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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
ACCSR
Nº 71008773145 (Nº CNJ: 0046955-35.2019.8.21.9000)
2019/CÍVEL

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO


INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. ACIDENTE DE CONSUMO. EXPLOSÃO
DA BASE DE VIDRO DO FOGÃO. FATO DO
PRODUTO SUFICIENTEMENTE COMPROVADO.
AÇÃO MOVIDA CONTRA O FABRICANTE E O
COMERCIANTE. PRELIMINAR DE
ILEGITIMIDADE PASSIVA DO COMERCIANTE
ACOLHIDA.
1. Os presentes embargos de declaração merecem
acolhimento, para sanar a contradição e a omissão
apontadas.
2. Com efeito, o caso em tela versou sobre acidente de
consumo, pois houve risco à segurança e à saúde do
consumidor, o que ensejou a aplicação do art. 12 do CDC,
que trata sobre a responsabilidade do fato do produto ou do
serviço. Referido artigo, contudo, determina que a
responsabilidade do comerciante é subsidiária, só
respondendo quando o fabricante não puder ser identificado.
3. Destarte, como a ação foi proposta em face do fabricante
também, ou seja, este foi devidamente identificado, é de ser
acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva do
comerciante para responder pelo fato do produto.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO SEGUNDA TURMA RECURSAL CÍVEL

Nº 71008773145 (Nº CNJ: 0046955- COMARCA DE FAXINAL DO SOTURNO


35.2019.8.21.9000)

LOJAS BECKER LTDA EMBARGANTE

ELETA MARIA ROSSATTO TREVISAN EMBARGADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Juízes de Direito integrantes da Segunda Turma Recursal Cível
dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do Sul, à unanimidade, em acolher
os embargos de declaração, para reconhecer a ilegitimidade passiva do comerciante.

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
ACCSR
Nº 71008773145 (Nº CNJ: 0046955-35.2019.8.21.9000)
2019/CÍVEL

Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores


DRA. ELAINE MARIA CANTO DA FONSECA (PRESIDENTE) E DR. ROBERTO
BEHRENSDORF GOMES DA SILVA.
Porto Alegre, 31 de julho de 2019.

DR.ª ANA CLAUDIA CACHAPUZ SILVA RAABE,


Relatora.

RELATÓRIO
Trata-se de embargos de declaração opostos em face de acórdão proferido
por este Colegiado nos autos do recurso inominado nº 71008685158.
A embargante alegou que a decisão é contraditória e omissa. Disse que o
caso dos autos enseja responsabilidade subsidiária e não solidária. Afirmou não ser parte
legítima para responder pelos danos morais decorrentes da negativa de conserto pela
assistência técnica autorizada, e nem pelos acidentes de consumo causados pelo produto.
Sustentou não ter havido qualquer prática ilícita pela embargante que ensejasse a sua
condenação a reparação moral de forma solidária. Disse que o pedido inicial é de
condenação das rés a pagar o preço do produto defeituoso e não do novo fogão adquirido
pela autora. Diante disso, requereu que sejam acolhidos os embargos, com efeitos
infringentes.
Vieram os autos conclusos.

VOTOS
DR.ª ANA CLAUDIA CACHAPUZ SILVA RAABE (RELATORA)
Eminentes Colegas.
Tempestivos os embargos, vão recebidos.
Com efeito, os embargos de declaração servem para sanar os vícios de
omissão, contradição, obscuridade ou dúvida, nos termos do art. 48 da Lei 9.099/95, não se
prestando para nova análise da matéria já decidida.

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Nº 71008773145 (Nº CNJ: 0046955-35.2019.8.21.9000)
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Consoante se verifica das alegações da parte embargante, esta aponta


contradição e omissão no julgado por ter reconhecido a sua legitimidade passiva e
responsabilidade solidária frente aos fatos narrados pela autora na exordial. Ainda,
argumentou que o pedido inicial é de condenação das rés a pagar o preço do produto
defeituoso e não do novo fogão adquirido pela autora.
Do exame atento dos autos, apura-se que, de fato, o acórdão embargado foi
contraditório e houve omissão na análise no que se refere à responsabilidade da parte ora
embargante, pelo que merecem acolhimento os embargos.
Com efeito, o caso em tela versou sobre acidente de consumo, pois houve
risco à segurança e à saúde do consumidor, o que ensejou a aplicação do art. 12 do CDC, que
trata sobre a responsabilidade do fato do produto ou do serviço.
Referido artigo, contudo, determina que a responsabilidade do comerciante é
subsidiária, só respondendo quando o fabricante não puder ser identificado.
Assim, na situação em apreço, como a ação foi proposta em face do
fabricante também, ou seja, este foi devidamente identificado, é de ser acolhida a preliminar
de ilegitimidade passiva do comerciante para responder pelo fato do produto.
Nesse sentido, já decidiu esta Turma Recursal:

RECURSOS INOMINADOS. RESSARCIMENTO DE DANO


MATERIAL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
CONSUMIDOR. ACIDENTE DE CONSUMO.
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA ACOLHIDA.
DEMANDA AJUIZADA CONTRA O COMERCIANTE.
FABRICANTE PLENAMENTE IDENTIFICÁVEL. FEITO
EXTINTO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. 1. A demanda
versa sobre acidente de consumo, na medida que houve
risco à segurança e à saúde do consumidor, incidindo, no
caso, o art. 12 do Código de Defesa do Consumidor, que
trata sobre a responsabilidade do fato do produto ou do
serviço. 2. Ocorre que o referido artigo determina a
responsabilidade subsidiária do comerciante, em casos de
acidente de consumo, que deve responder somente quando o
fabricante não puder ser identificado (art. 13, I, do CDC), já
que o que se pretende não é a simples restituição do valor
pago ou a troca do produto, e sim a responsabilidade pelos
danos causados por acidente de consumo. 3. No caso
concreto, como o fabricante do produto está devidamente
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TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
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Nº 71008773145 (Nº CNJ: 0046955-35.2019.8.21.9000)
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identificado nos autos, conforme se infere da declaração de


venda (fl. 21) e fotos juntadas pelo requerido (fls. 51/52), o
comerciante fica isento da responsabilidade pelo fato do
produto. PRELIMINAR ACOLHIDA. PROCESSO
EXTINTO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. UNÂNIME.
(Recurso Cível, Nº 71006110902, Segunda Turma Recursal
Cível, Turmas Recursais, Relator: Elaine Maria Canto da
Fonseca, Julgado em: 07-12-2016)

Ante o exposto, o voto é por acolher os embargos de declaração, para o fim


de reconhecer a ilegitimidade passiva do comerciante, ora embargante, extinguindo-se o feito
em face deste, sem resolução do mérito. Assim, os ônus sucumbenciais fixados no recurso nº
71008685158 deverão ser suportados exclusivamente pela fabricante.
Sem sucumbência, ante a natureza do incidente.

DRA. ELAINE MARIA CANTO DA FONSECA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a)


Relator(a).
DR. ROBERTO BEHRENSDORF GOMES DA SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

DRA. ELAINE MARIA CANTO DA FONSECA - Presidente - Embargos de Declaração


nº 71008773145, Comarca de Faxinal do Soturno: "ACOLHERAM OS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. UNÂNIME."

Juízo de Origem: JUIZADO ESPECIAL CIVEL ADJUNTO FAXINAL DO SOTURNO -


Comarca de Faxinal do Soturno

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