Europa e nos Estados Unidos na década de 80 do século XX.
11 Ryder, Animal Revolution, p. 8.
12 Singer define o que chama de utilitarismo de acção (act utilitarianism): “... An act is
right if and only if it would hâve best conséquences, that is, conséquences at least as
good as those of any alternative act open to the agent”. Definição de D. H. Hodgson,
apresentada em Conséquences of Utilitarianism, analisado por Singer. Cf. Singer,
Peter, “Is act-utilitarianism self defeating?”, In: The Philosophical Review, Vol. 81,
Issue 1 (Jan. 1972), p. 95.
13 Singer distingue uma vertente do utilitarismo, que não seguindo a versão clássica,
adopta uma regra diferente para julgar se uma acção é ou não ética. Para o utilitarismo
clássico a acção a ser empreendida é aquela que maximiza o montante de prazer ou de
bem-estar e felicidade, ou minimiza o montante de dor, mal-estar ou infelicidade
(sofrimento) no mundo. A outra maneira de preservar o utilitarismo e seu princípio do
Da Igualdade 27
O especismo
Criada por Richard D. Ryder primeiramente em um panfleto em
defesa dos animais e empregue em 1975 em Victims of Science, a expres
são especismo, do inglês speciesism15 acaba por tomar-se um dos concei
tos centrais, e, quem sabe, o mais inovador na teoria ética de Peter Sin
ger, que o utiliza em todos os textos publicados desde então. De acordo
com o que Ryder propõe e o uso que Singer lhe dá, o termo especismo
designa a forma discriminatória pela qual seres humanos tratam seres de
outras espécies animais como se estes existissem exclusivamente para
servir aos interesses daqueles.16 Interesses e preferências de um ser
de especiesismo, que teria acompanhado o termo original, mas não soaria tão bem.
Singer assim o reconhece e praticamente lamenta o fato de que o neologismo
speciesism e não speciesm acabou por receber da Enciclopédia Britânica o Imprimatur,
e, desse modo foi incorporado à filosofia e à literatura.
16 “... para descrever a discriminação generalizada praticada pelo homem contra outras
a opinião expressa nos dias de hoje por aqueles que defendem a exploração de animais
nas fábricas de criação, no comércio de peles, laboratórios e em outros lugares. (...)
Afinal de contas, [afirma o criador de animais, ou o senhor de escravos...] suas condi
ções de vida são muito melhores do que nas florestas e, convenhamos, essas criaturas
nunca conheceram prazeres refinados e desse modo não podem saber o que estão a
perder. O observador não deve julgar os escravos de acordo com seu padrão- e acredi
tar que eles podem sentir e sofrer de modo semelhante ao seu é ‘sentimentalismo’.
Acima de tudo, enfatizava-se, a escravidão era imprescindível à sobrevivência econó
mica.” Ryder, Richard D. Speciesism. In: Baird, Robert M & Rosenbaum, Stuart E.
(Eds.) Op. eit., p. 36. Inspirada na analogia estabelecida por Ryder, entre as tentativas
de justificação do escravismo, apresentadas publicamente pelos senhores de escravos
contra a proposta abolicionista, e as tentativas de justificação apresentadas actualmente
por produtores, consumidores e exploradores de animais, Marjorie Spiegel publicou
em 1988 The Dreaded Comparison; Human and Animal Slavery, que nos oferece uma
reconstituição dos discursos filosóficos, políticos, literários, poéticos, fotográficos e
jornalísticos que confirmam a existência de uma mesma matriz cognitiva e de um
mesmo padrão moral que dão sustentação ao escravismo, e, nas práticas contemporâ
neas, ao especismo, ou seja, ao uso, exploração, abuso e abate dos animais para forne
cer material de consumo humano.
20 Cf. Singer, Animal Liberation, p. 7.
tos, pois os beneficiários desses bens não são os próprios bens, ao contrário
do que ocorre com o cuidado que dispensamos aos animais e aos humanos,
mas seres que sequer nasceram ainda. Conservamos o que há de bom, belo
e útil, o património, para que o possam desfrutar as gerações futuras.22
A convicção fundada nos pressupostos utilitaristas, que definem a
sensibilidade como referência para a moralidade humana, em outras
palavras, a convicção de que os seres directamente prejudicados pelo
padrão moral tradicional, ou pelos costumes que o justificam, sofrem ao
serem excluídos da liberdade de viver plenamente de acordo com as pos
sibilidades individuais e específicas, contribui para a luta abolicionista
dos costumes machistas, escravistas e especistas. Os seres até agora
empregues como meros meios para que os homens alcancem seus fins,
mulheres, negros, crianças e animais, passam a ser sujeitos de um movi
mento que os tira da posição tradicional. Isso dificulta seu “uso” como
meros objectes.
A capacidade de sofrer tem sido o argumento dos libertários e aboli
cionistas na defesa dos animais e de todos os seres humanos em condi
ções hostis ao bem-estar físico, psíquico e social.23 A ideia de que há
seres que sofrem com nossos actos - ou por estarem directamente subme
tidos aos efeitos daquilo que a acção desencadeia sobre si, a realidade ou
o ambiente no qual vivem, no caso de outros por reprovarem tais práticas
- tem sido apresentada como argumento para coibir práticas individuais e
institucionais discriminatórias. Em relação aos animais o argumento eco
nómico, o alcance de imensos benefícios sem custos dolorosos para
quem os alcança, ainda prevalece sobre o moral. Dado que os seres
humanos - exceptuando-se os que aboliram deliberadamente de suas
vidas o uso e o abuso dos animais em quaisquer formas - 24 preservam
22 Cf. Id., Ibid.
23 “... Defendo que (...) deveríamos empregar o mesmo grau de esforços à eliminação do
sofrimento de outros - humanos e não humanos - que empregamos para eliminar um
sofrimento semelhante quando é o nosso. Este é na verdade um padrão exigente, e devo
dizer honestamente que apesar de analisar o argumento ... até esse ponto como alguém
que o faz rigorosamente, o que segue é mais controverso...” . Singer, Peter. The Signifi-
cance of Animal Suffering. In: Baird, Robert M. & Rosenbaum, Stuart E. (Eds.),
Op. cit., p. 62.
24 Os jainistas
constituem o grupo humano mais profundamente convicto do respeito a
todas as formas de vida, incluindo-se a dos insectos e microorganismos. Jainistas não
comem animais nem seus derivados, não usam derivados de animais para vestimentas
ou artefactos, não usam animais no trabalho, lazer, esporte. Ao andarem pelos cami
nhos olham para não pisarem os insectos, e usam um lenço como máscara ao fazerem
caminhadas, para impedir que os microorganismos entrem nas vias respiratórias e
morram. De todos os exemplos humanos de respeito por todas as formas vida, os
jainistas representam a posição mais radical e absoluta. Cf. Chapple, Christopher.
Noninjury to Animais: Jaina and Buddhist Perspectives. In: Regan, Tom (Ed.), Animal
Sacrifices, p. 213-236.
Da Igualdade 31
30 “Nós toleramos crueldades infligidas a seres de outras espécies que nos indignariam
caso fossem infligidas a membros de nossa própria espécie. O especismo permite aos
cientistas considerarem os animais nos quais fazem os experimentos como itens do
equipamento, muito mais como instrumentos de laboratório do que seres vivos e
capazes de sofrimento. Na verdade, nos grandes projectos apoiados por agências do
governo os animais são colocados na lista dos ‘suplementos’, junto com os tubos de
ensaio e aparelhos de gravação”. Singer, Animal Liberation, p- 69. Todos sabemos que,
ao contrário do que o afirma Descartes, “... o sistema nervoso de outros animais não é
construído artificialmente - como o pode ser o de um robô - para imitar o comporta
mento que expressa a dor em humanos. O sistema nervoso animal evoluiu do mesmo
modo que o nosso, e na realidade a história da evolução de seres humanos e outros
animais, em especial dos mamíferos, não divergiu até que as características centrais do
nosso sistema nervoso passaram a existir. A capacidade de sentir dor amplia a
perspectiva de sobrevivência da espécie, pois leva seus membros a evitar o que os
injuria.” Ibid., p. 11.
34 Sônia T. Felipe
todas as características próprias - a íris, pupila, e a cómea começam por parecer uma só
massa infectada. Os investigadores não são obrigados a usar anestesias, mas, às vezes eles
empregam uma pequena quantidade de anestesia local ao aplicar a substância, desde que
não interfira no teste. Isso não contribui em nada para aliviar a dor que resulta por receber
limpador de forno nos olhos ao longo de duas semanas. Os relatórios do U.S. Department
of Agriculture mostram que em 1983 os laboratórios de testes toxicológicos usaram
55.785 coelhos, e indústrias químicas outros 22.034. Pode-se afirmar que muitos desses
foram usados no teste Draize, embora tais números não sejam acessíveis.” Singer, Peter,
Animal Liberation, p. 54-55.
43 Singer, Animal Liberation, p. 56.
44 Cf. Singer, Peter, Ética Prática. São Paulo: Martins Fontes, 1994, p. 75; e Animal
Liberation, p. 40.
45 Cf. Singer, Animal Liberation, p. 57.
40 Sônia T. Felipe
50 Mais adiante afirma que só há um modo de “... acabar com o sofrimento que tais testes
provocam: (...) até que tenhamos desenvolvido suficientemente alternativas a eles,
como um primeiro passo, devemos simplesmente passar sem as substâncias novas
potencialmente danosas, que não são essenciais à nossa vida.” C f Ética Prática, p. 40
51 "... uma acção contrária à preferência de qualquer ser é errada -a menos que essa prefe
rência seja superada, em termos do seu valor, pelas preferências contrárias. Matar uma
pessoa que prefere continuar vivendo é, portanto, errado, sendo iguais as demais
condições.... O mal é praticado quando a preferência é frustrada.” Singer, Peter, Etica
Prática, p. 104.
52 Singer, Peter, Ética Prática, p. 79-80.
53 “... os defensores da experimentação animal não negam que os animais sofram. Eles
não podem negar o sofrimento animal, pois precisam enfatizar as semelhanças entre
humanos e outros animais para poder afirmar que seus experimentos podem ter certa
relevância para os propósitos humanos. O investigador que força ratos a escolher entre
morrer de fome ou levar choques eléctricos para ver se desenvolvem úlceras (o que
fazem) procede desse modo porque o rato tem um sistema nervoso semelhante ao do
ser humano, e presumidamente sente o choque eléctrico de modo semelhante.” Singer,
Peter, Animal Liberation, p. 40.
42 Sônia T, Felipe
do ou não a algum outro factor), seja para que o observador possa ver
como o animal reage à punição por “ter se comportado mal”, ou “feito a
coisa de modo errado”. Muitos animais, escreve Singer, morrem já no
primeiro dia dos choques preliminares e não chegam, desse modo, sequer
a entrar para a segunda etapa do experimento. Experimentos dessa natu
reza conduzem, via de regra, a conclusões banais, e, por terem alcançado
resultados triviais os cientistas afirmam necessitar de novos experimen
tos, ou do aumento do número de animais testados. Da relevância de tais
“estudos” não se pode falar. M uito menos da legitimidade moral para os
fazer. Um comité britânico computou o número de pesquisas realizadas
em animais e comparou-o com o número de artigos que saíram publi
cados. Apenas 25% obteve reconhecimento científico para publicação.54
O restante não têm valor científico algum, isto é, não traz resultado
algum digno de nota, seja para a comunidade humana, seja para a animal.55
57 “... O embrião, o feto, a criança com profundas deficiências mentais e o próprio bebé
recém-nascido são todos membros da espécie Homo sapiens, mas nenhum deles é auto-
consciente, tem senso de futuro ou capacidade de se relacionar com os outros.” Singer,
Peter, Ética Prática, p. 96.
58 Singer, Peter, Ética Prática, p. 105.
59 Singer, Peter, Ética Prática, p. 106.
60 Singer, Peter, Ética Prática, p. 106.
61 Cf. Singer, Peter, Ética Prática, p. 106.
44 Sônia T. Felipe
62 Seres conscientes são seres sentientes e capazes de sentir dor e prazer, mas não dotados
de razão e de autoconsciência, tais como bebés recém-nascidos, alguns seres humanos
com deficiências mentais, e muitos animais. Cf. Singer, Peter, Ética Prática, p. 111.
63 Singer, Peter, Ética Prática, Cap. 4. p. 115.
64 Singer, Peter, Ética Prática, Cap. 4, p. 116.
65 Singer, Peter, Ética Prática, Cap. 4, p. 117.
Da Igualdade 45
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6. SALT, Henry, Animar Rights; Considered in Relation to Social Progress.
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8. SINGER, Peter, Ética Prática. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo:
Martins Fontes, 1994.
9. SINGER, Peter, “Is act-utilitarianism seif defeating?”, In: The Philosophical
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10. SPIEGEL, Marjorie, The Dreaded Comparison; Human and Animal Slavery.
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11. WALDRON, Jeremy (Ed.), Théories of Rights. Oxford: Oxford University
Press, 1984/ 1995.
ABSTRACT