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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA MMª Xª VARA DA FAMÍLIA E

SUCESSÕES DO FORO REGIONAL II SANTO AMARO – SÃO PAULO

Processo nº.XXXXXXX

xxxxxxxxx (qualificações) vem por intermédio de sua advogada nomeada pelo Convênio
DPE/OAB, mui respeitosamente, à presença de Vossas Excelências, apresentar a sua
C O N T E S T A Ç Ã O
em relaçã o a todos os termos da Ação de Fixação de Alimentos proposta por xxxxxxxxx
e outro, neste ato representados por sua genitora xxxxxxx, pelos motivos de fato e de
direito a seguir aduzidos.
PRELIMINARMENTE
a) Da Gratuidade da Justiça
“Ab initio”, requer à Vossa Excelência seja deferida a benesse da Justiça Gratuita com
fundamento na Lei nº 1.060/50, com as posteriores alteraçõ es pela Lei nº 7.510/86, por
nã o ter o Requerido condiçõ es de arcar com as custas processuais e honorá rios do
advogado, nos termos da declaraçã o de hipossuficiência anexa e comprovante de
desemprego (CTPS anexa).
b) Da audiência inaugural
Considerando que restou infrutífera a audiência de conciliaçã o, diante da ausência da
representante legal do autores, vem o requerido, nos termos do que dispõ e o art. 335, I do
CPC, e em respeito ao contraditó rio e a ampla defesa, apresentar a sua contestaçã o,
impugnando as alegaçõ es da inicial nos termos que seguem.
I - SÍNTESE DA INICIAL
Alega a genitora dos autores, que conviveu com o requerido durante 8 anos, estando
separados há x anos. Afirma que desta uniã o nasceram os filhos xxxxxx atualmente com xx
anos de idade.
Que em razã o de deter a guarda legal dos menores e em razã o das necessidades bá sicas
para a sobrevivência dos autores, pretende a fixaçã o dos alimentos aos menores no valor
de R$ xxxx mensais.
No entanto, referido pedido no valor pretendido nã o merece prosperar, pelos fatos e
fundamentos que o requerido passa a expor:
DO MÉRITO
II - DA VERDADE REAL DOS FATOS
Na verdade o casal viveu em uniã o está vel de xxxxxx, quando entã o se separaram. Da
mesma forma é fato que os autores sã o filhos do requerido, e este sempre soube da sua
responsabilidade de lhe prestar os alimentos, como sempre o fez, tendo em vista que
sempre ajudou na mantença dos menores, inclusive no período em que a genitora dos
autores abandonou o lar e os filhos, que ficaram sob a guarda paterna.
Posteriormente, apó s apontar inverdades, a genitora dos autores ingressou com açã o de
guarda e busca e apreensã o dos menores no lar paterno e levou consigo as crianças,
conforme sentença anexa.
Contudo, para evitar maiores dissabores e traumas para as crianças, o requerido optou por
nã o recorrer, concordando que a guarda ficasse com a genitora dos menores, discordando
no caso do seu afastamento da convivência com os menores, que inclusive será objeto de
discussã o em eventual açã o de regulamentaçã o de visitas.
III - DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO REQUERIDO
Considerando que o requerido sempre ajudou os menores dentro das suas condiçõ es
financeiras, e que está desempregado desde xxxx, vivendo no mercado informal "de bicos"
como pintor; ajudante geral, auxiliar de jardinagem, na verdade com o que aparece, o
requerido informa que seus rendimentos brutos nã o passam de 1 salá rio mínimo mensal,
isso quando consegue trabalhar, visto que tem mês que recebe em torno de R$ xxxx.
Portanto, nã o tem como pagar uma pensã o alimentícia aos autores no montante de R$ xxxx
mensais, sob pena de comprometer o seu pró prio sustento, pois mesmo morando com os
seus pais, o requerido ajuda na mantença da casa com o pouco que recebe, quando
trabalha.
Por tais razõ es e diante do desemprego devidamente comprovado através dos documentos
anexos, o requerido nã o pode de forma alguma contribuir, na proporçã o requerida pela
genitora de R$ xxx mensais, como também nã o pode arcar com o valor da pensã o
alimentícia fixada provisoriamente neste mesmo montante, o que desde já se impugna.
Fato é que o requerido nã o quer fugir da sua obrigaçã o alimentar dos seus filhos, visto que
sempre ajudou na mantença dos menores como podia, sempre se preocupou com o bem
estar, a saú de, a alimentaçã o e as necessidades bá sicas deles.
Contudo, mesmo tratando-se de fixaçã o de alimentos, temos que os alimentos deverã o ser
fixados de acordo com os recursos da pessoa obrigada, ou seja, daquele de quem se
reclama, e se pode fornecê-los, sem desfalque do necessá rio ao seu sustento e de sua
família.
Neste caso, mesmo presumida a necessidade alimentar dos autores, e sabendo-se da
obrigaçã o alimentar em face do pai, temos que o valor pretendido pela autora de R$ xxxx
mensais, lançado de forma aleatória sem qualquer prova nos autos das despesas que
os autores tem mensalmente, ô nus que lhe competia nos termos do art. 373, I do CPC,
não pode ser acatada a obrigação alimentar provisória, além do que foge complemente
da condiçã o financeira do requerido, pessoa humilde e de parcos rendimentos, como restou
comprovado, pelo que se impugna veemente.
Convém ressaltar ainda que a obrigaçã o alimentar nã o pode ser imputada somente ao
genitor, mas à ambos os pais dos menores, em igualdade de condiçõ es, nos termos do art.
1.566, inciso IV e 1703 ambos do CPC. E mais, os menores estudam em escola pú blica e nã o
tem convênio médico, necessitando apenas do necessá rio a sua subsistência.
Nesse sentido destacamos as Jurisprudências abaixo:
Ementa - APELAÇÃO CÍVEL - FAMÍLIA - ALIMENTOS - PENSÃO - VALOR - FIXAÇÃO -
TRINÔMIO CAPACIDADE / NECESSIDADE /PROPORCIONALIDADE - OBRIGAÇÃO
FAMILIAR: AMBOS OS PAIS - 1. Os alimentos são fixados em proporção à necessidade
do alimentando e à possibilidade do alimentante, atentando-se para a condição
econômico-financeira das partes. 2. A obrigação de prestar alimento aos filhos
menores deriva do poder/dever familiar e incumbe a ambos os genitores, devendo
cada qual contribuir na medida de sua capacidade. (TJ/MG - AC 10024097463202003
MG -Ó rgã o Julgador -Câ maras Cíveis / 7ª CÂ MARA CÍVEL - Publicaçã o 14/02/2014 -
Julgamento 11 de Fevereiro de 2014 - Relator Oliveira Firmo).
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE ALIMENTOS. BINÔMIO /
NECESSIDADE / POSSIBILIDADE. OBRIGAÇÃO DE AMBOS OS PAIS. RAZOABILIDADE DO
VALOR ARBITRADO. HONORÁRIOS. MANUTENÇÃO. I. A concessão de alimentos deve guardar
relação com a capacidade econômica do alimentante e, ao mesmo tempo, atender às
necessidades do alimentando, respeitando-se a diretriz da proporcionalidade. II. Nos termos
dos artigos 1.566 , IV , e 1.703 , ambos do Código Civil , é também obrigação da genitora
contribuir para a mantença de sua filha, dentro do possível, pois é dever dos pais
somar esforços para suprir as necessidades básicas de sua prole. (...)(TJ-MG - AC
10079110188723001 MG - Orgã o Julgador Câ maras Cíveis / 7ª CÂ MARA CÍVEL -
Publicaçã o 11/10/2013 - Julgamento 8 de Outubro de 2013 - Relator Washington
Ferreira).
Grifamos e destacamos
Contudo, comprometido com o sustento dos seus dois filhos, o Requerido requer a fixação
dos alimentos aos menores no valor de R$ xxxx, mensais, correspondente a x% do
salá rio mínimo vigente, eis que referidos valores estã o dentro das suas atuais condiçõ es
financeiras e dentro das necessidades das crianças, sempre observando no caso, o binô mio
necessidade/possibilidade, conforme dispõ e o art. 1694, § 1º do Có digo Civil.
Quanto aos alimentos fixados provisoriamente no valor de R$ xxx, devidos a partir da
citaçã o, requer a reconsideração, visto que fixado sem qualquer informaçã o da sua real
situaçã o financeira nos presentes autos e dos comprovantes de gastos mensais dos autores,
não podendo o requerido arcar com tal valor na forma fixada, mas tão somente no
valor que pode pagar atualmente de R$ xxx.
Cumpre ressaltar, que se mantido o encargo alimentar fixado provisoriamente, tornar-se-á
desproporcional em relaçã o aos ganhos mensais do requerido.
Portanto Excelência, os alimentos provisórios foram fixados sem levar em
consideração a existência das reais condições financeiras do requerido, pessoa de
parcos rendimentos, desempregado, vive no mercado informal para ganhar um
mísero sustento, ajudar seus pais e seus filhos, não podendo desta forma
permanecer o valor fixado, requerendo seja fixado no valor ofertado pelo requerido
de R$ xxx, enquanto desempregado.
Desta forma, fica claro que o Requerido nã o tem condiçõ es de suportar os alimentos
pretendidos e os fixados provisoriamente, sob pena de inviabilizar o seu pró prio sustento,
bem como colocar em risco a pró pria subsistência dos autores, pois nã o terá como arcar
com o valor fixado, se nã o for observado o trinômio capacidade / necessidade /
proporcionalidade, o que fica aqui requerido.
IV - DO DIREITO
Bem se sabe que a Legislaçã o Civil substanciada, por meio do artigo 1.694 e ss., é clara ao
assegurar aos menores, ora representados pela mã e, o direito a exigir os alimentos que lhe
sã o indispensá veis, na proporçã o de sua necessidade.
Contudo, não podemos deixar de levar em consideração as possibilidades do
alimentante, pois é necessário que este se encontre em condições de fornecer a
ajuda, isto é, que não haja desfalque no tocante ao próprio sustento. Se o alimentante
possui tão somente o necessário, indispensável à própria mantença, não é justo que
ele seja compelido a desviar parte de sua renda para socorrer o parente. Não há
direito alimentar contra quem tem o estritamente necessário à própria mantença
(MONTEIRO, 2007, p. 369).
Neste caso, temos de analisar o binô mio necessidade / possibilidade, onde ambos sã o
considerados no caso concreto. Essa condiçã o está prevista no pará grafo primeiro do artigo
1.694 do Có digo Civil brasileiro, que convém destacar:
“Parágrafo primeiro - Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades
do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”.
Não se pode pretender que o alimentando, fique entregue à necessidade, nem que o
(alimentado) necessitado dos alimentos se locuplete a sua custa (VENOSA, 2004, p.
408).
Assim, considerando o binômio necessidade / possibilidade, diante de cada situação
fática, será encontrado um denominador comum para que não onere demais o
alimentando e que seja suficiente para o alimentado. Trata-se, evidentemente, de mera
questão de fato, a apreciar-se em cada caso, não se perdendo de vista que alimentos se
concedem não “ad utilitatem”, ou “ad voluptatem”, mas “ad necessitatem” (MONTEIRO,
2007, p.369.)
Ressalta-se ainda ser de suma importâ ncia, a contribuiçã o de ambos os pais no sustento,
criaçã o, educaçã o, etc dos autores, conforme dispõ e os artigos 1.566, inciso IV e 1.703
ambos do CPC:
Art. 1566. - São deveres de ambos os cônjuges:
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente
contribuirão na proporção de seus recursos.
Diante desse quadro, o réu oferece como alimentos o valor mensal de R$ xxxx, que com
todo o sacrifício pessoal, tentará honrar de todas as formas com os pagamentos, visto que é
ciente da necessidade alimentar dos seus filhos e está dentro das suas condiçõ es
financeiras, como restou devidamente comprovado nos autos os seus parcos rendimentos.
Desta forma, o valor fixado provisoriamente se mostra prejudicial à quem recebe o
estritamente necessário à sua própria sobrevivência e da sua família, como no caso,
o requerido, merecendo reconsideração.
Portanto, se julgado procedente a presente demanda no valor pretendido pela parte autora
de R$ xxx mensais, estar-se-á causando prejuízo ao requerido e à sua família, pois poderã o
ter uma vida cheia de privaçõ es.
Neste caso, o que deve ser considerado, é que a condição financeira do alimentante
não é capaz de pagar o valor pretendido pela autora e muito menos o valor fixado
provisoriamente, visto que o requerido vem se mantendo com o parco salário que
recebe no mercado informal, que mal supre as suas necessidades básicas, como
restou comprovado em linhas pretéritas e nos documentos que se anexa a presente
defesa.
No entanto, mesmo sabendo da sua obrigaçã o alimentar com os seus filhos, requer, seja
fixada a pensã o alimentícia no valor de R$ xxx, mensais, correspondente a xx% do salá rio
mínimo, assim estar-se-á fixando referido valor dentro das suas condiçõ es financeiras.
V - REQUERIMENTOS FINAIS
Por tudo considerado, espera o contestante que V. Exa.:
a) Regularmente receba e atue a presente contestaçã o, para o fim de deferir expressamente
ao requerido os benefícios da justiça gratuita, previstos na Lei 1.060/50, conforme
declaraçã o de pobreza anexa;
b) No mérito, Julgar IMPROCEDENTE o valor pretendido na inicial, para ao final acatar a
tese da presente defesa, para fixar a obrigaçã o alimentar no valor ofertado na presente
contestaçã o de R$ xxx, mensais, tendo em vista os parcos rendimentos do requerido.
c) Seja intimado o representante do Ministério Pú blico, para intervir no processo até o seu
final;
d) Requer a produçã o de todas as provas admissíveis no direito, a infirmar as alegaçõ es dos
autores, depoimento pessoal da representante legal dos autores, oitiva de testemunhas
(arroladas oportunamente), juntada ulterior de documentos, pedido de informaçõ es e
diligências, tudo desde logo requerido, reservando-se o direito de usar os demais recursos
probató rios que se fizerem necessá rios ao deslinde da açã o.
e) Requer ainda seja os autores condenados ao final, a todos as custas e despesas
processuais, periciais, expediçõ es de ofícios, honorá rios advocatícios de 20% sobre o valor
da causa e no ô nus da sucumbência, o que fica requerido.
f) Requer ao final, seja expedida a esta patrona, a certidã o de honorá rios em 100% do valor
da Tabela do convênio DPE/OAB, conforme ofício de nomeaçã o - Registro Geral de
Indicaçã o: xxxxxxxxx
Termos em que,
Pede deferimento.
Sã o Paulo, xx de xxxx de xxxx.
ADVOGADO
OAB/SP XXXXX

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