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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS


FACULDADE DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

DOUTO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE LAGUNA CARAPÃ-MS

PETRUS CAROÇOS, brasileiro, casado, portador da cédula de


identidade nº 3.476.542, inscrito no CPF nº 073.967.509-25, produtor rural,
endereço eletrônico petruscaroços@gmail.com, residente e domiciliado na Rua
Eliê Vidal, nº 2113, Jardim Eldorado, Dourados-MS, por intermédio de seu
advogado que subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fulcro no artigo 319 e seguintes do Código de Processo Civil,
ajuizar AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE
ANTEIPAÇÃO DE TUTELA E PERDAS E DANOS em face de LINDOLFUS,
vulgo “Lindoso”, brasileiro, casado, portador de cédula de identidade nº
5.290.171, inscrito no CPF nº 155.157.171-17, sindicalista, residente e
domiciliado na Rua João Freire, nº 45, Centro, Laguna Carapã-MS, pelos fatos
e fundamentos a seguir delineados.

I – DOS FATOS

Elucida-se dos fatos que Petrus Caroço, ora requerente, é proprietário


de uma chácara, que, ao todo, corresponde à área teritorial de 05 (cinco)
hectares, situada na zona rural deste município de Laguna Carapã-MS, local
onde exerce atividade laboral, cultivando grãos e criando um pequeno rebanho
de bovinos.

Como consta, no dia 09 de abril de 2021, após retornar de uma viagem


interestadual, o requerente deparou-se com um grupo de pessoas lideradas por
Lindolfus, vulgo “Lindoso”, ora requerido, que, além de invadirem a propriedade
privada, vieram a deteriorar parte do cercado que circunda a propriedade, bem
como derrubaram árvores, plantações de grãos e abateram semoventes.
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Neste diapasão, de acordo com a invasão supramencionada, o grupo


logrou a alojar-se em sua propriedade, vindo construir cabanas de lona e
bambu, turbando, assim, o direito possesório de Petrus Caroços.

II - DA FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO

A) DA MANUTENÇÃO DE POSSE:

As provas carreadas aos autos são suficientes para um juízo


inequívoco de convencimento na esfera cível, tendo em vista a manutenção do
exercício da função social da prorpiedade. Neste sentido, dispõe o artigo 5º,
Inciso XXIII, da Constituição Federal de 1988, ora invocado:

“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
[...]
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;”

Ademais, têm-se que a referida propriedade é utilizada pela parte


requerente como única e exclusiva forma de prover seu autossustento, tendo
em o cultivo de grãos e a criação de semoventes, que, além de lhes servirem
como alimentos, concomitantemente, fomentam a economia regional.

Não obstante, extrai-se do Diploma Civil vigente neste solo pátrio, que,
o possuidor terá sua posse mantida diante da iminente ameaça de esbulho
e/ou turbação, se tiver justo receio de ser molestado. Neste diapasão, o artigo
1.210, caput, do Código Civil Brasileiro:

“Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse


em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado
de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1 o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se
ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça
logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além
do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.”
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Portanto, com o desiderato de arrazoar processualmente o ajuizamento


da presente ação ante o litígio em tela, destacam-se os artigos 560 e 561, do
Novo Código de Processo Civil:

 “Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse


em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho.

 Art. 561. Incumbe ao autor provar:

I - a sua posse;

II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;

III - a data da turbação ou do esbulho;

IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de


manutenção, ou a perda da posse, na ação de
reintegração.”

Por fim, é cristalino que a presente ação se encontra amparada sob a


égide do supradito instituto, visto que não há controvérsias no tocante à
existência da violação de direito possessório, resguardando, assim, a garantia
do requerente refugiar-se sob o auxílio jurisdicional.

B) DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA:

Elucida-se, ainda, que, a presente demanda requer a antecipação de


tutela, haja vista a existência dos requisitos que a justifique, como: fumus boni
iuris (fumaça do bom direito) e periculum in mora (perigo na demora). Como
bem sabido, tais requisitos são essenciais para o provimento de tutela
provisória, uma vez que recai sobre o autor da ação o ônus de demonstrar a
existência de um direito, bem como o prejuízo para tal na demora inerente ao
curso ordinário do processo de cognição, justificando, portanto, a necessidade
da antecipação do que outrora apenas se materializaria com a senteça.
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Destarte, neste sentido, dispõe o artigo 300, caput, §1º, 2º e 3º, do


Código de Processo Penal, ora invocado:

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando


houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode,
conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea
para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer,
podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente
ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será
concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos
efeitos da decisão.”

Nessa perspectiva, argumenta Flávio Tartuce(2020;p.74):

“Em um intenso diálogo entre as fontes, é preciso relacionar


as ações possessórias à classificação da posse quanto ao
tempo. Isso porque, se no caso concreto, a ameaça, a
turbação e o esbulho forem novos, ou seja, tiverem menos
de um ano e um dia, caberá a ação de força nova: o
respectivo interdito possessório seguirá o procedimento
especial, cabendo liminar nessa ação. Por outra via, se a
ameaça, a turbação e o esbulho forem velhos, com pelo
menos um ano e um dia, caberá ação de força velha, que
segue o procedimento comum do CPC/2015 (rito ordinário,
no CPC/1973), não cabendo a respectiva liminar.”

Também nesta perspectiva, Carlos Roberto Gonçalves, leciona


(2021,p.65):

“[...] ao determinar a aplicação ao interdito proibitório do


disposto na Seção II, concernente às ações de manutenção
e de reintegração de posse, o estatuto processual de 2015
(art. 568) permitiu, também, que se concedesse liminar em
interdito proibitório.”

Deste modo, destaca-se, que, o fumus boni iuris restou comprovado a


partir do fato de que o requerente é legítimo propriedtário do bem imóvel ora
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turbado, bem como exerce a função social da terra, de acordo com o que
determina o ordenamento jurídico brasileiro, ao passo que utiliza a propriedade
rural para o cultivo de grãos e a criação de animais, provendo seu
autossustento e, concomitantemente, fomentando a economia local.

O periculum in mora, por sua vez, resta arrazoado em virtude de que


neste período do curso ordinário do processo de cognição, Petrus Caroços não
apenas será lesado em seu direito real, mas também sofrerá ainda mais com
os danos inerentes à invasão in casu, haja vista que há cada dia o seu prejuízo
patrimonial é aumentado, além de que tem outros bens jurídicos ameaçados,
como sua integridade física.

C) DAS PERDAS E DANOS

Outrossim, incumbe discorrer no tocante às perdas e danos sofridos


por Petrus Caroços, pois, para além da invasão à sua propriedade, o requerido
e seu grupo deteriorou cercas, derrubou árvores, corrompeu plantações e,
ainda não contente, abateu animais.

Em consonância aos ditâmes do legislador processual civil, invoca-se o


artigo 555:

“Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o


de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de
medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.”

Por último, têm-se que o entendimento doutrinário e jurisprudencial é


uníssono em afirmar a possibilidade cumulativa das perdas e danos frente às
litigâncias que envolvem os fatos acima narrados.
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IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer à Vossa Excelência:

A) o deferimento da tutela de urgência, com supedâneo no artigo 300 e


seguintes, do Código de Processo Civil; e
B) Seja o réu condenado ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios.

Dá-se à causa o valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).

Pede o deferimento.

Dourados-MS, 30 de abril de 2021.

Guilherme Barbosa Lima


OAB/MS nº 67.072

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