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Bioética, ética e relações

- Ética na filosofia e no cristianismo

A ética é um campo de estudo da filosofia que se dedica a pensar sobre as ações


adotadas pelos indivíduos e os princípios que as orientam. Esse âmbito de reflexão
existe desde a Idade Antiga e conta com contribuições dadas por pensadores
clássicos da filosofia, como Aristóteles.
A Ética Cristã é o conjunto de princípios e valores morais baseados nos textos
bíblicos. Tem por objetivo guiar os fiéis na busca pela santidade, isto é, da perfeição
moral, o que só seria possível através da graça divina e do esforço humano. As
mensagens de Jesus Cristo e dos profetas do Antigo Testamento fundamentam a
ética cristã.

- Bioética

A Bioética é uma área de estudo interdisciplinar que envolve a Ética e a Biologia,


fundamentando os princípios éticos que regem a vida quando essa é colocada em
risco pela Medicina ou pelas ciências.

A Bioética surgiu na segunda metade do século XX, devido ao grande


desenvolvimento da Medicina e das ciências, que avançaram cada vez mais para a
modificação da vida humana e a promoção do conforto humano, bem como para a
utilização de cobaias vivas (humanas e não humanas). A fim de evitar horrores,
como os que foram vividos dentro dos campos de concentração nazistas e de
técnicas médicas que ferissem os princípios vitais das pessoas, surgiu a Bioética
como meio de problematizar o que está oculto na pesquisa científica ou na técnica
médica quando elas envolvem a vida.

A importância social da Bioética centra-se, justamente, no fato de que ela procura


evitar que a vida seja afetada ou que alguns tipos de vida sejam considerados
inferiores a outros. A Bioética discute, por exemplo, a utilização de
células-troncoembrionárias em suas mais diversas problemáticas, passando pela
necessidade de abortar-se uma gestação para retirar tais células e pelos benefícios
que os tratamentos obtidos por esse recurso podem promover para as pessoas.

Em Princípios de Ética Biomédica, Beauchamps e Childress estabelecem quatro


princípios básicos que devem nortear o trabalho bioético tanto para as ciências que
utilizam cobaias quanto para as técnicas biomédicas e médicas que lidam
diretamente com a vida. Esses princípios estão ligados a teorias éticas conhecidas e
ganham um novo contorno em suas formulações voltadas para a vida animal.
1. Princípio da não maleficência: consiste na proibição, por princípio, de
causar qualquer dano intencional ao paciente (ou à cobaia de testes
científicos). A sua mais antiga formulação pode ser encontrada no Juramento
de Hipócrates, e, no século XX, ele foi estabelecido como princípio bioético
pelos estudiosos Dan Clouser e Bernanrd Gert.
2. Princípio da beneficência: pode ter seu gérmen encontrado no juramento
hipocrático, em que se é afirmado que o médico deve visar ao benefício do
paciente. Beauchamp e Childress vão além, estabelecendo que tanto
médicos quanto cientistas que utilizem cobaias devem basear-se no princípio
da utilidade (o utilitarismo de Mill e Bentham), visando a provocar o maior
benefício para o maior número possível de pessoas.
3. Princípio da autonomia: tem suas raízes na filosofia de Immanuel Kant e
busca romper a relação paternal entre médico e paciente e impedir qualquer
tipo de obrigação de cobaias para com a ciência. Trata-se do respeito à
autonomia do indivíduo, pois esse é o responsável por si, e é ele que decide
se quer ser tratado ou se quer participar de um estudo científico.
4. Princípio da justiça: baseado na teoria da justiça, de John Rawls, esse
princípio visa a criar um mecanismo regulador da relação entre paciente e
médico, a qual não deve ficar submetida mais apenas à autoridade médica.
Tal autoridade, que é conferida ao profissional devido ao seu conhecimento e
pelo juramento de conduta ética e profissional, deve submeter-se à justiça,
que agirá em caso de conflito de interesses ou de dano ao paciente.
- Consequências da bioética na sociedade

A bioética de proteção reconhece as desigualdades que ferem a estrutura social,


preocupa-se com a população e com as maiorias que sofrem restrições da liberdade
decorrentes de privações, falta de empoderamento, predisposição ao aumento de
suscetibilidades.

Ela propõe à saúde pública, enquanto prática social, com matizes distintos segundo
as práticas e programas aos quais se aplica, a fundamentação em valores distintos
dos tradicionais, para lidar com conflitos e dilemas morais emergentes da aplicação
de biotecnociência e da biopolítica no mundo vivo.

- A ética nas relações familiares

A ética na família é um dos conjuntos sociais mais consideráveis na história do ser


humano. É na família que o indivíduo vai desenvolvendo a sua individualidade e
contraindo valores que serão colocados em prática no domínio social. Além da
dedicação, é imprescindível invocarmos a moral como ambiente estruturante da
família, pois é a família que adapta o ser humano ao desenvolvimento e troca de
sabedoria. Desde os primeiros registros relacionados a família o conhecimento ético
é primeiramente oferecido através dela que por sua vez passam por atuais
percepções e opiniões como apoio, perante diversas modificações da sociedade.

- A ética nas relações de amizade

Para que o ser humano possa viver em harmonia com seus semelhantes, deve
tomar certas atitudes éticas, na busca do bem estar de toda a coletividade. Não só
no Brasil, mas em todo o mundo, tem se falado muito em atitudes éticas na intenção
de proteção do próximo e na busca da paz social e da felicidade.

É oportuno esclarecer que, para Aristóteles, a ética faz parte da ciência política e
tem por objetivo determinar qual é o bem comum supremo para as criaturas
humanas, a felicidade, quando a finalidade da vida humana, fruição dessa
felicidade, alcançando a contemplação.u

É importante compreender a ética como fator necessário em uma sociedade em que


o homem convive com seu semelhante não por escolha, mas por imposição vital.
Falar em ética é discorrer sobre convivência humana. O princípio basilar que
constitui a ética é fazer com que o outro com quem se convive coletivamente tenha
uma vida digna tanto quanto a daquele que foi posto como paradigma.

A ética é vista como um conjunto de ações e princípios que todo ser humano deve
praticar diante da vida cotidiana, sempre visando o amor ao seu semelhante. Neste
entendimento, pauta-se a educação da criança e adolescente, para que estes
pratiquem uma conduta humana ética.

A escola, desta forma, deve ser vista como um ambiente adequado para a aplicação
da ética, como meio de ajuda ao seu semelhante, na intenção de ofertar às crianças
aos adolescentes mecanismos éticos para que os mesmos possam viver de forma
digna em uma sociedade, superando, desta forma, suas desigualdades sociais e as
diferenças naturais entre um ser humano e o outro. O ambiente escolar deve ser
utilizado como meio responsável para o ensino de atitudes éticas ao infante e
adolescente, para que saibam viver em sociedade de modo sadio, diminuindo a
distância discriminatória histórica em relação às pessoas com deficiência.

- A importância da ética na formação da sociedade

A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um
elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético,
uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e julgando
suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.

Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e


errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas
classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em
determinadas sociedades e contextos históricos.

A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os


outros relações justas e aceitáveis. Está fundamentada nas idéias de bem e virtude,
enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa
existência plena e feliz.

Maria Luiza Sanglard de Almeida; Turma 231.


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