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(Alterar de acordo com o caso concreto)

AO JUIZO FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL PREVIDENCIÁRIO DA


SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE XXXXXXXXXXXXXXX – XX

COM PEDIDO DE TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL

XXXXXXXXXXXXX, já cadastrado eletronicamente, vem, com o devido respeito,


perante Vossa Excelência, por meio de seus procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL

AO IDOSO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos fundamentos


fáticos e jurídicos que passa a expor:

FATOS E FUNDAMENTOS

O Autor buscou a concessão do Benefício Assistencial, eis que


vive em condições indignas de vida, além de ter a idade avançada de xx anos,
sendo assim improvável sua reinserção no mercado de trabalho.

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AJURÍDICA
Todavia, em que pese a satisfação dos requisitos, conforme
documento em anexo, o benefício solicitado foi indeferido. Da comunicação de
decisão, consta que o motivo do indeferimento foi a nacionalidade estrangeira do
Autor, “tendo em vista não estar previsto o reconhecimento do direito ao benefício
para requerentes de nacionalidade estrangeira não naturalizados”.

Tal alegação não poderia ser mais absurda, eis que o Estado
Democrático de Direito brasileiro garante a igualdade de direitos (e deveres) entre os
estrangeiros residentes no país e os nacionais. Portanto, somente poderia ser
negado o pedido do Autor caso o mesmo não cumprisse com um dos dois requisitos
para a concessão do benefício (o que não é o caso, como se mostrará a seguir).

Outros dados sobre o requerimento administrativo:

1. Número do benefício xxxxxxxxxxxxxxxx

2. Data do requerimento xxxxxxxxxxxxxxxxx

3. Razão do indeferimento Nacionalidade Estrangeira

Primeiramente, há de se destacar a Carta Magna Brasileira,


que, em seus Princípios e Direitos Fundamentais, garante amplamente a igualdade
de tratamento para os estrangeiros que no país residem, em atenção ao princípio
máximo: a dignidade da pessoa humana. Destaca-se o artigo 3º, IV, da Constituição
Federal, que dita que não haverá preconceitos devido à origem nem qualquer
forma de discriminação. Também, gize-se o artigo 5, que garante a isonomia entre
brasileiros e estrangeiros perante a lei.

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AJURÍDICA
O Supremo Tribunal Federal já se pronunciou acerca do tema,
pela possibilidade de concessão do Benefício Assistencial ao estrangeiro, pautando-
se pelo entendimento acima. Perceba-se:

ASSISTÊNCIA SOCIAL – ESTRANGEIROS RESIDENTES NO PAÍS


– ARTIGO 203, INCISO V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL –
ALCANCE. A assistência social prevista no artigo 203, inciso V, da
Constituição Federal beneficia brasileiros natos, naturalizados e
estrangeiros residentes no País, atendidos os requisitos
constitucionais e legais. Ante o quadro, desprovejo o recurso
extraordinário interposto pelo Instituto Nacional do Seguro e Social.
Fixo a seguinte tese: “Os estrangeiros residentes no País são
beneficiários da assistência social prevista no artigo 203, inciso
V, da Constituição Federal, uma vez atendidos os requisitos
constitucionais e legais.” (STF, RE 587.970, Relator Ministro Marco
Aurélio, D.E. 22/09/2017)

As reiteradas decisões neste sentido, culminaram em incidente


de uniformização, junto à Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, que assim
decidiu recentemente:

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL.


CONCESSÃO A ESTRANGEIRO LEGALMENTE RESIDENTE NO
PAÍS. POSSIBILIDADE. 1. A condição de estrangeiro legalmente
residente no Brasil não impede a concessão de benefício assistencial
ao idoso ou deficiente, pois a Constituição Federal, no art. 5º,
assegura ao estrangeiro residente no país o gozo dos direitos e
garantias individuais em igualdade de condição com o nacional.
(IUJEF 2007.70.95.014089-0, Turma Regional de Uniformização da
4ª Região, Relator Rony Ferreira, D.E. 17/09/2008). 2. Recurso
conhecido e desprovido. Uniformização mantida. (IUJEF 0002066-
76.2009.404.7052, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região,
Relatora Luísa Hickel Gamba, D.E. 28/06/2011)

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Insta salientar que o Tribunal Regional da 3ª Região vem
decidindo da mesma maneira:

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL (ART. 203,V CF/88) - BENEF. EM


ESPÉCIE/ CONCESSÃO/ CONVERSÃO/ RESTABELECIMENTO/
COMPLEMENTAÇÃO “Contudo, o fato do autor ser estrangeiro
não é óbice à concessão do benefício assistencial, uma vez que,
consoante o artigo 5o da Constituição da República, é
assegurado ao estrangeiro, residente no país, o gozo dos
direitos e garantias individuais, em igualdade de condições com
o nacional. Não se pode deslembrar que o benefício em testilha é
livre de contrapartida, não exigindo prévia contribuição para fruição
da cobertura assistencial. (...)A ré alega ser impossível a
concessão de LOAS a estrangeiro não naturalizado. A questão
já foi amplamente debatida em nossos tribunais com
entendimento contrário à tese da recorrente, vale dizer no
sentido de ser devido o benefício aos estrangeiros. (TRF3,
RECURSO INOMINADO / SP 0003962-14.2016.4.03.6317, 8ª
TURMA RECURSAL DE SÃO PAULO, relator JUIZ(A) FEDERAL
MARCIO RACHED MILLANI, 16/10/2017)

Dito isto, infere-se que o Requerente goza também da proteção


conferida ao idoso brasileiro, conforme a Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso). É de
fundamental importância destacar seus artigos 2º e 4º. Veja-se:

Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à


pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta
Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde
física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual,
espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

[...]

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Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e
todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será
punido na forma da lei. (...)
(sem grifos nos originais)

Todavia, no presente caso, ocorreu justamente o contrário! O


INSS constituiu óbice à concessão do benefício por motivo banal, discriminando
negativamente a condição de nacionalidade do Autor. E tal alegação é o único
“motivo” que poderia levar ao indeferimento do pedido, eis que o Autor satisfaz
plenamente os demais critérios inerentes ao benefício.

O Requerente, conforme carteira de identidade apresentada no


processo administrativo, satisfez o requisito etário, eis que é pessoa idosa, contando
com idade superior a 65 anos, quando da entrada do requerimento.

De outra banda, satisfaz também o requisito socioeconômico,


pois vive somente com (informar grupo familiar de acordo com o §4º do art. 20 da Lei
8742/93) e a renda familiar é proveniente de (informar fonte de renda familiar). E no
que tange à renda familiar, assim versa o artigo 34 do Estatuto do Idoso, in verbis:

Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que


não possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la
provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1
(um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da
Assistência Social – Loas.

Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer


membro da família nos termos do caput não será
computado para os fins do cálculo da renda familiar per
capita a que se refere a Loas.
(grifou-se)

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Portanto, excluído o Benefício Assistencial percebido por
XXXXXXXXXX, do cálculo da renda familiar per capita, a mesma torna-se NULA,
satisfazendo plenamente o critério socioeconômico, eis que a miserabilidade é
presumida. Neste sentido, é pacífico a jurisprudência. Veja-se:

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. BENEFÍCIO


DE VALOR MÍNIMO RECEBIDO POR MEMBRO IDOSO DO
GRUPO FAMILIAR. EXCLUSÃO DA RENDA. CONCEITO DE
FAMÍLIA. IRMÃO MAIOR. NÃO INTEGRA O GRUPO
FAMILIAR NO CÁLCULO DA RENDA PER CAPITA. RENDA
FAMILIAR PER CAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO-
MÍNIMO. PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE CARÊNCIA
ECONÔMICA. 1. Não se inclui no cálculo da renda per
capita a renda mínima auferida por idoso, quando da
análise do pedido de concessão de benefício assistencial.
Inteligência do Estatuto do Idoso (art. 34 da Lei nº
10.741/2003). 2. A renda do irmão maior capaz não deve ser
considerada para fins de cálculo da renda per capita, pois
não se enquadra no conceito de família, nos termos do art.
16 da Lei 8.213/91. 3. Se a renda familiar do pretendente ao
benefício é inferior a ¼ do salário-mínimo, presume-se a
carência econômica do grupo familiar. 4. Incidente de
uniformização provido. (IUJEF 5006650-49.2012.404.7100,
Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator p/
Acórdão Gabriela Pietsch Serafin, D.E. 07/12/2012, sem grifos
no original)

Logo, em atenção ao artigo 34 do Estatuto do Idoso, bem


como, à jurisprudência acima colacionada, percebe-se que o Autor satisfaz
plenamente o critério “socioeconômico”. E em face de tudo que já fora argumentado,
é imperiosa a concessão do Benefício Assistencial ao Autor.

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TUTELA DE URGÊNCIA

A antecipação de tutela tem previsão no art. 273 do Código de


Processo Civil, e será deferida quando restar demonstrada a verossimilhança das
alegações do pedido, tão como o periculum in mora da prestação jurisdicional. Disto
se infere que, havendo inequívoca prova da veracidade dos argumentos exordiais e,
sendo iminente a necessidade da obtenção da tutela, deve o magistrado deferir
antecipadamente o objeto postulado.

No presente processo, que visa à prestação de benefício


previdenciário, resta evidente o periculum in mora, eis que se trata de benefício de
caráter alimentar. Assim, é intuitivo o risco de ineficácia do provimento final da lide,
exatamente por estar o Autor desprovido de qualquer fonte de renda e, por
conseqüência, de manter a digna mantença.

Nesta toada, verifica-se que o Autor necessita da


concessão do benefício em tela para custear a sua vida, tendo em vista que
não reúne condições de executar atividades laborativas e, portanto, não pode
patrocinar a própria subsistência.

A verossimilhança das alegações vestibulares resta


demonstrada através dos documentos do Autor, que revela o preenchimento de
todos os requisitos, conforme argumentado anteriormente, pois a satisfação do
critério etário (idade igual ou superior a 65 anos) se dá pela apresentação da carteira
de identidade do Requerente.

De outra banda, a satisfação do critério socioeconômico restou


comprovada pela análise das provas acostadas aos autos, comprovando qual a
fonte de renda familiar, que deve ser excluído da aferição da renda per capta
familiar, quando da análise do requerimento feito pelo marido.

ISTO POSTO, imperioso sejam antecipados os efeitos da


tutela, através do deferimento, in limine litis, da prestação do benefício ora
requerido, eis que evidenciados os requisitos necessários a tal medida.

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PEDIDO

FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1) A concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por ser o Autor


pobre na acepção legal do termo;
2) O recebimento da presente peça inaugural, com DEFERIMENTO DO PEDIDO
DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA (inaudita altera pars), bem
como a concessão de prioridade na tramitação, com fulcro no art. 71 da lei
10.741/03 (Estatuto do Idoso), tendo em vista que o Autor conta com mais de 60
anos;
3) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, para, querendo,
apresentar defesa no prazo legal;
4) A produção de todos os meios de prova, principalmente a documental e a
pericial;
5) O julgamento da demanda com total procedência, condenando o INSS a
conceder o benefício assistencial ao Autor, pagando as parcelas vencidas (a
partir do requerimento administrativo) e vincendas, monetariamente corrigidas
desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios,
incidentes até a data do efetivo pagamento.

Dá à causa o valor de R$ _____________, correspondente a


12 parcelas vincendas somado às parcelas vencidas.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

xxxxxxxxxx, xx de xxxxxx de 2013.

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Nome do Advogado
OAB/XX XXXXXXXXXXX

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