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DOUTO JUIZO DA 31ª VARA CIVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE.

PROCESSO Nº: 5065808-49.2023.8.13.0024

AUTOR: GILSON ALVES RAMOS

REQUERIDO(A): APPLE COMPUTER DO BRASIL LTDA

GILSON ALVES RAMOS, já qualificado nos autos do


processo em epígrafe, vem por meio de seu advogado abaixo
assinado, propor a presente

RÉPLICA

diante dos fatos novos alegados em contestação, nos termos que


se seguem:

I - DA TEMPESTIVIDADE

A presente Réplica é devidamente tempestiva, cumpre rito e


prazos processuais da demanda. Haja vista, que o prazo para sua apresentação em
réplica é de 15 (quinze) dias, contados da intimação da Autora, nos moldes dos artigos
350 e 351, CPC, ou da ciência da intimação.

O sistema registrou ciência em 26/05/2023 23:59:59, da


intimação de ID 9808987435.

II - BREVE RELATO DOS FATOS

Ru a R io d e Jan eiro, 430, Con ju n to 45, C en tro - Belo Horizon te,


CEP 30.190-000, Tel.: (0xx31) 3212 6295 – 3024 6295
email - armcad v@ gmail.com
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Trata-se de AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS ajuizada por GILSON ALVES RAMOS em face de APPLE COMPUTER
BRASIL LTDA, ambos devidamente qualificados.

Narrou a exordial, em síntese, o autor que recebeu de presente


de seu irmão um Iphone XS MAX, CH, 256GB, SPACE GRAY e que, após contato
mínimo com a água da chuva, o aparelho parou de funcionar, apesar de constar no site
da ré que o dispositivo é resistente à água a uma profundidade máxima de dois metros
por até trinta minutos.

A Ação foi JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE


para condenar a ré na obrigação de fazer de reparar o aparelho celular do autor na forma
sugerida pela assistência técnica, no prazo de 10 (dez) dias a contar do trânsito em
julgado, sob pena de aplicação de multa diária de R$1.000,00 (mil reais) limitada a
R$20.000,00 (vinte mil reais).

Opostos embargos de declaração quanto à omissão da sentença,


a este foi dado provimento parcial apenas para antecipar os efeitos da tutela
jurisdicional final, fixando o prazo de 30 dias a contar da intimação desta para o reparo
do aparelho.

Ocorre que, com a negativa do réu em promover o reparo do


aparelho, o autor se viu obrigado a adquirir outro aparelho celular no valor de R$
9.849,00, cuja nota fiscal é seque anexada à presente ação.

Ou seja, pelos fatos acima vê-se que o Autor sofreu


inquestionável dano material por parte do Réu.

O réu, ao responder a presente demanda, sustenta que que apesar


do Autor sustentar que se viu “obrigado” a adquirir um novo produto, tal fato não restou
comprovado nos autos. Pois segundo o requerido, o Autor não trouxe aos autos qualquer
meio de prova, principalmente uma nota fiscal para comprovar a data e o valor pago
nesse novo dispositivo.

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Tal alegação se deu em razão da inobservância do documentos
de id Num. 9767478468 - Pág. 46 destes autos, discrimina a data (25/03/2022), o valor
(R$ 9.849,00) e a descrição do produto adquirido (APPLE IPHONE 12 256GB NAC PT
- Nro de Série: 000353036114435065)

Reforçou, que número 5053348- 64.2022.8.13.0024, não houve


qualquer negativa da Apple em proceder com o reparo do aparelho celular, iPhone XS
Max, como determinado pela sentença; muito pelo contrário, foi o próprio Autor, o qual
atua em causa própria, quem dificultou o cumprimento da referida obrigação, pois a
própria requerida sustentou em sede contestação naqueles autos que a negativa da Apple
em proceder ao reparo do celular era legítima em razão do mau uso (id 9767476526,
pag 13/47).

Não é demais salientar que, a aquisição de um novo aparelho se


deu no dia 25/03/2022, dois dias após a requerida se recusar a promover o reparo do
aparelho do autor.

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O reparo no aparelho so foi realizado em dezembro de 2022,
após determinação do Juízo da 6ª Vara Cível desta Comarca, nos autos do processo
número 5053348-64.2022.8.13.0024 e, ainda com resistência da requerida em cumprir,
inclusive, a ordem judicial, consoante faz prova os documentos de ID 9767488001, pag.
21/35.

Como se vê, não merecem prosperar as alegações da requerida


com restou demonstrado na presente impugnação.

Diversamente do sustentado pela requerida, não pretende o


Requerente obter lucro algum com esta indenização, deseja somente a recomposição
material sofrido.

Conforme nos ensina novamente o Professor SILVIO


RODRIGUES, sobre a teoria do risco:

“Segundo esta teoria, aquele que, através de sua atividade, cria


um risco de dano para terceiros, deve ser obrigado a repará-lo,
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ainda que sua atividade e o seu comportamento sejam isentos de
culpa. Examina-se a situação e, se for verificada, objetivamente,
a relação de causa e efeito entre o comportamento do agente e o
dano experimentado pela vítima, esta tem direito de ser
indenizada por aquele.” (Rodrigues, Silvio, Direito Civil:
Responsabilidade Civil, Vol. 4, 17ª ed., 1999, Rio de Janeiro,
Ed. Saraiva. P.12).

O Eminente Jurista NELSON NERY JÚNIOR, um dos autores


do anteprojeto do Código de Defesa do Consumidor, ao tratar do tema de
responsabilidade, dispõe que:

“… A norma estabelece a RESPONSABILIDADE OBJETIVA


como sendo o sistema geral de responsabilidade do CDC.
Assim, toda indenização derivada da relação de consumo,
sujeita-se ao regime de responsabilidade objetiva, salvo quando
o Código expressamente disponha em contrário. ”E
arremata,”a responsabilidade objetiva do fornecedor pelos
danos causado ao consumidor, independentemente da
investigação de culpa…” (Grifos nossos)

No caso em tela, a Requerida tem a obrigação de indenizar, pois


resta claro o prejuízo financeiro causado pelo seu ato a Requerente.

Motivos pelos quais devem conduzir à indenização aos danos


materiais sofridos pelo autor.

II - DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Diversamente do sustentado pela requerida, é indiscutível a


caracterização de relação de consumo entre as partes, apresentando-se o Requerente,
que utilizaria o produto da Requerida como destinatário final, a teor do art.2º do CDC, e

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a Requerida que é fornecedora e e comercializa produtos, conforme determina o art.3º
do CDC, in verbis:

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou


privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

Com esse postulado, o Código de Processo Civil, consegue


abarcar que deve responder por todos os fornecedores, sejam eles pessoas físicas, ou
jurídicas, ficando evidente que quaisquer espécies de danos porventura causados aos
seus tomadores.

Portanto, não restam dúvidas que o negócio jurídico celebrado


entre as partes tem natureza consumerista, com total respaldo na Lei 8.078/90 (Código
de Defesa do Consumidor), que trata especificamente das questões em que fornecedores
e consumidores integram a relação jurídica, principalmente no que concerne a matéria
probatória.

Tal legislação, faculta ao magistrado determinar a inversão do


ônus da prova em favor do consumidor conforme seu artigo 06º, VIII:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[…]

VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de

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experiência.

Da simples leitura deste dispositivo legal, verifica-se, sem maior


esforço, ter o legislador conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência
de, presentes o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o consumidor for
hipossuficiente, poder inverter o ônus da prova.

Assim, presentes a verossimilhança do direito alegado e a


hipossuficiência da parte autora para o deferimento da inversão do ônus da prova no
presente caso, dá-se como certo seu deferimento.

III - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Diversamente do sustentado pela requerida, verificamos que o


presente caso trata-se de relação de consumo, sendo amparada pela lei 8.078/90, que
trata especificamente das questões em que fornecedores e consumidores integram a
relação jurídica, principalmente no que concerne a matéria probatória.

Tal legislação, faculta ao magistrado determinar a inversão do


ônus da prova em favor do consumidor conforme seu artigo 06º, VIII:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[…]

VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiência.

Da simples leitura deste dispositivo legal, verifica-se, sem maior


esforço, ter o legislador conferido ao arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência
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de, presentes o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o consumidor for
hipossuficiente, poder inverter o ônus da prova.

Assim, presentes a verossimilhança do direito alegado e a


hipossuficiência da parte autora para o deferimento da inversão do ônus da prova no
presente caso, dá-se como certo seu deferimento.

IV - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a parte autora, apresenta réplica ratificando os


termos da petição inicial, pugnando pelo deferimento de todos os pedidos ali
formulados, uma vez que não assiste razão aos argumentos de defesa trazidos pela ré.

Nestes termos pede deferimento.

Belo Horizonte, 20 de junho de 2023

GILSON ALVES RAMOS


OABMG 74315

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