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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTA JUIZA DE DIREITO DA 3ª VARA DE

FAMÍLIA DO FORO REGIONAL DO MÉIER – CAPITAL

Processo nº. 0804593-89.2023.8.19.0208

Maurício Carvalho Figueiredo Júnior, brasileiro, solteiro, estudante, inscrito no CPF:


135.023.986-07, portador do RG: 0095125-7, residente na ladeira do leme 615, Copacabana
vem, por intermédio de seu ADVOGADO, legalmente constituído, com procuração em
anexo e endereço profissional na Rua Professor Castilho, 431, Campo Grande-RJ,
respeitosamente, perante a Vossa Excelência, apresentar a sua
CONTESTAÇÃO

em relação a todos os termos da Ação de Fixação de Alimentos proposta por Lorhan Ribeiro
Carvalho Figueiredo, neste ato representado por sua genitora Giovana Santos Ribeiro, pelos
motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
PRELIMINARMENTE

a) Da Gratuidade da Justiça
“Ab initio”, requer à Vossa Excelência seja deferida a benesse da Justiça Gratuita com
fundamento na Lei nº 1.060/50, com as posteriores alterações pela Lei nº 7.510/86, por não
ter o Requerido condições de arcar com as custas processuais e honorários do advogado, nos
termos da declaração de hipossuficiência anexa.
b) Da audiência inaugural
Diante da não intimação do Sr. Maurício Carvalho Figueiredo Júnior, venho, nos termos do
que dispõe o art. 335, I do CPC, e em respeito ao contraditório e a ampla defesa, apresentar a
sua contestação, impugnando as alegações da inicial nos termos que seguem.

I - SÍNTESE DA INICIAL
Alega a genitora do autor, que o genitor já ajudou nas despesas com o valor de R$ 150,00
(cento e cinquenta reais) e requer a fixação do alimento ao menor em 30% dos rendimentos
mensais do mesmo.
No entanto, o valor pretendido não merece prosperar, pelos fatos e fundamentos que o
requerido passa a expor:

DO MÉRITO
II - DA VERDADE REAL DOS FATOS

É fato que o autor é filho do requerido, e este sempre soube da sua responsabilidade de lhe
prestar os alimentos, como sempre o fez, tendo em vista que sempre ajudou na manutenção
do menor.
Em julho de 2022, o genitor assinou um contrato com o plano de saúde ASSIM no valor
atualizado de R$280,00 (duzentos e oitenta reais) para o autor, como ficara acordado na
época (contrato em anexo).
III - DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO REQUERIDO

O genitor sempre ajudou o menor dentro das suas condições financeiras.


O requerido é estudante de DIREITO, estagiário pela empresa Agiel e possuí rendimentos
mensais de R$ 1.315,69 (um mil trezentos e quinze reais e sessenta e nove centavos). Vale
destacar, também, que o requerido possuí outros três filhos além do autor desta ação.
Christian, Raphael e Heitor. Pagando assim, respectivamente, R$200,00, R$264,00 e
R$250,00 aos menores. (certidões e comprovantes de pagamentos em anexo).

Portanto, não tem como pagar uma pensão alimentícia ao autor no montante de 30% de um
salário-mínimo federal, sob pena de comprometer o seu próprio sustento.

Por tais razões comprovadas através dos documentos anexos, o requerido não pode de forma
alguma contribuir, na proporção requerida pela autora, nem tampouco arcar com o valor da
pensão alimentícia fixada provisoriamente de 95% de um salário-mínimo federal, o que desde
já se impugna.

Fato é que o requerido não quer fugir da sua obrigação, visto que sempre ajudou na
manutenção do menor como podia, sempre se preocupou com o bem-estar, a saúde, a
alimentação e as necessidades básicas dele.
Contudo, mesmo tratando-se de fixação de alimentos, temos que os alimentos deverão ser
fixados de acordo com os recursos da pessoa obrigada, ou seja, daquele de quem se reclama,
e se pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento e de sua família.
Neste caso, mesmo presumida a necessidade alimentar dos autores, e sabendo-se da
obrigação alimentar em face do pai, temos que o valor pretendido pela autora de 30%
mensais, lançado de forma aleatória sem qualquer prova nos autos das despesas que os
autores tem mensalmente, ônus que lhe competia nos termos do art. 373, I do CPC, não pode
ser acatada a obrigação alimentar provisória, além do que foge complemente da condição
financeira do requerido, como restou comprovado, pelo que se impugna veemente.
Convém ressaltar ainda que a obrigação alimentar não pode ser imputada somente ao genitor,
mas à ambos os pais do menor, em igualdade de condições, nos termos do art. 1.566, inciso
IV e 1703 ambos do CPC. E mais, o menor estuda em escola pública e mora com os avós em
casa própria em Cabo Frio, necessitando apenas do necessário à sua subsistência.
Nesse sentido destacamos as Jurisprudências abaixo:

Ementa - APELAÇÃO CÍVEL - FAMÍLIA - ALIMENTOS - PENSÃO - VALOR -


FIXAÇÃO - TRINÔMIO CAPACIDADE / NECESSIDADE /PROPORCIONALIDADE -
OBRIGAÇÃO FAMILIAR: AMBOS OS PAIS - 1. Os alimentos são fixados em proporção à
necessidade do alimentando e à possibilidade do alimentante, atentando-se para a condição
econômico-financeira das partes. 2. A obrigação de prestar alimento aos filhos menores
deriva do poder/dever familiar e incumbe a ambos os genitores, devendo cada qual contribuir
na medida de sua capacidade. (TJ/MG - AC 10024097463202003 MG -Órgão Julgador -
Câmaras Cíveis / 7ª CÂMARA CÍVEL - Publicação 14/02/2014 - Julgamento 11 de
Fevereiro de 2014 - Relator Oliveira Firmo).

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE ALIMENTOS.


BINÔMIO / NECESSIDADE / POSSIBILIDADE. OBRIGAÇÃO DE AMBOS OS PAIS.
RAZOABILIDADE DO VALOR ARBITRADO. HONORÁRIOS. MANUTENÇÃO. I. A
concessão de alimentos deve guardar relação com a capacidade econômica do alimentante e,
ao mesmo tempo, atender às necessidades do alimentando, respeitando-se a diretriz da
proporcionalidade. II. Nos termos dos artigos 1.566, IV, e 1.703, ambos do Código Civil, é
também obrigação da genitora contribuir para a mantença de sua filha, dentro do possível,
pois é dever dos pais somar esforços para suprir as necessidades básicas de sua prole. (...)
(TJ-MG - AC 10079110188723001 MG - Órgão Julgador Câmaras Cíveis / 7ª CÂMARA
CÍVEL - Publicação 11/10/2013 - Julgamento 8 de Outubro de 2013 - Relator Washington
Ferreira).

Grifamos e destacamos
Contudo, comprometido com o sustento do seu filho, o Requerido requer a fixação dos
alimentos ao menor no valor de R$ 250,00 mensais, correspondente a 17,7% do salário-
mínimo vigente, eis que referidos valores estão dentro das suas atuais condições financeiras e
dentro das necessidades das crianças, sempre observando no caso, o binômio
necessidade/possibilidade, conforme dispõe o art. 1694, § 1º do Código Civil.
Quanto aos alimentos fixados provisoriamente em 95% do salário-mínimo, devidos a partir
da citação, requer a reconsideração, visto que fixado sem qualquer informação da sua real
situação financeira nos presentes autos e dos comprovantes de gastos mensais do autor, não
podendo o requerido arcar com tal valor na forma fixada, mas tão somente no valor que pode
pagar atualmente de R$250,00.

Cumpre ressaltar, que se mantido o encargo alimentar fixado provisoriamente, tornar-se-á


desproporcional em relação aos ganhos mensais do requerido.
Portanto Excelência, os alimentos provisórios foram fixados sem levar em consideração a
existência das reais condições financeiras do requerido, não podendo desta forma
permanecer, requerendo seja fixado no valor ofertado pelo requerido de R$250,00.
Desta forma, fica claro que o Requerido não tem condições de suportar os alimentos
pretendidos e os fixados provisoriamente, sob pena de inviabilizar o seu próprio sustento,
bem como colocar em risco a própria subsistência dos outros filhos, pois não terá como arcar
com o valor fixado, se não for observado o trinômio capacidade / necessidade /
proporcionalidade, o que fica aqui requerido.

IV - DO DIREITO
Bem se sabe que a Legislação Civil substanciada, por meio do artigo 1.694 e ss., é clara ao
assegurar aos menores, ora representados pela mãe, o direito a exigir os alimentos que lhe são
indispensáveis, na proporção de sua necessidade. Contudo, não podemos deixar de levar em
consideração as possibilidades do alimentante, pois é necessário que este se encontre em
condições de fornecer a ajuda, isto é, que não haja desfalque no tocante ao próprio sustento.
Se o alimentante possui tão somente o necessário, indispensável à própria mantença, não é
justo que ele seja compelido a desviar parte de sua renda para socorrer o parente. Não há
direito alimentar contra quem tem o estritamente necessário à própria mantença
(MONTEIRO, 2007, p. 369).
Neste caso, temos de analisar o binômio necessidade / possibilidade, onde ambos são
considerados no caso concreto. Essa condição está prevista no parágrafo primeiro do artigo
1.694 do Código Civil brasileiro, que convém destacar:

“Parágrafo primeiro - Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do


reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”.

Não se pode pretender que o alimentando, fique entregue à necessidade, nem que o
(alimentado) necessitado dos alimentos se locuplete a sua custa (VENOSA, 2004, p. 408).

Assim, considerando o binômio necessidade / possibilidade, diante de cada situação fática,


será encontrado um denominador comum para que não onere demais o alimentando e que
seja suficiente para o alimentado. Trata-se, evidentemente, de mera questão de fato, a
apreciar-se em cada caso, não se perdendo de vista que alimentos se concedem não “ad
utilitatem”, ou “ad voluptatem”, mas “ad necessitatem” (MONTEIRO, 2007, p.369.)

Ressalta-se ainda ser de suma importância, a contribuição de ambos os pais no sustento,


guarda e educação dos filhos, conforme dispõe os artigos 1.566, inciso IV e 1.703 ambos do
CPC:
Art. 1566. - São deveres de ambos os cônjuges:

IV - Sustento, guarda e educação dos filhos;


Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente
contribuirão na proporção de seus recursos.
Diante desse quadro, o réu oferece como alimentos o valor mensal de R$250,00, que com
todo o sacrifício pessoal, tentará honrar de todas as formas com os pagamentos, visto que é
ciente da necessidade alimentar do seu filho e está dentro das suas condições financeiras,
como restou devidamente comprovado nos autos.
Desta forma, o valor fixado provisoriamente se mostra prejudicial há quem recebe o
estritamente necessário à sua própria sobrevivência, como no caso, o requerido, merecendo
reconsideração.

Portanto, se julgado procedente a presente demanda no valor pretendido pela parte autora de
95% de um salário-mínimo mensal, estar-se-á causando prejuízo ao requerido, pois poderá ter
uma vida cheia de privações.
Neste caso, o que deve ser considerado, é que a condição financeira do alimentante não é
capaz de pagar o valor pretendido pela autora e muito menos o valor fixado provisoriamente,
visto que o requerido mal supre as suas necessidades básicas, como restou comprovado em
linhas pretéritas e nos documentos que se anexa à presente defesa. No entanto, mesmo
sabendo da sua obrigação alimentar com os seus filhos, requer, seja fixada a pensão
alimentícia no valor de R$ 250, mensais, correspondente a 17,7% do salário-mínimo, assim
estar-se-á fixando referido valor dentro das suas condições financeiras.
V - REQUERIMENTOS FINAIS

Por tudo considerado, espera o contestante que V. Exa.:


a) Regularmente receba e atue a presente contestação, para o fim de deferir expressamente ao
requerido os benefícios da justiça gratuita, previstos na Lei 1.060/50, conforme declaração de
pobreza anexa;

b) No mérito, Julgar IMPROCEDENTE o valor pretendido na inicial, para ao final acatar a


tese da presente defesa, para fixar a obrigação alimentar no valor ofertado na presente
contestação de R$250,00, mensais, tendo em vista os parcos rendimentos do requerido.
c) Seja intimado o representante do Ministério Público, para intervir no processo até o seu
final;
d) Requer a produção de todas as provas admissíveis no direito, a infirmar as alegações dos
autores, depoimento pessoal da representante legal dos autores, oitiva de testemunhas
(arroladas oportunamente), juntada ulterior de documentos, pedido de informações e
diligências, tudo desde logo requerido, reservando-se o direito de usar os demais recursos
probatórios que se fizerem necessários ao deslinde da ação.
e) Requer ainda seja os autores condenados ao final, a todos as custas e despesas processuais,
periciais, expedições de ofícios, honorários advocatícios de 20% sobre o valor da causa e no
ônus de sucumbência, o que fica requerido.

Termos em que
Pede e espera deferimento.

Rio de janeiro, 20 de fevereiro de 2024

ANDRÉ LUIZ MIDON DOS SANTOS


OAB/RJ 136.131
I ANEXOS:

I.I Certidões de nascimento:


Lorhan
Raphael
Heitor

Christian
I.II Comprovantes de pagamento
Heitor
Raphael

Christian
I.III Carteira do Plano de Saúde e histórico de utilização do Lorhan
I.IV Comprovante de residência do Maurício
I.V Procuração Maurício

I.VI Contrato do plano de saúde do LORHAN e contrato de estágio do MAURÍCIO

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