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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ______ VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

DO FORO REGIONAL XII – NOSSA SENHORA DO Ó DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP

THEODORO ODIN DE MOURA SILVA, menor impúbere


neste ato representado por sua genitora JULIANA MOURA SANTOS, brasileira, solteira,
auxiliar técnica administrativa, portadora do RG/SSP -SP n.º 43.203.317-8 e CPF/MF n.º
408.066.848-10 residente e domiciliada na Rua Jesuíno Antônio Batista, nº 67ª, viela 2
– Jardim Guarani – CEP 02851-080 – São Paulo/SP, vêm, respeitosamente, perante
Vossa Excelência, por meio de seu advogado infra-assinado, propor 

AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS C/C DANO MORAL AFETIVO

em face de JOÃO FELISBERTO DA SILVA NETO, brasileiro,


solteiro, estoquista, portador do RG/SSP-SP n.º 9.040.431 e CPF/MF n.º 107.484.244-
82 residente e domiciliado à Rua Manoel Nascimento Pinto, no 683 – Brasilândia – CEP
02851-070, podendo ainda ser localizado em seu local de trabalho na Avenida
Marquês de São Vicente, 1697 - Barra Funda, São Paulo - SP, CEP 01139-003, pelos
fatos e fundamentos a seguir expostos:

I - DOS FATOS
Por sentença proferida nos autos da Ação de Alimentos
de número nº 002438-12.2018.8.26.0020, que tramitou perante o 2º Juízo da Família e
Sucessões deste foro, o Requerido foi condenado a pagar a título de pensão
alimentícia ao seu filho menor, o valor 27% dos seus rendimentos líquidos, que seria
adimplido diretamente, vai depósito em conta corrente informada pela genitora
(doc.01), na mesma sentença ainda ficou determinado o regime de guarda e a
regulamentação de visitas.
Ocorre que mesmo com tal determinação judicial o
requerido nunca se preocupara com a situação do seu filho, haja vista nunca ter
gastado um pouco do seu tempo para saber notícias do mesmo, além disso o
percentual hoje descontado do requerido já não condiz com a atual realidade, sendo
necessária a majoração dos alimentos anteriormente fixados, uma vez que o
requerente está em desenvolvimento tendo outras necessidades.
Os cuidados e suporte emocional do requerente tem sido
realizada até hoje por sua progenitora, que nunca se opôs a nenhum tipo de
aproximação, caso houvesse a intenção do lado paterno, inclusive as cobranças de
atitude por parte da progenitora ao requerido, já foram motivos de várias discussões
entre os dois.
O requerente vem crescendo sem a presença e o carinho
do pai, e, o pior, se sentindo totalmente desprezado, esquecido, preterido sem saber o
motivo, sem ter dado azo a nada disso.
Veem passando por dias dos pais vendo os amigos
comemorarem o “dia dos pais” com seus respectivos progenitores, recebendo o amor,
o carinho atinente ao que se espera de um pai que se importa com o filho.
Não houve a presença paterna em nenhum dos seus
momentos importantes, momentos esses tão importantes para crianças em
desenvolvimento, nada além do espaço vazio deixado por aquele que, junto com sua
mãe, tem o dever moral guardar-lhe, educar-lhe, servir-lhe como exemplo.
O maior pesar é justamente o fato que o menor hoje com
5 anos de idade começa a entender que seu pai é ausente não por causa do trabalho
ou qualquer outro motivo, mas por opção própria, pelo livre arbítrio de não querer vê-
lo, de se negar a olhar pra ele.
Tal negligência e desídia para com o requerente o atinge
diretamente em sua honra, pois viola antes de tudo sua dignidade enquanto pessoa
humana, e refletirá também em sua personalidade.
Mostra-se evidente que estão presentes os requisitos
ensejadores do direito a majoração dos alimentos a serem percebidos pelo requerente
e serem prestados pelo requerido, bem como do direito a uma indenização por dano
moral afetivo a ser paga por este em decorrência da sua negligência para com o
requerente.

II - DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA DO FEITO

Inicialmente, cumpre esclarecer que a ação envolve


matéria regulada pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), razão pela qual o requerente faz jus à prioridade da tramitação da
presente demanda, nos termos do art. 1.048, inciso II, do atual Código de Processo
Civil.

III - DA JUSTIÇA GRATUITA


Postula o requerente, desde já, pela concessão dos
benefícios da gratuidade da Justiça, nos termos do art. 98 e seguintes, do CPC c/c
artigo 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal, por não possuir condições financeiras
para arcar com as despesas e custas processuais, sem prejuízo do próprio sustento,
conforme declaração de hipossuficiência extratos bancários da sua progenitora
anexos.

IV – DA CITAÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO


Dispõe o art. 243 do CPC que a citação poderá ser feita
em qualquer lugar em que se encontre o requerido. Desta forma, o requerente
informa que o endereço residencial do requerido pode não ser o informado, uma vez
que apesar de diversas vezes já ter sido solicitado ao requerido o mesmo se recusa a
fornecer ou informar sua alteração, sendo assim requer que caso a citação em seu
domicilio seja negativa, que a citação seja feita em seu local de trabalho, já informado
na qualificação.
Entretanto, caso não seja este o entendimento de V. Ex.ª,
requer a realização de pesquisa junto aos sistemas conveniados, para que a
demandada seja citada em seu endereço atual.

V - DA NECESSÁRIA MAJORAÇÃO DOS ALIMENTOS EM RAZÃO DO AUMENTO DA


NECESSIDADE ALIMENTAR DO MENOR

Ao considerar o impacto da inflação no valor da moeda,


bem como do aumento de despesas com produtos de higiene, produtos alimentícios,
contas de água e luz, conforme comprovantes que junta em anexo, outra alternativa
não resta, senão a revisão do valor pago a título de alimentos.
Veja-se que atualmente o Réu paga em média R$400,00
(quatrocentos reais) mensais de pensão alimentícia ao requerente, e não paga sequer
as despesas médicas ou o transporte escolar do requerente conforme relatório e notas
fiscais anexas. (doc.02)
Logo, encontra-se comprovada a necessidade do menor e
a possibilidade do Réu, no que se faz necessária a revisão dos alimentos, para o
desconto de majorar os alimentos de 27% para 33% de desconto dos do rendimento
bruto do requerido, inclusive férias e gratificação natalina (todas as verbas salariais) ou
meio salário mínimo estadual (o que for maior) uma vez que a situação financeira do
Requerente e do Requerido foi completamente alterada desde a data em que
começou a pagar a pensão alimentícia até a presente data, principalmente pelas
despesas do infante, assim já ensina Silvio Rodrigues:

Uma vez fixada, a pensão alimentícia pode ser


alterada por reclamação de qualquer das partes,
desde que evidencie ter sobrevindo mudança na
fortuna de quem fornece os alimentos, ou na de
quem os recebe. Assim, por exemplo, se com o seu
crescimento, os filhos necessitam de maiores
recursos para o estudo e para o vestuário, ou se
provam que a situação financeira do pai melhorou
em relação à anterior, deve o juiz conceder
aumento da pensão alimentícia". (RODRIGUES,
Silvio; Direito Civil; Vol. 06; 18ª Edição; São Paulo;
Editora Saraiva).

VI - DA NECESSÁRIA MAJORAÇÃO DOS ALIMENTOS EM RAZÃO DA


DESPROPORCIONALIDADE E IRRAZOABILIDADE DO VALOR ATUALMENTE PAGO

Necessário frisar ainda, que configura motivo suficiente para a


revisão dos alimentos prestados, especialmente quando o valor pago se mostra
insuficiente para suprir a necessidade do alimentado, em observância ao princípio da
proporcionalidade e razoabilidade.
Ora, a genitora do requerente buscou, amigavelmente, elevar a
quantia acordada, não obtendo êxito, sendo obrigada a recorrer às vias judiciais para
tanto. Afinal, os Alimentos devem ser fixados com base na capacidade do alimentante,
tanto para diminuir como para elevar os valores pactuados.
Assim entende o Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO INTERNO EM AGRAVO NO RECURSO


ESPECIAL. ALIMENTOS DEVIDOS A FILHO. VALOR.
BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE.
REEXAME. SÚMULA N. 7/STJ. NÃO PROVIMENTO. 1.
Inviável a análise do recurso especial quando
dependente de reexame de matéria fática da lide
(Súmula 7 do STJ). 2. Agravo interno a que se nega
provimento. (STJ - AgInt no AREsp: 1080071 SP
2017/0074811-2, Relator: Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, Data de Julgamento: 16/11/2017, T4 -
QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
23/11/2017). (grifos nossos).
Portanto, os valores fixados devem ser elevados para o
patamar de 33% de desconto dos do rendimento bruto do requerido, inclusive férias e
gratificação natalina (todas as verbas salariais) ou meio salário mínimo estadual (o que
for maior), de acordo com os documentos que o requerido junta em anexo e demais
provas que pretende produzir.

VII - DO PEDIDO LIMINAR PARA MAJORAÇÃO DE ALIMENTOS

Diante de provas suficientes a comprovar os requisitos à


concessão da majoração dos alimentos, requer seja determinada a majoração dos
alimentos, nos termos do artigo 300 do Código de Processo Civil, in verbis:

"a tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo."

No presente caso tais requisitos são perfeitamente


caracterizados, observemos:

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta caracterizada diante


da demonstração inequívoca da alteração das condições financeiras do alimentante,
bem como resta evidenciado o aumento das necessidades do alimentado e a maior
capacidade financeira do requerido.

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pela


necessidade diária dos valores pleiteados, uma vez que as necessidades atuais não
supridas pelo valor pactuado, ou seja, tal circunstância confere grave risco aos
alimentandos pela demora.
Trata-se de necessidade inequívoca a ser suprida pela
fixação de tal provisão legal, face à dificuldade financeira enfrentada pela genitora da
menor.
A concessão do pedido liminar visa a garantir a
observância ao binômio: possibilidade do alimentante e necessidade do alimentando.
Diante de todo o exposto, diante da demonstração
inequívoca da necessidade do alimentando e da possibilidade do genitor, requer a
concessão imediata da majoração dos alimentos, no intuito de que seja determinada a
elevação dos alimentos fixados anteriormente, para o patamar de 33% de desconto
dos do rendimento bruto do requerido, inclusive férias e gratificação natalina (todas as
verbas salariais) ou meio salário mínimo estadual (o que for maior), com a imediata
expedição de ofício ao empregador do Requerido a saber:

MERCADOCAR
Avenida Marques de São Vicente, 1697 – Barra Funda – São Paulo/SP

VIII - DO DANO MORAL AFETIVO


De acordo com o grande filósofo grego, Platão, “não
deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de criá-los e educá-los”.
Essa frase nos mostra exegeticamente o quão importante se faz um pai na vida de um
filho.
A relevância na vida de um ser humano de ter alguém pra
lhe amparar, lhe ensinar os valores morais, a tradição da família, enfim, ser um
exemplo a ser seguido.
Todos sabemos da importância da presença do pai na
vida de um filho, entretanto, não se pode mensurar os danos causados pela ausência
dessa figura paterna.
Os meandros da mente humana são difíceis de serem
compreendidos, assim como os reflexos das atitudes exteriores que podem alterá-los,
principalmente quando estas partem de alguém que naturalmente teria o dever moral
e objetivo de cuidar, amparar, proteger, dar afeto.
Destarte, Excelência, é sabido que não há e nem haverá
lei alguma que obrigue alguém a amar, pois um sentimento tão puro, nobre e
benfazejo não pode ser imposto juridicamente a ninguém.
Ama-se ou não! A falta de amor de um pai para com seu
filho, pode até ser socialmente reprovável, mas não enseja nada, pelo menos
juridicamente.
Entretanto, ambos os pais têm o dever OBJETIVO de
manter os filhos, quando menores, em sua companhia e educá-los e isso não ocorreu
em relação ao requerido, quando da infância e adolescência do requerente.
Ademais, tal comportamento do requerido vem deixando
marcas profundas na personalidade do requerente, que hoje encontra-se, em
desenvolvimento sem a noção da figura paterna em sua vida.
Esse tipo de prejuízo é algo incomensurável.
É sabido que no ordenamento pátrio já existe previsão
sobre o dano em decorrência do abandono afetivo, como se observa na decisão do STJ
no Recurso Especial nº1.159.242 – SP:
RECURSO ESPECIAL Nº 1.159.242 - SP
(2009/0193701-9) RELATORA: MINISTRA NANCY
ANDRIGHI RECORRENTE: ANTONIO CARLOS JAMAS
DOS SANTOS ADVOGADO: ANTÔNIO CARLOS
DELGADO LOPES E OUTRO (S) RECORRIDO: LUCIANE
NUNES DE OLIVEIRA SOUZA ADVOGADO: JOÃO
LYRA NETTO EMENTA CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.
FAMÍLIA. ABANDONO AFETIVO. COMPENSAÇÃO
POR DANO MORAL. POSSIBILIDADE.
1. Inexistem restrições legais à aplicação das regras
concernentes à responsabilidade civil e o
consequente dever de indenizar/compensar no
Direito de Família.
2. O cuidado como valor jurídico objetivo está
incorporado no ordenamento jurídico brasileiro não
com essa expressão, mas com locuções e termos
que manifestam suas diversas desinências, como se
observa do art. 227 da CF/88. 3. Comprovar que a
imposição legal de cuidar da prole foi descumprida
implica em se reconhecer a ocorrência de ilicitude
civil, sob a forma de omissão.
Isso porque o non facere, que atinge um bem
juridicamente tutelado, leia se, o necessário dever
de criação, educação e companhia – de cuidado –
importa em vulneração da imposição legal,
exsurgindo, daí, a possibilidade de se pleitear
compensação por danos morais por abandono
psicológico.
4. Apesar das inúmeras hipóteses que minimizam a
possibilidade de pleno cuidado de um dos genitores
em relação à sua prole, existe um núcleo mínimo de
cuidados parentais que, para além do mero
cumprimento da lei, garantam aos filhos, ao menos
quanto à afetividade, condições para uma
adequada formação psicológica e inserção social.
5. A caracterização do abandono afetivo, a
existência de excludentes ou, ainda, fatores
atenuantes – por demandarem revolvimento de
matéria fática – não podem ser objeto de
reavaliação na estreita via do recurso especial.
6. A alteração do valor fixado a título de
compensação por danos morais é possível, em
recurso especial, nas hipóteses em que a quantia
estipulada pelo Tribunal de origem revela-se
irrisória ou exagerada. 7. Recurso especial
parcialmente provido. (GRIFO NOSSO).
Desta feita, nos embasamos no Princípio da Paternidade
Responsável, disposto no art. 226 § 7º da Carta da Primavera de 1988, para pedir a
indenização por dano moral afetivo decorrente do abandono, pois entre os deveres
jurídicos paternos, um deles é prestar assistência à sua prole, seja ela de natureza
material ou moral, e no caso em tela houve o “non facere” desse dever por parte do
requerido, ensejando assim, uma indenização pelo abandono sofrido pelo requerente,
requerendo a Vossa Excelência que condene o requerido ao pagamento a ser arbitrado
no mínimo em 10 (dez) salários mínimos;

IX - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se:
a) Deferimento, em caráter de urgência, de liminar inaudita altera parte para, para
majorar os alimentos de 27% para 33% de desconto dos do rendimento bruto do
requerido, inclusive férias e gratificação natalina (todas as verbas salariais) ou meio
salário mínimo estadual (o que for maior) a serem pagos até o dia 10 (dez) de cada
mês, na conta bancária da genitora do requerente, a saber:

Banco Caixa Econômica Federal


Agência 3582 - Operação 013 - Conta n. 00019316-5.

b) A imediata expedição de ofício ao empregador do Requerido para que sejam


efetuados os descontos a saber:

MERCADOCAR
Avenida Marques de São Vicente, 1697 – Barra Funda – São Paulo/SP
c) Deferir a citação do requerido, nos endereços informados na qualificação, para,
querendo, responder a presente ação, no prazo legal, sob pena de revelia e efeitos do
art. 319 do CPC;
d) A intimação do Ilustre representante do Ministério público para manifestação a
cerca do feito;
e) A produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a documental e a
testemunhal;
f) Julgar ao final, totalmente procedente a demanda, para majorar os alimentos de
27% para 33% de desconto dos do rendimento bruto do requerido, inclusive férias e
gratificação natalina (todas as verbas salariais) ou meio salário mínimo estadual (o que
for maior);
g) O pagamento da indenização por danos morais em decorrência do abandono moral
e afetivo do requerente pelo requerido, a ser arbitrado no mínimo em 10 (dez) salários
mínimos;
h) Condenar o Réu nos consectários da sucumbência, principalmente em honorários
advocatícios no importe de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, e nas custas
processuais finais e em ressarcimento
i) Seja deferido a concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita nos termos
da Lei 1060/50, pelo fato do Requerente, segundo as razões retro mencionadas, não
dispor de condições de assumir as despesas processuais.

X – DAS PROVAS
Protesta por todos os meios de prova em direito
admitidos, notadamente depoimentos pessoais, ouvida de testemunhas, juntada de
novos documentos, perícias e demais existentes no mundo jurídico.

XI – DOS DOCUMENTOS JUNTADOS E VALOR DA CAUSA


Junta à presente toda a documentação indicada e dá à
causa, o valor de R$ 20.544,00 (vinte mil, quinhentos e quarenta e quatro reais)

Termos em que,
Pede deferimento.

NATALIA ABREU DOS SANTOS MOTTA


OAB/SP 381.687

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