EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DO JUIZADO ESPECIAL
FEDERAL DE SINOP/MG
QUALIFICAÇÃO DO REQUERENTE, por sua advogada infra-
assinado, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 319 e seguintes do Código de Processo Civil Brasileiro, bem como, Lei nº 8.742/93, propor a presente
AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE
AUXÍLIO- RECLUSÃO, em face do
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS,
autarquia federal criada pela Lei nº 8.029, artigo 14, de 12 de abril de 1.990, e pelo Decreto nº 99.350, de 27 de junho de 1.990, com sede na Capital Federal e representação judicial na Cidade do Rio de Janeiro, pela Unidade de Atendimento da Previdência Social – APS Digital RJ – Centro, na Rua México, n.º 168, Rio de Janeiro, CEP: 20031-143, pelos fatos e fundamentos abaixo expostos: I - DOS FATOS
Os requerentes, na qualidade de dependente do segurado
xxxxxxxxxxx, requereu a concessão de benefício de auxílio-reclusão, no dia 22 de fevereiro de 2022, pois os menores necessitam desse auxílio para manter a sua subsistência.
Tendo sido indeferido o referido pedido pela Autarquia, por
entender que não foi cumprida a carência.
Em razão dessa decisão equivocada, os requerentes estão sem
nenhum auxílio do seu genitor, mesmo preenchendo todos os requisitos para concessão do benefício, sendo eles: certidão judicial e extrato de do CNIS, conforme segue:
Dessa forma, busca a tutela jurisdicional para ver garantido o seu
direito de receber o benefício previdenciário. II - DOS FUNDAMENTOS
O benefício previdenciário do Auxílio- Reclusão é destinado
aos dependentes do segurado que estiver preso.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
disciplina, no seu art. 201, IV, que:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma
de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: […] IV – salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda.
A Lei nº 8.213/91, em seu turno, disciplina, no seu art. 80,
referido benefício, in verbis:
Art. 80. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições
da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.
Logo, da análise dos dispositivos legais acima transcritos, pode-se
extrair que são requisitos para concessão do auxílio-reclusão:
a) efetivo recolhimento do segurado à prisão;
b) demonstração da qualidade de segurado do preso; c) comprovação da condição de dependente de quem pleiteia o benefício; e d) renda mensal do segurado inferior ao limite legal estipulado. A segregação do segurado instituidor do benefício resta demonstrada pela certidão de recolhimento emitida pelo órgão prisional respectivo, devidamente anexada.
A qualidade de segurado, em seu turno, também resta
comprovada, uma vez que o segurado instituidor do benefício estava contribuindo para a Previdência Social na época em que foi aprisionado.
Nesse sentido:
“Ementa: PREVIDENCIÁRIO E CONSTITUCIONAL. AUXÍLIO-
RECLUSÃO. FILHOS MENORES IMPÚBERES. QUALIDADE DE SEGURADO. MANTIDA. SEGURADO DESEMPREGADO. POSSIBILIDADE. 1. Em se tratando de sentenças proferidas de 18/MAR/2016 em diante (vigência do art. 496, I, do CPC/2015), é incabível a remessa oficial/necessária nas demandas cuja condenação ou proveito econômico em detrimento da UNIÃO ou de suas Autarquias ou Fundações públicas for inferior a 1.000 salários-mínimos. Dimensão de valor que, em causas previdenciárias ou funcionais (espectro de competência da 1ª Seção/TRF1), afasta de regra - a aplicação da SÚMULA-STJ/490. Pois, no usual, não há teórica iliquidez que possa induzir a conseqüente compreensão de suposto extrapolamento do (elevado) valor limite atual, considerados os valores e os períodos rotineiramente postos sub judice. À exceção de raros contextos ímpares/singulares (que não o deste feito). 2. A concessão do auxílio-reclusão pressupõe a qualidade de segurado do preso, independentemente de carência; o recolhimento à prisão do segurado em regime fechado ou semi- aberto; a situação de dependência previdenciária do postulante ao benefício e, por fim, o requisito relativo à baixa renda do segurado. 3. A percepção pelo segurado recluso de renda um pouco superior ao que o regulamento fixou como baixa renda (art. 116 do RPS) não afasta o direito dos seus dependentes à percepção do benefício, porque estes não devem ficar alijados da proteção do sistema previdenciário, que é condição realizadora do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inc. III), e porque constitui objetivo fundamental da República promover o bem de todos, sem qualquer forma de discriminação (art. 3º, inc. IV), com o que também se pode evitar a exclusão social. 4. O Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial n. 1.479.564/SP, versando também auxílio-reclusão, entendeu que, na análise do caso concreto, é possível a flexibilização do limite legal quando se observa a necessidade de garantir a proteção social dos dependentes do segurado (relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJE De 18/11/2014). 5. Ademais, o entendimento jurisprudencial conduz a um cotejamento de princípios que justifica a concessão de auxílio- reclusão em caso de segurado desempregado, sob entendimento de que atendido o requisito de baixa renda, porque não há que se perquirir o teto previdenciário exigido para benefícios dessa natureza quando inexistente salário a aferir na data do recolhimento à prisão. 6. No caso dos autos, verifica-se que na data da prisão (11/2011), o segurado não auferia renda e mantinha a qualidade de segurado, uma vez que a última contribuição recolhida foi em 04/2011 . Desta forma, os dependentes fazem jus ao recebimento do auxílio-reclusão. 7. Remessa oficial não conhecida. 8. Apelação do INSS não provida. (1004829-76.2018.4.01.3600 APELAÇÃO CIVEL (AC); Relator(a) DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXAS; TRF - PRIMEIRA REGIÃO; PRIMEIRA TURMA; Data: 10/06/2020; Data da publicação: 22/06/2020).
Então, conforme decisão acima estando preenchidos todos os
requisitos para concessão do benefício de auxílio-reclusão, deve o INSS ser condenado ao pagamento da referida benesse.
III - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1. A citação da autarquia ré, na pessoa do seu representante legal;
2. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS
para conceder o benefício de auxílio-reclusão, bem como pagar as parcelas vencidas desde o recolhimento do provedor desde 17 de novembro de 2021 monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais moratórios, ambos incidentes até a data do efetivo pagamento;
3. Custas processuais, despesas emergentes, correção monetária e
juros de mora sobre o total da condenação; 4. Honorários Advocatícios a serem arbitrados na porcentagem que melhor entender este Douto Juízo;
5. Os benefícios da Justiça Gratuita, em concordância com a Lei
nº 1.060/50 com as alterações introduzidas pela Lei nº 7288/84, por serem pessoas pobres na acepção jurídica do termo e não reunirem condições de arcar com as despesas e custas processuais sem prejuízo de sua própria subsistência, face a declaração de pobreza ora juntada;
Requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito
admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do representante legal da Ré, sob pena de confissão, oitiva de testemunhas, perícias, vistorias, juntada de novos documentos e demais provas que se fizeram necessárias.