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Tema: Bios e Ética

H4/H11/H14

Resumo

A bioética é um tema da filosofia, mais especificamente da ética, que trata de questões


relacionadas ao tratamento ético da vida animal (lembrando que nós, seres humanos, também
nós incluímos no conceito de vida animal).

Os gregos antigos diferenciavam a vida por meio de duas palavras:

Bios: vida individual plena, é o ato de viver e de aproveitar a vida. Para os humanos, bios seria
a vida psicológica e subjetiva, participando dela questões como a felicidade e a dignidade.

Zoé: é a vida fisiológica.


A escolha do radical bios para tratar de bioética tem um motivo: a dignidade. Como tratar a vida
animal de maneira digna e ética quando abordamos assuntos polêmicos? É com isso que a
bioética preocupa-se.

O que é a bioética
Bios, para os gregos, complementa-se com zoé, sendo que a vida fisiológica é também bios e
vice-versa. Ethos é a palavra que, para os gregos, refere-se ao estudo fundamental e filosófico
da moral, pois é a própria palavra que indica costumes e hábitos. A ética nada mais é que a
fundamentação da moral, que está embasada nos costumes. Portanto, a bioética é o ramo de
estudo filosófico que busca a fundamentação ética do tratamento da vida em seus mais
variados aspectos.

A bioética é interdisciplinar. Transitando entre a filosofia, o direito e as ciências humanas, ela


procura dar respostas sobre a justa manipulação e tratamento da vida de seres que podem
sofrer, ou seja, seres vivos do reino Animalia. As preocupações da bioética alcançam, hoje,
outras formas de vida que não a humana, mas ela surge com uma específica preocupação em
cima do ser humano por conta das possibilidades que o avanço da medicina e da ciência
provocaram na segunda metade do século XX.

Qual a importância da bioética para a sociedade


Uma sociedade extremamente científica, com as mais variadas maneiras de modificação da
vida em laboratório, com a possibilidade de fertilização in vitro, de clonagem, de eugenia, com
a utilização de animais em pesquisas e para a alimentação, precisa de um amparo teórico para
pensar em tais problemas. Em uma sociedade na qual o sofrimento de um doente terminal
pode ser encurtado ou o sofrimento de uma gestação indesejada pode ser evitado, a bioética
também serve para oferecer o aparato intelectual e fundamental para estabelecer-se uma
discussão justa sobre esses assuntos.
O princípio da justiça é uma das bases que fundamentam a bioética.
O princípio da justiça é uma das bases que fundamentam a bioética.
É ético praticar o aborto e a eutanásia?
É ético manipular genes em laboratório para melhorar a espécie humana?
E quando a utilização desse meio tem uma intenção racista?
E o sofrimento dos animais, deve ser levado em consideração?
A bioética, como quase tudo dentro da filosofia, não fornece respostas, mas fornece problemas
e perguntas como essas, que amparam uma discussão justa sobre tais temas.

Temas da bioética: Médico e paciente/cientista e cobaia, Aborto, Religião e Ciência, A


eutanásia e o suicídio assistido, Direitos dos animais, entre outros.
1. (Enem 2014) H4/H11/H14 Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem humana –
transferiu embriões para o útero de mulheres, que os gerariam. Esse procedimento é crime em
inúmeros países. Aparentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual fazia seus
experimentos. “não tenho nenhuma dúvida que uma criança clonada irá aparecer em breve.
Posso não ser eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos
esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a um ano, ou dois, mas não sei se é o caso.
Não sofremos pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para
entregar um bebê clonado saudável ao mundo”.
(CONNOR, S. Disponível em : www.independent.co.uk Acesso em: 14 ago. 2012)

A clonagem humana é um importante assunto de reflexão no campo da bioética que, entre


outras questões, dedica-se a:

a) Refletir sobre as relações entre o conhecimento da vida e os valores éticos do homem.


b) Legitimar o predomínio da espécie humana sobre as demais espécies animais do planeta.
c) Relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de certo e errado, de bem e
mal.
d) Legalizar, pelo o uso das técnicas de clonagem, os processo de reprodução humana e
animal.
e) Fundamentar técnica e economicamente as pesquisas sobre células-tronco para o uso em
seres humanos.

2. (Enem) H4/H11/H14 Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um sujeito substancial,


soberano e absolutamente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é
simultaneamente os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética
adquire um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e
avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente,
com a política, entendida esta como a área de avaliação dos valores que atravessam as
relações sociais e que interliga os indivíduos entre si.
(SEVERINO. A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992).

O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de formação da ética na sociedade


contemporânea, ressalta:

a) Os conteúdos éticos decorrentes das ideologias político-partidárias.


b) O valor da ação humana derivada de preceitos metafísicos.
c) A sistematização de valores desassociados da cultura.
d) O sentido coletivo e político das ações humanas individuais.
e) O julgamento da ação ética pelos políticos eleitos democraticamente.

3. (Enem) H4/H11/H14 A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a


ser constantemente retomado e rediscutido, porque é produto da relação interpessoal e social.
A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsável por todos e
que crie condições para o exercício de um pensar e agir autônomos. A relação entre ética e
política é também uma questão de educação e luta pela soberania dos povos. É necessária
uma ética renovada, que se construa a partir da natureza dos valores sociais para organizar
também uma nova prática política.
(CORDI et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2007 adaptado).

O Século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes
crises sociais, conflitos ideológicos e contradições da realidade. Sob esse enfoque e a partir do
texto, a ética pode ser compreendida como
a) Instrumento de garantia da cidadania, porque através dela os cidadãos passam a pensar e
agir de acordo com valores coletivos.
b) Mecanismo de criação de direitos humanos, porque é da natureza do homem ser ético e
virtuoso.
c) Meio para resolver os conflitos sociais no cenário da globalização, pois a partir do
entendimento do que é efetivamente a ética, a política internacional se realiza.
d) Parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos interesses e ação privada dos
cidadãos.
e) Aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar sua
vinculação à outras sociedades.

4. (UNESP) H4/H11/H14 A medicalização de condutas classificadas como “anormais” se


estendeu a praticamente todos os domínios de nossa existência. A quem interessa a
medicalização da vida?
Sandra Caponi – A muitas pessoas. Em primeiro lugar ao saber médico, aos psiquiatras, mas
também aos médicos gerais e especialistas. Interessa muito especialmente aos laboratórios
farmacêuticos que, desse modo, podem vender seus medicamentos e ampliar o mercado de
consumidores de psicofármacos de modo quase indefinido. Porém, esse interesse seria
irrelevante se não existisse uma demanda social que aceita e até solicita que uma ampla
variedade de comportamentos cotidianos ingresse no domínio do patológico. Um exemplo
bastante óbvio é a escola. Crianças com problemas de comportamento mais ou menos sérios
hoje recebem rapidamente um diagnóstico psiquiátrico. São medicadas, respondem à
medicação e atingem o objetivo social procurado. Essas crianças que tomam ritalina ou
antipsicóticos ficam mais calmas, mais sossegadas, concentradas e, ao mesmo tempo, mais
tristes e isoladas.
(www.ihuonline.unisinos.br. Adaptado.)

Podemos considerar como uma importante implicação filosófica da medicalização da vida:

a) A incorporação do conhecimento científico como meio de valorização da autonomia


emocional e intelectual.
b) A institucionalização de procedimentos de análise e de cura psiquiátrica absolutamente
objetivos e eficientes.
c) A proliferação social de conhecimentos e procedimentos médicos que pressupõem a
patologização da vida cotidiana.
d) A contribuição eticamente positiva da psiquiatrização do comportamento infantil e juvenil na
esfera pedagógica.
e) O caráter neutro do progresso científico em relação a condicionamentos materiais e a
demandas sociais.
Gabarito:

Resposta da questão 1:
[A]
A função da bioética é analisar se as descobertas científicas estão respeitando os limites éticos
da vida humana sem instrumentalizá-la.

Resposta da questão 2:
[D]
O texto ressalta sim o sentido coletivo e político das ações, afinal, o homem é o encontro dos
fatores sociais e históricos com a subjetividade.

Resposta da questão 3:
[A]
A ética quando associada aos valores políticos se torna o principal meio de garantia da
cidadania.

Resposta da questão 4:
[C]
Com a descoberta de novos procedimentos medicamentosos, o comportamento que destoa do
padrão é encarado como anormal. Desse modo, a vida cotidiana é anormalizada sem que ao
menos se questione os danos que essa realidade pode causar.

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