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22/04/2019 Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul TJ-RS - Recurso Cível : 71007580210 RS

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul


TJ-RS - Recurso Cível : 71007580210 RS -
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@ (PROCESSO ELETRÔNICO)

TCO

Nº 71007580210 (Nº CNJ: 0016260-35.2018.8.21.9000)

2018/Cível

RECURSO INOMINADO. segunda TURMA RECURSAL DA


FAZENDA PÚBLICA. dmae. cobrança DE DÍVIDA DE TERCEIRO
SOBRE O IMÓVEL. IMPOSSIBILIDADE. RELAÇÃO
OBRIGACIONAL DE NATUREZA PROPTER PERSONAM.
SENTENÇA MANTIDA. permissivo contido no artigo 46 da
lei 9.099/95.

RECURSO INOMINADO DESPROVIDO. VENCIDO O DR. MAURO


CAUM GONÇALVES NO TOCANTE ÀS CUSTAS.

Segunda Turma Recursal da


Recurso Inominado
Fazenda Pública

Nº 71007580210 (Nº CNJ: 0016260-


Comarca de Porto Alegre
35.2018.8.21.9000)

DMAE - DEPARTAMENTO DE AGUA E


RECORRENTE
ESGOTO DE PORTO ALEGRE

MIRIAM PEREIRA DE CASTRO RECORRIDO

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MINISTÉRIO PÚBLICO INTERESSADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Juízes de Direito integrantes da Segunda Turma Recursal da


Fazenda Pública dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do
Sul, à unanimidade, em negar provimento ao recurso, vencido o Dr. Mauro
Caum Gonçalves no tocante às custas.

Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores Dr.ª


Rosane Ramos de Oliveira Michels (Presidente) e Dr. Mauro Caum
Gonçalves.

Porto Alegre, 23 de maio de 2018.

DR.ª THAIS COUTINHO DE OLIVEIRA,

Relatora.

RELATÓRIO

Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei nº 9.099/95.

VOTOS

Dr.ª Thais Coutinho de Oliveira (RELATORA)

Conheço do Recurso Inominado, pois preenchidos os requisitos de


admissibilidade.

A sentença merece confirmação por seus próprios fundamentos. Portanto, à


luz do permissivo contido no artigo 46 da Lei 9.0099/95 e considerando,
ainda, ter a decisão recorrida analisado com precisão e acerto a matéria em
debate, trago à colação a íntegra da fundamentação do julgado proferido pelo
Juízo a quo , adotando-a como razão de decidir do voto:

“Na espécie, observa-se que a autora MIRIAM PEREIRA DE CASTRO é


proprietária do imóvel sito à Avenida Carlos Gomes, nº 1780, nesta Capital,
cujo fornecimento de água está a cargo do DMAE. Refere ter havido o corte
no fornecimento de água no imóvel, e efetivada cobrança ostensiva de
débitos originados por anterior inquilino.

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Os documentos juntados aos autos comprovam as alegações da demandante,


de que está sendo cobrada por dívida que não lhe corresponde, porque
contraída por inquilino que

alugou o imóvel e instalou empresa que prestava serviços de lavanderia.

Observa-se que a questão das dívidas provenientes da contraprestação pelo


fornecimento do serviço de água e esgoto passa pela abordagem relativa à
responsabilidade frente a tal débito. Na espécie, deve-se ter em conta que, em
se tratando de valor pago pela contraprestação de serviço, a
responsabilidade pelo débito está vinculada àquele que daquele se utiliza,
efetivamente.

Assim, não pode a parte autora ser responsabilizada pelos débitos em


discussão, uma vez que não se trata de obrigação , porque a relação existente
é propter rem pessoal, incumbindo os consumos anteriores ao anterior
consumidor (inquilino), e não à proprietária.

Nesse sentido, cumpre destacar que a jurisprudência do STJ acerca do tema,


adotada por significativa parcela dos julgados do TJRGS:

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. FORNECIMENTO E


TRATAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO. DESCONSTITUIÇÃO DE DÍVIDA.
COBRANÇA INDEVIDA DE DÉBITO PRETÉRITO ORIGINADO DE TITULAR
DIVERSO. FATURAS INADIMPLIDAS. RECUPERAÇÃO DE CONSUMO.
AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO PROPRIETÁRIO PELA DÍVIDA.
CÁLCULO CONTROVERSO. INOBSERVÂNCIA DAS REGRAS DO
REGULAMENTO DOS SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO DA CORSAN.
OBRIGAÇÃO PROPTER PERSONAM. Não prospera a alegação de que se
cuidaria de decisão citra petita pois ainda que de forma perfunctória,
apreciou o decisum a questão relativa ao acordo firmado entre as partes,
assentando haver o autor o firmado por necessitar locar o imóvel e não por
de fato anuir aos termos da dívida frente á ré. A obrigação no que diz com o
pagamento de indenização a título de recuperação de consumo é daquele que
efetivamente morou no imóvel e se beneficiou da fraude. Ademais, a
concessionária em contestação admite que os valores sejam decorrentes da
recuperação de consumo de água durante o período em que houve a
irregularidade, lapso temporal, todavia, que não pôde precisar com
exatidão, não se podendo assegurar que o consumo no imóvel tenha sido

faturado corretamente, concluiu. Destarte, não se legitima a cobrança, vez a


requerida não observou as regras contidas no Regulamento dos Serviços de
Água e Esgoto, mais precisamente, em seu artigo 75, I, III, e Parágrafo
único, pois. É vedado à concessionária prestadora de serviço público
condicionar o fornecimento de energia elétrica à quitação de faturas que

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digam com débitos pretéritos, mormente quando relativos a terceiros.


RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71005032206, Primeira Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Marta Borges Ortiz, Julgado em
28/10/2014)

Inexigível, portanto, a cobrança do débito em relação à autora, devendo ser


mantida a prestação do serviço de fornecimento de água. De outra sorte,
inviável a declaração de inexistência do débito, porque contraído por
terceiros que sequer participam do presente feito.

E, por fim, no que se refere ao pedido indenizatório por danos morais,


melhor sorte não assiste à demandante.

Em que pese tenha ocorrido a situação narrada na inicial, tenho que não há
amparo para a condenação do DMAE em danos morais. Nem todo evento
que cause desconforto é indenizável por dano moral, tratando-se de
consequência da vida em sociedade. É necessário haver sofrimento real,
intenso e passível de ser demonstrado para a caracterização da
responsabilidade civil.

Não obstante eventual situação de negativa de prestação de serviço cause


aborrecimento, resta necessária a comprovação de sofrimento psíquico,
ressaltando-se que o dano moral não pode se transformar em fonte de renda
para o ofendido, pois é simplesmente uma forma de compensação da dor
experimentada.

PELO EXPOSTO, os pedidos JULGO PARCIALMENTE


PROCEDENTES para o fim de afastar a responsabilidade da autora
relativamente à dívida objeto do presente feito.

Dispensados honorários de sucumbência na forma do disposto na


Lei 9099/95.”

Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso


inominado.

Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios que fixo em


15% sobre o valor corrigido da ação, nos termos do artigo 55 da Lei 9099/95,
aplicado subsidiariamente à Lei nº 12.153/09; bem como ao pagamento das
custas processuais, nos termos do art. 5º § único da Lei 14.634/14 e item 11,
11.2, do ofício-circular nº 060/2015-CGJ.

Dr.ª Rosane Ramos de Oliveira Michels (PRESIDENTE) - De acordo


com o (a) Relator (a).

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Dr. Mauro Caum Gonçalves

Eminentes Colegas.

No que se refere à Taxa Única de Serviços Judiciais, assevero que o artigo 3º,
II, da Lei Estadual nº 14.634/2014, prevê, como contribuintes da taxa, a
pessoa jurídica de direito público e suas respectivas autarquias, quando
vencidas. Logo em seguida, no seu artigo 5º, I, concede-lhes isenção da
respectiva obrigação, ao prever que são isentos do pagamento da taxa: I - a
União, os Estados, os Municípios, os Territórios Federais, o Distrito Federal
e as respectivas autarquias e fundações;

Ora, é consabido - e lógico - que, em direito tributário, somente pode ser


agraciado com isenção quem é contribuinte do tributo ou responsável pelo seu
pagamento.

Além disso, os dispositivos legais não podem ser aplicados à la carte. A lei
deve ser interpretada e aplicada a partir da conjugação de todos os seus
elementos e, por sua força cogente, de modo algum pode ser derrogada por
um ato administrativo ordinatório, a exemplo do Ofício-Circular nº
060/2015-CGJ.

Razões por que divirjo, no ponto, para conceder a isenção prevista no artigo
5º, I, da Lei Estadual nº 14.634/2014, às pessoas nele elencadas.

É como voto.

DR.ª ROSANE RAMOS DE OLIVEIRA MICHELS - Presidente - Recurso


Inominado nº 71007580210, Comarca de Porto Alegre: "À UNANIMIDADE,
NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO. VENCIDO O DR.
MAURO CAUM GONÇALVES NO TOCNATE ÀS CUSTAS."

Juízo de Origem: VARA JUIZADO ESPECIAL FAZENDA PÚBLICA PORTO


ALEGRE - Comarca de Porto Alegre

� Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a


indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva.
Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do
julgamento servirá de acórdão.

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