EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL
DA COMARCA DE XXXXXXXXX – SP.
XXXXXXXXXX, brasileiro, casado, motorista, portador da cédula de identidade RG n.º xxxxxxxxx-SSP/SP e inscrito no CPF/MF sob o n.º xxxxxxxxxx, residente e domiciliado nesta cidade de xxxxxxx, Estado de Sã o Paulo, à Rua xxxxx, n.º xxx, Jardim xxxxxx, CEP xxxxxxx, por intermédio de seu advogado e bastante procurador, subscritor da presente, procuraçã o anexa, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., com fulcro nos artigos 13 e 15, da Lei n.º 5.478/68, no artigo 1.699, do Có digo Civil, no artigo 693, pará grafo ú nico, do Có digo de Processo Civil e demais cominaçõ es legais aplicá veis ao caso, propor a presente AÇÃO DE REVISIONAL DE ALIMENTOS, com pedido de antecipação de tutela em face de XXXXXXXXXXXX, menor pú bere, nascida em xxxxx, atualmente com xx (xxxxx) anos de idade, e XXXXXXXXXXX, menor impú bere, nascido em xxxxxxx, atualmente com xx (xxxxx) anos de idade, respectivamente, assistida e representado por sua genitora XXXXXXXXXXXX, de qualificaçã o ignorada, residente e domiciliada nesta cidade de xxxxxxx, Estado de Sã o Paulo, à Rua xxxxxx, n.º xx, Jardim xxxxxx, CEP xxxxxxx, pelos substratos fá ticos, jurídicos e probató rios elencados abaixo: DOS FATOS 1. Em acordo homologado pelo douto Juízo da xx Vara Cível, da Comarca de xxxxx, Estado de Sã o Paulo, processo n.º xxxx, o requerente concordou em pagar aos filhos menores, a título de pensã o alimentícia, a importâ ncia de 01 (um) salá rio mínimo por mês, na época o valor de R$ 415,00 (quatrocentos e quinze reais), conforme comprovam os documentos em anexo. 2. Naquela oportunidade, o requerente, motivado pelo amor que dedica aos seus filhos e pela situaçã o financeira em que se encontrava na época (proprietá rio de um bar), acabou por concordar com a referida obrigaçã o alimentícia. 3. No entanto, no momento, nã o tem como dar continuidade na referida obrigaçã o alimentar, uma vez que a pensã o representa, nos dias atuais, um encargo pesado demais para o requerente, já que o valor mensal, atualmente, representa o valor de R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais). 4. O requerente vive atualmente com uma nova companheira, constituindo nova família, que, como se sabe, advém novos encargos, que descrevemos abaixo: - ALUGUEL: Atualmente o valor do aluguel está fixado em R$ xxxxx (xxxxxxxxx), referente ao imó vel situado à Rua xxxxxxx, n.º xxx, Jardim xxxxx, nesta cidade, conforme comprovam os recibos em anexo; - ÁGUA: Despesa mensal – média dos ú ltimos meses – gira em torno de R$ xxxx (xxxxxxx), conforme comprovam os documentos em anexo; - ENERGIA: Despesa mensal – média dos ú ltimos meses – gira em torno de R$ xxxx (xxxxxxx), conforme comprovam os documentos em anexo; - TELEFONE: Despesa mensal – média dos ú ltimos meses – gira em torno de R$ xxx (xxxxxxx), conforme comprovam os documentos em anexo. OBS: Como comprova o demonstrativo em anexo, o requerente possui débitos pendentes com esta despesa – referente aos meses de 04/2016 e 05/2016 – uma vez que nã o possui condiçõ es financeiras suficientes para efetuar o pagamento, correndo o risco de ter o serviço cancelado, conforme comprova o documento em anexo. 5. Assim, somando-se as despesas mensais do requerente, mencionadas acima, obtemos o seguinte resultado: Aluguel - R$ xxxxx Á gua - R$ xxxx Energia - R$ xxxx Telefone - R$ xxxx Pensã o alimentícia - R$ xxxx TOTAL - R$ xxxxxxx 6. O requerente está se esforçando e muito até mesmo para SOBREVIVER, visto que atualmente se encontra desempregado (conforme comprova a có pia da carteira de trabalho em anexo), e está sobrevivendo do serviço informal de motorista que realiza (conforme comprova a declaraçã o em anexo), recebendo uma importâ ncia mensal de R$ xxxxx (xxxxxxxx). 7. Sua renda mensal ainda é composta pelo trabalho, também informal, prestado por sua atual companheira, que realiza pinturas em peças para artesanato, recebendo, mensalmente, a importâ ncia de R$ xxxxx (xxxxxxx). 8. Assim Exa., veja que os gastos mensais do requerente, estã o superando, em MUITO, sua renda mensal, e caso venha a prevalecer esta forma de apuraçã o de pagamento de pensã o, o requerente fatalmente chegará ao estado de insolvência civil, pois os prejuízos que vem sofrendo estã o extrapolando o nível de suportabilidade, levando-o a uma situaçã o financeira tã o desfavorá vel, que nã o lhe permite sequer sobreviver dignamente. 9. Dessa forma, o requerente, infelizmente, no momento, nã o dispõ e de recursos suficientes para continuar honrando fielmente esta pensã o alimentícia, nos termos do que fora acordado anteriormente, vez que atualmente vive com nova companheira e seus gastos familiares aumentaram consideravelmente e sua renda diminuiu drasticamente, como demonstrado acima. 10. Cabe a ressalva de que o requerente mesmo enfrentando dificuldades financeiras, sempre contribuiu da melhor maneira para o sustento dos requeridos, no entanto, nos ú ltimos meses, nã o conseguiu cumprir com o pagamento integral das pensõ es, o que deu causa ao ajuizamento, pelos requeridos, da ação de execução de alimentos n.º xxxxxxxxxx, em trâmite pela xx Vara Cível desta Comarca, correndo o risco, inclusive, de ter sua prisão civil decretada. 11. Quer esclarecer, contudo, que tal pretensã o (diminuiçã o do valor da pensã o), subsistirá apenas enquanto perdurar tal situaçã o, posto que, futuramente, melhorando suas condiçõ es financeiras, obviamente nã o deixará de contribuir com valores maiores. 12. Em suma a atual situaçã o do requerente é muito diferente daquela da época da pactuaçã o dos alimentos, de tal forma que hoje nã o consiste mais a condiçã o de pagar os alimentos da mesma forma como tem sido, pois da forma como está nã o subsiste o devido equilíbrio do Binô mio Possibilidade e Necessidade que existia no momento da fixaçã o da obrigaçã o. 13. Portanto, caracterizado o desequilíbrio entre as possibilidades do requerente e as necessidades dos menores, busca-se, por meio deste feito, restabelecer-se o equilíbrio entre a obrigaçã o do pai e as necessidades dos filhos. DO DIREITO Existe no caso em testilha um perfeito nexo causal entre a lei e o pedido formulado pelo requerente, como podemos observar nos preceitos elencados abaixo: Peço vênia para a transcriçã o dos mesmos: Código Civil - Art. 1.699. “Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.” Conforme entendimento do Prof. Silvio Rodrigues: “Uma vez fixada, a pensão alimentícia pode ser alterada por reclamação de qualquer das partes, desde que evidencie ter sobrevindo mudança na fortuna de quem fornece os alimentos, ou na de quem os recebe.” (RODRIGUES, Silvio; Direito Civil; Vol. 06; 18ª Edição; São Paulo; Editora Saraiva). E de acordo com os Profs. José Lamartine e Francisco Muniz: “Pode acontecer, e ocorre com frequência, que uma alteração nas circunstâncias em que se fixou o montante dos alimentos provoque um desequilíbrio entre os termos da equação de proporcionalidade. O montante dos alimentos - que é fixado por convenção ou por sentença - é sempre provisório e suscetível de revisão pelo juiz, porque as necessidades do alimentando e os recursos do obrigado podem sofrer alterações. A obrigação de alimentos está sujeita, portanto, as variações e deve adaptar-se à evolução das condições econômicas do credor e do devedor (art. 401 do CCB). Estes têm direito à revisão alimentar. Isto significa que o montante da prestação de alimentos se conserva inalterada até posterior determinação judicial.” (OLIVEIRA, José Lamartine Corrêa de; e MUNIZ, Francisco José Ferreira. Direito de Família (Direito Patrimonial); Porto Alegre; Sergio Antonio Fabris Editor; 1990). Nesse sentido, entendem nossos Tribunais: REVISIONAL DE ALIMENTOS - Alimentos fixados, para filha menor, em 33% dos ganhos líquidos do alimentante - Alegações de novo casamento e de nascimento com a mãe, que contraiu novas núpcias - Necessidade de o alimentante prover, com uma única fonte de renda, o sustento próprio e da nova família - Situação financeira do alimentante, desde a fixação da pensão - Ocorrência de fatos que aumentaram as despesas do alimentante e que justificam a redução da pensão devida à filha menor - Alteração do binômio necessidade / possibilidade, que norteia a obrigação alimentar - Tratamento equitativo de todos os filhos - Aplicação dos arts. 400 e 401, do Código Civil - Ação julgada improcedente - Recurso provido, em parte, para reduzir a pensão a 25% (vinte e cinco por cento) dos ganhos líquidos do alimentante. (TJSP - AC 92.525-4 - São Paulo - 8ª C. D. Priv. - Relª. Juíza Desª. Zélia Maria Antunes Alves - J. 24.03.1999 - v. U.) REVISIONAL DE ALIMENTOS – BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE – ÔNUS PROBANTE – IMPOSSIBILIDADE DE PAGAMENTO DO VALOR FIXADO – REDUÇÃO DO ENCARGO – Os alimentos devem ter como base a necessidade do alimentado e a possibilidade do alimentante, cabendo a quem alega a impossibilidade de arcar com os alimentos demonstrar a impraticabilidade de provê-los. (TJRO – Proc. 100.001.2002.013706-0 – C. Cív. – Rel. Des. Péricles Moreira Chagas – J. 07.12.2004). REVISIONAL DE ALIMENTOS – REDUÇÃO PARCIAL. O orientador da fixação dos alimentos é o binômio possibilidade/necessidade devendo o pleito revisional atendê- lo, conforme os elementos objetivos demonstrados na lide. (TJMG – APCV 000.316.546-1/00 – 3ª C. Cív. – Rel. Des. Lamberto Sant'anna – J. 08.05.2003). Ainda, conforme dispõ e o artigo 15 da Lei nº 5.478/68, os alimentos fixados ou homologados, nã o transita em julgado, e pode a qualquer tempo ser revista para atender à verdadeira situaçã o das partes. Nesse sentido, caracterizada a alteraçã o negativa da situaçã o econô mica do requerente, se faz necessá rio a reduçã o da pensã o alimentícia devida aos seus filhos, respeitando-se, dessa forma o binô mio necessidade/possibilidade. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, DE NATUREZA ANTECIPADA Com efeito, verificam-se presentes, tanto os elementos que evidenciam a probabilidade do direito quanto o perigo de dano ou risco ao resultado ú til do processo, nos exatos termos do art. 300, do novo Có digo de Processo Civil, vejamos: “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.” Os documentos carreados à inicial dã o credibilidade à alegaçã o do requerente, apresentando, de forma clara e cristalina, a probabilidade do direito invocado, principalmente pela comprovaçã o da alteraçã o de sua situaçã o financeira daquela à época da pactuaçã o dos alimentos. Já o perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do processo podem ser visualizados pela ineficá cia da medida, em caso uma possível prisã o civil do requerente, tanto na açã o de execuçã o de alimentos em curso, quanto nas futuras açõ es que poderã o ser ajuizadas. Dessa maneira, requer digne-se Vossa Excelência de antecipar, liminarmente, a tutela pretendida, com fundamento no artigo 300, do novo Có digo de Processo Civil, decretando-se a reduçã o da pensã o alimentícia devida pelo requerente aos requeridos, para o valor corresponde a 30% (trinta por cento) sobre o salário mínimo nacional, atualmente o valor de R$ 264,00 (duzentos e sessenta e quatro reais). Assim, com certeza estã o presentes todos os fundamentos para a concessã o da antecipaçã o pretendida, especialmente pela farta documentaçã o. Pelo exposto, considerando que a pretensã o do autor encontra arrimo no art. 1.699, do Có digo Civil e na Lei n.º 5.478/68, requer a Vossa Excelência: a) a título de TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, nos moldes dos artigos 294, 297 e 300, todos do novo Có digo de Processo Civil, a reduçã o da pensã o alimentícia para o valor correspondente a 30% (trinta por cento) sobre o salário mínimo nacional, atualmente o valor de R$ 264,00 (duzentos e sessenta e quatro reais); b) a intimaçã o do ilustre representante do Ministério Pú blico para que intervenha no feito ad finem; c) a citaçã o dos requeridos, na pessoa de sua genitora, para comparecer à audiência de mediaçã o e conciliaçã o, nos termos do artigo 695, do novo Có digo de Processo Civil; d) ao final, nã o havendo acordo e com a contestaçã o apresentada pelos requeridos, querendo, no prazo do artigo 335, do Có digo de Processo Civil, sob pena de revelia, seja a presente açã o julgada totalmente procedente, decretando-se a revisã o da pensã o alimentícia devida pelo requerente aos requeridos, fixando-se a nova pensã o em 30% (trinta por cento) sobre o salário mínimo nacional, atualmente correspondente ao valor de R$ 264,00 (duzentos e sessenta e quatro reais); e) a condenaçã o dos Requeridos nas custas e honorá rios, nos termos do artigo 85, do novo Có digo de Processo Civil. Provará o que for necessá rio por todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas e depoimento pessoal da representante legal dos requeridos. Dá -se à causa o valor de R$ 7.392,00 (sete mil trezentos e noventa e dois reais). Termos em que, Pede e Espera Deferimento. xxxxxx (SP), 01 de agosto de 2016.