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Emanuel Teixeira Pouza

Advogado

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ª VARA DA

FAZENDA PÚBLICA DE _____________________ \ _______

Nome e Qualificação Completa, por seus

procuradores signatários (instrumento procuratório anexo), que recebem

intimações pelo login eletrônico, ou convencionalmente, na Avenida Paulista, nº

542, 9º andar, Bela Vista, CEP 01.310-030, na cidade de São Paulo, Estado de São

Paulo, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA

TRIBUTÁRIA C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO COM PEDIDO DE TUTELA

ANTECIPADA

em face do ESTADO DE SÃO PAULO,

representado pela PROCURADORIA GERAL DO ESTADO, com endereço na

Rua Pamplona, nº 277, Bairro Jardim Paulista, CEP 01.405-902, na cidade de São

Paulo, Estado de São Paulo, consoante fundamentos de fato e de direito a seguir

expostos.

1. DOS FATOS:
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Tel.: (13) 3385-4630 / (13) 99751-0242 - emanueltpouza@uol.com.br


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O Autor arca mensalmente com o pagamento das

contas de energia elétrica, relativas à sua residência, conforme documentos

anexados, fazendo desta forma a vez de contribuinte de fato do ICMS sobre

referido fornecimento.

Nas contas, a empresa concessionária, CPFL –

Companhia Piratininga de Força e Luz, bem como a Fazenda Pública Estadual,

exigem o tributo do ICMS sobre a base de cálculo superior à legal e

constitucionalmente prevista, tendo em vista que o referido imposto não esta

sendo devidamente cobrado apenas sobre o valor da mercadoria, ou seja, o real

consumo de energia elétrica, mas também sobre as tarifas de uso do sistema de

transmissão e distribuição de energia elétrica resultado da rede básica de

transmissão denominadas TUST e TUSD.

Importante frisar que há a incidência de ICMS

apenas no momento da transferência de propriedade da energia elétrica em que

esta é consumida pelo seu consumidor final, circunstância que não se consolida

na fase de transmissão e distribuição, tendo em vista que ambas são apenas

etapas necessárias à prestação do serviço público de fornecimento de energia

elétrica.

Mensalmente seu consumo de energia elétrica é

fornecido pela empresa CPFL, Companhia Piratininga de Força e Luz,

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concessionária de serviço público correlato, de competência da União Federal,

conforme dispõe art. 21, XII, “b” da Carta Magna.

Com a simples leitura da conta de energia

consumida mensalmente podemos notar que a mesma é composta das seguintes

rubricas:

- Energia;

- Distribuição – TUSD;

- Distribuição – TUST;

- Tributos;

- Encargos Setoriais.

Desta forma o ICMS, é calculado incidindo sobre

todas as rubricas acima, e ainda sobre o PIS e a COFINS pagos pela empresa

concessionária, da forma que deveria incidir somente sobre ele mesmo, bem

como sobre a parcela da tarifa que se presta efetivamente a remunerar o

fornecimento de energia.

Vale ressaltar que os Encargos Setoriais, a TUSD, a

TUST, o PIS e a COFINS pagos pela concessionária e distribuição de energia

elétrica, não poderiam compor a base de cálculo do ICMS, todavia, as faturas de

energia do Autor certificam que o ICMS os tem agregado à sua base de cálculo.

É de conhecimento de todos que o fornecimento de

energia elétrica pela concessionaria é remunerado mediante Tarifa/Preço Público,

fixada em consonância com a legislação regulatória, bem como por disposições

da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.


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Contudo, como se demonstrará adiante, a

Jurisprudência pacífica do Egrégio Tribunal de Santa Catarina – TJ/SC, Rio

Grande do Sul – TJ/RS, São Paulo – TJ/SP e do Egrégio Superior Tribunal de

Justiça – STJ, são unânimes no sentindo de que as tarifas sobre o uso de sistemas,

comumente denominadas TUSD (Tarifa de Uso dos Sistemas Elétricos de

Distribuição) e TUST (Tarifas de Uso dos Sistemas Elétricos de Transmissão) não

podem compor a base de cálculo do ICMS suportado pelos consumidores da

Energia Elétrica.

2. PRELIMINARMENTE:

- DA LEGITIMIDADE ATIVA DA AUTORA

A Autora, como consumidora final de energia

elétrica, está legitimada para questionar a exigência ilegal de ICMS, e ainda para

pleitear a restituição do indébito, conforme entendimento firmado sob o rito dos

recursos repetitivos2 pelo STJ, no REsp nº 1.299.303/SC.

O ICMS atrai, pela sua própria natureza de imposto

incidente sobre o consumo, indireto, pois, a incidência da regra contida no art.

166 do Código Tributário Nacional, in verbis:

Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua

natureza, transferência do respectivo encargo financeiro

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somente será feita a quem prove haver assumido o

referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro,


estar por este expressamente autorizado a recebe-la.

Não obstante, ao analisar a implicância do aludido

dispositivo nas ações em que se questiona a exigência de ICMS sobre energia

elétrica, a 1ª Seção do STJ decidiu, por unanimidade, no âmbito do REsp

acima mencionado, que:

“Diante do que dispõe a legislação que disciplina as

concessões de serviço público e da peculiar relação

envolvendo o Estado concedente, a concessionária e o

consumidor, esse último tem legitimidade para propor ação

declaratória c/c repetição de indébito na qual se busca

afastar, no tocante ao fornecimento de energia elétrica, a

incidência do ICMS sobre a demanda contratada e não

utilizada”.

As seguintes passagens extraídas do Acórdão

paradigma em exame não deixam dúvida sobre a procedência das alegações ora

trazidas:

Ocorre que, no caso dos serviços prestados pelas

concessionárias de serviço público, a identificação do

"contribuinte de fato" e do "contribuinte de direito" deve

ser enfrentada à luz, também, das normas pertinentes às

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concessões, que revelam uma relação ímpar envolvendo o

Estado concedente, a concessionária e o consumidor.

(...)

Sem dúvida, no caso das concessionárias do serviço

público, diante de tudo o que foi dito acima, entendo que a

legitimidade do consumidor final permanece. Decidir de

forma diversa impede qualquer discussão, por exemplo,

sobre a ilegalidade – já reconhecida neste Tribunal

Superior – da incidência do ICMS sobre a demanda

"contratada e não utilizada", contrariando as normas que

disciplinam as relações envolvidas nas concessões de

serviço público. Isso porque, volto a afirmar, em casos

como o presente, inexiste conflito de interesses entre a

Fazenda Pública, titular do tributo, e as concessionárias,

que apenas repassam o custo tributário à tarifa por força

do art. 9º, §§ 2º e 3º, da Lei n. 8.987/1995.

(...)

Com efeito, apesar de o art. 166 do Código Tributário

Nacional conferir, em regra geral, ao contribuinte de direito

a legitimidade para exigir, judicialmente, a restituição do

imposto indevido, não fica afastada a norma específica do

art. 7º, inciso II, da Lei n. 8.987/1995, a qual, na minha

compreensão, confere a legitimidade ativa ao usuário da

energia elétrica.

Embora o precedente do STJ faça menção à

legitimidade para afastar e pedir a repetição do indébito do ICMS cobrado sobre

a “demanda contratada e não utilizada” de energia elétrica, a mesma lógica é


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aplicável, mutatis mutandis, ao ICMS incidente sobre as Tarifas de Uso de

Sistemas de Distribuição e Transmissão:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

ESPECIAL. LEGITIMIDADE ATIVA DO

CONTRIBUINTE DE FATO. UTILIZAÇÃO DE LINHA

DE TRANSMISSÃO E DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA

ELÉTRICA. ICMS SOBRE TARIFA DE USO DO SISTEMA

DE DISTRIBUIÇÃO (TUSD). IMPOSSIBILIDADE.

AUSÊNCIA DE OPERAÇÃO MERCANTIL.

1. O ICMS sobre energia elétrica tem como fato gerador a

circulação da mercadoria, e não do serviço de transporte de

transmissão e distribuição de energia elétrica, incidindo, in

casu, a Súmula 166/STJ. Dentre os precedentes mais

recentes: AgRg nos EDcl

no REsp 1267162/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin,

Segunda Turma, DJe 24/08/2012.

2. A Primeira Seção/STJ, ao apreciar o REsp

1.299.303/SC, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de

14.8.2012, na sistemática prevista no art. 543-C do

CPC, pacificou entendimento no sentido de que o

usuário do serviço de energia elétrica

(consumidor em operação interna), na condição

de contribuinte de fato, é parte legítima para

discutir a incidência do ICMS sobre a demanda

contratada de energia elétrica ou para pleitear a

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repetição do tributo mencionado, não sendo aplicável


à hipótese a orientação firmada no julgamento do REsp

903.394/AL (1ª Seção, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 26.4.2010 –

recurso submetido à sistemática prevista no art. 543-C do

CPC). (AgRg no REsp 1278024/MG, Rel. Ministro

BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado

em 07/02/2013, DJe 14/02/2013)

Sob essa ótica, verifica-se a legitimidade ativa da

Autora, consumidora final da energia elétrica, para figurar no polo ativo da

presente demanda, inclusive para reaver o que indevidamente recolheu nos

últimos cinco anos.

Ainda com relação às condições da ação, é

importante esclarecer que a Jurisprudência do STJ firmou entendimento de que,

nos casos de discussão sobre a cobrança de ICMS, a legitimidade passiva é do

Estado Federado ou do Distrito Federal, e não da concessionária de Energia

Elétrica.

Sendo assim, a usuária – no caso a Autora – tem

legitimidade para ajuizar esta demanda, pois o que pleiteia é que a base de

cálculo do imposto estadual (ICMS) que lhe é exigido deixe de

incluir aquelas tarifas, objetivando a declaração de inexistência de relação

jurídica c/c repetição de indébito, com juros e correção monetária, nos termos da

Lei.

“Diante do que dispõe a legislação que disciplina as

concessões de serviço público e da peculiar relação


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envolvendo o Estado concedente, a concessionária e o

consumidor, esse último tem legitimidade para propor ação

declaratória c/c repetição de indébito na qual se busca

afastar, no tocante ao fornecimento de energia elétrica, a

incidência do ICMS sobre a demanda contratada e não

utilizada.” (Primeira Seção, REsp 1.299.303- SC, j.

08.08.2012, Rel. o Min. CESAR ASFOR ROCHA, recurso

julgado no regime do art. 543-C do CPC).

Há transferência de propriedade da energia elétrica

apenas no momento em que esta é consumida pelo destinatário, circunstância

que, s.m.j., não se consolida na fase de transmissão e distribuição, haja vista que

são meras etapas necessárias à prestação do serviço público de fornecimento

energético, Excelência:

PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO

ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. ICMS SOBRE

"TUST" E Para conferir o original, acesse o site

https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 1006692-

66.2016.8.26.0477 e código 9B0BE4.

Este documento foi protocolado em 28/05/2016 às 16:55, é

cópia do original assinado digitalmente por Tribunal de

Justica Sao Paulo e ANNA KARLLA ZARDETTI. fls. 23

"TUSD". NÃO INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE

CIRCULAÇÃO JURÍDICA DA MERCADORIA.

PRECEDENTES.

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1. Recurso especial em que se discute a incidência de

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços sobre a

Taxa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD). 2. Inexiste

a alegada violação do art. 535 do CPC, pois a prestação

jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida,

conforme se depreende da análise do acórdão recorrido 3.

Esta Corte firmou orientação, sob o rito dos recursos

repetitivos (REsp 1.299.303-SC, DJe 14/8/2012), de que o

consumidor final de energia elétrica tem legitimidade ativa

para propor ação declaratória cumulada com repetição de

indébito que tenha por escopo afastar a incidência de ICMS

sobre a demanda contratada e não utilizada de energia

elétrica.

4. É pacífico o entendimento de que "a Súmula 166/STJ

reconhece que 'não constitui fato gerador do ICMS o

simples deslocamento de mercadoria de um para outro

estabelecimento do mesmo contribuinte'. Assim, por

evidente, não fazem parte da base de cálculo do ICMS a

TUST (Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia

Elétrica) e a TUSD (Taxa de Uso do Sistema de Distribuição

de Energia Elétrica)". Nesse sentido: AgRg no REsp

1.359.399/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,

SEGUNDA TURMA, julgado em 11/06/2013, DJe

19/06/2013; AgRg no REsp 1.075.223/MG, Rel. Ministra

ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

04/06/2013, DJe 11/06/2013; AgRg no REsp 1278024/MG, Rel.

Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA,


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julgado em 07/02/2013,DJe 14/02/2013. Agravo regimental

improvido (Agravo Regimental no REsp 1.408.485 / SC, rel.

Min. Humberto Martins, julgamento em 12/5/2015).

Desta forma, exigir ICMS sobre tarifas que

remuneram a transmissão e a distribuição da energia elétrica, Excelência, é fazer

incidir o tributo sobre fato gerador não previsto pela legislação (CF/88 e Lei

Complementar nº 87/96), o que viola, em tese, o princípio constitucional da

reserva legal, previsto no artigo 150, inciso I, da CF/88 e o artigo 97, inciso IV do

Código Tributário Nacional.

Por todo o exposto e com base no entendimento

atual, tem razão a Autora ao pleitear a não-incidência do ICMS sobre a “TUST” e

“TUSD”, encargos de transmissão, distribuição da energia elétrica, de conexão e

encargos emergenciais, pois tais custos são estranhos à operação que constitui o

fato gerador do tributo, isto é, a circulação de energia elétrica, aperfeiçoada com

o seu consumo na residência destinatária; desta forma, pretende ver declarada a

inexistência da relação jurídico-tributária que a obrigue a recolher o ICMS sobre

quaisquer encargos de transmissão e distribuição, de conexão e encargos

emergenciais, restringindo-se à respectiva base de cálculo aos valores pagos a

título de efetivo fornecimento e consumo de energia elétrica, cf jurisprudência

pacifica do E. Superior Tribunal de Justiça, com a consequente repetição do

indébito do ICMS indevidamente recolhido nos últimos 5 (cinco) anos, com juros

e correção monetária.

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3. DAS RAZÕES DE MÉRITO:

3.1 O SETOR ELÉTRICO NACIONAL E AS MODALIDADES DE

FORNECIMENTO DE ENERGIA

A Lei 9.074/95 deu início a grandes mudanças no

setor energético brasileiro, anteriormente centralizado em monopólios de

concessionárias e permissionárias que exploravam as quatro atividades típicas na

área de energia elétrica: geração, transmissão, distribuição e comercialização, e

representou o primeiro passo para a chamada “desverticalização do setor”, com

a consequente segregação dessas atividades.

Por meio desta lei, foi criada uma rede básica de

geração/transmissão/distribuição de energia elétrica, que passou a compor o

Sistema Interligado Nacional – SIN. Esta rede, por sua vez, começou a ser

utilizada não apenas pelos concessionários e permissionários da exploração de

serviços de energia elétrica (seus detentores), mas também pelos demais

produtores independentes do setor.

Verifica-se, neste contexto, na redação dos arts. 15 e

17 da Lei 9.074/95, que dão suporte a esse sistema:

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Das Opções de Compra de Energia Elétrica por parte dos

Consumidores

Art. 15. (...)

§6º É assegurado aos fornecedores e respectivos

consumidores livre acesso aos sistemas de distribuição e

transmissão de concessionário e permissionário de serviço

público, mediante ressarcimento do custo de transporte

envolvido, calculado com base em critérios fixados pelo

poder concedente.

Art. 17 – (...)

§1º As instalações de transmissão de energia elétrica

componentes da rede básica do Sistema Interligado

Nacional - SIN serão objeto de concessão, mediante

licitação, na modalidade de concorrência ou de leilão e

funcionarão integradas ao sistema elétrico, com regras

operativas aprovadas pela ANEEL, de forma a assegurar a

otimização dos recursos eletro energéticos existentes ou

futuros.

Como se vê, a citada lei também definiu o livre

acesso às redes de transmissão e distribuição (integrantes da mencionada rede

básica), pertencentes às concessionárias e permissionárias, mediante a

contraprestação, do interessado, pelo custo de transporte da energia elétrica

(disponibilização de sistema) envolvido.

Diante deste cenário, e considerando as demais

alterações legislativas que vieram na sequência, tem-se que a comercialização de

energia elétrica fixou sua base normativa na Lei 10.848/20045, a qual prevê duas

formas de contratação de fornecimento de energia:


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1. Ambiente de contratação regulada (mercado cativo): fornecimento pela

distribuidora local vinculada a cada região, sem competição.

Normalmente é utilizada por residências e estabelecimentos comerciais;

2. Ambiente de contratação livre: destinado aos chamados “consumidores

livres”6, o que normalmente corresponde a indústrias que consomem uma

grande quantidade de energia elétrica no processo produtivo.

Conforme já demonstrado no item introdutório dessa

exordia, considerando a categoria de consumo na qual a Autora é classificada, ela

pode optar em contratar parte da energia com a distribuidora local, ou seja, a

Vale Paranapanema (nas mesmas condições reguladas aplicáveis a consumidores

cativos), e parte no ambiente livre.

Desse modo, sendo a Autora classificada como

consumidor “cativo”, o valor pago em suas faturas de energia elétrica, no qual o

ICMS incide, é composto por duas tarifas, sendo elas a TE (Tarifa de Energia), e a

TUSD (Tarifa do Uso do Sistema de

Distribuição), assim como a TUST (Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão),

esta quando aplicável.

Portanto, independentemente do consumidor ser

residencial, comercial, industrial, rural e etc., seja ele integrante do mercado

“cativo” ou do ambiente de contratação “livre”, está sujeito ao pagamento da

“TUST” e “TUSD”, in casu questionadas pela Autora.

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3.2 AS TARIFAS PELO USO DE SISTEMAS DE TRANSMISSÃO (TUST) E

DISTRIBUIÇÃO (TUSD)

Conforme exposto até aqui, destaca-se que a Autora,

além do consumo de energia no mercado cativo fornecida pela própria Vale

Paranapanema, também adquire energia elétrica no ambiente livre. Nota-se

ainda que, a empresa necessita recolher tarifas em razão do uso dos sistemas da

rede interligada pertencentes às concessionárias e permissionárias do serviço de

exploração de energia elétrica.

Essas contraprestações, denominadas comumente de

TUST e TUSD, são faturadas e pagas pelos usuários das concessionárias

detentoras das instalações de energia elétrica conforme dispõe a Resolução

ANEEL 166/2005, bem como os sub elementos que compõem a TUSD e a TUST:

Art. 2º Para os fins e efeitos desta Resolução são adotados

os seguintes termos e respectivos conceitos:

I – TE: tarifa de energia elétrica calculada pela ANEEL,

aplicável no

faturamento mensal referente a:

a) contrato de compra de energia celebrado entre

consumidor do Grupo "A" e concessionária ou

permissionária de serviço público de distribuição;

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b) parcela correspondente a energia elétrica da tarifa de

fornecimento dos consumidores do Grupo "B"; e

II – TUSD: tarifa de uso dos sistemas de distribuição de

energia elétrica,

formada por componentes específicos;

(...)

IV – TUST: tarifa de uso dos sistemas de transmissão de

energia elétrica, na forma TUSTRB, relativa ao uso de

instalações da Rede Básica, e TUSTFR, referente ao uso de

instalações de fronteira com a Rede Básica;

V – Componentes da TUSD: valores que formam a tarifa

de uso dos sistemas de distribuição, relativos a:

a) serviço de transmissão de energia elétrica, na forma da

TUSD – Fio A;

b) serviço de distribuição de energia elétrica, na forma da

TUSD – Fio B;

c) encargos do próprio sistema de distribuição, na forma da

TUSD – Encargos do Serviço de Distribuição;

d) perdas elétricas técnicas e não técnicas, respectivamente,

na forma TUSD – Perdas Técnicas e TUSD – Perdas Não

Técnicas;

e) Conta de Consumo de Combustíveis – CCC, na forma

TUSD – CCCS/ SE/CO, TUSD – CCCN/ NE e TUSD – CCC

isolados, conforme o caso;

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f) Conta de Desenvolvimento Energético – CDE, nas formas

TUSD – CDES/SE /CO e TUSD – CDEN/ NE, conforme o

caso; e

g) Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia

Elétrica – PROINFA; e

(...)

Art. 31. As concessionárias ou permissionárias de

distribuição deverão informar aos respectivos

consumidores do Grupo “B”, na fatura de fornecimento, o

valor correspondente à energia, ao serviço de distribuição, à

transmissão, aos encargos setoriais e aos tributos,

observando a estrutura de custo estabelecida neste artigo.

§ 1º O valor correspondente à energia deverá ser definido,

em R$, a partir da soma dos valores faturados relativos aos

seguintes itens:

I – Tarifa de Energia Elétrica – TE, exceto o item relativo a

Encargos de Serviços do Sistema;

II – Perdas na Rede Básica relativa à TUSD – Fio A;

III – Perdas Técnicas; e

IV – Perdas Não Técnicas.

§ 2º O valor correspondente ao serviço de distribuição

deverá ser definido, em R$, a partir do valor faturado

relativo a componente TUSD – Fio B.

§ 3º O valor correspondente à transmissão deverá ser

definido, em R$, a partir da soma dos valores dos itens que

formam a componente TUSD – Fio A, exceto o valor

relativo ao item Perdas na Rede Básica.


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§ 4º O valor correspondente aos encargos setoriais deverá

ser definido, em R$, a partir da soma dos valores relativos

aos seguintes itens e componentes:

I – TUSD – Encargos do Serviço de Distribuição;

II – TUSD – CCC S/ SE/ CO ou TUSD – CCC N/ NE;

III – TUSD – CCC isolado;

IV – TUSD – CDE S/ SE/ CO ou TUSD – CDE N/ NE;

V – TUSD – PROINFA;

VI – Encargos de Serviços do Sistema; e

VII – TFSEE, P&D e Eficiência Energética, referente à

aplicação da TE.

De forma cristalina, Excelência, que podemos

perceber a composição da tarifa da Autora tem, apenas e tão-somente, um

único componente que se presta a custear a energia elétrica

efetivamente fornecida, que é a “TE” ou tarifa de energia elétrica,

calculada pela ANEEL.

O restante da composição da tarifa serve, inclusive,

para remunerar o não fornecimento de energia, ou seja, as perdas técnicas e não

técnicas, ou a disponibilização dos sistemas de transmissão e de distribuição

(TUSD/TUST).

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Cobrar ICMS sobre a energia que foi perdida e,

portanto, não chegou a ser fornecida, nem consumida pela Autora, é pretender

tributar uma não hipótese de incidência tributária, o que é inadmissível.

Na composição dos “Encargos Setoriais” descritos

no §4º do art. 31, acima transcrito, além de diversas TUSD’s, há também os

“Encargos de Serviços do Sistema” a TFSEE, P&D e Eficiência Energética.

A TFSEE - Taxa de Fiscalização de Serviços de

Energia Elétrica foi criada pela Lei nº 9.427, de 26/12/1996, e regulamentada pelo

Decreto nº 2.410, de 28/11/1997, com a finalidade de constituir a receita da

Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL para cobertura das suas despesas

administrativas e operacionais.

Veja, Excelência, é inconcebível que o ICMS incida

sobre um valor pago pelo consumidor para custear a cobertura de despesas

administrativas e operacionais da ANEEL.

O “encargo setorial” P&D (Pesquisa e

Desenvolvimento) e Eficiência Energética, que foi criado pela Lei nº. 9.991, de 24

de julho de 2000, que estabeleceu que as concessionárias e permissionárias de

serviços públicos de distribuição de energia elétrica ficam obrigadas a aplicar,

anualmente, o montante de, no mínimo, 0,75% (setenta e cinco centésimos por

cento) de sua receita operacional líquida em pesquisa e desenvolvimento do setor

elétrico e, no mínimo, 0,25% (vinte e cinco centésimos por cento) em programas

de eficiência energética no uso final.

Da mesma forma, também não é possível admitirmos

que haja cobrança de ICMS sobre um valor pago à Concessionária de


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Emanuel Teixeira Pouza
Advogado

Distribuição de Energia Elétrica com a finalidade de fazer frente à obrigação legal

investir um percentual da receita operacional líquida em pesquisa e

desenvolvimento do setor elétrico.

Percebe-se, pois, Excelência, que nenhum dos

componentes da parcela “encargos setoriais” representa a hipótese de incidência

do ICMS, não podendo, pois, a RÉ cobrar o ICMS sobre tais encargos.

As faturas de Energia Elétrica anexas certificam que

o ICMS calculado e recolhido pela Vale Paranapanema considera

como base de cálculo todos os valores cobrados do consumidor ,

independentemente se atrelados ao efetivo fornecimento e consumo de

energia elétrica, ou aos encargos pela disponibilização e uso dos sistemas de

distribuição e transmissão da rede interligada.

3.3 A INCIDÊNCIA DO ICMS SOBRE A ENERGIA ELÉTRICA NA

LEGISLAÇÃO NACIONAL

O fundamento constitucional do ICMS se encontra

no art. 155, II da CF/88, in verbis:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir

impostos sobre:

(...)
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Emanuel Teixeira Pouza
Advogado

II - operações relativas à circulação de mercadorias e

sobre prestações de serviços de transporte

interestadual e intermunicipal e de comunicação,


ainda que as operações e as prestações se iniciem no

exterior.

A LC 87/96 institui regras gerais de incidência do

ICMS nos seguintes termos:

Art. 2° O imposto incide sobre:

II - prestações de serviços de transporte interestadual e

intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens,

mercadorias ou valores;

(...)

Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no

momento:

I - da saída de mercadoria de estabelecimento de

contribuinte, ainda que

para outro estabelecimento do mesmo titular;

O Decreto nº 45.490/00 que aprovou o regulamento

do ICMS do Estado de São Paulo, que por seu turno, assim dispõem:

Artigo 1º - O Imposto sobre Operações Relativas à

Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços

de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de

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Emanuel Teixeira Pouza
Advogado

Comunicação - ICMS -, tem como fato gerador as operações

relativas à circulação de mercadorias e as prestações de

serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de

comunicação, ainda que as operações e as prestações se

iniciem no exterior.

Artigo 2º - Ocorre o fato gerador do imposto:

I - na saída de mercadoria, a qualquer título, de

estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro

estabelecimento do mesmo titular;

A despeito da previsão constante no dispositivo

regulamentar, a aferição de validade da exação deve passar, necessariamente,

pela análise de sua conformidade com os critérios definidos constitucionalmente

e na legislação de normas gerais relativas ao imposto.

Delineadas as bases legais, cumpre anotar que a

disponibilização de sistemas de transmissão e distribuição, operação que lastreia

a cobrança da TUST e TUSD, não consiste em uma circulação de mercadorias,

pois, embora a energia elétrica tenha tratamento jurídico de mercadoria no

direito brasileiro, já se esclareceu em tópico anterior que somente corresponde à

circulação de mercadoria o componente que se presta a custear a energia elétrica

efetivamente fornecida, chamada esta de “TE” ou tarifa de energia elétrica.

Destaca-se que, sendo a Autora “consumidor livre”,

deve a mesma formalizar com a distribuidora de energia local o “Contrato de

Uso do Sistema de Distribuição (CUSD)” e o “Contrato de Conexão ao Sistema

de Distribuição (CCD)”, celebrados de forma individualizada e autônoma em

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Emanuel Teixeira Pouza
Advogado

relação ao “Contrato De Fornecimento De Energia Elétrica” no ambiente de

contratação livre, esse último sim, onde existe a circulação de mercadoria.

Essa divisão advém de expressa previsão legal

disposta no art. 9º da Lei 9.648/98:

Lei 9.648/98:

Art. 9º Para todos os efeitos legais, a compra e venda de

energia elétrica entre concessionários ou autorizados, deve

ser contratada separadamente do acesso e uso dos

sistemas de transmissão e distribuição.

Com efeito, não se pode afirmar que as Tarifas pagas

pelo uso dos sistemas seja algum acréscimo ao valor da operação de

fornecimento de energia elétrica, até mesmo pela ausência de fundamento legal

nesse sentido. É certo que a TUSD e TUST não se enquadram em nenhum dos

elementos previstos no art. 13 da LC 87/96, integrantes da operação para fins de

mensuração da base de cálculo do imposto (tais como seguro, juros, desconto

condicional, etc.)

Vale ressaltar que se tentasse, sob outro enfoque,

qualificar a disponibilização dos sistemas como fornecimento de mercadoria, não

há como visualizar real circulação de bens na fase de distribuição e transmissão

de energia entre as próprias concessionárias, antes do efetivo consumo pelo

usuário final, como se expõe.

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Advogado

A rede básica é composta por um sistema interligado

de transmissores e distribuidores de praticamente todo o país. O sistema traduz-

se, portanto, em uma “fonte única”, que recebe, ao mesmo tempo, a energia de

todos os geradores e alimenta todos os consumidores.

Essa circunstância afasta a possibilidade de, em

relação às Tarifas de Uso, se individualizar um consumo proporcional e

específico de energia elétrica para cada usuário.

A TUST e a TUSD, na verdade, são calculadas em

razão do período de uso da rede de energia elétrica pelo usuário, não guardando

qualquer correspondência própria com a quantidade de energia fornecida.

Neste sentido, ao analisar a incidência de energia

elétrica sobre a demanda contratada e não utilizada, o STJ cuidou de analisar

essa característica técnica do sistema elétrico:

4. Premissa (II) que também justifica a jurisprudência: a

energia elétrica só é gerada e só circula quando há

consumo: Há um dado da realidade que não pode ser

ignorado: a energia elétrica é um bem insuscetível de ser

armazenado ou depositado. Ela só é gerada para ser

imediatamente consumida. Dito de outra forma: a energia

elétrica é gerada porque é consumida. Não

há geração e nem circulação sem que haja consumo. Por

isso mesmo, não se pode conceber a existência de fato

gerador de ICMS sobre operações de energia elétrica sem


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Emanuel Teixeira Pouza
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que haja a efetiva utilização dessa especial 'mercadoria'.

[...] Correta, portanto, repita-se, a jurisprudência firmada no

STJ no sentido de que 'O ICMS deve incidir sobre o valor da

energia elétrica efetivamente consumida, isto é, a que for

entregue ao consumidor, a que tenha saído da linha de

transmissão e entrado no estabelecimento da empresa';

'Não há hipótese de incidência do ICMS sobre o valor do

contrato referente a garantir demanda reservada de

potência'. (REsp 960.476/SC, Rel. Ministro TEORI ALBINO

ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/03/2009,

DJe 13/05/2009).

Essa dinâmica do ciclo energético leva a concluir que,

nas fases de transmissão e distribuição de energia, não há fornecimento de

mercadoria (pressuposto do núcleo constitucional e da norma geral

complementar do ICMS). Esse fornecimento é verificado apenas com o efetivo e

instantâneo consumo pelo usuário, que é medido para compor o cálculo

correspondente de sua fatura:

2. "Embora equiparadas às operações mercantis, as

operações de consumo

de energia elétrica têm suas peculiaridades, razão pela qual

o fato gerador do ICMS ocorre apenas no momento em

que a energia elétrica sai do estabelecimento do

fornecedor, sendo efetivamente consumida. Não se cogita


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Emanuel Teixeira Pouza
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acerca de tributação das operações anteriores, quais sejam,

as de produção e distribuição da energia , porquanto estas

representam meios

necessários à prestação desse serviço público." (AgRg no

REsp 797.826/MT, Rel.Min. Luiz Fux, Primeira Turma,

julgado em 3.5.2007, DJ 21.6.2007, p.283).

3.4 ATUAL ENTENDIMENTO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

O STJ já pacificou o entendimento sobre a matéria ora

tratada e, partindo de premissas similares àquelas da controvérsia sobre a

demanda contratada de energia, enfrentou especificamente a incidência do ICMS

sobre as Tarifas de Uso de Sistema:

PROCESSO CIVIL - TRIBUTÁRIO - AGRAVO

REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL - COBRANÇA

DE ICMS COM INCLUSÃO EM SUA BASE DE

CÁLCULO DA TARIFA DE USO DO SISTEMA DE

DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA

ELÉTRICA - TUSD - INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO

DO ICMS - IMPOSSIBILIDADE - PRECEDENTES.

1. É firme a Jurisprudência desta Corte de Justiça no sentido

de que não incide ICMS sobre as tarifas de uso do sistema

de distribuição de energia elétrica, já que o fato gerador do

imposto é a saída da mercadoria, ou seja, no momento em

que a energia elétrica é efetivamente consumida pelo

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Emanuel Teixeira Pouza
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contribuinte, circunstância não consolidada na fase de

distribuição e transmissão. Incidência da Súmula 166 do

STJ. Precedentes jurisprudenciais. 2. Agravo regimental não

provido. (AgRg no REsp 1075223/MG, Rel. Ministra

ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em

04/06/2013, DJe 11/06/2013)

Não é outro o entendimento exarado pelos Tribunais

de Justiça de São Paulo, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, nos

julgados colacionados abaixo:

EMENTA - Agravo de Instrumento. Decisão que, em Ação

Declaratória c.c. Repetição de Indébito, deferiu antecipação

de tutela para que a ré exclua as tarifas denominadas TUST

e TUSD da base de cálculo do ICMS lançado contra as

requerentes. A Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão

(TUST) e a Tarifa de Uso

do Sistema de Distribuição (TUSD) constituem encargos

pelo uso da rede geradora de energia, ou pelo uso do

sistema de distribuição. Jurisprudência que se vem

firmando no sentido da não inclusão na base de cálculo do

ICMS dos valores das referidas tarifas. Recurso

improvido.

EMENTA - AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR.

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Emanuel Teixeira Pouza
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A concessão de liminar na via mandamental exige que o

direito líquido e certo seja demonstrado por prova

documental inequívoca e pré-constituída.

ICMS. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. NÃO

INCIDÊNCIA SOBRE O CUSTO DO USO DO SISTEMA

DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA CONSUMIDA.

TARIFA TUST. Nos termos do mais recente

posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, restou

pacificado o entendimento de que a TUST (Taxa de Uso do

Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e a TUSD

(Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia

Elétrica) não fazem parte da base de cálculo do ICMS,

incidindo, na espécie, o disposto na Súmula 166/STJ.

Precedentes do STJ. RECURSO A QUE SE DÁ

PROVIMENTO. DECISÃO

MONOCRÁTICA.

EMENTA - APELAÇÃO E REEXAME NECESSÁRIO. ICMS.

ATIVIDADE DE DISPONIBILIZAÇÃO DO USO DA

REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.

TUSD (TARIFA DE USO DO SISTEMA DE

DISTRIBUIÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES.

HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS FIXADOS COM

RAZOABILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. REMESSA E

RECURSO DESPROVIDOS.

I. "As atividades de disponibilização do uso das redes de

transmissão e distribuição de energia elétrica, remuneradas

pela TUST e TUSD, não se subsumem à hipótese de


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incidência do ICMS por não implicarem circulação da

mercadoria. Esses serviços tão e simplesmente permitem que

a energia elétrica esteja ao alcance do usuário. São, portanto,

quando muito, atividades-meio, que viabilizam o

fornecimento da energia elétrica (atividade-fim) pelas

geradoras aos consumidores finais, motivo pelo qual não há

como se vislumbrar a possibilidade de estarem abrangidas

pela campo de incidência da referida exação". (TJSC,

Apelação Cível n. 2010.017380-9, de Blumenau, rel. Des. Luiz

Cézar Medeiros)

II. O prequestionamento faz-se despiciendo quando o

julgador, como no caso destes autos, já ajuntou

fundamentação bastante em prol do decidido.

III. Fixados com razoabilidade os honorários sucumbenciais

e sobejando inexitosa a pretensão

recursal, devem ser eles mantidos tal como sentenciados.

EMENTA - TRIBUTÁRIO - ICMS - ATIVIDADES DE

DISPONIBILIZAÇÃO DO USO DAS REDES DE

TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA

ELÉTRICA - TUST E TUSD - NÃO INCIDÊNCIA -

ALEGADA ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DO

CONSUMIDOR FINAL - DISTRIBUIDORA – MERA

RESPONSÁVEL PELO RECOLHIMENTO DO TRIBUTO -

POSIÇÃO DE NEUTRALIDADE - RESTRIÇÕES PREVISTAS

NO ART. 166 DO CTN - INAPLICABILIDADE

1 As atividades de disponibilização do uso das redes de

transmissão e distribuição de energia elétrica, remuneradas


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pela TUST e TUSD, não se subsumem à hipótese de

incidência do ICMS por não implicarem circulação da

mercadoria. Esses serviços tão e simplesmente permitem

(atividademeio) que a energia elétrica esteja ao alcance do

usuário.

2 A distribuidora de energia elétrica, por não realizar

qualquer operação mercantil, não guarda relação direta e

pessoal com o fato gerador do tributo, motivo pelo qual não

se enquadra na concepção de contribuinte (de direito/direto),

estatuída pelo art. 121, I, do Código Tributário Nacional.

Certo é, portanto,

que o Legislador Constituinte escolheu a distribuidora como

responsável pelo recolhimento do tributo (ADCT, art. 34, §

9º), por pura questão de política fiscal (de facilidade de

arrecadação do tributo), obrigação que deveria, a rigor, ser

suportada pelas produtoras de energia elétrica ou mesmo

pelo próprio consumidor final. Nessa perspectiva, motivos

não há para impedir-se o consumidor final - que, em último

plano, é quem suporta, por certo, o tributo - em figurar no

polo passivo da ação na qual se discute a higidez da exação

(ou mesmo sua repetição) tão e simplesmente diante do

contido no art. 166 do Código Tributário Nacional. Até

mesmo porque, nesse caminhar, chegar-se-ia a absurda

situação de total inviabilidade de discutir-se em juízo a

questão, justamente em face do absoluto papel de

neutralidade da distribuidora na cadeia de propagação do

tributo.
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EMENTA - TRIBUTÁRIO - ICMS - ENERGIA ELÉTRICA -

DEMANDA DE POTÊNCIA - SÚMULA 21 - ATIVIDADES

DE DISPONIBILIZAÇÃO DO USO DAS REDES DE

TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA

ELÉTRICA - TUST E TUSD - NÃO INCIDÊNCIA -

ALEGADA ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DO

CONSUMIDOR FINAL - DISTRIBUIDORA – MERA

RESPONSÁVEL PELO RECOLHIMENTO DO

TRIBUTO - POSIÇÃO DE NEUTRALIDADE - RESTRIÇÕES

PREVISTAS NO ART. 166 DO CTN - INAPLICABILIDADE

1 A teor da Súmula n. 21 deste Pretório, "incide ICMS tão-

somente sobre os valores referentes à energia elétrica

consumida (kWh) e à demanda de potência efetivamente

utilizada (kW), aferidas nos respectivos medidores,

independentemente do quantitativo contratado".

2 As atividades de disponibilização do uso das redes de

transmissão e distribuição de energia elétrica, remuneradas

pela TUST e TUSD, não se subsumem à hipótese de

incidência do ICMS por não implicarem circulação de

mercadoria. Esses serviços tão e simplesmente permitem

(atividademeio) que a energia elétrica esteja ao alcance do

usuário.

3 A distribuidora de energia elétrica, por não realizar

qualquer operação mercantil, não guarda relação direta e

pessoal com o fato gerador do tributo, motivo pelo qual não

se enquadra na concepção de contribuinte (de direito/direto),

estatuída pelo art. 121, I, do Código Tributário Nacional.


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Certo é, portanto, que o Legislador Constituinte escolheu a

distribuidora como responsável pelo recolhimento do tributo

(ADCT, art. 34, § 9º), por pura questão de política fiscal (de

facilidade de arrecadação do tributo), obrigação que deveria,

a rigor, ser

suportada pelas produtoras de energia elétrica ou mesmo

pelo próprio consumidor final.

Nessa perspectiva, motivos não há para impedir-se o

consumidor final - que, em último plano, é quem suporta,

por certo, o tributo - em figurar no polo passivo da ação na

qual se discute a higidez da exação (ou mesmo sua repetição)

tão e simplesmente diante do contido no art. 166 do Código

Tributário Nacional. Até mesmo porque, nesse caminhar,

chegar-se-ia a absurda situação de total inviabilidade de

discutir-se em juízo a questão, justamente em face do

absoluto papel de neutralidade da distribuidora na cadeia de

propagação do tributo.

O TJ de Pernambuco assim se pronunciou sobre o

tema:

EMENTA - TRIBUTÁRIO E PROCESSO CIVIL. DECISÃO

TERMINATIVA. ART. 557 CPC. RECURSO DE AGRAVO.

ICMS. TUSD E TUST. NÃO CONSTITUI BASE DE

CÁLCULO DO TRIBUTO. JURISPRUDÊNCIA

CONSOLIDADA DO STJ.

1. A composição da presente lide se dará com o

pronunciamento acerca da
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incidência ou não do ICMS sobre as Tarifas de Uso do

Sistema de Distribuição (TUSD) e de Uso do Sistema de

Transmissão (TUST) cobradas

pela CELPE e repassada para o Estado de Pernambuco.

2. Trata-se de definir, portanto, se os custos de transmissão,

assim como os de geração de energia elétrica, integram a

base de cálculo do ICMS, assunto que passou a ter

relevância com a desverticalização do setor elétrico no

Brasil a partir da MP nº 144/2003, que culminou com a

edição da Lei nº 10.848/04.

3. A Lei Complementar do ICMS, em seu art. 13, I e §1º, que

integra a base de cálculo do imposto o custo das

mercadorias comercializadas e os acessórios neles

especificados. Vê-se, assim, que os custos com conexão e

utilização de linhas de transmissão não integram a

mercadoria comercializada e nem fazem parte dos

acessórios especificados na Lei. Foi

nesse sentido o julgamento do AgRg nos EDcl no REsp nº

1.267.162-MG da relatoria do Min. Herman Benjamin, de

que a Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia

Elétrica - TUST e Taxa do Sistema de Distribuição de

Energia Elétrica - TUSD não fazem parte da base de cálculo

do ICMS.

4. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que

não incide ICMS sobre as tarifas de uso do sistema de

distribuição e transmissão de energia


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elétrica, já que o fato gerador do imposto é a saída da

mercadoria, ou seja, ocorre no momento em que a energia

elétrica é efetivamente consumida pelo contribuinte,

circunstância não consolidada na fase de distribuição e

transmissão. Assim sendo, a TUSD e a TUST, não

constituem base de cálculo do referido imposto.

5. "O ICMS sobre energia elétrica tem como fato gerador a

circulação da mercadoria, e não do serviço de transporte de

transmissão e distribuição de energia elétrica. Desse modo,

incide a Súmula 166/STJ. 2. Ademais, o STJ possui

entendimento no sentido de que a Taxa de Uso do Sistema

de Transmissão de Energia Elétrica - TUST e a Taxa de Uso

do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica - TUSD não

fazem parte da base de cálculo do ICMS.". (STJ - AgRg nos

EDcl no REsp: 1267162 MG 2011/0111028-4, Relator:

Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento:

16/08/2012, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação:

DJe 24/08/2012)

6. Recurso de Agravo não provido.

Assim, por todo o exposto, na linha da remansosa

jurisprudência, afigura-se inconstitucional e ilegal a incidência do ICMS sobre as

Tarifas de Uso de Sistema, cujo ônus é repassado nas faturas da Vale

Paranapanema emitidas contra a Autora.

4. DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO:

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Conforme decidido pelo E. STF, para as emandas

ajuizadas após 09.06.2005, aplica-se o prazo prescricional de 5 (cinco) anos para a

repetição de indébito. Como a presente demanda está sendo ajuizada hoje, são

passíveis de repetição os valores indevidamente pagos a título de ICMS no prazo

anterior à propositura desta ação.

Ademais, tendo em vista que a correção monetária é

mera reposição da perda inflacionária, determinou-se que a mesma deve incidir

desde os pagamentos indevidos feitos pelo contribuinte; já no que tange aos juros

de mora, fixou-se como termo inicial o trânsito em julgado da sentença.

Neste sentido, são as Súmulas de nº 162 e 188 do E.

STJ:

Súmula 162 Na repetição de indébito tributário, a correção

monetária incide a partir do pagamento indevido.

Súmula 188 Os juros moratórios, na repetição do indébito

tributário, são devidos a partir do trânsito em julgado da

sentença

E esta é a posição atual da jurisprudência:

Ação Declaratória c.c. Repetição voltada à exclusão do

TUST e do TUSD da base de cálculo do ICMS

lançadocontra as requerentes. A Tarifa de Uso do Sistema


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de Transmissão (TUST) e a Tarifa de Uso do Sistema de

Distribuição (TUSD) constituem encargos pelo uso da rede

geradora de energia, ou pelo uso do sistema de distribuição.

Jurisprudência vem se firmando no sentido de não inclusão

na base de cálculo do ICMS dos valores das referidas

tarifas. Legitimidade ativa das autoras para a presente

ação. Repetição do indébito devida. Aplicação da taxa

SELIC no que tange a atualização monetária e juros de

mora. [...] (Apelação nº 1040095-08.2014.8.26.0053, 11ª

Câmara de Direito Público, rel. Des. Aroldo Viotti,

julgamento em 26/5/2015).

Sendo indevidas as cobranças, é de rigor a

determinação para a repetição de indébito, observada a prescrição quinquenal,

com atualização monetária baseada na tabela prática do TJSP (com base no

INPC), desde a data de cada pagamento indevido até o trânsito em julgado e, a

partir de então, deverá ser aplicada a taxa SELIC (a qual se compõe de juros e

correção monetária), conforme decidido pelo C. STJ no Recurso Especial nº

1.111.189/SP2.

Registre-se, nesse aspecto, o enunciado nº 188 da

Súmula do STJ e o artigo 167, parágrafo único, do CTN, pelos quais não se

admite a contagem de juros antes do trânsito em julgado.

E cf entendimento pacificado do STJ, nos autos do

REsp nº 1.111.003/PR, sob o rito do artigo 543-C do antigo CPC, não é necessário

juntar todos os comprovantes dos pagamentos, no caso de repetição de indébito,


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para o conhecimento do direito da Autora, uma vez que tal providência só é

necessária na fase de liquidação de sentença; por isso, hoje a Autora junta aos

autos 3 (três) últimas contas pagas para demonstrar seu direito:

PROCESSO CIVIL – AÇÃO DE REPETIÇÃO DE

INDÉBITO – TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA –

MINUCÍPIO DE LONDRINA – DESNECESSIDADES DE

APRESENTAÇÃO DE TODOS OS COMPROVANTES

DE PAGAMENTO COM A INICIAL – APURAÇÃO DO

“QUANTUM DEBEATUR” NA LIQUIDAÇÃO DE

SENTENÇA.

1. De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, em ação

de repetição de indébito, no Município de Londrina, os

documentos indispensáveis mencionados pelo art. 283 do

CPC são aqueles hábeis a comprovar a legitimidade ativa

ad causam do contribuinte que arcou com o pagamento

indevido da exação. Dessa fora, conclui-se desnecessária,

para fins de reconhecer o direito alegado pelo Autor, a

juntada de todos os comprovantes de recolhimento do

tributo, providencia que deverá ser levada a termo, quando

da apuração do montante que se pretende restituir, em sede

de liquidação do título executivo judicial.

Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da

Resolução STJ 08/08” (grifou-se)

(STJ – REsp 1111003/PR, Rel. Ministro HUMBERTO

MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/05/2009. DJe

25/05/2009).

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5. DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA – ART. 311, II DO CPC

Excelência, ante todo o exposto, cabível é a

antecipação dos efeitos da tutela pleiteada para que as corrés suspendam

imediatamente a exigibilidade do crédito tributário (ICMS incidente sobre

“TUST” e “TUSD”, encargos de conexão e encargos emergenciais, uso do sistema

de transmissão e distribuição de energia elétrica proveniente da rede básica de

transmissão), da base de cálculo do ICMS lançado contra as contas mensais da

Autora (CPF nº 898.988.268-00), sob pena de multa diária a ser arbitrada em caso

de descumprimento, sendo a tutela confirmada ao final, excluindo as referidas

tarifas:

E este tem sido o posicionamento dos nossos

Tribunais:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – Ação declaratória c.c.

Repetição de Indébito ICMS Tutela Antecipada – Pretensão

de que a requerida se abstenha de cobrança ICMS sobre os

valores devidos a título de Tarifas de Uso de Sistema

Transmissão (TUST) ou Distribuição (TUSD). Possibilidade.

Não Inclusão na base de cálculo do ICMS os valores das

referidas tarifas. Precedentes do Superior Tribunal de

Justiça e desta Corte Requisitos do art. 273 do CPC

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Emanuel Teixeira Pouza
Advogado

preenchidos. Recurso Provido. (TJ-SP – AG 2197935-

29.2014.8.26.0000 - Rel. Luís Francisco Aguilar Cortez – 1ª

Câmara de Direito Público – 27.01.2015)

Agravo de Instrumento. Decisão que, em Ação Declaratória

c.c. Repetição de Indébito, deferiu antecipação de tutela

para que a ré exclua as tarifas denominadas TUST e TUSD

da base de cálculo do ICMS lançado contras as requerentes.

A Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) e a

Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD)

constituem encargos pelo uso da rede geradora de energia,

ou pelo uso do sistema de distribuição. Jurisprudência que

se vem firmado no sentindo da não inclusão na

base de cálculo do ICMS dos valores das referidas tarifas.

Recurso Improvido. (TJ-SP – AG nº. 2196345-

17.2014.8.26.0000 – Rel. Aroldo Viotti – 11ª Câmara de

Direito Público – 24.11.2014).

6. DOS PEDIDOS:

Diante de todo o exposto e tudo mais que vosso vasto

e notório saber jurídico certamente saberá suprir, a Autora Requer:

a. A Concessão dos Benefícios de Justiça Gratuita, uma vez que não tem

condições de arcar com as custas desta demanda sem prejuízo do próprio

sustento e do sustento de sua família.

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Emanuel Teixeira Pouza
Advogado

b. A Antecipação dos Efeitos da Tutela da evidência pleiteada para que as

corrés suspendam imediatamente a exigibilidade das tarifas denominadas

“TUST” e “TUSD”, encargos de conexão e encargos emergenciais, uso do

sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica proveniente da

rede básica de transmissão, da base de cálculo do ICMS lançado contra as

2 contas mensais da Autora (CPF nº 898.988.268-00), sob pena de multa

diária a ser arbitrada em caso de descumprimento, sendo a tutela

confirmada ao final, excluindo as referidas tarifas para os 2 endereços da

Autora, quais sejam: Rua Rosa Marly de Souza, nº 946, Vl Mirim, PG e Rua

Carlos José Borstens, nº 41 / apto 904 - Campo da Aviação, PG;

c. Seja julgada totalmente procedente a ação;

d. Seja declarada a inexistência de relação jurídica tributária que obrigue a

Autora a se sujeitar ao recolhimento do ICMS repassado pela Vale

Paranapanema em favor do Estado de São Paulo sobre as Tarifas de Uso

de (TUSD e TUST) e demais componentes da tarifa aplicada a Autora

(independentemente da nomenclatura utilizada), lançadas nas faturas de

energia elétrica pela Vale Paranapanema, limitando a incidência do ICMS,

única e exclusivamente à tarifa de energia elétrica (T.E.); , ordenando, por

consequência, à Vale Paranapanema, que se abstenha de efetuar o repasse,

no preço, da exação declarada inválida;

e. A citação das Corrés para que, querendo, apresentem defesa, sob pena de

confissão e revelia, nos termos do artigo 346, inciso I do Código de

Processo Civil;

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Emanuel Teixeira Pouza
Advogado

f. A aplicação do Código de Defesa do Consumidor, com a consequente

inversão do ônus da prova, prevista no artigo 6º, inciso VIII, na medida

em que é indiscutível a presença dos seus requisitos autorizadoras;

g. Que a Corré, Companhia Piratininga de Força e Luz – CPFL, seja intimada

a juntar nos autos as contas dos últimos 5 anos constantes no CPF nº.

XXX.XXX.XXX-XX, em nome da Autora, nos termos da Lei.

h. Seja reconhecido o direito de repetição, por meio de restituição ou

compensação (o que melhor aprouver à Autora), de todos os valores de

ICMS indevidamente suportados pela Autora, que lhe foram repassados

pela Vale Paranapanema e destacados nas faturas da Autora, sobre as

Tarifas de Uso de Sistema e Encargos de Conexão (independentemente da

nomenclatura utilizada), corrigidos pela SELIC desde o pagamento, e

observado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos (art. 168 do CTN);

i. A Condenação das Corrés ao pagamento das custas processuais e

honorários advocatícios dos patronos da Autora, nos termos do artigo 85


do CPC.

j. Que todos as publicações, intimações ou qualquer outro ato de

comunicação sobre o presente processo seja publicados nos nomes dos

advogados EMANUEL TEIXEIRA POUZA, OAB/SP 350.730 E WILLY

HENRIQUE BOETTGER VIANA, OAB/SP 271.816, sob pena de


nulidade, requerendo, para tanto, a anotação de seus nomes nos autos.

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Emanuel Teixeira Pouza
Advogado

Protesta provar o alegado por todos os meios de

provas admitidos em Direito, sem exceção de nenhum, nos termos do artigo 369

do Código de Processo Civil.

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais)

para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Santos, 07 de março de 2016.

EMANUEL TEIXEIRA POUZA WILLY HENRIQUE BOTTEGER


VIANA
OAB/SP 350.730 OAB/SP
217.816

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Emanuel Teixeira Pouza
Willy Henrique Boettger Viana
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