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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA

VARA CÍVIL DE VALENÇA/BAHIA

Autos n.º XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, já qualificado nos autos do processo em


epígrafe, vem, a este Juízo, por intermédio do patrono que esta subscreve,
apresentar

CONTESTAÇÃO

à demanda de alimentos que lhe move XXXXXXXXXXXXXXX, representados


por sua genitora XXXXXXXXXXXXXX, pelas razões de fato e de direito a
seguir expostas.

I DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, declara-se pobre, na acepção jurídica do termo, não podendo arcar


com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento e
de sua família, razão pela qual requer a concessão dos benefícios da GRATUIDADE
DE JUSTIÇA.

II - BREVE SÍNTESE DA LIDE

Trata-se de demanda em que pretende a Autora a condenação do Réu a lhe


prestar alimentos à razão de um salário-mínimo e meio.

Para tanto, a parte Autora alega que o Demandado não vem lhe auxiliando
materialmente da forma devida e suas necessidades perfazem a quantia

de R$1.780,00 (mil setecentos e oitenta reais) mensais. Informa ainda que o


Requerido detém possibilidade de arcar com o valor pleiteado, tendo em vista que
trabalha como motorista de aplicativo, percebendo renda mensal aproximada de
R$5.000,00 (cinco mil reais).
Ao final, requereu a quebra do sigilo bancário do Demandado, bem como a
procedência dos pedidos.

Os alimentos provisórios foram fixados no importe de 30% (trinta por cento) do


salário mínimo, nos termos da Decisão ID XXXXXXX.

É o breve relatório.

III DAS POSSIBILIDADES DO RÉU À LUZ DO PRINCÍPIO DA


PROPORCIONALIDADE

De saída, não é o Réu alheio às necessidades da Autora. Todavia, não se pode


perder de vista que as necessidades da Alimentanda devem ser razoavelmente ajustadas
às possibilidades do Alimentante, de modo que não lhe prejudique a própria
subsistência, o que representaria reflexos na vida da própria Requerente.

Não se pode olvidar que a Autora, felizmente, é criança saudável, não gerando
despesas além daquelas próprias da atual fase de desenvolvimento em que se encontra.

Diferentemente do que alega na exordial, o Requerido não aufere renda mensal


de R$5.000,00 (cinco mil reis), tendo em vista que encontra-se desempregado,
conforme demonstra cópia de sua CTPS e extratos bancários, ambos acostados aos IDs
XXXXXXX e XXXXXXX, e não aufere qualquer tipo de renda mensal fixa, uma vez
que às vezes consegue realizar bicos trabalhando com reciclagem.

Outrossim, o Requerido informa que enquanto trabalhava como motorista de


aplicativo, conseguia prestar ajuda material à infante. Todavia, deixou de exercer este
trabalho, uma vez que precisou vender o carro, pois não conseguia pagar as parcelas do
financiamento. Com o dinheiro da venda, o Requerido quitou o saldo remanescente
devido ao banco. Perdendo, desta forma, sua única fonte de renda fixa mensal.

Mister se faz destacar que o Demandado constituiu nova família e arca com
gastos domésticos e com as despesas necessárias à própria subsistência como
abastecimento de água e luz, alimentação, aluguel e demais despesas mensais, como
qualquer outra pessoa.

Por outro lado, à míngua de qualquer comprovação, não merece qualquer crédito
a alegação de que a Autora possui despesas no valor mensal de R$1.780,00 (mil
setecentos e oitenta reais). De toda sorte, o valor da verba alimentar deve observar a
capacidade financeira do alimentante, de modo que essas despesas ultrapassam em
muito as possibilidades do genitor, que atualmente encontra-se desempregado.

Nesse descortino, a fixação dos alimentos deve respeitar o trinômio necessidade


x possibilidade x proporcionalidade, visto que fixar alimentos acima da possibilidade do
Demandado é onerá-lo de forma desproporcional.

A saber, segue o teor do art. 1.694, § 1º, do Código Civil que disciplina o caso
em tela:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos


outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua
condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

§ 1 o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do


reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. (Grifado)

Sobre o tema, segue entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito


Federal:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO DE FAMÍLIA.


PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS. REDUÇÃO. ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA. INCAPACIDADE FINANCEIRA NÃO
DEMONSTRADA. TRINÔMIO POSSIBILIDADE,
NECESSIDADE, PROPORCIONALIDADE. REDUÇÃO DO
PERCENTUAL FIXADO. NÃO CABIMENTO. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. O dever de manutenção dos
filhos cabe a ambos os pais, conforme preconizado pelo
artigo 1.703 do Código Civil. 2. A valoração dos alimentos deve
observar a possibilidade financeira do alimentante e as necessidades
vitais do alimentado. 3. A obrigação de alimentos deve ser fixada em
conformidade com o trinômio possibilidade x necessidade x
proporcionalidade, cabendo, nessa situação, ao Juízo buscar o
equilíbrio apto a garantir a existência digna de ambas as partes. 4. (...)

(Acórdão 1162674, 07204043520188070000, Relator:


EUSTÁQUIO DE CASTRO, 8ª Turma Cível, data de julgamento:
3/4/2019, publicado no DJE: 8/4/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.)
Insta salientar, por fim, que a obrigação alimentar incumbe a am bos os genitores,
devendo a contribuição da representante legal ser devidamente considerada quando da
fixação do quantum debeatur imputado ao Réu.

Nesta esteira, atendo-se às necessidades da Autora, bem como às possibilidades


do Réu, à luz do princípio da necessidade x possibilidade x proporcionalidade, requer a
parcial procedência do pedido, no sentido de que ocorra a fixação dos alimentos à razão
de 10% (dez por cento) do salário mínimo.

IV - DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer:

1. a concessão dos benefícios da justiça gratuita, por serem juridicamente pobres,


nos moldes do artigo 98 do CPC;

2. a intimação do Ministério Público para oficiar no feito, nos termos da lei;

3. a procedência parcial do pedido inicial, fixando os alimentos à razão de 10%


(dez por cento) do salário mínimo;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial, pelos documentos juntados aos autos e pela oitiva das testemunhas que
tempestivamente arrolar.

Nestes termos, pede deferimento

(datado e assinado eletronicamente)

Advogado (a) - OAB/UF

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