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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE PERNAMBUCO

NOME , qualificação, por sua advogada infra-assinada, não se conformando com a


respeitável decisão interlocutória concessivo para majoração dos alimentos provisórios
que antes era de 02 salários mínimos para o patamar de 05 salários mínimos, proferido
pelo MM. Juíz de Direito da 3 Vara de Família e Registro Civil da Capital, nos autos da
ação de alimentos, processo nº 0013806-02.2022.8.17.2001 , que lhe move JOSE
NATALICIO DA SILVA, vem interpor RECURSO DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO com imediata concessão de LIMINAR, com fundamento nos artigos
522 e seguintes do Código de Processo Civil.

Nestes termos, aguardando o recebimento, conhecimento e provimento do presente


recurso, juntando-se as anexas razões,
Pede deferimento.

Recife, 26 de abril de 2023.

ADRIANO LAURENTINO DE SANTANA


OAB/PE 37.069

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO 3 VARA DE FAMÍLIA E REGISTRO


CIVIL DA CAPITAL

AÇÃO DE ALIMENTOS

EGRÉGIO TRIBUNAL

DOUTA CÂMARA

NOBRE RELATOR

Na Ação de Alimentos proposta contra o agravante, foi determinado o pagamento de 02


salários mínimos para a sua ex cônjuge a Sra. Edinalda Maria da Silva, a título de
alimentos provisórios. Ocorre que a Decisão interlocutória determinou a majoração
saindo de 02 salários mínimos para 05 salários mínimos.

O valor fixado a título de pensão alimentícia é exorbitante, ferindo o binômio


necessidade-possibilidade, sobretudo quando consideradas as circunstâncias pessoais
das partes.
A afirmação de que o Agravante tem renda mensal de R$ 48.000,00 (quarenta e oito mil
reais) não está suficientemente respaldada nos autos

Sendo que tal decisão não pode subsistir, pois os recursos financeiros do alimentante
não suportam a obrigação que lhe foi imposta.

Pois bem.

Sabe-se que para a fixação dos alimentos devem ser utilizados como parâmetros a
proporção das necessidades do alimentando e dos recursos da pessoa obrigada.

A propósito:

"Proporcionalidade na fixação dos alimentos. Imprescindível


será que haja proporcionalidade na fixação dos alimentos entre
as necessidades do alimentando e os recursos econômico-
financeiros do alimentante, sendo que a equação desses dois
fatores deverá ser feita, em cada caso concreto, levando-se em
conta que a pensão alimentícia será concedida sempre 'ad
necessitatum'. (JB, 165:279; RT, 530:105, 528:227, 367:140,
348:561, 320:569, 269:343 e 535:107; Ciência Jurídica, 44:154;
EJSTJ, 23:122; RSTJ, 96:322)" (DINIZ, Maria Helena, 'in'
"Código Civil Anotado", Ed. Saraiva, São Paulo, 9ª ed., 2003,
1995, p. 1.164).

É cabível o pagamento de alimentos entre ex-cônjuges, em virtude do dever de mútua


assistência, bem como do princípio da solidariedade, balizador da obrigação alimentar
entre os cônjuges, devendo estes serem fixados em consonância com a capacidade do
alimentante e a necessidade daquele que pleiteia a pensão alimentícia.

Contudo, com base no art. 1.699 do Código Civil, fixados os alimentos, caso


sobrevenha "mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os
recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias,
exoneração, redução ou majoração do encargo".

Nos termos do art. 1.694, § 1º, do Código Civil, os alimentos devem ser fixados na
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada, ficando ao
prudente critério do juiz arbitrar o valor da pensão alimentícia, atendidas as
circunstâncias do caso concreto.
Foram devidamente comprovados nos autos o aumento das despesas do alimentante em
razão de seu grave quadro de saúde, bem como e as grandes dificuldades financeiras
enfrentadas pela alimentanda, apesar de exercer atividade laborativa.

A proporcionalidade decorre do binômio necessidade/possibilidade, porque


não tem cabimento exigir mais do que o alimentado precisa, ainda que haja
possibilidade, tampouco a quantia devida deve ultrapassar a renda auferida
pelo alimentante.

Nesse diapasão, os alimentos devem ser fixados tendo-se em consideração, de


um lado, as necessidades do credor, e de outro, as possibilidades do devedor,
isso quer dizer que, se as necessidades do alimentado forem grandes, porém
pequenas as possibilidades do alimentante, moderados serão os alimentos
devidos. Nesse caso, os alimentos têm por limite as possibilidades do
alimentante. (JOSÉ ROBERTO PACHECO DI FRANCESCO, Aspectos da Obrigação
Alimentar, Revista do Advogado nº 58, março/2000, p. 109).

Como ensina Maria Helena Diniz, o alimentante deverá cumprir seu dever sem
que haja desfalque do necessário ao seu próprio sustento; daí ser preciso
verificar sua capacidade financeira, porque se tiver apenas o indispensável,
injusto seria obriga-lo a sacrificar-se e passar privações, para socorrer parente
necessitado, tanto mais que pode existir parente mais afastado que esteja em
condições de cumprir tal obrigação alimentar, sem grandes sacrifícios (Curso de
Direito Civil Brasileiro?, v. 5/288, p. 289).

Esta é a correta interpretação do artigo 400 do Código Civil, pois não se pode
olvidar que o instituto dos alimentos tem caráter eminentemente social e não é
fonte de renda.

A necessidade varia de cada indivíduo e deflui do tipo de roupa, do lugar, que é


frequentado pelo alimentado, o transporte, a necessidade de concorrência com
outros, etc. Nenhum desses fatores foram demonstrados nos autos, dificultando
a defesa do requerido e a fixação correta dos alimentos em discussão.

No tocante à possibilidade, alega o requerente, em síntese, que o requerido é


comerciante, possui um bar e vende água mineral, perfazendo rendimento de
R$ 3.000,00 (três mil reais).

Tais argumentos, entretanto, não se coadunam com a realidade.

O bar referido pertence ao pai do requerido, Sr. … Castro, conforme


demonstram os documentos nº 06/07 .

O requerido era representante de vendas da água mineral Poá, e possuía renda


mensal elevada. Entretanto, seu negócio não deu certo, gerando dívidas até
hoje pendentes (docs. nº 08/09), acarretando a perda dos bens adquiridos,
como carros e telefones.
Atualmente, o requerido auxilia o pai no bar e faz trabalhos esporádicos como
motorista de caminhão, auferindo renda mensal de R$ 200,00 (duzentos reais).

Além disso, mora na casa do pai com a família (esposa e três filhos), que
dependem dele economicamente para sobreviver. Sua esposa não trabalha fora
do lar porque precisa cuidar dos filhos e está grávida.

Por outro lado, a genitora do menor trabalha como manicure na residência,


cobra R$ 5,00 pela mão e R$ 5,00 pelo pé, possui pensão do pai das duas filhas
no patamar de R$ 350,00 mensais, carro modelo Gol, ano 1983, mora em casa
própria, e sua família ajuda com suas despesas ordinárias.

Em consequência, a mãe do requerente tem plenas possibilidades de manter,


sozinha, a situação dos filhos. Tal situação não elimina a contribuição necessária
e obrigatória do requerido. Os esforços, no caso, somam-se.

Ademais, a Constituição Federal de 1988 igualou os homens e as mulheres nos


direitos e deveres, e dispõe no artigo 229 que: ?Os pais têm o dever de assistir,
criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade ?. Por conseguinte, ambos
os pais são responsáveis pela guarda, sustento e educação dos filhos.

Portanto, considerando os escassos recursos do requerido, que devem servir


como limite para a fixação da prestação de alimentos, e os recursos da genitora
do menor, a obrigação alimentar deve ser fixada no patamar de 35% do salário
mínimo, perfazendo R$ 52,85 (cinquenta e dois reais e oitenta e cinco centavos),
sendo suficiente para garantir as necessidades básicas do menor.

Convém mencionar que o requerido pretende mudar-se para Alagoas e


trabalhar na zona rural, local onde o salário é inferior ao da região sudeste, não
havendo qualquer possibilidade de arcar com o pagamento de um salário
mínimo mensal para o menor.

Deve ser destacado que importância da concessão da liminar no caso em tela,


nos termos do artigo 558 do Código de Processo Civil, sob pena de gerar lesão
grave e de difícil reparação para o agravante, uma vez que o não cumprimento
da ordem judicial impugnada poderá gerar a sua prisão civil.

Ante o exposto, considerando os documentos acostados ao presente recurso e


o destacado prejuízo que o agravante está prestes a sofrer, aguarda o pronto
deferimento de liminar consubstanciada em efeito suspensivo, a qual deverá
obstar o ilegal e injusto pronunciamento judicial que determinou a fixação dos
alimentos provisórios no patamar de um salário mínimo.

Requer que o presente recurso seja recebido, conhecido e provido, nos termos
da liminar supra solicitada, devendo o efeito suspensivo ser mantido até o
julgamento definitivo da ação.

Solicita, ainda, caso este seja o entendimento de Vossa Excelência, a requisição


de informações, no prazo legal, ao juiz da causa, bem como, se for o caso a
intimação do agravado, nos termos do artigo 527, III, do Código de Processo
Civil.

Esclarece que as cópias obrigatórias, bem como as facultativas já estão


devidamente acostadas a esta exordial de natureza recursal, indicando, nesta
oportunidade, nos termos da lei, o nome e endereço dos advogados constantes
do processo: …

Isto ocorrendo, mais uma vez, estar-se-á praticando a verdadeira justiça.

Barueri, 18 de abril de 2001.

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