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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS


FACULDADE DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

DOUTO JUÍZO DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA


DE ITAPORÃ-MS

HERMETO VILLAS BOAS, brasileiro, menor impúbere, portador da


cédula de identidade nº 3.476.542, inscrito no CPF nº 073.967.509-25, neste
ato representado por sua genitora MARGANÉLIA VILLAS, brasileira,
divorciada, portadora da cédula de identidade nº 6.521.153, incrita no CPF nº
489.657.356-65, do lar, sendo ambos residentes e domiciliados na Rua Eliê
Vidal, nº 2113, Jardim Eldorado, Itaporã-MS, por intermédio de seu advogado
que subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com
fulcro no artigo 319 e seguintes do Código de Processo Civil, ajuizar AÇÃO
REVISIONAL DE ALIMENTOS COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA em face de PETRÔNCIO BOAS, brasileiro, casado, portador de
cédula de identidade nº 5.290.171, inscrito no CPF nº 155.157.171-17,
eletricista, residente e domiciliado na Rua João Freire, nº 45, Centro, Maracaju-
MS, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados.

I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Inicialmente, faz-se necessário destacar que o requerente, ora


representado por sua genitora, não possui condições de arcar com as custas
processuais sem prejuízo ao seu sustento e de sua família, conforme
declaração de hipossuficiência em anexo. Por esta razão, requer os benefícios
da justiça gratuita, na forma do artigo 98 e seguintes, do Código de Processo
Civil, bem como do inciso LXXIV, do artigo 5º, da Constituição Federal.

II – DOS FATOS

No mês de janeiro de 2014, fora ajuizada ação de alimentos em face


de Petrôncio Boas, ora requerido, sendo distribuída aos autos nº 0800659-
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2014.8.12.0045, tendo sido, à época, homologado acordo firmado entre as


partes, fixando alimentos em favor de Hermeto Villas Boas, ora requerente, sob
o valor de R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), referente a 50% do salário
mínimo vigente, na data da sentença.

Como consta, Hermeto Villas Boas, atualmente com 09 (nove) anos,


reside com sua genitora e representante legal, a senhora Marganélia Villas,
que recentemente viu-se desempregada em virtude da pandemia ocasionada
pela Covid-19, vindo a prover seu sustento e de seu filho unica e
exclusivamente com o auxílio emergencial concedido à mães chefes de família,
pelo Governo Federal.

Neste segmento, é válido ressaltar que o benefício supramencionado


possue caráter temporário, tendo já sido reduzido pela metade e estando na
iminência de ser encerrado, agravando ainda mais o cenário de vulnerabilidade
do requerente.

Não obstante, verifica-se que o requerido encontra-se em situação


econômica confortável quando comparado à maioria dos trabalhadores de seu
ramo profissional, ao passo que recentemente fora promovido a supervisor de
instalações elétricas em construções civis, sendo lotado no município de
Maracaju-MS e possuindo renda mensal de aproximadamente R$ 6.500,00
(seis mil e quinhentos reais), tendo, portanto, plena capacidade pecuniária de
arcar com as obrigações inerentes à responsabilidade de genitor e alimentante,
sem prejuízo de seu autossustento.

Por fim, destaca-se o cenário de vulnerabilidade a qual o alimentando


está inserido, sendo necessária, em caráter de urgência, a aplicação das
medidas de direito cabíveis a fim de cessar tal situação.

III - DA FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO

A) DA REVISÃO DE ALIMENTOS:
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As provas carreadas aos autos já são suficientes para um juízo


inequívoco de convencimento na esfera cível, tendo em vista que o valor da
prestação alimentar não transita em julgado, podendo ser alterado a qualquer
tempo, caso ocorra alteração na condição financeira do alimentado ou
alimentando, conforme dispõe o artigo 1.699, do Código Civil e o artigo 15,
caput, da Lei nº 5.748/68, ora invocados, respectivamente:

“Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança


na situação financeira de quem os supre, ou na de quem
os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz,
conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou
majoração do encargo.”

“Art. 15. A decisão judicial sobre alimentos não transita


em julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face
da modificação da situação financeira dos interessados.”

Outrossim, depreende-se do caso em tela que atualmente houve


significativa queda na renda mensal familiar do requerente, uma vez que sua
genitora fora demitida de seu emprego em razão da pandemia mundial
ocasionada pela Covid-19, vindo a prover seu sustento e de seu filho unica e
exclusivamente com o auxílio emergencial concedido à mães chefes de família,
pelo Governo Federal.

Neste segmento, é válido ressaltar que o benefício supramencionado


possue caráter temporário, tendo já sido reduzido pela metade e estando na
iminência de ser encerrado, agravando ainda mais o cenário de vulnerabilidade
do requerente.

Não obstante, como supracitado, verifica-se que o genitor do infante,


ora requerido, encontra-se em situação econômica confortável quando
comparado à maioria dos trabalhadores de seu ramo profissional, ao passo que
recentemente fora promovido a supervisor de instalações elétricas em
construções civis, sendo lotado no município de Maracaju-MS e possuindo
renda mensal de aproximadamente R$ 6.500,00 (seis mil e quinhentos reais).
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Diante disso, elucida-se a plena capacidade do requerido de prover


uma condição digna a seu filho, cumprindo, assim, aquilo que o constituinte
originário esculpiu à Carta Magna de 1988, em seu artigo 227, ora invocado:

“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado


assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.”

Ademais, destaca-se que, à época, o valor fixado judicialmente na ação


civil que homologou o acordo entre as partes, foi de R$ 360,00 (trezentos e
sessenta reais), referentes à metade de um salário mínimo vigente (janeiro de
2014).

Neste diapasão, é cediço que durante o lapso temporal de janeiro de


2014 até o presente momento (maio de 2021), a situação econômica nacional
sofreu abruptas variações, de sorte que a inflação sobre o capital econômico
variou 6,29% há cada ano, de acordo com dados estatísticos do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).

Sendo assim, com base nos fatos aludidos, a revisão ora pleiteada
mostra-se a medida de direito a ser tomada, objetivando nova fixação com
base no valor de R$ 1.100,00 (mil e cem reais), referente a um salário mínimo
vigente, isto é, o aumento de R$ 740,00 (setecentos e quarenta reais) em
relação ao valor originalmente deferido.

B) DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA:

Elucida-se, ainda, que, a presente demanda requer a antecipação de


tutela, haja vista a existência dos requisitos que a justifique, como: fumus boni
iuris (fumaça do bom direito) e periculum in mora (perigo na demora). Como
bem sabido, tais requisitos são essenciais para o provimento de tutela
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provisória, uma vez que recai sobre o autor da ação o ônus de demonstrar a
existência de um direito, bem como o prejuízo para tal na demora inerente ao
curso ordinário do processo de cognição, justificando, portanto, a necessidade
da antecipação do que outrora apenas se materializaria com a senteça.

Destarte, neste sentido, dispõe o artigo 300, caput, §1º, 2º e 3º, do


Código de Processo Penal, ora invocado:

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz
pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória
idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa
vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será
concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos
efeitos da decisão.”

Deste modo, destaca-se, que, o fumus boni iuris restou comprovado a


partir do fato de que o requerente é menor impúbere, isto é, absolutamente
incapaz de prover seu autossutento, dependendo, portanto, de amparo de seus
familiares, em especial, de seus genitores. In casu, nota-se a avultada
condição de vulnerabilidade do alimentado e, concomitantemente, a plena
capacidade do alimentante em lhe garantir uma digna qualidade de vida, de
modo que lhe ofereça condições suficentes de desenvolver-se de forma
saudável.

O periculum in mora, por sua vez, resta arrazoado em virtude de que


neste período do curso ordinário do processo, o infante terá cerceado um de
seus mais elementares direitos (alimentação), bem como tais fatos surtirão
efeitos imutáveis, culminando na frustração de direitos fundamentias, como a
vida e/ou integridade física.
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IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer à Vossa Excelência:

A) O deferrimento dos benefícios da gratuidade da justiça, nos termos


do artigo 98 e seguintes, do Código de Processo Civil;
B) O deferimento da tutela de urgência, com supedâneo no artigo 300 e
seguintes, do Código de Processo Civil; e
C) Seja o réu condenado ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios.

Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova admitidos,


em especial pelos documentos acostados à inicial, testemunhas a serem
arroladas em momento oportuno, bem como novos documentos que se
mostrarem necessários no decorrer da demanda.

Dá-se à causa o valor de R$ 8.880,00 (oito mil, oitocentos e oitenta


reais).

Pede o deferimento.

Dourados-MS, 04 de maio de 2021.

Guilherme Barbosa Lima


OAB/MS nº 67.072

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