Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Justiça Gratuita!
em face de ESTADO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito público, com endereço para
citação no prédio da Advocacia Geral do Estado, situado à Avenida Afonso Pena, nº 1.901,
Bairro Funcionários, na cidade de Belo Horizonte/MG, CEP 30.130-004;
II – DOS FATOS:
O Autor é consumidor de energia elétrica fornecida pela CEMIG. Ocorre que, analisando
suas faturas, percebe-se que a base de cálculo dos impostos cobrados não está corretamente
aplicada, especialmente quanto à incidência do ICMS sobre a energia elétrica.
A base de cálculo utilizada contraria o ordenamento legal, uma vez que está incidindo
sobre o valor total da fatura, como se vê das faturas exemplificativas em anexo.
O ICMS deve incidir sobre as faturas de energia elétrica, porém sua base de cálculo deve
ser somente o valor da correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada, ou
rubrica denominada nas faturas de energia, mas pelo contrário, incide sobre o total do valor da
conta que é composto pelas seguintes rubricas:
TE: Tarifa de Energia;
TUSD: Tarifa do Uso do Sistema de Distribuição - custos relacionados a atividade de
transmissão e distribuição de energia elétrica (conforme art. 12 da Resolução
Normativa nº 166, de 10 e outubro de 2005);
TUST: Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão - embutida no valor total da TUSD,
nos termos do §2º do art. 12 acima citado.
Ou seja, a base de cálculo do ICMS está sendo calculada de forma ilegal, incidindo sobre a
soma de todas as tarifas de uso do sistema, o que deve ser revisto pois a Jurisprudência é
unânime no sentido de que as tarifas de Distribuição e Transmissão, TUSD e TUST, não devem
compor a base de cálculo do ICMS suportado pelos usuários de Energia Elétrica, razão pela
qual requer a procedência desta demanda.
Rua João Kirchner, nº 674 – Centro – Itaú de Minas/MG – CEP 37975-000 – Fone: (35) 3536.4331
2. A Primeira Seção/STJ, ao apreciar o REsp 1.299.303/SC, Rel. Min.
Cesar
Asfor Rocha, DJe de 14.8.2012, na sistemática prevista no art. 543-C
do CPC, pacificou entendimento no sentido de que o usuário do serviço de
energia elétrica (consumidor em operação interna), na condição de
contribuinte de fato, é parte legítima para discutir a incidência do ICMS
sobre a demanda contratada de energia elétrica ou para pleitear a
repetição do tributo mencionado, não sendo aplicável à hipótese a
orientação firmada no julgamento do REsp 903.394/AL (1ª Seção, Rel. Min.
Luiz Fux, DJe de 26.4.2010 - recurso submetido à sistemática prevista
no art. 543-C do CPC).
3. No ponto, não há falar em ofensa à cláusula de reserva de plenário
(art.
97 da Constituição Federal), tampouco em infringência da Súmula
Vinculante nº 10, considerando que o STJ, o apreciar o REsp 1.299.303/SC,
interpretou a legislação ordinária (art. 4º da Lei Complementar nº 87/96).
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1278024/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/02/2013, DJe 14/02/2013). (grifos
acrescidos).
Rua João Kirchner, nº 674 – Centro – Itaú de Minas/MG – CEP 37975-000 – Fone: (35) 3536.4331
Assim, nota-se que o fato gerador do ICMS pode ocorrer somente no momento da
efetiva entrega da energia elétrica ao consumidor, que se perfaz com a “entrada” da energia
no seu estabelecimento.
Diferentemente desta conceituação, o ICMS tem incidido sobre a despesa
denominada TUSD, que corresponde à Tarifa de uso do sistema de Distribuição de Energia
Elétrica das unidades consumidora, bem como sobre a TUST, que corresponde a tarifa pelo uso
do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica.
Ou seja, exigir o ICMS sobre as tarifas que remuneram a transmissão e a distribuição
da energia elétrica, é fazer incidir o tributo sobre fato gerador não previsto pela legislação.
Conforme se vê a súmula supracitada não deixa margem para discussão acerca do tema,
embora tenha havido pequena discussão e divergência no início do ano de 2017, a redação da
referida súmula foi mantida sem alterações.
Não obstante, em data recente, cuja publicação ocorreu em maio de 2017, a Segunda
Turma do STJ, tendo como relator o Exmo. Ministro Herman Benjamin, deixou claro que o ICMS
da conta de consumo de energia elétrica só deve incidir sobre a parcela da energia efetivamente
consumida, reforçando assim a tese originada da Súmula retro mencionada.
Vejamos as decisões do STJ mais recentes sobre o tema:
Rua João Kirchner, nº 674 – Centro – Itaú de Minas/MG – CEP 37975-000 – Fone: (35) 3536.4331
entregue ao consumidor. Assim, as perdas de energia não
estão sujeitas a tributação e certamente, aqui se fala em
perdas efetivas, e não meramente presumidas” (fl. 689, eSTJ). 4.
O STJ entende que o “ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia
elétrica correspondente à demanda de potência efetivamente
utilizada” (Súmula 391/STJ). Agravo regimental improvido. (AgRg no
AREsp 632.686/RO, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 05/03/2015, DJe 11/03/2015).
Rua João Kirchner, nº 674 – Centro – Itaú de Minas/MG – CEP 37975-000 – Fone: (35) 3536.4331
juntadas aos autos, em vista das quais parece claro que do autor se tem
exigido, a título de ICMS, mais do que dele seria cobrado se a base de
cálculo adotada para o cálculo do imposto correspondesse unicamente ao
valor referente à energia elétrica efetivamente consumida. É que na
referida base de cálculo tem sido incluído a TUSD e a TUST, conforme se
depreende da interpretação e análise das faturas em anexo (...).
Assim como não poderia ser diferente, os Tribunais Estaduais estão seguindo esse
mesmo entendimento, veja-se:
REEXAME NECESSÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA. ICMS
SOBRE AS TARIFAS DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA
(TUSD E TUST). ILEGALIDADE. LEGITIMIDADE CONTRIBUINTE DE FATO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Em razão de o ICMS ser um imposto
indireto, tanto o contribuinte de direito quanto o de fato, ou seja, aquele
que arcou com o ônus financeiro, tem legitimidade para questionar a
exação. O ICMS não incide sobre as TUSD e TUST, eis que o fato
gerador do imposto somente ocorre mediante o efetivo consumo da
energia elétrica, momento este estabelecido na sua fase de geração e
não na distribuição e transmissão. Sentença confirmada no reexame
necessário conhecido de ofício. Primeiro recurso de apelação provido, o
segundo prejudicado. (TJMG - Ap Cível/Reex Necessário
1.0447.12.002072-5/005, Relator(a): Des.(a) Albergaria Costa , 3ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 25/08/0016, publicação da súmula em
20/09/2016)
Com efeito, é de se concluir que é ilegal a base de cálculo da cobrança acima referida,
sendo, pois, inequívoco que o Autor sofre notório prejuízo pecuniário há longos meses, devendo
ser ressarcido.
Rua João Kirchner, nº 674 – Centro – Itaú de Minas/MG – CEP 37975-000 – Fone: (35) 3536.4331
INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 85, § 11, DO CPC/2015. SÚMULA 512 DO
STF. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
(...) verifico que a decisão combatida se mostra em conformidade com o
entendimento da Corte Suprema, no sentido de que o simples
deslocamento de mercadoria não configura fato gerador capaz de incidir
o ICMS, imposto em questão. Ora, partindo dessa premissa, não constitui
base de cálculo para fins de incidência de ICMS os valores cobrados pela
transmissão e distribuição de energia elétrica, leia-se, TUST (Taxa de Uso
do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e TUSD (Taxa de Uso do
Sistema de Transmissão de Energia Elétrica). A respeito do assunto,
evidenciou o Tribunal a quo: ‘Resta claro, portanto, que não fazem parte
da base de cálculo do ICMS a TUST e a TUSD, uma vez que o referido
tributo incidente sobre a energia elétrica tem como fato gerador a
circulação de mercadoria, e não o serviço de transporte e distribuição de
energia elétrica’. Inclusive, o Superior Tribunal editou a súmula 166/STJ, a
qual reconhece que ‘não constitui fato gerador de ICMS o simples
deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do
mesmo contribuinte’. (...) (Supremo Tribunal Federal – Agravo em Recurso
Extraordinário 1.015.412, Relator Ministro Luiz Fux, 03/03/2017).
Nesse mesmo sentido foi o acórdão julgado em 23/03/2017, que teve como Relatora a
Ministra Rosa Weber, em que o entendimento anterior foi mantido, conforme se vê:
Rua João Kirchner, nº 674 – Centro – Itaú de Minas/MG – CEP 37975-000 – Fone: (35) 3536.4331
incidência de juros de 1,0% sobre o valor da condenação, conforme for apurado em liquidação
de sentença.
VI – DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO:
Demonstrado de forma inequívoca a cobrança indevida, o Autor faz jus à repetição de
indébito dos pagamentos realizados nos últimos 05 (cinco) anos a título de ICMS incidente sobre
TUST e TUSD, cujos comprovantes serão apresentados pela Ré – CEMIG quando da liquidação de
sentença, conforme entendimento consolidado na Súmula 546 do STF:
"Súmula 546 - Cabe restituição do tributo pago, indevidamente, quando
reconhecido por decisão, que o contribuinte “ de jure” não recuperou do
contribuinte “ de fato” o “quantum” respectivo”.
Fábio Leopoldo de Oliveira, citado por Dejalma de Campos, em Direito Processual
Tributário, pág. 95, ao lecionar sobre o tema, destaca que é admitida a repetição de indébito sua
obra:
"Na hipótese de cobrança ou pagamento de tributo indevido ou maior do
que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza, ou
ainda, das circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido.
Este caso nos apresenta duas hipóteses distintas. A primeira configura
'erro de direito', ou seja, cobrança de tributo sem base legal, ou
tributação sem causa. O erro tanto pode partir do fisco, quanto do
contribuinte e pode refletir uma inconstitucionalidade, ou uma
ilegalidade, cabendo em quaisquer dos casos, o direito à restituição do
que foi indevidamente recolhido."
Rua João Kirchner, nº 674 – Centro – Itaú de Minas/MG – CEP 37975-000 – Fone: (35) 3536.4331
AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA DE EVIDÊNCIA. ICMS incidente
sobre a circulação de energia elétrica. Insurgência contra alíquota de 25%.
Alíquota majorada, albergada em dispositivo declarado inconstitucional
pelo Órgão Especial. Recurso provido. (TJRJ AI 00041079220178190000
DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL. DJE 09/02/2017).
Posto isso, requer ordem liminar inaudita altera parte, nos termos do art. 9º, Paragrafo
Único, inciso II, do CPC, ordem para suspender imediatamente a incidência do ICMS sobre as
taxas de TUSD e TUST.
IX – DOS PEDIDOS:
1) Seja deferida, inaudita altera parte, a TUTELA DE EVIDÊNCIA para determinar ao Réu –
Estado de Minas Gerais que se abstenha de incluir na base de cálculo do ICMS os valores
devidos a título de Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição
(TUSD) e demais encargos setoriais que não representam efetivo consumo de
energia elétrica, pela violação frontal ao disposto no art. 97, IV do Código Tributário
Nacional (CTN) e inconstitucionalidade pela afronta direta ao disposto no artigo 150, I da
CF/88, por não pressuporem qualquer ato de mercancia ou a circulação jurídica de
mercadorias, e sim mera autorização para a utilização da rede de energia elétrica;
2) Seja intimada/oficializada a Ré CEMIG DISTRIBUIÇÃO S.A., para que, no prazo de 24
horas, após a intimação da decisão concessiva da tutela de evidência, proceda a imediata
exclusão da incidência de ICMS nas tarifas TUST, TUSD e demais Encargos Setoriais, sob
pena de imposição de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), no caso de
descumprimento.
Rua João Kirchner, nº 674 – Centro – Itaú de Minas/MG – CEP 37975-000 – Fone: (35) 3536.4331
3) Sejam os réus citados nos respectivos endereços declinados no preâmbulo desta
exordial, para, querendo, apresentarem defesa no prazo legal, sob pena de se incorrerem
nas penalidades da revelia processual;
4) Seja a segunda requerida (CEMIG) intimada a apresentar nos autos os comprovantes de
pagamento de todas as faturas ora anexadas, sob pena de se presumir-se quitadas, nos
termos do art. 400 do CPC/2015.
5) Seja concedido ao autor as benesses da justiça gratuita, conforme alhures exposto, na
forma da lei 1060/50 e pela declaração de hipossuficiência que ora faz juntar;
6) Seja ao final, proferida sentença confirmando a medida postulada no item “1” para que
seja declarada a inexistência de relação jurídico-tributária entre o Autor e o Réu –
Estado de Minas Gerais, quanto ao recolhimento do ICMS incidente sobre os encargos
das Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição (TUSD),
independentemente das nomenclaturas utilizadas e cobradas nas faturas de energia
elétrica, bem como tudo aquilo que não seja ligado ao efetivo consumo de energia
elétrica, definindo-se a base de cálculo do referido tributo, em tais operações, como
sendo, unicamente, o montante relativo à energia elétrica efetivamente consumida;
7) Sejam condenados os réus em arcar com as despesas oriundas dos honorários
advocatícios e as custas judiciais, nos termos do artigo 85 do Código de Processo Civil,
em caso de julgamento em 2ª instância;
8) Em razão do acolhimento do pedido de restituição dos valores cobrados
indevidamente de TUST e TUSD, determinar a restituição, em espécie ou compensação
(o que melhor aprouver a parte Autora), pelo Réu – Estado de Minas Gerais de todos
os valores indevidamente recolhidos nos 05 (cinco) anos anteriores ao ajuizamento
desta ação, acrescidos de correção monetária e juros legais, desde a data dos
respectivos desembolsos, até a data da efetiva restituição.
9) Sejam os réus condenados a restituir os valores em dobro devida a repetição do indébito,
totalizando a importância de R$ 2.374,70 (dois mil trezentos e setenta e quatro reais e
setenta centavos).
10) Por fim, requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas;
11) Que sejam todas as publicações feitas em nome do advogado THIAGO HALLEY BARBOSA
OAB/MG 144.884;
Dá-se à causa o valor de R$ 2.374,70 (dois mil trezentos e setenta e quatro reais e setenta
centavos).
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Itaú de Minas/MG, 13 de setembro de 2017.
Rua João Kirchner, nº 674 – Centro – Itaú de Minas/MG – CEP 37975-000 – Fone: (35) 3536.4331