Você está na página 1de 4

TRABALHO FINAL

ÉTICA 1

Professores:
Aluna: Ana Pablo Dias
Carolina Fortes e Dalmir
Coelho Rocha Lopes Jr.
de Sá
Na contemporaneidade a preocupação com o status da vida de animais não
humanos vem sendo amplamente debatida, na filosofia não é diferente. Muitas
são as questões éticas que envolvem a relação entre animais humanos e animais
não humanos na história da sociedade. Contudo a consideração direcionada a
animais não humanos na filosofia clássica foi mínima e só não nula, pois Pitágoras
os incluiu em suas reflexões morais. Para Pitágoras maltratar um animal seria
como causar mal ao próprio ser humano já que para ele todos os seres vivos
partilhavam de uma “alma” que transmutava entre os corpos. Além disso, a ação
bruta contra animais geraria brutalidade em relação a outros seres humanos
também. Distante dessa concepção a ética Aristotélica inclui apenas os seres
racionais, aqueles capazes da aquisição de conhecimentos elaborados e os
únicos com a capacidade de buscar a felicidade, segundo Aristóteles, o ser
humano. E para esses, ele pensou a forma de alcançar seu desejo, o bem maior e
incondicional, que será através das virtudes. Só por meio de atitudes virtuosas o
homem conseguirá ser feliz. As virtudes, para Aristóteles são o justo-meio, o
intermédio entre dois vícios. O equilíbrio como um hábito levará o ser humano ao
encontro do seu desejo, a felicidade.

Immanuel Kant e sua ética do dever baseada na razão. Razão atribuída


exclusivamente a seres humanos, porém não todos, só os considerados pessoas.
De acordo com Kant, os aptos a estabelecerem contratos. E é a razão humana
que levará a condutas motivadas pelo dever, não só por instintos ou pelo próprio
benefício. O dever foi definido por Kant como o imperativo categórico que rege a
moral humana, a máxima comum a todos. Nesse contexto evidencia-se a exclusão
de animais não humanos, que na ética Kantiana só não deveriam sofrer injúrias
por pertencerem a seres humanos que acabariam sendo afetados. Não existe
interesse em garantir o bem-estar de animais não humanos e nem de inclui-los no
roll de consideração moral. No entanto, para lógica em que se fundamentava sua
teoria, é coerente a não inclusão de animais não humanos já que muitos humanos
acabaram por serem excluídos, tendo somente indiretamente seus direitos
garantidos a fim de evitar danos ao agente moral.
Quando passamos para ética utilitarista e a teoria de Jeremy Bentham
pela primeira vez na filosofia vislumbramos a possibilidade de incluirmos os
animais não humanos na consideração moral humana. Bentham lança o seguinte
questionamento que não poderia ser ignorado: “A questão não é "eles pensam?"
ou "eles falam?", a questão é "eles sofrem?” referindo-se aos animais. Isso porque a
ética utilitarista prioriza o prazer ocasionado pelas ações dos agentes morais. Um
utilitarista irá sempre se preocupar em garantir a maximização do prazer e a
minimização da dor, para que dessa forma a felicidade seja obtida. Dois séculos
mais tarde o filósofo Peter Singer publicará o livro de título “Libertação Animal” um
marco na história da luta pelos direitos animais. Singer usará como base a ética
utilitarista e incluirá sem nenhuma dificuldade o interesse de todos os animais
sencientes, aqueles capazes de sentir dor e prazer, no âmbito da consideração
moral humana. A partir desse momento a temática não deixou mais de ser discutida
e se ampliou para as mais diversas ciências até chegar na sociedade como um todo.
Atualmente podemos observar que as opiniões são muitas, mas em sua grande
maioria a sociedade não admite maus tratos a animais, pelo menos no que tange a
atos violentos e sem propósito, o indivíduo que age dessa forma é condenado
socialmente e ainda responderá criminalmente.

Outra corrente que veio para somar foi o principialismo, no campo da


bioética. Proposto por Beauchamp e Childress e fundamentado em quatro princípios:
respeito a autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça, retoma e desenvolve
outras maneiras de olhar a questão do status moral dos animais não humanos
principalmente no que diz respeito a preocupação com o bem-estar dos animais
utilizados em pesquisas. É certo que o foco principal da teoria é garantir os direitos
de seres humanos como pacientes e em pesquisas médicas e biomédicas, ainda
assim sua amplitude permite que a teoria seja usada a fim de garantir interesses de
animais não humanos também.

A importância da filosofia no cotidiano da sociedade e nas relações mais


diversas é inegável. As reflexões e ações advindas dessa área transformam e
moldam a vida social, sem dúvida, filósofos historicamente influenciam
comportamentos individuais e coletivos. Quanto a luta pelos direitos animais, que
surge no século XX, as contribuições de filósofos a começar por Pitágoras, que foi
uma voz dissonante em seu tempo, passando por Jeremy Bentham e culminando
em Peter Singer demonstram que a questão permeou a filosofia até se tornar foco
de interesse dessa ciência e na atualidade não se pensa mais sociedade sem que
animais não humanos façam parte do debate.

Você também pode gostar