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EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO

DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DO BELMONTE-PE

Ref. Processo 0000212-42.2021.8.17.3330

ZEVALDO CANDITO DOS SANTOS, já qualificado


nos autos do processo em epígrafe, vem por meio da sua
advogada abaixo assinado, propor a presente

RÉPLICA

diante dos fatos novos alegados em contestação.

BREVE RELATO DOS FATOS

O Réu, ao responder a presente demanda, trouxe fundamentos que


não merecem prosperar, vejamos.

Em 2018 em meados de março o Autor, recebeu a visita dos


funcionários da CELPE (COMPANHIA ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO),
tendo como motivo das inspeções exercício regular, nada fora informado ao
presente autor da demanda que posteriormente foi surpreendido com um
débito no valor de R$ 1.351,52 (Mil trezentos e cinquenta e um reais e
cinquenta e dois centavos), mesmo procurando informações aos órgãos
responsáveis não obteve resposta. No mês seguinte outro valor exorbitante
constava na fatura da sua energia no valor de R$ 2.581,20 reais (Dois mil
quinhentos e oitenta e um reais e 20 centavos).

#3642203 Tue Jun 15 14:51:08 2021


Sem nenhuma justificativa ou explicação sobre a
discricionariedade dos referidos valores cobrados, sofreu com um
inesperado corte de energia elétrica, em meados de setembro de 2020,
e até o presente momento completando 9 meses sem qualquer
informação sobre o retorno da energia, mesmo após vários contatos com a
Concessionária Ré.

Imediatamente após o ocorrido, o Autor buscou uma compensação


junto ao Réu, conforme evidências que junta em anexo, pelo qual não obteve
qualquer retorno, razão pela qual intenta a presente demanda.

DO MÉRITO

No mérito, os réus alegaram equivocadamente que o dever do


consumidor de adimplir as obrigações, bem como a legalidade das cobranças,
improcedência da desconsideração da cobrança do débito, vedado o
enriquecimento sem causa e da inexistência de danos morais. O que não
merece prosperar, afinal, os fatos são completamente distintos
daqueles narrados na contestação.

DO SERVIÇO ESSENCIAL

A luz elétrica, assim como o fornecimento de água e esgoto são


classificados como serviços essenciais à vida digna. Nesse sentido, o corte só
pode ocorrer em situações excepcionais quando não ofendam a proteção de um
bem maior.

No presente caso, a ausência de luz elétrica impede a continuidade


de atividades mínimas de subsistência, tais como manter o armazenamento de
alimentos num refrigerador, ligar um fogão, banho e em casos de residentes
rurais a manutenção das atividades rurais e principalmente a sobrevivência dos
animais.

Mesmo existindo pendência no pagamento, não pode a


concessionária utilizar um bem essencial à vida como coerção. Nesse sentido:

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FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. CORTE.
DÍVIDA PRETÉRITA. Conforme entendimento do
Superior Tribunal de Justiça e desta Corte Estadual de
Justiça, é indevido o corte no fornecimento de
serviço essencial como forma de compelir o
consumidor ao pagamento de dívida pretérita,
possuindo a concessionária outros meios de
cobrar seus créditos. No caso, estão presentes os
requisitos do art. 300 do CPC a ensejar a concessão da
tutela de urgência. AGRAVO DE INSTRUMENTO
PROVIDO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº
70080658065, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: João Barcelos de Souza Junior, Julgado
em 29/05/2019).

Portanto, o corte é manifestamente abusivo devendo ser revisto.


Ademais é de suma importância demonstrar que o consumo do autor nunca
ultrapassou o valor mensal no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), sendo de
grande abuso da parte da concessionária a cobrança indevida do valor de R$
2.581,20 reais na sua soma. É TOTALMENTE INCOMPATÍVEL COM
A REALIDADE como demonstra a imagem abaixo sobre o histórico
de consumo do autor, que sempre cumpriu com o seu dever de
consumidor.

#3642203 Tue Jun 15 14:51:08 2021


DA ILEGALIDADE DA COBRANÇA

Tendo em vista a abusividade das faturas não é possível dessa


maneira, como consta nas imagens anexadas nessa petição, a efetividade do
pagamento das faturas, uma vez que não restou demostrado pela empresa ré a
discricionariedade da virtude do débito, se tratando dessa forma uma violação
do direito consumidor e a arbitrariedade da réu.

Que na presente contestação alegou que o autor deixou de cumprir o


dever de adimplência das faturas vencidas, contudo em nenhum momento da
contestação relatou a procedência do elevado consumido de energia uma vez
que o histórico de consumo é incontestável sobre os valores e consumo de
energia, anexados nos autos do processo.

Como consta na imagem anexada, o histórico das faturas comprovam


que o Autor sempre manteve valores baixos referente ao seu consumo de
energia, uma vez que tanto pelo histórico de consumo bem como os da sua
fatura de pagamento, deixam evidente abusividade da cobrança, cometida pela

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empresa ré.

DAS PERDAS E DANOS

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova testemunhal


que que será produzida no presente processo, o nexo causal entre o dano e a
conduta da Ré fica perfeitamente caracterizado pela abusividade cometida em
mais de 9 meses com a cessão do fornecimento de energia,
prejudicando os labores rurais e as atividades do cotidiano, gerando dessa
forma maior dificuldade na vida do autor e seus familiares, causando o dever de
indenizar, conforme preconiza o Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um


direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Nesse mesmo sentido, é a redação do art. 402 do Código Civil que


determina: "salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e
danos devidas ao credor abrangem, além do que efetivamente
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar".

No presente caso, toda perda deve ser devidamente indenizada,


especialmente por que a negligência do Réu causou ________ , assim
especificado:

________ - R$ ________

________ - R$ ________

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No presente caso, todos os prejuízos devem ser devidamente
indenizados, especialmente por demonstrada a negligência do Réu ao deixar de
notificar previamente sobre a possibilidade de corte de luz, conforme
precedentes sobre o tema:

APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO PÚBLICO NÃO


ESPECIFICADO. FORNECIMENTO DE ENERGIA
ELÉTRICA. INDENIZAÇÃO. 1. Do cotejo dos documentos
dos autos o que se verifica é que ocorreram inúmeros
cortes no fornecimento do serviço na localidade que reside
a parte autora, bem como problemas em razão da tensão
elétrica da rede ser inadequada. A parte ré possui
meios para evitar os prejuízos suportados pelos
moradores da localidade, impedindo longos períodos de
interrupção do serviço, mesmo em épocas de chuva e
vento intensos. Assim, não há falar em caso fortuito. No
caso, não demonstrou a parte demandada ter
restabelecido o serviço em prazo razoável, bem
como solucionado totalmente os problemas com a
tensão na rede local. 2. Aplicável ao caso o Código de
Defesa do Consumidor, de forma que é ônus da parte ré,
nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, comprovar que não
houve falha na prestação do serviço. Tratando-se de
serviço público essencial, o dano é presumível e a
responsabilidade da parte ré é objetiva (TJRS,
Apelação 70076033224, Relator(a):João Barcelos de
Souza Junior, Segunda Câmara Cível, Julgado em:
31/01/2018, Publicado em: 09/02/2018, #93642203)

Motivos pelos quais devem conduzir à indenização ao danos


materiais sofridos, bem como aos lucros cessantes.

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DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Toda e qualquer reparação civil esta intimamente ligada à


responsabilidade do causador do dano em face do nexo causal presente no caso
concreto, o que ficou perfeitamente demonstrado nos fatos narrados. Sendo
devido, portanto, a recuperação do patrimônio lesado por meio da indenização,
conforme leciona a doutrina sobre o tema:

"Reparação de dano. A prática do ato ilícito coloca o


que sofreu o dano em posição de recuperar, da forma
mais completa possível, a satisfação de seu direito,
recompondo o patrimônio perdido ou avariado do titular
prejudicado. Para esse fim, o devedor responde com seu
patrimônio, sujeitando-se, nos limites da lei, à penhora
de seus bens." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa
Maria de Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed. Editora
RT, 2017. Versão ebook, Art. 1.196)

Trata-se do dever de reparação ao lesado, com o objetivo de


viabilizar o retorno ao status quo ante à lesão, como pacificamente doutrinado:

"A rigor, a reparação do dano deveria consistir na


reconstituição específica do bem jurídico lesado, ou seja,
na recomposição in integrum, para que a vítima
venha a encontrarse numa situação tal como se o
fato danoso não tivesse acontecido." (PEREIRA,
Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Vol II -
Contratos. 21ª ed. Editora Forense, 2017. Versão ebook,
cap. 283)

Motivos pelos quais devem conduzir à indenização ao danos


materiais sofridos, bem como aos lucros cessantes.

DO DANO MORAL

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Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova testemunhal
que que será produzida no presente processo, o dano moral fica perfeitamente
caracterizado pelo dano sofrido pelo Autor ao ________ , expondo o Autor a
um constrangimento ilegítimo, gerando o dever de indenizar, conforme
preconiza o Código Civil em seu Art. 186.

Trata-se de proteção constitucional, nos termos que dispõe a Carta


Magna de 1988 que, em seu artigo 5º:

Art. 5º - (...) X - são invioláveis a intimidade, (...) a


honra, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua
violação;

E nesse sentido, a indenização por dano moral deve


representar para a vítima uma satisfação capaz de amenizar de
alguma forma o abalo sofrido e de infligir ao causador sanção e
alerta para que não volte a repetir o ato, uma vez que fica evidenciado
completo descaso aos transtornos causados.

No presente caso, o dano ocorre in re ipsa, independente de


comprovação, pelo simples corte abusivo. Nesse sentido:

CORTE INDEVIDO DE ENERGIA ELÉTRICA. DANOS


MORAIS. QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO.
RAZOABILIDADE. TERMO INICIAL DOS JUROS DE
MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULAS 362/STJ
E 54/STJ. APELO DA RÉ NÃO PROVIDO. APELO
ADESIVO DA AUTORA PROVIDO EM PARTE. DECISÃO
UNÂNIME. 1. O dano moral decorre só pelo fato do
corte indevido, é in re ipsa, sendo desnecessária
prova do prejuízo dele advindo. 2. Levando-se em
consideração as circunstâncias do caso, o objetivo
compensatório da indenização e o efeito pedagógico
gerado pela responsabilidade civil, entendo que o valor

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de R$ 10.000,00 (dez mil reais), arbitrado pelo
magistrado a quo é razoável, estando em consonância
com a jurisprudência deste Tribunal. 3. Na
responsabilidade extracontratual, os juros de mora
incidem a partir da data do evento danoso (Enunciado n.
54/STJ) e a correção monetária a partir do julgamento em
que arbitrado o valor da indenização (Súmula 362/STJ). 4.
Honorários advocatícios majorados de 15% (quinze por
cento) para 20% (vinte por cento) sobre o valor da
condenação (art. 85, § 11, do CPC). 5. Apelo da Celpe não
provido. Apelação Adesiva provida em parte, apenas para
estabelecer a incidência dos juros de mora referentes aos
danos morais a partir do evento danoso, consoante
Súmula 54/STJ. Decisão unânime. (TJ-PE - APL: 5149155
PE, Relator: Roberto da Silva Maia, Data de Julgamento:
14/05/2019, 1ª Câmara Cível, Data de Publicação:
31/05/2019, #43642203)

E nesse sentido, a indenização por dano moral deve representar


para a vítima uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o abalo sofrido
e de infligir ao causador sanção e alerta para que não volte a repetir o ato, uma
vez que fica evidenciado completo descaso aos transtornos causados.

Por todo o exposto fica perfeitamente demonstrado que o Réu não


trouxe fundamentos suficientes para desconstituir o direito do Autor, razão pela
qual a contestação não merece acolhimento.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer que sejam rechaçadas todas as preliminares


aventadas na contestação com o consequente acolhimento de todos os pedidos
elencados na exordial.

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Nestes termos pede deferimento.

________ , ________ .

________

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