Você está na página 1de 7

AO JUÍZO DA 2ª VARA DO TRABALHO DE XXXXXXXX/XX.

Processo de origem: XXXXXXX-XX.XXXX.XXX.XXXX


XXXXXX, doravante recorrente, já qualificada nos autos do processo em referência,
patrocinado pelo seu advogado regularmente constituído com procuraçã o anexa e ao final
signatá rio, estabelecido no endereço ..., inconformado com a vossa respeitá vel sentença à s
flsXXX, vem interpor o presente:
RECURSO ORDINÁRIO
amparado no art. 895, inciso I da CLT, visando à revisã o da decisã o, a partir dos fatos e dos
direitos a seguir expostos.
Termos em que pede deferimento.
XXXXXXX/XX, XX de XXXXX de XXXX
Advogado
OAB/XX NºXXXXX

AO JUÍZO DA 2º VARA DO TRABALHO DE XXXXXXXX/XX.


Processo nº 0010001-10.2017.518.0002
Recorrente: Maria José
Recorrido: XXXXXX
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho
Colenda Turma
Senhores Desembargadores

I – DOS FATOS
A reclamaçã o trabalhista ajuizada por XXXXXX foi julgada parcialmente procedente, sendo
deferidos os feriados laborados (em dobro), uma hora extra decorrente do nã o gozo
regular do intervalo intrajornada e indenizaçã o por danos morais no importe de R$
10.000,00.
Foi deferida a assistência judiciá ria gratuita também para a reclamada.
No caso em comento, embora se trate de recurso ordiná rio da reclamada, nã o é necessá rio
o pagamento de custas, nem a realizaçã o do depó sito recursal, vez que lhe foi deferida a
assistência judiciá ria gratuita.
Registra-se que a desnecessidade do referido depó sito somente passou a existir no mundo
jurídico com o advento da Lei no. 13.467/17, que introduziu o pará grafo 10 ao art. 899, da
CLT.
II – DOS DIREITOS
No tocante ao mérito, os fundamentos constantes na sentença acerca da procedência dos
pedidos.
1) Recurso Ordinário
O art. 895 da CLT dispõ e que é cabível recurso ordiná rio das decisõ es definitivas ou
terminativas do feito prolatadas pelas Varas do Trabalho ou “das decisões definitivas ou
terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária”, sempre
no prazo de 8 (oito) dias.
Além disso, é possível sua interposiçã o nas hipó teses elencadas na Sú mula no. 214 do TST,
conforme abaixo:
Redaçã o anterior (da Res. 43/95 - DJU 17/02/95 (Republicada DJU 22/03/95): «Sú mula
214 - As decisõ es interlocutó rias, na Justiça do Trabalho, só sã o recorríveis de imediato
quando terminativas do feito, podendo ser impugnadas na oportunidade da interposiçã o de
recurso contra decisã o definitiva, salvo quando proferidas em acó rdã o sujeito a recurso
para o mesmo Tribunal.» (Referências: CLT, arts. 799, § 2º, e 893, § 1º).
2) Pressupostos ou requisitos recursais
Para que os recursos trabalhistas sejam interpostos é necessá rio que sejam observados
alguns pressupostos ou requisitos.
O primeiro deles é o cabimento do recurso, isto é, cada recurso tem sua hipó tese de
cabimento definida em lei.
No caso sob exame, estamos diante de situaçã o envolvendo empregadora doméstica. O
tratamento do depó sito recursal para estes empregadores foi modificado pela Lei no.
13.467/17, que introduziu o pará grafo 9o, no art. 899, da CLT, que prevê que ele deve ser
feito pela metade quando se tratar de empregador doméstico, microempreendedores
individuais, microempresas, empresas de pequeno porte e entidades sem fins lucrativos.
Também deve ser levado em consideraçã o o novel pará grafo 10, do art. 899, da CLT, que
dispõ e que sã o “isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as entidades
filantrópicas e as empresas em recuperação judicial”.
Art. 899 - Os recursos serã o interpostos por simples petiçã o e terã o efeito meramente
devolutivo, salvo as exceçõ es previstas neste Título, permitida a execuçã o provisó ria até a
penhora. (Redaçã o dada pela Lei nº 5.442, de 24.5.1968) (Vide Lei nº 7.701, de 1988)
§ 10. Sã o isentos do depó sito recursal os beneficiá rios da justiça gratuita, as entidades
filantró picas e as empresas em recuperaçã o judicial. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Frisa-se a natureza de garantia do depó sito recursal, de modo que a quantia depositada nã o
pode ser sacada pelo reclamante ou pela reclamada enquanto o processo nã o transitar em
julgado.
O CPC de 2015 prevê, em seu art. 76, a possibilidade de regularizaçã o da representaçã o
processual também na fase recursal, o que foi admitido pelo Processodo Trabalho. Diante
da nova previsã o legal, o TST alterou a redaçã o da Sú mula no. 383, que passou a ter a
seguinte redaçã o:
Súmula no 383 do TST
RECURSO. MANDATO. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. CPC DE 2015, ARTS. 104 E
76, § 2o (nova redação em decorrência do CPC de 2015)- Res. 210/2016, DEJT divulgado em
30.6.2016 e 1 e 4.7.2016
I – É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada aos autos até o
momento da sua interposição, salvo mandato tácito. Em caráter excepcional (art. 104 do CPC
de 2015), admite-se que o advogado, independentemente de intimação, exiba a procuração
no prazo de 5 (cinco) dias após a interposição do recurso, prorrogável por igual período
mediante despacho do juiz. Caso não a exiba, considera-se ineficaz o ato praticado e não se
conhece do recurso.
II – Verificada a irregularidade de representação da parte em fase recursal, em procuração
ou substabelecimento já constante dos autos, o relator ou o órgão competente para
julgamento do recurso designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício.
Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a providência couber ao
recorrente, ou determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber
ao recorrido (art. 76, § 2o, do CPC de 2015).
3) Feriados laborais em dobro
O principal argumento a ser utilizado no tocante aos feriados laborados em dobro é que
eles já foram compensados pelas folgas inerentes ao sistema 12x36, vejamos abaixo:
O principal argumento a ser utilizado no tocante à invalidade do regime 12x36 é a falta de
amparo em norma convencional, o que é exigido pelo art. 7º, inciso XIII, da Constituiçã o
Federal de 1988 e pela Sú mula n. 444 do TST, a qual vejamos abaixo:
Art. 7º Sã o direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condiçã o social:
XIII - duraçã o do trabalho normal nã o superior a oito horas diá rias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensaçã o de horá rios e a reduçã o da jornada, mediante acordo ou
convençã o coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).
SÚMULA N.º 444 - JORNADA DE TRABALHO: é valida, em cará ter excepcional, a jornada de
doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada
exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convençã o coletiva de trabalho,
assegurada a remuneraçã o em dobro dos feriados trabalhados.
Muito embora a Sú mula invocada na decisã o de primeiro grau tenha previsã o de
pagamento dos feriados laborados no regime 12x36, deve-se ter em mente que ela nã o tem
efeito vinculante, ou seja, o livre convencimento do magistrado o autoriza a julgar contra o
entendimento jurisprudencial consolidado (Sú mula).
Em relaçã o aos domingos, deve-se invocar que a jornada 12x36 nã o é vá lida, o que macula
a alegada compensaçã o do domingo com folga em outro dia da semana.
É que prever o pagamento do feriado em dobro é desconsiderar a essência do regime
12x36, uma vez que o empregador seria obrigado a conceder folga ao obreiro, nã o sendo
praticado o sistema de 12 horas de trabalho por 36 de descanso.
Além disso, pode-se alegar que a folga compensató ria existe, uma vez que o trabalho
executado em dia de feriado já é automaticamente compensado pelas folgas naturais
inerentes ao regime 13x36.
4) Intervalo Intrajornada
Em relaçã o ao intervalo intrajornada, a pretensã o reformató ria deve abarcar os aspectos
fá ticos, ou seja, de que nã o é crível que o obreiro ficasse sem pausa para refeiçã o e
descanso durante 12 horas de trabalho, ainda mais em se tratando de enfermo idoso, que
dormia e assistia televisã o ao longo do dia.
O fundamento a ser utilizado para combater a indenizaçã o por danos morais é de que o art.
29, pará grafo 2o, c, da CLT, assevera que a anotaçã o da rescisã o deve constar na CTPS, sem
qualquer ressalva quanto à dispensa motivada, conforme demonstrado abaixo:
Art. 29. O empregador terá o prazo de 5 (cinco) dias ú teis para anotar na CTPS, em relaçã o
aos trabalhadores que admitir, a data de admissã o, a remuneraçã o e as condiçõ es especiais,
se houver, facultada a adoçã o de sistema manual, mecâ nico ou eletrô nico, conforme
instruçõ es a serem expedidas pelo Ministério da Economia. (Redaçã o dada pela Lei nº
13.874, de 2019)
§ 2º - As anotaçõ es na Carteira de Trabalho e Previdência Social serã o feitas: (Redaçã o
dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Além disso, ainda que houvesse equívoco quanto à anotaçã o, ela nã o gerou qualquer dano
ou prejuízo ao trabalhador, razã o pela qual a reparaçã o civil nã o deve subsistir.
É cabível mencionar que o intervalo mínimo de uma hora foi corretamente usufruído pelo
reclamante.
5) Redução do valor arbitrado a título de indenização por danos morais
A decisã o de primeiro grau condenou a reclamada ao pagamento de indenizaçã o por danos
morais no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais) pelo fato de ter sido aposto na CTPS do
trabalhador que a rescisã o do contrato de trabalho se deu por justa causa.
De acordo com adisposiçã o do art. 29, pará grafo 2o, c, da CLT, que determina que a
anotaçã o da rescisã o do contrato de trabalho deve constar na CTPS, sem qualquer ressalva.
Além disso, deve-se aduzir que nã o estã o presentes no caso concreto os requisitos
ensejadores da reparaçã o civil, notadamente o dano a qualquer direito da personalidade do
trabalhador.
Deve-se partir do pressuposto de que a sentença pode ser mantida. Neste caso, o valor de
R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Dito isso, deve-se invocar o princípio da eventualidade para pleitear a reduçã o da quantia
arbitrada a título de danos morais.
Esta pretensã o reformató ria nã o irá esvaziar a tese de que nã o há dever de indenizar, mas,
apenas, de maneira sucessiva, poderá ser atacada, caso o Tribunal Regional do Trabalho
entenda que é caso de reparaçã o civil.
Os argumentos jurídicos que podem ser utilizados sã o a razoabilidade e a
proporcionalidade entre o dano e o montante fixado. Sugere-se a leitura do acó rdã o
prolatado pelo Tribunal Superior do Trabalho no processo no. 0011056-
10.2015.5.03.0062, em que a quantia arbitrada a título de danos morais foi reduzida.
Pugna-se pela reduçã o do valor arbitrado a título de indenizaçã o por danos morais, com
fulcro na razoabilidade e na proporcionalidade entre a conduta e o dano.
Vejamos abaixo o que o STJ menciona:
STJ - AGRAVO INTERNO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA AgInt no RMS 51041
MS 2016/0121264-1 (STJ) PRINCÍPIOS DA EVENTUALIDADE, COMPLEMENTARIDADE E
PRECLUSÃ O. APLICAÇÃ O. INTEMPESTIVIDADE. RECONHECIMENTO. 1. Publicado o
acó rdã o recorrido em 23 de fevereiro de 2016, ainda na vigência do CPC/1973, o exame
dos pressupostos de admissibilidade do recurso deve observar a diretriz contida no
Enunciado Administrativo n. 2, aprovado pelo Plená rio do STJ na Sessã o de 9 de março de
2016. 2. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que os recursos devem estar
perfeitos, completos e acabados no momento de sua interposiçã o, em observâ ncia aos
Princípios da Eventualidade, da Complementaridade e da Preclusã o. 3. Publicado o
acó rdã o em 23 de fevereiro de 2016, a apresentaçã o do inteiro teor da peça recursal
apenas em 21 de março de 2016 extrapolou o prazo de quinze dias previsto nos artigos 508
do CPC/1973 e 247 do RISTJ, impedindo seu conhecimento. 4. Agravo interno a que se nega
provimento.
6) Pagamento de honorários advocatícios
Recorrer, ainda, da condenaçã o ao pagamento de honorá riosadvocatícios. A petiçã o inicial
foi distribuída antes davigência da Lei no. 13.467/17, que o instituiu.
Questiona-se a constitucionalidade do art. 791-A, da CLT, vez que um beneficiá rio da justiça
gratuita é reconhecido pelo Poder Judiciá rio como incapaz de arcar com os custos
processuais, conforme citado abaixo:
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa pró pria, serã o devidos honorá rios de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o má ximo de 15% (quinze
por cento) sobre o valor que resultar da liquidaçã o da sentença, do proveito econô mico
obtido ou, nã o sendo possível mensurá -lo, sobre o valor atualizado da causa. (Incluído pela
Lei nº 13.467, de 2017).
Ora Excelência, como, entã o, pode ser determinado o pagamento de honorá rios
advocatícios?
III – DO PEDIDO
a) Reque-se o provimento do Recurso Ordiná rio.
Termos em que pede deferimento.
Cidade, XX de XXXXXX de XXXX.
Assinatura do Advogado
OAB/XX XXXX
_______________
Leia mais:
• Assédio moral: existe ou é desculpa de funcionário que não quer trabalhar?
• Golpe do boleto falso: alguém cai nesse golpe
• 9 casos práticos trabalhistas: em parceria com o Dr. Kayo Melo
• Estelionato sentimental: existe ou será só um desgaste emocional e psicológico?
• 6 Pilares essenciais para ser um ser humano inestimável, bem como um
profissional excelente
• Meios alternativos de solução de conflitos - Mediação, Conciliação e Arbitragem
• Auxílio Doença: 13 informações importantes
• 10 Passos para acionar o Reembolso de Despesas Médicas (DAMS) -DPVAT
_______________
Quer contribuir com alguma opinião ou sugestão?
Deixe aqui nos comentários!
Obrigada pela leitura e até a próxima!
Fique à vontade para me seguir nas redes sociais:
• Instagram: https://www.instagram.com/priscyllasouzajuridico/
• Facebook: https://www.facebook.com/home.php?ref=wizard
• Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCNWysrI_ZmPz0_frUVrXt8A
• Blog: https://previdenciariocompriscyllasouza.wordpress.com/?ref=spelling

Você também pode gostar