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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA

ESPECIALIZADA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DO FÓRUM DO JABAQUARA

Júlia…, nacionalidade…, menor impúbere, representada por sua mãe


Catarina …., solteira, balconista, RG nº…, CPF nº…, residente e domiciliada na
Rua…, nº…, Bairro…, São Paulo-SP por seu (sua) advogado (a), regularmente
constituída, conforme procuração anexa (doc. 1), com fundamento na Lei n.
5.478/1968 e no art. 1.694 do Código Civil, vem, respeitosamente, promover

AÇÃO DE ALIMENTOS COM PEDIDO LIMINAR


DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Com base no rito especial previsto na Lei n. 5.478/1968 (Lei de Alimentos) com as
disposições dos arts. 693 a 699 do CPC, bem como de acordo com o art. 2º, da Lei n.
5.478/1968 e art. 53, II, do CPC/2015.

Contra Antônio…, estado civil…, gerente de supermercado, RG, nº…, CPF


nº…, residente e domiciliado na Rua…, nº…, Bairro…, São Paulo-SP, pelas razões
de fato e de direito adiante articuladas.
I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Cumpre inicialmente destacar que o (a) requerente não possui condições de arcar com os custos
do processo sem prejuízo da do seu sustento e de sua família, conforme declaração de
hipossuficiência (doc.01), razão pela qual requer os benefícios da justiça gratuita, na forma do
art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil (CPC) e do inciso LXXIV do artigo 5º da
Constituição Federal (CF) e do artigo 1º, § 2º da lei de alimentos ( lei 5.478/68 ).

Art. 1º. A ação de alimentos é de rito especial, independente de prévia


distribuição e de anterior concessão do benefício de gratuidade.

§ 2º A parte que não estiver em condições de pagar as custas do


processo, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, gozará do
benefício da gratuidade, por simples afirmativa dessas condições perante o
juiz, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais.

II. DOS FATOS

A autora, hoje com 6 anos de idade, é filha do réu (doc. 2) e vive com a mãe,
desde seu nascimento nesta cidade.

A menor foi fruto de um namoro do casal e reconhecida oficialmente como


filha no nascimento, porém sua colaboração nunca foi consistente para o seu sustento,
efetuando depósitos na conta da genitora da criança de quantias entre R$ 500,00 e R$
750,00 mensais.

A menor é filha do requerido, conforme cópia da certidão de nascimento


anexa. Entretanto, apesar da relação jurídica que os une, o Requerido não vem
prestando auxílio com regularidade, para criação e educação de seu filho.

A genitora contava com a ajuda de sua mãe viúva para suprir as despesas
com moradia, alimentação, transporte, escola, vestuário, saúde e lazer de Júlia, que
somam, atualmente, R$ 2.500,00.

Ressalta-se que a genitora do menor trabalha atualmente como balconista,


auferindo renda mensal de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais), e vem, com
muita dificuldade, arcando com as despesas de criação da menor, tais como moradia,
alimentação, vestuário, educação, medicamentos, lazer etc.

Ocorre que a mãe, nos últimos tempos, tem tido dificuldades para pagar
todas as despesas e está endividada, pois sua a avó da criança adoeceu, e o pai não
tem efetuado os depósitos para a filha

O Requerido, por sua vez, trabalha como gerente de supermercado,


auferindo, R$ 10.000,00 (dez mil reais) e resiste em fazer um acordo sobre o
pagamento das despesas da criança, alegando por ter outra família e mais um filho a
caminho, não tem condições de contribuir para o sustento da filha.

Diante dos fatos expostos, surgiu a necessidade de se ingressar com a


presente demanda para fixar um valor mensal a título de pensão alimentícia em favor
do menor.

III. DO DIREITO

a) Obrigação alimentar

O Código de Processo Civil de 2015, dispôs no parágrafo único do art. 693


que:
A ação de alimentos e a que versar sobre interesse de criança ou de
adolescente observarão o procedimento previsto em legislação específica,
aplicando-se, no que couber, as disposições deste Capítulo

O direito a alimentos, está expresso na nossa Constituição Federal, mais


precisamente no seu artigo 229, que assim nos diz:

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.

A ação de alimentos é regulada pela lei 5.478/68 e prevista no artigo 1.696


do CC, que assim nos diz:

Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos,


e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos
em grau, uns em falta de outros

Mais incisivo ainda é o artigo 1.695 do mesmo diploma legal:

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem
bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e
aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque no
necessário ao seu sustento.

Ora, está claro o dever de prestação de alimentos não é exclusivo na genitora


do autor, e sim também do seu pai, é óbvio que o réu deve cumprir com suas
obrigações, de forma a contribuir para que o autor tenha uma qualidade de vida
razoável.

Nos termos do art. 1.694 do Código Civil, é dever dos parentes prestar
alimentos aos filhos que deles dependem. O réu é pai da autora, como se percebe pelo
registro de nascimento (doc. 3).

Art. 1694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos


outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com
a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua
educação.

§1º. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do


reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.

Importante lembrar que o § 1º do art. 1.694 é claro ao afirmar que os


alimentos devem ser fixados à luz do binômio necessidade/possibilidade, sendo este
verificado à luz da proporcionalidade.

No caso, o réu vem pagando módicos e insuficientes valores em prol da


filha, não havendo regularidade quanto ao valor nem às datas de depósito, o que
muito a prejudica.

Segundo o art. 2º da Lei de Alimentos, cabe ao credor:


1. Expor suas necessidades; 2. Provar apenas o parentesco ou a obrigação de alimentar o
devedor; 3) Indicar, além da qualificação do demandado, quanto ele ganha
aproximadamente (ou de que recursos ele dispõe).

b) Necessidades da alimentanda e possibilidades do alimentante

As necessidades da autora são evidentes no que tange à moradia, à


alimentação, ao transporte, à escola, à saúde e ao lazer.

Como se percebe pela documentação anexada a esta petição, as necessidades


foram claramente expostas e seu quantum foi devidamente demonstrado.

A possibilidade do réu também resta claramente configurada, visto sua


excelente saúde financeira (ele ostenta sinais externos de riqueza, conforme fotos
anexadas- doc. 4), além da ausência de outras obrigações com familiares, visto que
vive sozinho e não tem filhos.

O réu ele percebe, como gerente de supermercado, o valor de R$ 10.000,00


(dez mil reais) mensais.

No mais, há regra específica no CPC/2015 sobre a possibilidade de


distribuição dinâmica do ônus da prova no art. 373, § 1º.

Assim, do ponto de vista legislativo e jurisprudencial, o ônus da prova, em


relação aos seus vencimentos, deve ser imposto ao réu.

A jurisprudência brasileira não hesita em fixar o valor da pensão alimentícia


em até 33% dos vencimentos do pai.

Na presente demanda, pede-se valor muito aquém, e a quantia de R$


2.000,00 ( dois mil reais), algo em torno de 20% da remuneração que o pai recebe, e
está totalmente dentro das possibilidades financeiras do demandado.
Vale destacar que a contribuição da genitora seguirá sendo dada em cuidados
diretos com a filha, alimentação, moradia, medicações, vestuário e o que mais se
revelar possível.

c) Fixação de alimentos provisórios

Diante do exposto, mostra-se necessária a fixação de alimentos provisórios em


favor do autor, ante a sua necessidade urgente de obtenção de recursos financeiros
destinados a prover uma justa qualidade de vida.

Por outro lado, está evidente que a nossa legislação protege aquele que
necessita de alimentos, no caso, está demonstrado a filiação do autor, a necessidade e
possibilidade de pagamentos dos valores pleiteados, fazendo-se imperiosa a fixação
de alimentos provisórios em favor da criança.

Diz assim o artigo 300, caput do CPC:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Mais certeiro ainda é o artigo 4º da Lei 5.478/68 ao definir que ao despachar o


pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor,
salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.:

Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo


alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o
credor expressamente declarar que deles não necessita.

A autora necessita com urgência de tal fixação, já que as condições financeiras


da mãe são precárias. Por ter que suprir sozinha as necessidades da filha, precisou
acumular tantas dívidas que mal tem crédito no mercado, o que pode complicar o
acesso da autora aos bens de que necessita.

Logo, o autor tem plena confiança e espera serenamente que vossa excelência,
ao analisar a presente inicial, de pronto, defira os alimentos requeridos, como medida
da mais pura e lídima justiça.

Assim, faz-se de rigor a fixação dos alimentos provisórios no valor de R$


2.000,00 ( dois mil reais)a serem pagos imediatamente com vistas a que as despesas
do próximo mês possam ser regularmente pagas.

d) Opção pela audiência de conciliação

Em atenção ao art. 319, VII do CPC e ao art. 5º da Lei de Alimentos, a


autora manifesta seu interesse na realização de sessão conciliatória com o objetivo de
buscar uma solução consensual para o litígio contando com sugestões de uma pessoa
imparcial.

IV. PEDIDOS E REQUERIMENTO

Ante o exposto, pede a autora à Vossa Excelência:

a) a fixação de alimentos provisórios em R$ 2.000,00 ( dois mil reais), nos


termos do art. 4º da Lei n. 5.478/68;
b) posteriormente, a condenação do réu, em definitivo, ao pagamento de
pensão mensal, no mesmo valor, sendo ainda condenado a arcar com o ônus da
sucumbência atinente às custas, despesas e honorários advocatícios.

Requer, ainda, a autora:

a) o reconhecimento, nos termos do art. 1º, §§ 2º e 3º, da Lei de Alimentos,


da incidência dos benefícios da justiça gratuita, pois a autora e sua representante são
pobres na acepção jurídica do termo;
b) seja o réu citado, nos termos do art. 5º da Lei n. 5.478/68 para, querendo,
compareça à audiência de conciliação, instrução e julgamento, ocasião em que deverá
apresentar sua defesa, sob pena de revelia, bem como produzir as provas que tiver
interesse.

c) a intimação do representante do Ministério Público para acompanhamento


do
feito.

Provará o alegado por todos os meios permitidos em direito, em especial


pela juntada de documentos (doc. 5), oitiva de testemunhas, rol anexo (doc. 6) e
depoimento pessoal do réu, pugnando-se, desde já, pela distribuição dinâmica do ônus
da prova (art. 373, § 1º, CPC/2015) em relação aos fatos de prova inviável pela
alimentada.

Dá à causa o valor de R$ 24.000,00 (vinte e quatro mil reais).

Termos em que pede deferimento.

São Paulo, … de …de …

Advogado …
OAB…

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