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BIOÉTICA

- É a ética que dará todo o embasamento teórico e contextual para que


compreendamos os problemas da bioética. A ética surge do desejo de dizer
algo sobre o sentido último da vida, do bem absoluto, do valor absoluto.

- Os seres humanos passaram a adotar a ética a partir da presença e da


existência do mal, do sofrimento e da morte.

- Aristóteles afirmava que o homem é um ser social por natureza, e Hobbes


defendia que no indivíduo predomina o egoísmo, o interesse e o domínio de um
sobre o outro, então para garantir a paz, seria necessário a passagem do
estado de natureza da sociedade para o pacto social.

- No entanto, o homem aprende a viver em sociedade e é capaz de transformar


o egoísmo em altruísmo e conseguir uma convivência cooperativa e solidária.

ÉTICA E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

- Não é possível fazer um bem sem considerar a liberdade, a livre escolha sem
nenhum tipo de coação é primordial a dignidade da pessoa humana.

- A dignidade humana possui tanto uma qualidade ôntica (que se refere ao ser
enquanto ser humano que ultrapassa suas ações e decisões), bem como uma
qualidade axiológica (diz respeito aos valores).

- É no exercício da liberdade, de fazer escolhas e de ter opções que o ser


humano revela toda a sua dignidade. Assim, ainda que haja de forma
irresponsável, por sua característica ontológica, ele não perderá a dignidade,
nem deixará de ser considerado uma pessoa.

- Em toda a história da humanidade, existem registros da criação d enormas e


regras que visam tornar viável a convivência social em vista do bem comum.

- ARISTÓTELES: em ética a Nicômaco ele relaciona a ética ao contexto social,


na qual o ethos é a busca e a construção do bem comum. Bem comum
construídos com base no respeito, preservação e consideração a situação do
outro, reconhecendo a legitimidade da pluralidade sociocultural. O ser humano
precisa utilizar da inteligência criativa para se integrar, construir e transforma ro
seu meio, pois diferente dos animais, ele pode refletir prévia e conscientemente
sobre os objetivos e fins que se pretende atingir. O homem desenvolve a
capacidade de pensar, avaliar, comparar e decidir qual alternativa mais
coerente e condizente com a realidade vivida.

- Piaget irá conceituar essa capacidade como autonomia, ainda que em


determinada fase da vida, como quando crianças temos heteronomia onde
outros decidirão por nós mesmos, mas todos chegamos na autonomia que está
relacionada a liberdade e a responsabilidade que diz respeito a capacidade de
responder sobre as nossas próprias decisões e atos.

- Para Sartre como a existência precede a essência, o ser humano é


responsável por aquilo que é, sendo responsável pela totalidade de sua
existência, não somente por si mas todos os seres humanos, existindo assim
uma responsabilidade social perante os outros. Assim, a solideraiedade se
transforma em um imperativo ético possibilitando o exercício da autonomia com
responsabilidade social.

- Alteridade é um dos fundamentos da ética.

- A ética está fundamentada historicamente em alguns valores e princípios


universais permanentes e imutáveis, como a liberdade, a justiça, a
solidariedade, a dignidade humana, em ter outros.

- Assim, diante da complexidade e dos avanços é necessário que o estudo da


ética possua relações com a religião, sociologia, direito, filosofia, medicina,
biologia e demais ciências. Por extensão a bioética também precisa buscar os
fundamentos filosóficos, teológicos e científicos para superar a compreensão
do senso comum.

- Ética deriva do grego Ethos que significa o esforço ativo e dinâmico de uma
pessoa diante dos desafios do contexto familiar, social e do ambiente histórico-
social.

- A moral pode ser definida como a esfera ou dimensão da legalidade das


normas e das leis, como foram discutidas, aprovadas e elaboradas, um
conjunto de normas e regras de conduta consideradas válidas para
determinadas instituições ou grupo de pessoas. Já a ética é o estudo dos
juízos de apreciação referentes a conduta, isto é julgamos se são boas ou não,
se são justas ou injustas. Assim, a ética vai analisar a legitimidade das leis se
estas são injustas, se geram barreiras ou discriminações para então tentar
alterá-las tornando-as mais justas e equânimes.

ÉTICA, BIOÉTICA E SOCIEDADE

- É o caso da Bioética: transformou-se, rapidamente, num tema atual por tratar


da vida e da qualidade dela no meio social. Em outras palavras, a Bioética
“virou moda” e quase que, imperceptivelmente, ocupou o espaço da ética.
Ambas têm profundas relações e fundamentos recíprocos, mas a Bioética
discute mais os problemas práticos e, por isso, entre outros fatores, ela tomou
a dianteira e relevou uma análise mais apurada e contextualizada. Podemos
afirmar que a Bioética faz parte do repertório diário da vida das pessoas, dentro
de uma linha pragmática e utilitarista.

ORIGENS DA PALAVRA “BIOÉTICA”

- A maioria dos pesquisadores sobre a Bioética credita o início dos seus


estudos, em 1971, a Van Rensselaer Potter, que publicou o livro denominado
Bioética: uma ponte para o futuro.

- Contudo, recentes pesquisas no âmbito da Bioética trazem-nos uma grande


novidade em relação às suas origens. Somos levados a recuar no tempo e na
história para encontrar, em 1927, na Alemanha, um filósofo com o nome Fritz
Jahr, que publicou um artigo na revista Kosmos com o seguinte título
Bioética: uma revisão do relacionamento ético dos humanos em relação
aos animais e plantas.

- Jahr é um pastor protestante e educador que propõe um “imperativo bioético”,


ampliando o conceito de imperativo moral defendido por Kant, respeitando todo
ser vivo como princípio e fim em si mesmo. Isso quer dizer que o conceito de
Bioética de Jahr é bem amplo, atingindo todas as formas de vida do planeta
Terra. Esse autor, ao refletir sobre o crescente progresso da Fisiologia e da
Medicina do seu tempo e dos desafios morais relacionados com o
desenvolvimento de sociedades cada vez mais seculares e pluralistas, redefine
as obrigações morais em relação a todas as formas de vida, humanas e não
humanas, criando um conceito de Bioética como uma disciplina acadêmica
abrangente e contextualizada.

- A Medicina, em geral, evoluiu mais durante os últimos 50


anos do que nos 50 séculos precedentes. Durante o período de somente
um século, muitos países mais desenvolvidos conseguiram dobrar
a longevidade de sua população.

NASCIMENTO DA BIOÉTICA

- A Bioética não pode mais ser entendida como um campo de


saber específico, especializado, pois o seu referencial teórico e a
sua prática situam-se na intersecção da Medicina, da Biologia, da
Ética e da Moral, do Direito, da Filosofia e da Teologia e de todas
as ciências humanas.

- [...] o que nós temos de enfrentar é o fato de que a ética humana não pode
estar separada de uma compreensão realista da ecologia em um sentido
amplo. Valores éticos não podem estar separados de fatos biológicos [...].

[...] Como indivíduos nós não podemos deixar nosso destino nas
mãos de cientistas, engenheiros, tecnólogos e políticos que esqueceram ou
nunca souberam estas verdades elementares. Em nosso mundo moderno, nós
temos botânicos que estudam plantas e zoologistas que estudam animais, no
entanto, a maioria deles é especialista que não lida com as ramificações de seu
conhecimento limitado [...] (POTTER, 1971).

- A ponte para o futuro a que se referia Potter, a Bioética, deveria ser uma
disciplina capaz de acompanhar o desenvolvimento científico (no caso,
a Biologia e seus desdobramentos), e de estar, ao mesmo tempo,
fundamentada numa vigilância ética que ele supunha estar isenta
de interesses morais. Foi por isso que Potter insistiu na democratização do
conhecimento científico como única maneira de difundir
esse olhar zeloso da Ética.

- Potter já entendia, naquela época, que a Bioética deve servir


como ponte entre duas culturas: a das ciências e a das humanidades, as quais,
ainda hoje, aparecem extremamente distanciadas. Mais do que um precursor,
Potter dedicou sua vida inteira a fortalecer e abrir caminhos para que a Bioética
se incorporasse às diferentes culturas, para que ela se transformasse num
projeto de vida para todos, para cada um dos seres humanos que habitam o
Planeta. A pergunta central elaborada por Potter era: que tipo de futuro
teremos pela frente? Teremos, realmente, alguma opção?

- Hellegers aglutinou um grupo de estudiosos, no qual médicos e teólogos


(católicos, protestantes e judeus) viam com preocupação crítica como o
progresso médico-tecnológico encarava difíceis desafios aos sistemas éticos
do mundo ocidental.

- Essa discussão sobre a dupla paternidade não para aí, pois


percebe-se um duplo enfoque da Bioética. Enquanto Potter pensa claramente a
Bioética como uma macrobioética que transita e deve usufruir de todo o
conhecimento que o ser humano detém e possui até o momento, Hellegers
focaliza a Bioética como um ramo da Ética aplicada, como vem acontecendo
com a Medicina atual, sobretudo nos EUA. Podemos destacar o grande
desenvolvimento tecnológico nas últimas décadas que fez surgir problemas
morais inesperados na prática biomédica: o exercício profissional relacionado à
saúde e à doença dos seres humanos, seja no campo da Medicina
propriamente dita, seja nos serviços de enfermagem, nutrição, biologia,
psicologia, atendimento religioso entre outros.

- Com o passar dos anos, um grande número de temas sociais, culturais,


religiosos e jurídicos foram introduzidos na abrangência temática da Bioética,
tais como: a saúde pública que é discutida no mundo todo; a alocação de
recursos em saúde, levando em conta que a média de vida das pessoas
aumentou substancialmente; a saúde da mulher; os problemas relacionados ao
crescimento populacional; as questões ecológicas e o desenvolvimento
sustentável, entre tantos outros, fazem parte da agenda que estuda e
analisa a Bioética.

- Sérgio Costa e Débora Diniz (2001) publicaram Bioética: ensaios, e afirmam


que há, basicamente, três tipos principais de abordagem da Bioética: a
historicista, a filosófica e a temática. A abordagem historicista seria a que
remete o nascimento da Bioética aos fatos e eventos passados que teriam
contribuído para o seu surgimento, a filosófica exige um grande conhecimento
de filosofia moral, por isso, aqui no Brasil a abordagens mais comum por parte
dos autores é a abordagem temática.

DESENVOLVIMENTO E CONSOLIDAÇÃO DA BIOÉTICA

- Fora do Brasil a bioética já é uma disciplina bem consolidada. O livro


Problemas Morais na Medicina, organizado pelo filósofo Samuel Gorovitz e
publicado em 1976, foi o precursor de uma série de estudos que
correlacionavam os estudos éticos às situações médicas conflituosas, em
especial o aborto e a eutanásia.

- O livro de Gorovitz já abordava temas considerados problemáticos para a


época, como a relação médico-paciente, o consentimento livre e esclarecido, a
eutanásia (o suicídio assistido), o aborto, além de questões relacionadas à
justiça social.

- Em 1979 que o filósofo Tom Beauchamp e o teólogo James Childress


publicaram o livro Princípios da Ética Bio médica, obra que consolidou a
fundamentação teórica nas universidades norte-americanas. na afirmação dos
próprios autores, o livro ofereceria uma análise sistemática dos princípios
morais que deveriam ser aplicados à biomedicina. Além disso, o livro
direcionava-se para um público bastante eclético: médicos, enfermeiras,
professores, pesquisadores, responsáveis pelo planejamento de políticas
públicas de saúde, teólogos, estudantes, cientistas sociais, entre outros, sendo,
portanto, praticamente impossível não pensar em multi e interdisciplinaridade.
- A obra de Gorovitz trata em profundidade dos quatro princípios éticos que
devem nortear toda a teoria Bioética, a saber: a autonomia, a beneficência, a
não-maleficência e a justiça, que serão abordados na próxima unidade.

CONCEITOS E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA BIOÉTICA

- Os EUA, em 1974, criaram a Comissão Nacional para a Proteção de


Sujeitos Humanos na Pesquisa Bioética e Comportamental, órgão
responsável pela ética das pesquisas relacionadas às ciências do
comportamento e da biomedicina. Essa Comissão trabalhou assiduamente por
quatro anos e, desse trabalho, surgiu um relatório que ficou conhecido como o
Relatório Belmont, que é, até hoje, aceito e citado como o marco histórico e
normativo da Bioética.

- Os componentes da Comissão do Relatório Belmont justificaram a definição


de três princípios éticos, dentro de um universo de possibilidades,
argumentando que a escolha estava fundamentada numa estrutura profunda
do pensamento moral.

- RESPEITO PELAS PESSOAS: esse princípio carrega consigo pelo menos


dois outros pressupostos éticos: os indivíduos devem sempre ser tratados
como indivíduos autônomos, e as pessoas com autonomia diminuída (quando,
por exemplo, estão socialmente vulneráveis) devem ser protegidas de toda e
qualquer forma de abuso.

- BENEFICÊNCIA: dentre os três princípios, esse é o que faz a maior


referência das relações entre médico e paciente no mundo inteiro e, sobretudo,
no ocidente. A beneficência deve ser vista como um compromisso do
pesquisador na pesquisa científica para assegurar o bem-estar das pessoas
envolvidas direta ou indiretamente com a experiência. O apelo à beneficência
procura, ainda, não causar qualquer dano ao participante ou mesmo maximizar
os benefícios previstos. Isso significa dizer que deve haver uma avaliação
permanente da relação entre risco/benefício para as pessoas envolvidas.

- JUSTIÇA: esse princípio é o que está mais profundamente relacionado às


teorias da Filosofia Moral em vigor nos Estados Unidos no período em que a
Comissão elaborou o Relatório. A justiça significa equidade, ou seja, um
tratamento equânime entre todos os seres humanos. Esse princípio deve ser
entendido com base na perspectiva da justiça distributiva, que tem a ver com
aquilo que é devido às pessoas, ou seja, aquilo a que lhe pertence.

- O modelo de análise ou paradigma principialista, iniciado com o Relatório


Belmont, em 1978, e implementado por Tom Beauchamp e James Childress, é
uma linguagem entre tantas outras linguagens éticas possíveis, mas não é a
única. Os modelos não podem ser exclusivos, mas interdependentes e
complementares, mesmo porque as dimensões morais e humanas não podem
ser incluídas numa única abordagem.

TEORIA PRINCIPIALISTA

- A coletânea organizada por Gorovitz teve o mérito de ter sido pioneira no


tratamento do tema, contudo, foi somente com a publicação de Princípios da
Ética Biomédica de Tom Beauchamp e James Childress, em 1979, que a
Bioética consolidou sua sistematização teórica, de modo especial nas
Universidades norte-americanas.

- A proposta de ambos seguia a trilha aberta pelo Relatório Belmont e


defendia a tese de que os conflitos morais poderiam ser mediados com alguns
princípios éticos. Eles retomam os três princípios já abordados no item anterior
e acrescentaram um quarto princípio, denominado de não maleficência, quer
dizer, não fazer mal a nenhuma pessoa, em hipótese alguma. Ressalte-se,
ainda, que, a partir da década de 1970, o princípio de respeito às pessoas foi
substituído pelo princípio da autonomia humana. A teoria dos quatro princípios
éticos elaborados e defendidos por Beauchamp e Childress passou a ser
conhecida por teoria principialista e foi a teoria predominante por algumas
décadas, quase que se confundindo com a própria disciplina.

- É necessário tentar estabelecer um corpo teórico para a


Bioética, considerando que ela interage em três dimensões bem
complexas: a prática terapêutica, a oferta de serviços de saúde e a
pesquisa médica e biológica.
- Em outras palavras, há a liberdade individual, há a solidariedade e a
“privaticidade”, a tolerância e o pluralismo sociocultural, que precisam ser
considerados em cada tomada de decisão. A análise dos quatro princípios
precisa ser feita com base nesses pressupostos que acabamos de estudar. Por
exemplo: o princípio da autonomia baseia-se nos pressupostos de que a
sociedade seja democrática e que haja, de fato, a igualdade de condições entre
todos os indivíduos, indistintamente.

- O princípio da autonomia obriga-nos a favorecer e a promover o exercício da


autonomia pessoal. Por isso, é obrigação dos profissionais da saúde revelar a
informação necessária aos pacientes, tanto sobre o diagnóstico como sobre as
opções terapêuticas disponíveis. A informação deve ser comunicada de tal
maneira que o paciente compreenda de que se trata e possa decidir com
conhecimento de causa.

- O princípio de não maleficência é a obrigação de não causar prejuízo


intencionalmente e pode ser explicado pela noção de dano. Causar dano é
causar dor, moléstia, menosprezo.

- O princípio de beneficência significa praticar atos positivos para promover o


bem e a realização dos demais. Beauchamp e Childress tratam da beneficência
em dois princípios distintos: a beneficência positiva e o princípio da utilidade,
de forma que a beneficência positiva nos obriga a agir beneficamente em favor
dos demais, e a utilidade obriga-nos a pesar os benefícios e os inconvenientes,
estabelecendo uma análise crítica que seja a mais favorável possível.

- O princípio de justiça tem a ver com o que é devido às pessoas, com aquilo
que, de alguma maneira, lhes pertence ou corresponde. Quando a uma pessoa
correspondem benefícios ou obrigações na comunidade, estamos diante de
uma questão de justiça. O caminho da justiça foi determinado pelas seguintes
concepções políticas:

• Justiça como generalização: nessa perspectiva, a justiça era aplicada como


o maior bem para o maior número de pessoas. Nessa concepção, não estão
todos, mas somente o maior número. Trata-se de uma visão democrática e
política liberal e neoliberal.
• Justiça como universalização: fundamentada na tradição moderna, em que
se supõe a inclusão de todos e de cada um. É o ideal de uma sociedade como
princípio universalizador.

• Justiça como globalização: funciona a partir de um princípio generalista, em


que está somente a maioria; não pode ser regressiva. Se a economia vai se
tornando cada vez mais global, também a justiça deverá sê-lo. Assim, o
entendimento da justiça no tempo de globalização somente é possível se forem
incluídos todos os seres humanos atuais e das gerações futuras

- Nesse sentido, a justiça deveria passar a tratar a todos igualmente, porém,


corrigindo-os com base em um princípio humano e cristão, tratando com mais
vantagem exatamente os mais desfavorecidos biológica e socialmente.

CRÍTICAS A TEORIA PRINCIPIALISTA E SUAS LIMITAÇÕES

- A segunda crítica, e também a mais importante para o desenvolvimento da


Bioética, mostrou que o termo “princípio” não é suficiente para definir e nortear
as tomadas de decisão complexas e polêmicas. Ele não dá conta de responder
a tantos problemas e desafios, levando em conta, ainda, que cada país, região
ou local tem sua especificidade, sua tradição, valores e costumes que não
podem ser generalizados, universalizados.

- Um dos critérios que fortaleceu essas críticas foi a defesa da presença


multicultural como contraponto e como forma de análise. Foi assim que, para
essa segunda fase da Bioética de crítica ao principialismo, o resgate das
diferenças culturais assumiu um papel decisivo na articulação das diferenças
entre os valores e as crenças morais.

BIOÉTICA E INTERDISCIPLINARIEDADE

- Podemos, inicialmente, afirmar que a Bioética não pode ser entendida apenas
como um campo de saber específico, pois seu referencial teórico e
metodológico e a sua prática cotidiana no enfrentamento dos problemas
situam-se na intersecção da Medicina, da Biologia com as suas múltiplas
ramificações e especializações, com as ciências humanas, como também com
a Ética, o Direito, a Filosofia e a Teologia entre outros campos.

- Segundo esse relatório, o princípio do respeito às pessoas apoia-se em duas


convicções morais fundamentais:

• devem-se tratar as pessoas sempre como agentes autônomos;


• devem ser tutelados os direitos das pessoas cuja autonomia está diminuída
ou comprometida.

- Isso quer dizer que o reconhecimento da autonomia alheia implica sempre


que as escolhas das pessoas autônomas sejam respeitadas e que não lesem a
autonomia e os direitos de terceiros. O princípio da beneficência inclui,
também, a obrigação de não fazer mal (a não maleficência) como dever moral
de agir para beneficiar os outros. Já o princípio da justiça é entendido com base
na chamada justiça distributiva, que tem a ver com o que juridicamente é
denominado como aquilo que pertence às pessoas ou aquilo que é devido a
elas.

- A Bioética, nesse sentido, não é uma metafísica, mas é um conhecimento


pragmático e processual resultante de quase todas as áreas científicas. O seu
estudo e aprofundamento podem trazer benefícios inestimáveis, salvar e
prolongar vidas humanas.

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