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Bioética e Biodireito
1. Introdução
Passam-se os anos, agrupados sob várias espécies de contagens e denominações, e o
caminhar da humanidade desemboca em descobertas que, acumuladas, de tempos em
tempos, precipitam os homens a situações inusitadas com as quais não sabem lidar. A
mente humana, eternamente instigada por necessidades - algumas vitais, outras criadas por
interrelacionamento – e por questionamentos que lhes são correlatos, tem sido responsável
por uma evolução das capacidades humanas, com conseqüente transmutação de diversas
potencialidades em efetividades; as Ciências se têm desenvolvido, tanto de forma isolada
quanto interrelacionada, e o âmbito de estudo da epistemologia cresce; o homem conhece e
controla, cada vez mais, dados que lhe são externos – postos à disposição de sua vida – e
que lhe são internos – no funcionamento de seu corpo. Entretanto, contraditoriamente, este
mesmo homem não apreende a riqueza que o envolve e o respeito necessário a todos estes
dados; este mesmo homem toma apenas ciência das Ciências, não promovendo
consciência, mas antes, uso indiscriminado e irresponsável da riqueza, destruindo-a em
busca voraz de novos conhecimentos que, cada vez mais gravosamente, não são alvo de
aplicações conscientizadoras. Passam-se os anos, a evolução é externa ao homem que
continua a questionar, precipitando-se em abismos, vivenciando involução congênita que o
força a arremeter-se sobre questões básicas, das quais, há séculos – como não consegue
resposta pacificadora – desvia, alterando cursos de navegação. A moral, a ética, a filosofia,
as religiões, tentando corrigir alterações de curso, promovem remodelações do
pensamento, iniciando tal procedimento de forma isolada – dentro de uma ou outra das
várias Ciências – até irradiar-se a outras, reclamando-lhes aderência e contribuições; em
outras palavras: tentando tornar-se interdisciplinar e salvar algo do homem para o próprio
homem. No caminho da compreensão do mais recente movimento de arremetimento que a
humanidade vive – liderado pela Bioética e produzindo seus efeitos, especificamente,
sobre a Ciência do Direito -, mister se faz distinguir alguns conceitos a fim de efetivamente
compreender o Biodireito e sua fundamentação.
2. Moral
Abrangendo usos e costumes, a moral refere-se a um conhecimento inconsciente que se
caracteriza em mecanismos de auto-defesa e preservação do homem e do grupo social. A
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3. Ética
A marca maior da ética é a objetividade, o conhecimento consciente do saber e do agir; a
ética não cria a moral, mas antes, faz dela seu objeto de estudo científico, debruçando-se
sobre a prática dos comportamentos humanos, desdobrando de forma objetiva as vontades
livres. Promovendo uma investigação geral sobre aquilo que é bom, a ética é um
instrumento à realização e perfeição individual e coletiva, alcançando o homem em suas
múltiplas facetas e relacionamentos com os vários tipos de seres vivos. Materializando-se
em um conjunto de regras, princípios ou maneiras, conjunto este que é particularizado em
função do grupo que o determina e ao qual se aplica, a ética é produzida por reflexão sobre
a ação humana e seus determinantes, ao mesmo tempo em que também produz reflexão
para o próprio grupo específico e para o todo que o cerca. As condutas e crenças coletivas,
tanto de grupos particularizados como do todo da sociedade, são o campo teórico da ética,
a qual, conseqüentemente, é a razão técnica da sociedade. Salutar atentar à característica
técnica da ética, pois, exatamente por sua natureza técnica, a ética é facilmente
compreendida como um dos fundamentos à limitação da liberdade de um em face da
liberdade dos demais do grupo ou da sociedade, conforme seja necessário à manutenção de
crenças e condutas individuais e coletivas, e mesmo à manutenção da vida.
4. Bioética
Já em sua denominação, a Bioética diz sobre seus dois componentes, seus dois pontos de
partida, suas bússulas: bio (vida) e ética (consciência do conhecimento); os componentes
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5. Biodireito
Não se bastando, a Bioética demanda pluridisciplinariedade para solucionar questões que,
embora advindas do avanço especificamente biomédico, afetam a vida dos homens e suas
esperanças. O estudo sistemático da conduta humana especificamente nas áreas das
ciências da vida e dos cuidados da saúde, a tutela da vida humana em seu mais amplo
significado e em face das novas descobertas bio-tecnológicas implicam necessidade de
proteger desde o patrimônio genético do homem até sua morte, incluídos, aí também, seus
relacionamentos com todas as formas de vida, além das conseqüências do nascer e do
morrer.
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O Biodireito, mais recente ramo do Direito, assim como a Bioética, já nasce acompanhado
de dilemas, porém, abençoado pela orientação primária firmada no princípio constitucional
da dignidade da pessoa humana, de cuja matriz devem partir as soluções dos dilemas.
A bio-tecnologia se impôs e reclama, cada vez mais, posicionamento quanto a novas
realidades que, de forma demasiada e freqüente, logo se tornam caducas, sucedendo-se
outras realidades que, por sua vez, produzem dilemas ainda maiores pelo acumulado das
descobertas, do poder que o homem está alcançando perante a vida, poder este que lhe
amplifica a variedade e quantidade de atos que reclamam liberdade; porém, atos não
podem ser libertos em si, mas contextualizados na sociedade, responsabilizados nas suas
conseqüências. Os acontecimentos são inelutáveis, e o Direito deles não se pode apartar
sem graves danos.
Questão que se insinua firmemente diz sobre a fundamentação da elaboração das normas
reguladoras da nova realidade científica e tecnológica: crêem os estudiosos que o Direito
deverá pautar-se, ao menos inicialmente, por recurso aos princípios da Bioética, contando
ainda com o engajamento de outras disciplinas, alcançando agrupar todas as perspectivas
do pensamento e do conhecimento; a unanimidade certamente é visível no desejo universal
de obter melhoria crescente da qualidade de vida, mas os modos dessa obtenção variam de
acordo com a natureza das diversas morais e éticas que intercambiam-se em conflito a ser
superado por um consenso mínimo que, sem fronteiras, alcance universos individuais e
coletividades universalizadas. Abeberando do caminho já percorrido pela Bioética, o
Biodireito, sem prejuízo dos princípios propriamente jurídicos, poderá caminhar a passos
mais seguros para superação de embaraços jurídico-valorativos.
As relações sociais emergidas das conquistas das Ciências da Saúde, acarretando
transformações às relações culturais, econômicas, filosóficas, etc., clamam por
regulamentação não apenas de situações presentes, de modo imediatista, mas, acima de
tudo, devido à rapidez proporcionada pela tecnologia, clamam por construção do futuro, o
qual sujeita-se, inexoravelmente, às seduções abertas pelos cientistas.
Os novos temas, e decorrentes direitos que os homens requerem, impõem questões: quem
(ou o que) formatará os moldes dos determinismos do novo homem que a Ciência pode
construir? Quem (ou o que) determinará os limites do poder dessa formatação?
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6. Referências
http://www.silviamota.com.br
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1835
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http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1838
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1840
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5664