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CIDADE-UF.
O Autor recebia benefício assistencial de prestação continuada, concedido por força do processo
judicial nº XXXXXXXXXXX, conforme dados abaixo:
3. DIB XX/XX/XXXX
Não obstante a constatação de sua incapacidade para a vida independente e para o trabalho,
bem como, o preenchimento do critério socioeconômico atinente à benesse assistencial, o Requerente
viu seu benefício sobrestado pelo INSS, na medida em que a esposa aposentou-se, passando a perceber
o valor mensal de R$XXX,XX.
O Benefício Assistencial ao Idoso ou à Pessoa com Deficiência é concedido àquele que preenche
as disposições previstas no artigo 20 da Lei 8.742/93, de forma que, em razão de sua defasagem frente
às transformações políticas e sociais e a necessidade de adequação ao cenário atual, vem recebendo
críticas ferrenhas à sua aplicação, bem como, sendo alvo de novas construções jurisprudenciais cada vez
mais sedimentadas quanto a necessidade de flexibilização, o que, por óbvio rechaça a decisão indevida
pelo INSS, motivo pelo qual se impera o ingresso da presente ação.
Do Critério Médico:
Desta forma, teve sua incapacidade reconhecida pelo INSS, conforme vislumbra-se do processo
administrativo anexo, preenchendo assim, o critério médico atinente ao benefício assistencial.
Em análise aos documentos acostados aos autos e conforme já narrado, nota-se que a cessação
do benefício de prestação continuada que ora pretende-se restabelecer deu-se em razão do alcance de
aposentadoria por idade à esposa do Requerente.
Contudo, tal decisão é por completo descabida, mormente pela pacificação do entendimento de
que para fins de análise de hipossuficiência, a verificação da renda mensal consubstancia elemento
perfunctório para apreciação do caso, devendo para tanto que o contexto fático como um todo seja
contemplado pela autoridade julgadora.
Insto porque, não obstante as inúmeras decisões neste mesmo sentido, o Superior Tribunal de
Justiça em apreciação ao REsp 1.112.557, tornou relativo o critério econômico previsto do artigo 20,
§3º, da Lei 8.742/93, acolhendo a constatação da miserabilidade da pessoa idosa ou com deficiência
através de outros meios de prova que não a renda per capta.
Ainda neste tocante, é reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, em regime de repercussão
geral, a inconstitucionalidade do §3º do artigo 20 da Lei 8.742/93 (LOAS), que institui critério econômico
objetivo, bem como, a faculdade de aceitação de outros meios de prova para a averiguação da
hipossuficiência do grupo familiar. Note-se:
Muito embora o quadro financeiro da família tenha sofrido alteração na medida em que a esposa
do Requerente passou a perceber benesse de aposentadoria, este não se presta, por si só, a
desconfigurar o direito antes assistido ao mesmo, sendo este fato o objeto da contenda.
Nos termos do entendimento jurisprudencial já referido, para que o critério socioeconômico seja
apreciado, se faz indispensável a verificação do contexto fático em que está inserido o grupo familiar,
haja vista as peculiaridades atinentes a cada caso concreto.
O grupo familiar do Demandante é composto por ele e sua esposa, de forma que, com a
cessação do benefício antes alcançado, a renda mensal da família, atualmente consubstancia-se em um
salário mínimo advindo da aposentadoria desta última.
Frente a defasagem dos critérios financeiros preceituados pelo artigo 20, §3º, passou-se a
admitir novos parâmetros para a configuração da miserabilidade para fins da concessão de benefício de
prestação continuada, utilizando como parâmetro outros benefícios assistenciais concedidos pelo
Governo Federal, como o programa Bolsa Família. Senão, vejamos:
Deste modo, sendo a renda constitutiva do grupo familiar o valor de ½ de salário mínimo per
capta, nota-se que o montante percebido pelos mesmos encontram-se dentro dos patamares
admitidos.
Dos comprovantes anexos, constata-se que os gastos com aluguel, energia elétrica, água,
alimentação e medicamentos ultrapassam o valor percebido mensalmente pelo grupo familiar, sendo
que neste contexto sequer elucidou-se as despesas com vestuário, lazer e transporte, igualmente
importantes na mantença da dignidade do homem, garantido constitucionalmente.
Outrossim, há que se considerar que o Requerente é pessoa deficiente, somado ao fato de que
sua esposa é pessoa idosa, contando com XX anos, carecendo ambos de cuidados especiais e maiores
despesas.
Por derradeiro, que não se ouse alegar ausência de interesse de agir. Conforme jurisprudência
dominante no Superior Tribunal de Justiça, o prévio requerimento administrativo não é requisito
essencial para a propositura de ações que versem sobre benefício previdenciário. Neste sentido:
Outrossim, cabe destacar que a pretensão resistida restou configurada no momento da cessação
do benefício em âmbito administrativo. Neste sentido, igualmente:
PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. CANCELAMENTO
ADMINISTRATIVO. INTERESSE DE AGIR. SENTENÇA ANULADA. 1. Evidente o interesse de
agir da demandante que ingressa com a ação judicial após o cancelamento
administrativo de seu benefício por incapacidade. 2. Sentença de extinção do feito sem
julgamento do mérito anulada e determinado o prosseguimento do processo. (TRF4, AC
5014022-59.2011.404.7108, Sexta Turma, Relator p/ Acórdão João Batista Pinto Silveira,
juntado aos autos em 19/07/2012, com grifos acrescidos)
TUTELA DE URGÊNCIA
A parte Demandante necessita da concessão do benefício em tela para custear a própria vida,
tendo em vista que não reúne condições de prover seu sustento, nem tê-lo provido por sua família.
Por outro lado, vale ressaltar que os requisitos exigidos para a concessão do benefício se
confundem com os necessários para o deferimento desta medida antecipatória, motivo pelo qual, em
sentença, se tornará imperiosa a sua concessão.
Assim, após a realização das perícias pertinentes ao caso, ficará claro que a parte Requerente
preenche todos os requisitos necessários para o deferimento da antecipação de tutela, tendo em vista
que o laudo socioeconômico fará prova inequívoca do estado de miserabilidade, bem como o laudo
médico não deixará dúvidas quanto à moléstia incapacitante, tornando, assim, todas as alegações
verossímeis. O periculum in mora se configura pelo fato de que se continuar privada do recebimento do
benefício, a parte Autora terá seu sustento prejudicado (caráter alimentar do benefício).
PEDIDOS
1) A concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por ser o Autor pobre na acepção legal
do termo.
6) O julgamento da demanda com total procedência, para que o INSS restabeleça o benefício
assistencial NB XXX.XXX.XXX-X ao Autor, pagando as parcelas vencidas (devidas desde a data da
cessação do benefício) e vincendas, monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e
acrescidas de juros legais e moratórios, incidentes até a data do efetivo pagamento;
7) Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorários advocatícios, eis que cabíveis em segundo
grau de jurisdição, com fulcro no art. 55 da lei 9.099/95 c/c art. 1º da Lei 10.259/01.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Local e Data.
Advogado
OAB/UF
2
Valor da causa = 12 parcelas vincendas (R$XXXXXXX) + parcelas vencidas (R$ XXXXXXXXXX) = R$ XXXXXXXXX.