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UNIDADE I – BIOÉTICA
1. INTRODUÇÃO
A Bioética tem como objetivo facilitar o enfrentamento de questões
éticas/bioéticas que surgirão na vida profissional.
Sem os conceitos básicos da bioética, dificilmente alguém consegue
enfrentar um dilema, um conflito, e se posicionar diante dele de maneira ética.
Assim, esses conceitos devem ficar bem claros para que as pessoas possam
refletir e saber como se comportar em relação às diversas situações da vida
profissional em que surgem os conflitos éticos.
O conteúdo a seguir se divide em 3 partes: Conceitos gerais, origem da
bioética e história e evolução na medicina veterinária. Ao final da leitura desta
unidade, você saberá diferenciar os conceitos em torno da ética, moral e bioética,
conhecerá os fatores históricos que influenciaram a origem da bioética e
aprenderá sobre a história da medicina veterinária. Além disso, será capaz de
refletir para responder a questões como: “Será que minha conduta profissional
está fundamentada em princípios éticos?” ou “Estou agindo da maneira mais
adequada?”.
2. CONCEITOS GERAIS
2.1 Ética X Moral
O jeito próprio de cada indivíduo ou de cada povo viver, relacionar, se
organizar, agir no mundo é o que denominamos de ethos. Ética e Moral tem o
mesmo significado, porém uma tem origem grega e a outra do latim. A palavra
“Ética” do grego ethos, quer dizer ciência dos costumes, caráter ou modo de ser.
Os romanos traduziram o ethos grego, para o latim “mos” ou “mores” que traz o
mesmo significado, ou seja, a ciência dos costumes, normas de conduta própria
de uma cultura e de uma sociedade, valores, de onde surgiu a palavra moral
(BENTO, 2005).
Tanto ethos como mos indicam um tipo de comportamento humano que
não é natural, mas é adquirido ou obtido por hábito, conduta de vida que é
específica do homem. Etimologicamente, refere-se a uma realidade humana que
é produzida socialmente e historicamente baseada nas relações coletivas dos
indivíduos, no meio social onde nascem e vivem.
3. HISTÓRIA DA BIOÉTICA
3.1 Origem da Bioética
Um artigo publicado em 1927, no periódico alemão Kosmos, Fritz Jahr
usou a palavra bioética pela primeira vez. Ele a definiu como sendo o
reconhecimento das obrigações éticas, para todos os seres vivos, não apenas
ao ser humano (CNS, 2016). Fritz Jahr, ao final do seu artigo, sugere um
“imperativo bioético”: respeita todo ser vivo essencialmente como um fim em si
mesmo e trata-o, se possível, como tal.
No entanto, a criação da bioética é conferida a Van Rensselaer Potter,
como vimos anteriormente, caracterizando-a como a ciência da sobrevivência,
em 1970. Potter conceituou a Bioética como sendo uma Ponte (COSTA JÚNIOR,
2015), no sentido de determinar uma conexão entre as ciências e a humanidade,
o que assegura a possibilidade do futuro. A Bioética teve uma outra origem
paralela em língua inglesa. Ainda no ano de 1970, André Hellegers utilizou esse
termo para denominar os novos estudos que estavam sendo propostos na área
de reprodução humana, ao criar o Instituto Kennedy de Ética, então denominado
de Joseph P. and Rose F. Kennedy Institute of Ethics. Posteriormente, no final
da década de 1980, Potter enfatizou a característica interdisciplinar e abrangente
da Bioética, denominando-a de global (KOTTOW, 2008). O objetivo era incluir
as discussões e reflexões nas questões da medicina e da saúde, ampliando as
mesmas aos novos desafios ambientais, ou seja, ele buscava restabelecer o foco
original da Bioética, incluindo, e não restringindo. Em 1998, Potter redefiniu a
Bioética como sendo uma Bioética profunda (deep bioethics). A Bioética
profunda é “a nova ciência ética”, que combina humildade, responsabilidade e
uma competência interdisciplinar, intercultural, que potencializa o senso de
humanidade (KOTTOW, 2008).
A Bioética, dessa forma, nasceu provocando a inclusão das plantas e dos
animais na reflexão ética, já realizada para os seres humanos. A visão
integradora do ser humano com a natureza como um todo, em uma abordagem
ecológica, foi a perspectiva mais recente. Assim, a Bioética não pode ser
abordada de forma restrita ou simplificada (SCHRAMM; PALACIOS; REGO,
2008).
No Brasil, a Bioética incluiu-se como um campo de estudos, adaptando-
se à realidade brasileira e às propostas discutidas mundialmente, somente a
partir de 1990 (GARRAFA, 2000). O país esteve sob a ditadura militar, o que
dificultou a consolidação de uma área de conhecimento que se propunha a
discutir questões éticas pertinentes à autonomia e à dignidade humana
(GARRAFA, 2005).
No âmbito nacional, sua evolução refere-se diretamente com a
promulgação da Constituição democrática de 1988, tornando-se de imenso valor
o trato das questões inerentes aos direitos humanos. No mesmo ano, aconteceu
a elaboração de um novo código de ética médico, que passou por um processo
de revisão, atualização e ampliação, modificando as relações no país no fim da
década de 80 e contribuindo para o processo de redemocratização. Esta
atualização produzida durante a 1ª Conferência Nacional de Ética Médica,
realizada de 24 a 28 de novembro de 1987, trouxe avanços significativos para o
exercício da medicina em todo Brasil. A bioética brasileira até o ano de 1998,
ainda era uma cópia colonizada dos conceitos vindos dos países do Hemisfério
Norte, porém a narrativa começou a mudar a partir de 2002 (VIEIRA, 1988).
INDICAÇÃO DE LEITURA
● Comunicar-se corretamente
● Aprender ouvir os outros
● Melhorar o vocabulário
● Nunca insultar ou gritar
● Evitar violência
● Oferecer informações
● Praticar a Ética profissional
● Chamar o outro pelo nome
● Usar linguagem clara que facilite a compreensão
● Perguntar objetivamente e com clareza
● Ouvir as respostas com atenção e sem fazer interrupções
● Sintetizar o que ouviu
● Dar respostas adequadas às perguntas do interlocutor
● Olhar nos olhos, braços soltos, movimentos leves com as mãos
● Cuidar de sua apresentação pessoal
● Ao lidar com público, manter um sorriso cordial (ARRUDA, 2001)
INDICAÇÃO DE VÍDEO
Vídeo: Ética Profissional; como agir de forma ética no ambiente de trabalho.
https://www.youtube.com/watch?v=pEXhGE7Fd6s
Ações antiéticas:
● Roubar a ideia dos outros
● Mentir
● Enganar
● Omitir informações
● Coagir ou abusar de outra pessoa
● Permitir abusos na organização
● Violar regras institucionais
● Falar mal de colegas para você sobressair
● Sabotar o trabalho dos outros
SAIBA MAIS
4.4 Juramento
Ao final de nossa graduação, ao colarmos grau, proferimos o juramento
do Médico Veterinário, a seguir, também presente no Código de Ética:
“Sob a proteção de Deus, PROMETO que, no exercício da Medicina Veterinária,
cumprirei os dispositivos legais e normativos, com especial respeito ao Código
de Ética da profissão, sempre buscando uma harmonização entre ciência e arte
e aplicando os meus conhecimentos para o desenvolvimento científico e
tecnológico em benefício da sanidade e do bem-estar dos animais, da qualidade
dos seus produtos e da prevenção de zoonoses, tendo como compromissos a
promoção do desenvolvimento sustentado, a preservação da biodiversidade, a
melhoria da qualidade de vida e o progresso justo e equilibrado da sociedade
humana. E prometo tudo isso fazer, com o máximo respeito à ordem pública e
aos bons costumes. Assim o prometo” (CRMV).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Medidas atuais, como a criação dos comitês de ética, bem como o ensino
da ética, moral e bioética nas instituições, colaboram com o avanço científico e
o progresso do respeito da relação homem-animal. As questões éticas farão
parte do cotidiano de todas as profissões, cabendo a cada um buscar e tomar
decisões respeitando os princípios fundamentados na ética e na moral.
Nesta unidade, abordamos importantes conteúdos históricos de como se
originou a bioética e a Medicina Veterinária no mundo e no Brasil. Esse conteúdo
nos faz refletir que não houve conquistas fáceis e do quanto ainda é atual e de
extrema relevância falarmos e discutirmos sobre ética dentro das profissões,
principalmente na Medicina Veterinária, tendo em vista o respeito pelos seres
vivos. Um bom profissional alcançará o triunfo a partir de um espírito tenaz, forte,
obstinado, mas acima de tudo com ética, respeito e com amor à profissão.
1. INTRODUÇÃO
Figura 5. cfmv.gov.br
Um ano após a publicação, em 1969, nasce o Conselho Regional de
Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR), nas dependências da Sociedade
Paranaense de Medicina Veterinária. A eleição para a primeira diretoria do
Conselho foi realizada no dia 9 de setembro daquele ano, com vitória do médico
veterinário José Quirino dos Santos, o primeiro presidente eleito do CRMV-PR.
Figura 6. crmv-pr.org.br
INDICAÇÃO DE LEITURA
Exercício da profissão e áreas de atuação privativas dos Médicos Veterinários -
Lei nº 5.517, de 23 de outubro de 1968. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5517.htm
INDICAÇÃO DE LEITURA
SAIBA MAIS
https://uninga.br/institucional?p=trab_conosco
SAIBA MAIS
XIV – Não se apropriar de bens que não tenha posse ou desviá-lo em benefício
próprio ou de outros.
Todo mundo adora ver fotos daquele cachorro fofinho e peludo que foi
visitar o Médico Veterinário, certo? No entanto, de acordo com o previsto no
código de ética, médicos veterinários não podem exibir pacientes ou suas
fotografias em qualquer meio de comunicação sem a autorização expressa do
cliente. O mesmo vale para o fornecimento de informações ou fazer referências
a casos clínicos identificáveis (CFMV, 2019b). Portanto, não se esqueça de pedir
autorização sempre que necessário.
3.7. Infrações e Penalidades
SAIBA MAIS:
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. INTRODUÇÃO
Há uma preocupação cada vez maior com a relação do homem com os
animais e com suas intervenções no meio ambiente, já que os atos humanos
podem alterar irreversivelmente os processos da vida.
A bioética é um valor universal, construída com a união da reflexão ética,
questões morais humanas e questões morais da saúde (RUIZ; TITTANEGRO,
2017), sendo responsabilidade de todo profissional médico veterinário. Alguns
temas da bioética são: eutanásia, experimentação em animais, manipulação
genética, transplantes e a clonagem (MOORE; MEPHAN, 1995).
Com as novas biotecnologias, os animais são expostos a fatores de risco
que podem implicar em seu bem-estar, tais como: efeitos de mutações, efeitos
de expressão, efeitos metodológicos e efeitos sistemáticos. Os efeitos de
mutação podem gerar consequências imprevisíveis. Os efeitos de expressão
podem resultar em alterações fisiológicas que afetam o bem-estar animal. Os
efeitos metodológicos são resultado de situações geradas do processo de
tecnologia, podendo produzir animais com anomalias, expondo-os a sofrimentos.
Em relação aos efeitos sistemáticos, considera-se a situação de como os
animais em experimentação científica serão mantidos e tratados (ambiental e
manejo), podendo comprometer seu bem-estar (MOORE; MEPHAN, 1995).
As questões éticas ainda são pouco discutidas e, no Brasil, são raras as
atividades de ensino sobre bem-estar animal durante a graduação de Medicina
Veterinária. Contudo, posturas para alcançar a evolução dessas questões têm
sido observadas, tais como: formação de comissões de ética e de bem-estar no
uso de animais, políticas de classificação da dor e sofrimento animal e ensino da
bioética nos cursos de Medicina Veterinária (FARACO, 2010). Como exemplo, o
Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), por meio da sua comissão
de ética, bioética e bem-estar animal (CEBEA/CFMV), elaborou o Guia Brasileiro
de Boas Práticas para Eutanásia em Animais, o qual visa dar suporte aos
profissionais envolvidos no processo da eutanásia animal.
Figura 8. Fornecimento de água limpa aos animais. Fonte: Filosofia e Cultura (2017).
INDICAÇÃO DE VÍDEO
Para entender melhor sobre a evolução e importância do bem-estar animal,
assista ao filme Temple Grandin – o filme. Baseado em uma história real, ele
conta a história de Temple Grandin, uma jovem autista, que observa como os
trabalhadores da fazenda lidam com a criação de gado e, apesar de sua
limitação, ingressa na faculdade e desenvolve diversas pesquisas direcionadas
ao bem-estar animal. Após assistir a esse filme, você, aluno, irá compreender
sobre tratamento racional de animais vivos em fazendas e abatedouros, além de
inspirar-se com uma célebre profissional, altamente respeitada no seguimento
de manejo pecuário.
INDICAÇÃO DE LEITURA
Para se informar sobre o regulamento, instituído pelo CFMV, para conduta do
médico veterinário e zootecnista em relação a constatação de crueldade, abuso
e maus tratos aos animais, acessar: CFMV. Resolução nº 1236, de 26 de outubro
de 2018. Portal online do Conselho Federal de Medicina Veterinária, 2018.
Disponível em: http://portal.cfmv.gov.br/lei/index/id/903.
Figura 9. Tópicos dos Códigos Estaduais de Proteção aos Animais que abordam o bem-estar
animal. Fonte: Franchi et al. (2012).
A Assembleia Legislativa do Estado do Paraná instituiu, no ano de 2003,
o Código Estadual de Proteção aos Animais, que estabelece diretrizes para
proteção dos animais do Paraná, visando compatibilizar o desenvolvimento
socioeconômico com a preservação ambiental. Em 2017, foi criado o Conselho
Estadual de Proteção ao Animal, que visa trabalhar nas questões que envolvem
o bem-estar dos animais no estado. O conselho é composto por representantes
de órgãos estaduais, como Secretaria Estadual da Saúde e do Meio Ambiente,
Força Verde, Bombeiros, Polícia Militar e Detran. Sua função atual é apoiar
organizações não governamentais (ONGs) em relação à legislação, a favor dos
animais, e investir na fiscalização de maus tratos (Figura 10).
Figura 10. Folheto explicativo sobre como denunciar crimes ambientais e maus-tratos aos
animais. Fonte: Assessoria de Comunicação do Conselho Federal de Medicina Veterinária
(2018).
SAIBA MAIS
O comércio de animais, cujos os criadores realizam a procriação
indiscriminadamente, ou os deixam em gaiolas para esta prática, é considerado
maus-tratos (Figura 11). No município de Maringá - PR, existe a Lei 10.467/2017,
que penaliza estes criadores com R$ 2 mil reais de multa, por animal.
INDICAÇÃO DE LEITURA
Para se informar sobre as diretrizes do município de Maringá - Paraná contra a
prática de maus-tratos aos animais, acessar: Leis Municipais. Lei 10.467/2017,
de 25 de agosto de 2017. Disponível em:
https://leismunicipais.com.br/a/pr/m/maringa/lei-ordinaria/2017/1047/10467/lei-
ordinaria-n-10467-2017-estabelece-no-ambito-do-municipio-de-maringa-
sancoes-e-penalidades-administrativas-para-aqueles-que-praticarem-maus-
tratos-aos-animais-e-da-outras-providencias-2018-09-17-versao-compilada>.
SAIBA MAIS
O animal chamado de “comunitário” é reconhecido pela Lei Estadual como
aquele que estabelece vínculo com a comunidade em que vive, laços de
dependência e de manutenção, ainda que não possua responsável único e
definido.
REFLITA
Quais ações a loja Carrefour, de Osasco, deveria ter frente ao caso “Manchinha”,
cão espancado pelo segurança da loja, no dia 28 de novembro de 2018? A
repercussão do caso trouxe debates e questionamentos sobre o assunto “maus
tratos”. Não basta a empresa criar um dia por ano de “Pet Day” ou feiras de
adoção, a questão vai além de apoios às entidades de acolhimento e defesa
animal. Deve-se prevenir que crises aconteçam, por meio de construção de
reputação voltada às boas práticas de gestão, transparência e confiança da
população. Implementar campanhas sobre posse responsável e aderir como
“comunitário” o cão que estabelece vínculo de dependência com a comunidade
da região em que ele vive, são medidas que podem ajudar a diminuir crimes
cometidos pelos homens em relação aos animais.
3. EUTANÁSIA ANIMAL
SAIBA MAIS
O abate Halal é uma técnica que deve seguir rituais Islâmicos (Zabihah), em que
o animal deve ser abatido por um muçulmano e este deve pronunciar o nome de
Alá durante o abate, com a face do animal voltada para Meca. O animal não pode
estar com sede no momento e a morte deve ser rápida para evitar sofrimento.
Com uma faca afiada, corta-se os principais vasos sanguíneos do pescoço e o
sangue deve ser totalmente retirado da carcaça.
Situações Relevantes
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
1. EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL
Figura 14. Animais eram sujeitos a procedimentos que lhes causavam stress, dor e
desconforto. Fonte: Cruelty Free Internacional por Carlota Saorsa.
INDICAÇÃO DE VÍDEO
2.1 Os 3Rs
Na obra “The principles of humane experimental tecnique” (William Russel
e Rex Burch, 1959) surgiu o Princípio dos 3R’s da experimentação animal.
Mesmo surgindo no final da década de 50, os princípios de William Russell e Rex
Burch ainda se encontram ativos nos meios científicos e acadêmicos.
O princípio dos 3Rs:
▪ Reduction, que significa reduzir o número de animais usados, sem
prejudicar a confiabilidade dos resultados.
▪ Replacement, que se traduz por substituir os animais sencientes, ou seja,
capazes de experimentar dor, prazer, felicidade, medo, frustração e
ansiedade.
▪ Refinement, que quer dizer refinamento, ou seja, a diminuição da incidência
ou severidade de procedimentos aplicados (RUSSEL; BURCH, 1959).
REDUCTION (redução)
● Estabelecimento de banco de dados, facilitação de acesso à
literatura especializada e estímulo à publicação de resultados
negativos.
● Qualidade genética, sanitária e ambiental dos animais possibilita
uma menor dispersão dos resultados, portanto diminuição do número
de animais utilizados;
● Planificação das experiências a fim de poder compartilhar os
mesmos animais.
REPLACEMENT (substituir)
● Substituição de estudos em animais vertebrados vivos, por
invertebrados, embriões de vertebrados ou microorganismos;
● Trabalhos com órgãos e tecidos isolados de animais;
● Técnicas “in vitro” utilizando cultura de tecidos e células;
● Sistemas físico-químicos mimetizantes de funções biológicas;
● Simulação de processos fisiológicos utilizando computadores.
REFINEMENT (refinar)
● Refinar os protocolos experimentais para minimizar a dor ou o
estresse sempre que possível. Como refinar?
● Obter treinamento adequado antes de executar qualquer
experimento;
● Usar técnicas apropriadas para o manuseio dos animais;
● Assegurar que as dosagens das drogas estão corretas;
● Identificar a dor ou o estresse e estabelecer procedimentos para
prevenir ou aliviá-los;
● Usar analgésicos e anestésicos apropriados para experimentos
potencialmente dolorosos;
● Realizar cirurgias de forma asséptica para evitar infecções;
● Realizar uma única cirurgia por animal;
● Estabelecer cuidados pós-cirúrgicos adequados.
Não podemos esquecer de Respeito aos animais, pois lidamos com vidas
e a Relevância da importância da pesquisa, dessa forma pensar se os resultados
podem sobrepor a realidade para o ser humano ou animal (RUSSEL; BURCH,
1959).
INDICAÇÃO DE LEITURA
https://ceua.unifesp.br/images/documentos/CEUA/E_Book_CEUA_UNIFESP_1
a_Edicao.pdf
2.2 CEUA
No dia 8 de outubro de 2008, o Brasil aprovou a Lei 11.794, conhecida
como “Lei Arouca”, que regulamenta no país o uso de animais em pesquisas
científicas. O maior desafio dos elaboradores de políticas públicas é buscar a
harmonia entre as disposições legais e as pesquisas biomédicas (FILIPECKI et
al., 2011).
O CONCEA - Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal,
conforme o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – é o órgão integrante
deste Ministério. Dentre suas atribuições aponta-se a formulação de normas
referente à utilização humanitária de animais com o objetivo de ensino e
pesquisa científica, bem como o estabelecimento de métodos para instalação e
funcionamento de laboratórios de experimentação animal (CONCEA, 2013).
As instituições que utilizam animais com o intuito de ensino e pesquisa
científica precisam criar e registrar a Comissão de Ética no Uso de Animais
(CEUA). Deste modo, os CEUAs são registrados no CONCEA. De acordo com
a Lei Arouca, sem esse cadastro as instituições não podem solicitar o seu
credenciamento, sem isso não poderão utilizar animais. Cada instituição é
encarregada por sua experimentação e ética nas pesquisas com animais.
Qualquer irregularidade ou descumprimento da Lei Arouca, as CEUAs devem
ser denunciadas à CONCEA (CONCEA, 2013).
Para um pesquisador submeter e desenvolver um projeto de pesquisa
com animais é necessário preencher um formulário de solicitação de
autorização. A CEUA da instituição analisará as informações recebidas com
atenção e levará em consideração o número de animais a ser utilizado, o método
de eutanásia e ao bem-estar dos animais experimentais e, então, emitirá um
parecer concordando ou não com os procedimentos pretendidos. A partir do
recebimento do protocolo positivo, o pesquisador poderá iniciar os estudos. A
qualquer momento também, poderá ser emitido um parecer solicitando
esclarecimentos, de acordo com o regimento interno da CEUA (CONCEA, 2013).
SAIBA MAIS
https://www.gov.br/mcti/pt-br/composicao/conselhos/concea.
REFLITA
BEAVER, B. V.; REED, W.; LEARY, S. Report of the AVMA panel on euthanasia.
Journal of the American Veterinary Medical Association. v. 218, 2001.
FAWC (Farm Animal Welfare Council). Farm Animal Welfare in Great Britain:
Past, Present and Future. 2009.
FIGUEIREDO, A. M. Diretrizes éticas internacionais em pesquisa: crítica à
Declaração de Helsinque. Derecho y Cambio Social, La Molina, Lima-Perú, ano
VIII, n. 24, p.1-15, 2011.
RAMOS, D.L.P. Bioética: pessoa e vida. São Caetano do Sul: Difusão, 2009.