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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA

PÚBLICA DA COMARCA DE PRATÁPOLIS, ESTADO DE MINAS GERAIS.

Justiça Gratuita!

ECIO DE LIMA, brasileiro, casado, operador de painel, portador do RG n.º


MG-6.522.952 e inscrito no CPF sob o n.º 758.581.426-72, residente e domiciliado na Rua Vitor
Pereira da Silva, n.º 106, Bairro Alvorada em Itaú de Minas– MG, CEP 37975-000, possuidor do e-
mail: thb.advocacia@gmail.com, por intermédio de seu advogado e bastante procurador
(procuração em anexo), com escritório profissional sito à Rua João Kirchner, nº 674 no Centro em
Itaú de Minas - MG, onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença
de Vossa Excelência propor

AÇÃO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO C/C PEDIDO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA

em face de ESTADO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito público, com endereço para
citação no prédio da Advocacia Geral do Estado, situado à Avenida Afonso Pena, nº 1.901,
Bairro Funcionários, na cidade de Belo Horizonte/MG, CEP 30.130-004;

CEMIG DISTRIBUIÇÃO S.A., CNPJ 06.981.180/0001-16, Inscrição Estadual 062.322136.0087,


representado por seu diretor Presidente, com sede na Av. Barbacena, n° 1200, 17º andar,
Belo Horizonte -MG, CEP30190-13.

I – DO PEDIDO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA:


Requer as benesses da justiça gratuita ao autor, nos termos da Lei 1060/50, eis que,
conforme declaração firmada em anexo, o mesmo não reúne condições de arcar com os custos
processuais.

II – DOS FATOS:
O Autor é consumidor de energia elétrica fornecida pela CEMIG. Ocorre que, analisando
suas faturas, percebe-se que a base de cálculo dos impostos cobrados não está corretamente
aplicada, especialmente quanto à incidência do ICMS sobre a energia elétrica.
A base de cálculo utilizada contraria o ordenamento legal, uma vez que está incidindo
sobre o valor total da fatura, como se vê das faturas exemplificativas em anexo.
O ICMS deve incidir sobre as faturas de energia elétrica, porém sua base de cálculo deve
ser somente o valor da correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada, ou
rubrica denominada nas faturas de energia, mas pelo contrário, incide sobre o total do valor da
conta que é composto pelas seguintes rubricas:
 TE: Tarifa de Energia;
 TUSD: Tarifa do Uso do Sistema de Distribuição - custos relacionados a atividade de
transmissão e distribuição de energia elétrica (conforme art. 12 da Resolução
Normativa nº 166, de 10 e outubro de 2005);
 TUST: Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão - embutida no valor total da TUSD,
nos termos do §2º do art. 12 acima citado.

Ou seja, a base de cálculo do ICMS está sendo calculada de forma ilegal, incidindo sobre a
soma de todas as tarifas de uso do sistema, o que deve ser revisto pois a Jurisprudência é
unânime no sentido de que as tarifas de Distribuição e Transmissão, TUSD e TUST, não devem
compor a base de cálculo do ICMS suportado pelos usuários de Energia Elétrica, razão pela
qual requer a procedência desta demanda.

III - DA LEGITIMIDADE DO CONSUMIDOR FINAL:


O consumidor de energia elétrica possui legitimidade para propor ação questionando a
irregularidade da cobrança de ICMS sobre as tarifas TUSD e TUST, uma vez que é o destinatário
final do produto e detentor do direito de rever cobrança indevida em sua fatura. Veja-se o
entendimento do STJ:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


LEGITIMIDADE ATIVA DO CONTRIBUINTE DE FATO. UTILIZAÇÃO DE
LINHA DE TRANSMISSÃO E DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.
ICMS SOBRE TARIFA DE USO DOS SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO (TUSD).
IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE OPERAÇÃO MERCANTIL.
1. O ICMS sobre energia elétrica tem como fato gerador a circulação da
mercadoria, e não do serviço de transporte de transmissão e distribuição
de energia elétrica, incidindo, in casu, a Súmula 166/STJ. Dentre os
precedentes mais recentes: AgRg nos EDcl no REsp 1267162/MG, Rel.
Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 24/08/2012.

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2. A Primeira Seção/STJ, ao apreciar o REsp 1.299.303/SC, Rel. Min.
Cesar
Asfor Rocha, DJe de 14.8.2012, na sistemática prevista no art. 543-C
do CPC, pacificou entendimento no sentido de que o usuário do serviço de
energia elétrica (consumidor em operação interna), na condição de
contribuinte de fato, é parte legítima para discutir a incidência do ICMS
sobre a demanda contratada de energia elétrica ou para pleitear a
repetição do tributo mencionado, não sendo aplicável à hipótese a
orientação firmada no julgamento do REsp 903.394/AL (1ª Seção, Rel. Min.
Luiz Fux, DJe de 26.4.2010 - recurso submetido à sistemática prevista
no art. 543-C do CPC).
3. No ponto, não há falar em ofensa à cláusula de reserva de plenário
(art.
97 da Constituição Federal), tampouco em infringência da Súmula
Vinculante nº 10, considerando que o STJ, o apreciar o REsp 1.299.303/SC,
interpretou a legislação ordinária (art. 4º da Lei Complementar nº 87/96).
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1278024/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/02/2013, DJe 14/02/2013). (grifos
acrescidos).

Portanto, manifesta a legitimidade e interesse de agir, viabilizando a presente ação.

IV – DAS RAZÕES DE DIREITO:


Para fins jurídico-tributários, a energia elétrica sempre foi considerada como mercadoria,
sujeita, portanto, à incidência do ICMS.
Todavia, ao definir as hipóteses de incidência do ICMS, a Lei Complementar nº 87/96
cuidou e abranger, nos termos do art. 155, inciso II da Constituição Federal, tão somente as
operações relativas à circulação de mercadorias, in verbis:
“Art. 2º – O imposto incide sobre:
I – operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o
fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e
estabelecimentos similares; (…).”
Ocorre que por suas peculiaridades, a energia elétrica encontra-se em permanente
circulação, sendo que ela somente será individualizada, no momento em que for utilizada.
Consequentemente, o fato gerador do imposto só pode ocorrer quando da entrega da energia
ao consumidor, momento que se configura o fato gerador constante do art. 12, inciso I da Lei
Complementar nº 87/96:
“Art. 12 – Ocorre o fato gerador do imposto no momento:
I – da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que
para outro estabelecimento do mesmo titular.”

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Assim, nota-se que o fato gerador do ICMS pode ocorrer somente no momento da
efetiva entrega da energia elétrica ao consumidor, que se perfaz com a “entrada” da energia
no seu estabelecimento.
Diferentemente desta conceituação, o ICMS tem incidido sobre a despesa
denominada TUSD, que corresponde à Tarifa de uso do sistema de Distribuição de Energia
Elétrica das unidades consumidora, bem como sobre a TUST, que corresponde a tarifa pelo uso
do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica.
Ou seja, exigir o ICMS sobre as tarifas que remuneram a transmissão e a distribuição
da energia elétrica, é fazer incidir o tributo sobre fato gerador não previsto pela legislação.

IV.I – DA SÚMULA 391 DO STJ E DOS RECENTES JULGADOS SOBRE O TEMA:


Acerca do assunto, colacionamos a Súmula 391 do Superior Tribunal de Justiça, que assim
dispõe:
Súmula nº 391 do STJ – O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia
elétrica correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada.
(grifo acrescido).

Conforme se vê a súmula supracitada não deixa margem para discussão acerca do tema,
embora tenha havido pequena discussão e divergência no início do ano de 2017, a redação da
referida súmula foi mantida sem alterações.
Não obstante, em data recente, cuja publicação ocorreu em maio de 2017, a Segunda
Turma do STJ, tendo como relator o Exmo. Ministro Herman Benjamin, deixou claro que o ICMS
da conta de consumo de energia elétrica só deve incidir sobre a parcela da energia efetivamente
consumida, reforçando assim a tese originada da Súmula retro mencionada.
Vejamos as decisões do STJ mais recentes sobre o tema:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. DEMANDA


DE POTÊNCIA. DISPOSITIVOS APONTADOS COMO VIOLADOS. AUSÊNCIA
DE PREQUESTIONAMENTO. FUNDAMENTOS DA CORTE DE ORIGEM COM
ESPEQUE EM LEGISLAÇÃO LOCAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 280/STF.
INCIDÊNCIA DO TRIBUTO SOBRE A DEMANDA DE POTÊNCIA
EFETIVAMENTE UTILIZADA. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 83 E 391 DO STJ.
1. Descumprido o necessário e indispensável exame dos dispositivos de
lei invocados pelo acórdão recorrido, apto a viabilizar a pretensão
recursal da recorrente, de maneira a atrair a incidência das Súmulas 282
e 356/STF, sobretudo ante a ausência de oposição dos cabíveis
embargos declaratórios a fim de suprir a omissão do julgado. 2. Na
espécie, eventual violação de lei federal seria reflexa, e não direta,
porque no deslinde da controvérsia seria imprescindível a interpretação
do art. 12 da Lei Estadual n. 688/96, descabendo, portanto, o exame da
questão em sede de recurso especial. Incidência da Súmula 280
do STF. 3. O Tribunal de origem alicerçou entendimento em
consonância com a jurisprudência desta Corte quando fixou
que “incidirá ICMS nas operações de circulação de energia
elétrica em relação àquele percentual que efetivamente for

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entregue ao consumidor. Assim, as perdas de energia não
estão sujeitas a tributação e certamente, aqui se fala em
perdas efetivas, e não meramente presumidas” (fl. 689, eSTJ). 4.
O STJ entende que o “ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia
elétrica correspondente à demanda de potência efetivamente
utilizada” (Súmula 391/STJ). Agravo regimental improvido. (AgRg no
AREsp 632.686/RO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 11/03/2015).

Nesse mesmo sentido:

AGRAVO REGIMENTAL. SUSPENSÃO DE LIMINAR. INDEFERIMENTO.


ICMS. INCIDÊNCIA DA TUST E TUSD. DESCABIMENTO. JURISPRUDÊNCIA
FIRMADA NO STJ. AGRAVO QUE NÃO INFIRMA A FUNDAMENTAÇÃO DA
DECISÃO ATACADA. NEGADO PROVIMENTO I – A decisão agravada, ao
indeferir o pedido suspensivo, fundou-se no fato de não ter ficado
devidamente comprovada a alegada lesão à economia pública estadual,
bem como em razão de a jurisprudência desta eg. Corte de
Justiça já ter firmado entendimento de que a Taxa de Uso do
Sistema de Transmissão de Energia Elétrica – TUST e a Taxa de
Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica – TUSD não
fazem parte da base de cálculo do ICMS (AgRg no REsp n.
1.408.485/SC, relator Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
julgado em 12/5/2015, DJe de 19/5/2015; AgRg nos EDcl no
REsp n. 1.267.162/MG, relator Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, julgado em 16/8/2012, DJe de 24/8/2012). II – A alegação do
agravante de que a jurisprudência ainda não está pacificada não
vem devidamente fundamentada, não tendo ele apresentado sequer
uma decisão a favor de sua tese. III – Fundamentação da decisão
agravada não infirmada. Agravo regimental improvido. (STJ, Processo n
0320218-94.2015.3.00.0000, Relator Ministro FRANCISCO FALCÃO, Data
da publicação: 20/05/2016).

Na mesma esteira de entendimento, alguns juízes de primeira instância tem mantido a


decisão de afastar a cobrança do ICMS quando este incide sobre a TUST e a TUSD, a exemplo
do que vem ocorrendo na 1ª VARA DE FEITOS TRIBUTÁRIOS DE BELO HORIZONTE, conforme se
vê da decisão de concessão de liminar proferida nos autos nº 5049120-22.2017.0024, na qual
o Ilustre Magistrado usa da seguinte fundamentação:

(...) Nesse sentido, verifico a congruência dos argumentos de direito


articulado pelo autor com o entendimento doutrinário e jurisprudencial
dominantes sobre o tema, que também perfilho, segundo o qual o ICMS
suportado pelo consumidor em razão do consumo de energia elétrica não
pode ter outra base de cálculo que não o valor cobrado pelo efetivo
consumo da energia, porquanto é apenas com este consumo que se perfaz
a circulação de mercadoria que constitui fato gerador da espécie tributária
no caso. Dirijo a atenção, em seguida, às faturas de energia elétrica

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juntadas aos autos, em vista das quais parece claro que do autor se tem
exigido, a título de ICMS, mais do que dele seria cobrado se a base de
cálculo adotada para o cálculo do imposto correspondesse unicamente ao
valor referente à energia elétrica efetivamente consumida. É que na
referida base de cálculo tem sido incluído a TUSD e a TUST, conforme se
depreende da interpretação e análise das faturas em anexo (...).

Assim como não poderia ser diferente, os Tribunais Estaduais estão seguindo esse
mesmo entendimento, veja-se:
REEXAME NECESSÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA. ICMS
SOBRE AS TARIFAS DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA
(TUSD E TUST). ILEGALIDADE. LEGITIMIDADE CONTRIBUINTE DE FATO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Em razão de o ICMS ser um imposto
indireto, tanto o contribuinte de direito quanto o de fato, ou seja, aquele
que arcou com o ônus financeiro, tem legitimidade para questionar a
exação. O ICMS não incide sobre as TUSD e TUST, eis que o fato
gerador do imposto somente ocorre mediante o efetivo consumo da
energia elétrica, momento este estabelecido na sua fase de geração e
não na distribuição e transmissão. Sentença confirmada no reexame
necessário conhecido de ofício. Primeiro recurso de apelação provido, o
segundo prejudicado. (TJMG - Ap Cível/Reex Necessário
1.0447.12.002072-5/005, Relator(a): Des.(a) Albergaria Costa , 3ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 25/08/0016, publicação da súmula em
20/09/2016)

Com efeito, é de se concluir que é ilegal a base de cálculo da cobrança acima referida,
sendo, pois, inequívoco que o Autor sofre notório prejuízo pecuniário há longos meses, devendo
ser ressarcido.

IV.II – DO ENTENDIMENTO DO STF (PUBLICAÇÕES DE 03/03/2017 E 23/03/2017):

Em recentes julgados, nossa Corte Suprema tem decidido reiteradamente em favor do


consumidor, manifestando-se no sentido de que a cobrança de TUSD e TUSD pelo simples
deslocamento de energia é indevida, devendo incidir apenas sobre a energia efetivamente
consumida. Senão vejamos:
EMENTA : AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
AGRAVO. TRIBUTÁRIO. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. BASE DE CÁLCULO.
INCLUSÃO DOS VALORES RELATIVOS ÀS TARIFAS DE USO DO SISTEMA DE
TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO (TUST E TUSD). AUSÊNCIA DE
IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DE TODOS OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO
QUE INADMITIU O RECURSO EXTRAORDINÁRIO NA ORIGEM. INCIDÊNCIA
DAS SÚMULAS 283 E 287 DO STF. REITERADA REJEIÇÃO DOS
ARGUMENTOS EXPENDIDOS PELA PARTE AGRAVANTE. MANIFESTO
INTUITO PROTELATÓRIO. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ARTIGO
1.021, § 4º, DO CPC/2015. MANDADO DE SEGURANÇA.

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INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 85, § 11, DO CPC/2015. SÚMULA 512 DO
STF. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
(...) verifico que a decisão combatida se mostra em conformidade com o
entendimento da Corte Suprema, no sentido de que o simples
deslocamento de mercadoria não configura fato gerador capaz de incidir
o ICMS, imposto em questão. Ora, partindo dessa premissa, não constitui
base de cálculo para fins de incidência de ICMS os valores cobrados pela
transmissão e distribuição de energia elétrica, leia-se, TUST (Taxa de Uso
do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e TUSD (Taxa de Uso do
Sistema de Transmissão de Energia Elétrica). A respeito do assunto,
evidenciou o Tribunal a quo: ‘Resta claro, portanto, que não fazem parte
da base de cálculo do ICMS a TUST e a TUSD, uma vez que o referido
tributo incidente sobre a energia elétrica tem como fato gerador a
circulação de mercadoria, e não o serviço de transporte e distribuição de
energia elétrica’. Inclusive, o Superior Tribunal editou a súmula 166/STJ, a
qual reconhece que ‘não constitui fato gerador de ICMS o simples
deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do
mesmo contribuinte’. (...) (Supremo Tribunal Federal – Agravo em Recurso
Extraordinário 1.015.412, Relator Ministro Luiz Fux, 03/03/2017).

Nesse mesmo sentido foi o acórdão julgado em 23/03/2017, que teve como Relatora a
Ministra Rosa Weber, em que o entendimento anterior foi mantido, conforme se vê:

(...) A Corte de origem consignou: “AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA C.C. REPETIÇÃO DE INDÉBITO –
Exclusão da TUST ( Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia
Elétrica ) e da TUSD ( Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia
Elétrica) da base de cálculo do ICMS - Taxas que constituem encargos pelo
uso da rede geradora de energia, ou pelo uso do sistema de distribuição –
Repasse dos custos tributários aos consumidores – Interesse de agir do
consumidor final reconhecido em julgamento de recurso repetitivo no STJ
– Precedentes – Preliminar rejeitada – Parcelas que não podem ser
incluídas na base de cálculo do ICMS - Entendimento do STJ legitiminado
a cobrança tão somente da demanda consumida – Inexigibilidade da
cobrança – Devolução dos valores pagos a maior corretamente
determinada – Sentença mantida – Recurso a que se nega provimento.” O
entendimento adotado no acórdão recorrido, no sentido de que
inexistente circulação de mercadoria, ausente hipótese de incidência do
ICMS, não diverge da jurisprudência firmada no âmbito deste Supremo
Tribunal Federal. Logo não se divisa a alegada ofensa aos dispositivos
constitucionais suscitados. (Supremo Tribunal Federal – Recurso
Extraordinário 1028110, Relatora Ministra Rosa Weber, 27/03/2017).

V – DA INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA, TAXA SELIC E JUROS DE MORA:


Os valores restituídos à parte autora devem ser corrigidos pelos índices do TJMG como
forma de recomposição do valor de compra da moeda, além do que, deve ser determinada a

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incidência de juros de 1,0% sobre o valor da condenação, conforme for apurado em liquidação
de sentença.

VI – DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO:
Demonstrado de forma inequívoca a cobrança indevida, o Autor faz jus à repetição de
indébito dos pagamentos realizados nos últimos 05 (cinco) anos a título de ICMS incidente sobre
TUST e TUSD, cujos comprovantes serão apresentados pela Ré – CEMIG quando da liquidação de
sentença, conforme entendimento consolidado na Súmula 546 do STF:
"Súmula 546 - Cabe restituição do tributo pago, indevidamente, quando
reconhecido por decisão, que o contribuinte “ de jure” não recuperou do
contribuinte “ de fato” o “quantum” respectivo”.
Fábio Leopoldo de Oliveira, citado por Dejalma de Campos, em Direito Processual
Tributário, pág. 95, ao lecionar sobre o tema, destaca que é admitida a repetição de indébito sua
obra:
"Na hipótese de cobrança ou pagamento de tributo indevido ou maior do
que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza, ou
ainda, das circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido.
Este caso nos apresenta duas hipóteses distintas. A primeira configura
'erro de direito', ou seja, cobrança de tributo sem base legal, ou
tributação sem causa. O erro tanto pode partir do fisco, quanto do
contribuinte e pode refletir uma inconstitucionalidade, ou uma
ilegalidade, cabendo em quaisquer dos casos, o direito à restituição do
que foi indevidamente recolhido."

Portanto, devida a repetição de indébito dos tributos recolhidos indevidamente no


último ano.

VII – DA TUTELA DE EVIDÊNCIA:


Nos termos do Art. 311 do Código de Processo Civil, “a tutela da evidência será
concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco
ao resultado útil do processo”, quando preenchido alguns requisitos, previstos em seus
incisos, quais sejam:
 DO ABUSO DE DIREITO – inciso I: Conforme demonstrado, o Réu cometeu abuso de
direito ao se utilizar da falta de conhecimento do Autor, debitando indevidamente em
sua fatura valores que não poderiam ser cobrados por todo esse período.
 PROVA DOCUMENTAL PRÉ-CONSTITUÍDA - incisos II e IV: Para fins de
comprovação de seu direito, junta-se à presente ação os seguintes documentos como
prova suficiente do direito: Faturas de energia elétrica dos últimos 12 meses.
 TESE FIRMADA EM JULGAMENTOS REPETITIVOS E SÚMULA VINCULANTE –
inciso II: Trata-se de matéria já visitada e sumulada por meio da Súmula nº 391 do
STJ.
Matéria devidamente analisada nos tribunais:

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AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA DE EVIDÊNCIA. ICMS incidente
sobre a circulação de energia elétrica. Insurgência contra alíquota de 25%.
Alíquota majorada, albergada em dispositivo declarado inconstitucional
pelo Órgão Especial. Recurso provido. (TJRJ AI 00041079220178190000
DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL. DJE 09/02/2017).

AGRAVO DE INSTRUMENTO – TRIBUTÁRIO – AÇÃO DECLARATÓRIA C.C.


REPETIÇÃO DE INDÉBITO – DEFERIMENTO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA –
ICMS – TARIFAS "TUST" E "TUSD" – ENERGIA ELÉTRICA – Decisão que
deferiu a tutela de evidência para afastar a incidência do ICMS sobre as
Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão e Distribuição (TUST e TUSD) –
Exação que vem sendo rechaçada pelos tribunais com apoio na Súmula
166 do STJ – Entendimento jurisprudencial no sentido de ser indevida a
cobrança – Desnecessidade de submeter o contribuinte à odiosa via do
"solve et repete" – Precedentes – Decisão agravada mantida – Recurso
desprovido. (TJ-S - AI: 22562914620168260000 SP 2256291-
46.2016.8.26.0000, Relator: Ponte Neto, Data de Julgamento:
22/02/2017, 8ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação:
23/02/2017).

Posto isso, requer ordem liminar inaudita altera parte, nos termos do art. 9º, Paragrafo
Único, inciso II, do CPC, ordem para suspender imediatamente a incidência do ICMS sobre as
taxas de TUSD e TUST.

VIII– DAS PUBLICAÇÕES E INTIMAÇÕES:


Nos termos do art. 106, I do CPC, requer sejam as intimações enviadas ao escritório do
procurador do autor, THIAGO HALLEY BARBOSA, OAB/MG nº 144.884, com endereço à rua João
Kirchner, 674, Centro, em Itaú de Minas/MG, CEP 37975-000.

IX – DOS PEDIDOS:
1) Seja deferida, inaudita altera parte, a TUTELA DE EVIDÊNCIA para determinar ao Réu –
Estado de Minas Gerais que se abstenha de incluir na base de cálculo do ICMS os valores
devidos a título de Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição
(TUSD) e demais encargos setoriais que não representam efetivo consumo de
energia elétrica, pela violação frontal ao disposto no art. 97, IV do Código Tributário
Nacional (CTN) e inconstitucionalidade pela afronta direta ao disposto no artigo 150, I da
CF/88, por não pressuporem qualquer ato de mercancia ou a circulação jurídica de
mercadorias, e sim mera autorização para a utilização da rede de energia elétrica;
2) Seja intimada/oficializada a Ré CEMIG DISTRIBUIÇÃO S.A., para que, no prazo de 24
horas, após a intimação da decisão concessiva da tutela de evidência, proceda a imediata
exclusão da incidência de ICMS nas tarifas TUST, TUSD e demais Encargos Setoriais, sob
pena de imposição de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), no caso de
descumprimento.

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3) Sejam os réus citados nos respectivos endereços declinados no preâmbulo desta
exordial, para, querendo, apresentarem defesa no prazo legal, sob pena de se incorrerem
nas penalidades da revelia processual;
4) Seja a segunda requerida (CEMIG) intimada a apresentar nos autos os comprovantes de
pagamento de todas as faturas ora anexadas, sob pena de se presumir-se quitadas, nos
termos do art. 400 do CPC/2015.
5) Seja concedido ao autor as benesses da justiça gratuita, conforme alhures exposto, na
forma da lei 1060/50 e pela declaração de hipossuficiência que ora faz juntar;
6) Seja ao final, proferida sentença confirmando a medida postulada no item “1” para que
seja declarada a inexistência de relação jurídico-tributária entre o Autor e o Réu –
Estado de Minas Gerais, quanto ao recolhimento do ICMS incidente sobre os encargos
das Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição (TUSD),
independentemente das nomenclaturas utilizadas e cobradas nas faturas de energia
elétrica, bem como tudo aquilo que não seja ligado ao efetivo consumo de energia
elétrica, definindo-se a base de cálculo do referido tributo, em tais operações, como
sendo, unicamente, o montante relativo à energia elétrica efetivamente consumida;
7) Sejam condenados os réus em arcar com as despesas oriundas dos honorários
advocatícios e as custas judiciais, nos termos do artigo 85 do Código de Processo Civil,
em caso de julgamento em 2ª instância;
8) Em razão do acolhimento do pedido de restituição dos valores cobrados
indevidamente de TUST e TUSD, determinar a restituição, em espécie ou compensação
(o que melhor aprouver a parte Autora), pelo Réu – Estado de Minas Gerais de todos
os valores indevidamente recolhidos nos 05 (cinco) anos anteriores ao ajuizamento
desta ação, acrescidos de correção monetária e juros legais, desde a data dos
respectivos desembolsos, até a data da efetiva restituição.
9) Sejam os réus condenados a restituir os valores em dobro devida a repetição do indébito,
totalizando a importância de R$ 2.374,70 (dois mil trezentos e setenta e quatro reais e
setenta centavos).
10) Por fim, requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas;
11) Que sejam todas as publicações feitas em nome do advogado THIAGO HALLEY BARBOSA
OAB/MG 144.884;

Dá-se à causa o valor de R$ 2.374,70 (dois mil trezentos e setenta e quatro reais e setenta
centavos).
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Itaú de Minas/MG, 13 de setembro de 2017.

THIAGO HALLEY BARBOSA PAULA TEIXEIRA LINARES


OAB/MG 144.884 ESTAGIÁRIA

Rua João Kirchner, nº 674 – Centro – Itaú de Minas/MG – CEP 37975-000 – Fone: (35) 3536.4331

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