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Justiça Federal da 6ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

03/10/2023

Número: 1003439-16.2019.4.01.3801
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Federal de Juizado Especial Cível e Criminal da SSJ de Juiz de Fora-MG
Última distribuição : 23/04/2019
Valor da causa: R$ 26.462,00
Assuntos: Auxílio-Reclusão (Art. 80)
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
R. D. P. C. (AUTOR) ADRIANA CRISTINA BENTO (ADVOGADO)
ROBSON DOS PASSOS VIVIANI (ADVOGADO)
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (REU)
Ministério Público Federal (Procuradoria) (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
48861 23/04/2019 15:30 Petição inicial Petição inicial
526
MM JUÍZO DA ª VARA FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO
JUDICIÁRIA DE JUIZ DE FORA-MG

RYAN DE PAULA CARVALHO, brasileiro, menor impúbere, representado por sua genitora
BEATRIZ DE PAULA LEITE casada, do lar, portadora do CPF nº 106.860.496-40, e RG nº MG
169420199, residente e domiciliada na Rua Guimarães Junior, nº 107, Bairro Nova Era, CEP:
36087-390nesta cidade, por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 80 e seguintes da Lei nº 8.213/91, art. 116 do
Decreto nº 3.048/99, e artigo 319 do NCPC, propor:

AÇÃO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO- RECLUSÃO

em face

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, autarquia federal criada pela Lei nº
8.029, artigo 14, de 12 de abril de 1.990, e pelo Decreto nº 99.350, de 27 de junho de 1.990, com
sede na Capital Federal e representação judicial na Cidade de Juiz de Fora, na Av. Brasil 9501,
bairro São Dimas,( Rodoviária de Juiz de Fora-Mariano Procópio) pelos fatos e fundamentos
abaixo expostos:

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

A autora afirma não poder arcar com as custas e demais emolumentos sem
prejuízo do sustento próprio e de sua família, requerendo os auspícios da gratuidade da justiça
em todos os atos do processo com base no art. 98 do NCPC.

As pessoas físicas ou naturais fazem jus ao benefício da gratuidade


processual sem a necessidade de realizar qualquer espécie de prova (NCPC, art. 99, § 3º),
bastando a pessoa física declarar que carece de recursos para enfrentar a demanda judicial que
essa alegação será suficiente para a concessão do benefício, tendo em vista que sua declaração

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goza de presunção de veracidade (NCPC, art. 99, § 3º c/c art. 374, IV)

Art. 99 NCPC- O pedido da gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para o ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.

(...)

§3º- Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida


exclusivamente por pessoa natural.

Art. 374- Não dependem de prova os fatos:

(...)

IV- em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.

DOS FATOS

O Requerente é filho de Luiz Henrique de Carvalho, cônjuge da


representante legal do Requerente, e como contribuinte da Previdência Social, recolheu a
devida contribuição de SEGURADO até a data de janeiro de 2018, data em que o mesmo foi
preso, conforme documentos anexos, quais sejam:

• CTPS,
• Guias da Previdência Social (GPS);

Os documentos comprovam que era ele trabalhador urbano, contribuinte


regular da Previdência Social, pelo qual percebia o valor do salário mínimo da época,
encontrando-se recolhido no CERESP de Juiz de Fora, desde o dia 13 de Janeiro de 2018, no
regime atualmente fechado, atestado carcerário anexo.

Destaca-se que o Requerente não recebe nenhum tipo de benefício da


Previdência Social, nem de outro regime previdenciário.

Cumpre esclarecer que o segurado teve seu benefício negado pela


instituição com a alegação de que o salário era superior ao limite da legislação.

Porém Excelência deve-se observar que o segurado percebia uma


remuneração inferior (extrato previdenciário anexo), e no seu último salário o valor subiu
irrisoriamente, advindos de horas-extras, montantes que não integravam habitualmente o salario

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contribuição, não podendo o mesmo perder o seu direito adquirido, ficando, portanto,
prejudicado a criança, que é absolutamente incapaz.

Há de se destacar ainda, que o interesse do menor deve se sobrepor ao


limite imposto, haja vista se tratar o requerente de menor impúbere.

DO DIREITO

O direito ao auxílio-reclusão possui previsão legal no artigo 116 do Decreto


nº 3.048/99, bem como no artigo 80 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, cuja redação
expressamente dispõe:

Art. 80. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da


pensão por morte aos dependentes do segurado recolhido à prisão,
que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de
auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em
serviço.
Parágrafo único. O requerimento do auxílio-reclusão deverá ser
instruído com certidão do efetivo recolhimento à prisão, sendo
obrigatória, para a manutenção do benefício, a apresentação de
declaração de permanência na condição de presidiário.

Além disso, elenca o art. 6º da Constituição Federal que “são direitos


sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a PREVIDÊNCIA
SOCIAL, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição”.

De conformidade com a legislação vigente, vê-se cristalinamente que são


beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do
segurado, o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido, cuja dependência econômica é presumida,
sendo que a (dependência econômica) dos demais (cônjuge, companheira, companheiro) deve
ser comprovada.

Há de se consignar que a concessão do auxílio-reclusão que pelo presente


se pleiteia independe de carência, na forma do art. 26 da Lei nº 8.213/91.

Destarte, a Requerente, em consonância com as provas documentais


acostadas aos autos, como também na subsunção desses à a legislação vigente, faz jus ao
benefício por ora requerido.

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Quanto ao fato do limite exigido na legislação ter sido ultrapassado, é de
bom tom que seja flexibilizado o critério econômico, por se tratar de valores referentes à horas
extras e ser o requerente, no caso em tela, um menor impúbere, devendo seu direito se
sobrepor ao limite imposto.

Vejamos portanto, julgados neste sentido:

AUXILIO-RECLUSÃO. FLEXIBILIZAÇÃO DO VALOR CONSIDERADO


COMO BAIXA RENDA. POSSIBILIDADE RESTRITA A SITUAÇÕES
EXTREMAS E COM ÚLTIMO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO EM VALOR
POUCO ACIMA DO TETO LIMITE - VALOR IRRISÓRIO, SEMPRE À LUZ
DO CASO CONCRETO. FINALIDADE DE PROTEÇÃO SOCIAL DO
DEPENDENTE DO SEGURADO ENCARCERADO. PRECEDENTES STJ
E TNU. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO JULGADO COMO
REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. Trata-se, em suma, de pedido de uniformização interposto
pela parte autora em que sustenta que o valor irrisório que
ultrapassou o limite fixado como baixa-renda para a concessão do
auxílio- reclusão não pode ser óbice para a improcedência de seu
pleito, especialmente pelo fato de que tais valores referem-se à
adicionais noturnos e horas-extras, ou seja, montante que não
integrava habitualmente o salário de contribuição do segurado
encarcerado. A título de paradigma indicou o acórdão da TRPR
5016691-84.2012.404.7000) e o REsp 1479564/SP. O incidente foi
admitido na origem. Os autos foram afetados como representativo de
controvérsia, razão pela qual, nos termos do art. 17, V, do Regimento
Interno desta Corte, houve a intimação do MPF para parecer. Em
resposta, o Parquet opinou pelo provimento do presente incidente,
com a flexibilização do critério econômico, já que se tratava de
parcela ínfima que teria ultrapassado os limites da Portaria 02/2012. .
É o relatório. Passo ao voto. 2. A lei de regência dos pedidos de
uniformização dirigidos à Turma Nacional de Uniformização exige que
a parte postulante da uniformização de questão de direito material
presente na lide demonstre de forma cabal que há divergência
jurisprudencial entre Turmas Recursais de diferentes regiões do País
ou que o acórdão recorrido está em dissonância com a orientação
predominante no âmbito desta Corte uniformizadora ou em
descompasso com a posição majoritária do C. STJ. É o que reza o art.
14 , § 2º , da Lei nº 10.259 /01, verbis: Art. 14....

AUXILIO-RECLUSÃO. REQUISITOS DO ARTIGO 80 DA LEI 8213 /91 E


ARTIGO 116 DO DECRETO 3048 /99. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA.
CONDIÇÃO DE SEGURADO. FLEXIBILIZAÇÃO DA QUESTÃO
ECONÔMICA. INTERESSE DE MENOR QUE SE SOBREPÕE A
CRITÉRIO ECONÔMICO. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PROVIDA.
SENTENÇA REFORMADA. 1. No momento da prisão o recluso detinha
a qualidade de segurado. 2. A relação de dependência econômica do
requerente do benefício é clara e documentada. 3. Para fins de
concessão do benefício de auxílio-reclusão (artigo 80 da Lei 8213 /91),
o critério de aferição do último salário-de-contribuição do segurado

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deve ser flexibilizado, eis que ultrapassa em valor mínimo o teto da
Portaria e o interesse da menor, requerente, se sobrepõe ao limite
imposto. 4. O termo inicial do benefício auxílio-reclusão é a data da
prisão do segurado, tendo em vista que se trata de questão de ordem
pública, ante ao fato da parte autora ser menor impúbere, contra a qual,
portanto, não corre a prescrição (art. 198 , I , do Código Civil ) e a data
do requerimento administrativo à esposa. 5. Apelação provida.
Sentença reformada.

DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer:

a) O deferimento da justiça gratuita, nos termos do art. 98, do CPC;

b) A citação do Réu, através de seu Procurador, no mesmo endereço


declinado no preâmbulo da inicial, via AR, para insurgir-se contra os termos da presente ação
no prazo de legal;

c) A total procedência da ação, culminando na concessão do benefício


de auxílio-reclusão, retroagindo à data de 13 de janeiro de 2018, quando houve a prisão, bem
como a emitir o carnê do benefício corrigido monetariamente, juros de mora e honorários
advocatícios incidentes sobre o valor da conta de liquidação, calculados na forma da Lei.

d) A fixação de juros de mora à taxa de 1% ao mês, iniciando-se a partir da


citação e aplicando-se integralmente aos benefícios em atraso, dado seu caráter alimentar,
conforme o art. 3º, do Decreto-Lei nº 2.322/1987;

e) Que seja julgado antecipadamente o mérito da presente demanda,


consoante o art. 355, inciso I, do CPC, por não haver necessidade de ser produzidas provas
além das que se encontram anexas;

f) A Requerente opta pela desnecessidade da designação de audiência


de conciliação, nos termos do art. º 334 do CPC;

g) Seja determinada a separação dos honorários contratuais em 30% do


montante devido ao autor, com fulcro no art. 22, da Lei nº 8.906/94,

h) A renúncia, desde já, aos créditos excedentes a 60 (sessenta) salários


mínimos (SEMPRE QUE FOR JUIZADO ESPECIAL FEDERAL), consoante determina o art. 17,
§ 4º, da Lei nº 10.259/2001;

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i) A produção de provas por todos os meios legalmente admitidos e
necessários ao deslinde escorreito da demanda.

Atribui-se à causa o valor de R$ R$26.462,00 (Vinte e seis mil quatrocentos e sessenta e dois
reais)

Termos em que, pede deferimento.

Juiz de Fora, 08 de abril de 2019

Adriana Cristina Bento Castegliani Robson dos Passos Viviani

OAB/MG 165.462 OAB/MG 159.514

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