Você está na página 1de 15

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA DOUTA

_____a VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE


_______________________.

Nome , brasileira, divorciada, APOSENTADA, com 57 anos de idade,


portadora do RG n° 00000-00, inscrita no CPF/MF sob n° 000.000.000-00,
residente e domiciliada na Endereço, CEP: 00000-000, por seu advogado e
bastante procurador abaixo assinado - Nome, inscrito na 00.000 OAB/UF - E-
mail: email@email.com (doc. anexo), vem, mui respeitosamente, perante V.
Exa., requerendo a concessão dos benefícios da JUSTIÇA GRATUITA , na
forma do artigo 98 do NCPC, propor a presente

AÇÃO DECLARATORIA DE NULIDADE DE COBRANÇA ABUSIVA DE


SEGURO CRÉDITO PRESTAMISTA - VENDA CASADA CUMULADA COM
REPETIÇÃO DE INDÉBITO

Em face de BANCO DO BRASIL S/A, instituição financeira inscrita no


CNPJ/MF sob o n° 00.000.000/0000-00, com endereço e sede na Endereço,
CEP 00000-000, São Paulo; pelas alegações de fatos e razões de direito
abaixo alinhadas.

I - DOS FATOS

Douto Julgador, a Autora sempre foi cliente e consumidora dos serviços


bancários do Banco Réu, onde Possui Contratos Consignados, sendo titular da
Conta Corrente n° _______________________., da Agência n°
_______________________.

Ao Contrair os Empréstimos Consignados ou Refinanciar os Saldos


Devedores, o Banco Réu acresceu indevidamente e de forma abusiva,
encargos de seguro de crédito protegido ou "Seguro Prestamista", sem
anuência expressa do consumidor.

Os Contratos em discussão estão identificados como " Contrato de


Empréstimo Consignado", cujos Valores Financiados foram Acrescidos do
indevido e abusivo "Seguro Prestamista" , este decorrente de venda casada
com imposição ao consumidor que não é consultado, sequer orientado, apenas
cobrado de encargo do qual lhe foi imposto de forma onerosa e unilateral.
Abaixo a Relação dos Contratos e Valores dos Seguros cobrados em cada um:

1 - Contrato/Proposta n° (00)00000-0000 - Firmado em 16/12/2014 - Valor do


Seguro: R$ 00.000,00 (80 parcelas x 106,15) - BB SEGURO CRÉDITO
PROTEGIDO;

2 - Contrato/Proposta n° (00)00000-0000 - Valor do Seguro: R$ 00.000,00 (84


parcelas x 87,30) - BB SEGURO CRÉDITO PROTEGIDO;

3 - Contrato/Proposta n° (00)00000-0000 - Firmado em 05/09/2014 - Valor do


Seguro: R$ 00.000,00 (91 parcelas x 104,00) - BB SEGURO CRÉDITO
PROTEGIDO - vinculado ao Contrato n° (00)00000-0000;

4 - Contrato/Proposta n° (00)00000-0000 - Firmado em 20/05/2019 - Valor do


Seguro: R$ 00.000,00 (121 parcelas x 194,29) - BB SEGURO CRÉDITO
PROTEGIDO - vinculado ao Contrato n° (00)00000-0000;

5 - Contrato/Proposta n° (00)00000-0000 - Firmado em 24/05/2018 - Valor do


Seguro: R$ 00.000,00 (108 parcelas x 159,35) - BB SEGURO CRÉDITO
PROTEGIDO - vinculado ao Contrato n° (00)00000-0000;

6 - Contrato/Proposta n° - Firmado em 23/07/2020 - Valor do Seguro: R$


00.000,00 - BB SEGURO CRÉDITO PROTEGIDO;

______________ __ Valor Total do SEGURO COBRADO: R$ 00.000,00


Pelo que se depreende dos Extratos das Operações financeiras havida
entre as partes - foram ACRESCIDOS despesas vinculadas a título de Valores
de Seguro " Seguros " no importe total de R$ 00.000,00 , o que possibilitou um
aumento excessivo do saldo devedor e, assim, causando desequilíbrio
contratual.

Constata-se que o Banco Réu é a própria Instituição Financeira


estipulante e única beneficiária do seguro, ou seja, não houve participação do
consumidor, sequer escolha ou anuência. A Cobrança foi imposta de forma
unilateral, caracterizando Prática ilegal, na forma do Artigo 39, I, do Código do
Direito do Consumidor, combinado com o Artigo 51 do mesmo Diploma
Consumerista.

No entanto, em que pese à continuação do contrato, pretende o Autor


corrigir algumas ilegalidades que vêm sendo exigidas pelo Requerido, que se
aproveita da diferença própria das relações de consumo e dos poderes
conferidos pelos instrumentos de adesão, para com isso se enriquecer
ilicitamente, causando prejuízo de montante considerável à Autora.

A cobrança, da forma como estabelecida contratualmente de forma


unilateral, ensejou débito que, à evidência, não corresponde à contraprestação,
desrespeitando, portanto, a natureza da avença.

Ocorre, Excelência, que no tocante ao seguro imposto ao consumidor, o


Réu está a exigir da Autora encargo abusivo e indevido decorrente de venda
casada, em valor expressivo que favorece o enriquecimento ilícito do
Fornecedor em detrimento do consumidor. Assim, o Réu incorreu em
procedimento lesivo ao patrimônio da Autora, justamente na forma mais cruel e
perniciosa com a qual nossas diretrizes sócio-econômicas (e o direito
acompanha), por questão de sobrevivência, quer banir.

O contrato havido entre as partes NÃO ESTABELECE expressamente a


anuência da Autora sobre o acréscimo do encargo de seguro crédito protegido,
informação omitida do consumidor no contrato, sendo portanto, incabível e
inadmissível a sua cobrança, que deve ser afastada, sob pena de
enriquecimento ilícito do Banco em desfavor do consumidor.
E mais, a cobrança de seguro agregada ao contrato, imposta
unilateralmente pelo credor sem qualquer explicação, configura cláusula
potestativa. Sua previsão afronta o estabelecido nos artigos 166 do Código
Civil e artigo 51, inciso X do Código de Defesa do Consumidor, razão pela qual
não possui qualquer validade jurídica. Disso infere que a fixação do respectivo
percentual ficará a critério exclusivo do credor, sem qualquer participação do
devedor, o que se revela inconcebível.

Isso porque se trata de venda casada, já que o seguro foi indevidamente


inserido em contrato bancário pela própria instituição financeira estipulante
tendo ela mesma como beneficiária.

O Código de Defesa do Consumidor veda a prática da chamada "venda


casada", ou seja, o condicionamento de fornecer um produto ou serviço ao
fornecimento de outro produto ou serviço, nos termos do artigo 39, Inciso I do
CDC (Lei 8.078/90).

Diante dos fatos acima relatados, a Autora necessita da Revisão


Contratual, a fim de que seja afastada a irregularidade praticada pelo Banco
Réu, bem como seja afastado o encargo contratual que foi acrescido de forma
unilateral sobre o saldo devedor a caracterizar o enriquecimento ilícito do
banco em detrimento do consumidor, parte vulnerável e hipossuficiente
tecnicamente.

Requer assim, com fundamento nos termos do Artigo 39, I, do Código do


Direito do Consumidor, combinado com o Artigo 51 do mesmo Diploma
Consumerista , ao Final a PROCEDÊNCIA DA LIDE para que seja
DECLARADA a Nulidade da Cobrança imposta pelo Banco Réu com relação à
exigência unilateral dos encargos de seguro crédito, cujo valor REQUER SEJA
RESTITUÍDO ao final, com juros e correção monetária desde a data do
Contrato (data que a Cobrança indevida e unilateral foi imposta e acrescida ao
Financiamento).

O direito da Autora é legalmente amparado pela Carta Magna de 1988,


pela Lei n° 4.595/64, pelo Decreto-lei n° 22.626/33, art. 1°, pela Lei Federal n°
8.078/90 - Código de Defesa do Consumidor; pela Lei Federal n° 10.820/2003
e pela jurisprudência de nossos EE. Tribunais, bem como pela doutrina
emanada pelos nossos jurisconsultos.

DO SEGURO AGREGADO AO FINANCIAMENTO - VENDA CASADA


imposta de forma unilateral

Douto Julgador, o Autor NÃO CONCORDA com a Cobrança unilateral


do valor que foi agregado ao valor financiado, imposto no ato da pactuação das
operações financeiras, referente ao seguro.

Importante salientar que a cobrança do valor do seguro elevou o valor


da dívida gerando mais onerosidade ao mutuário.

A Cobrança Unilateral de Seguro foi imposta ao consumidor, prática


vedada pelo artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor combinada com o
artigo 166 do Novo Código de Processo Civil, assim o valor cobrado
abusivamente, deve ser restituído pelo Banco Réu, desde a data inicial da
Contratação com acréscimo de juros e correção monetária.

Numa relação comercial-financeira a parte mutuária adquire o


empréstimo com alguma finalidade específica. Beneficia-se do numerário
emprestado para realizar o desejo, e aceita ser onerada com a cobrança de
juros e encargos para suprir tal necessidade.

A onerosidade é inerente à relação financeira, pois pressupõe uma


troca: empréstimo do capital para usufruir a uma determinada finalidade e em
contrapartida, o ônus do pagamento da remuneração via juros.

A questão em tela é a ocorrência de onerosidade excessiva, isto é,


onerosidade gerada em demasia, a qual, lesou a parte hipossuficiente. Nota-
se, de forma clara, a cobrança de onerosidade excessiva com a imposição de
encargos de seguro de forma unilateral.

O seguro imposto unilateralmente em forma de venda casada no ato da


pactuação do contrato de empréstimo, foi agregado ao saldo devedor e elevou
os valores das prestações/dívida gerando mais onerosidade ao mutuário.

Ademais, é de uma clareza solar que o lucro exorbitante auferido pelo


estabelecimento bancário caracteriza enriquecimento sem causa, indo de
encontro às normas que regem a matéria, propiciando concentração de renda e
dando azo ao abuso do poder econômico em detrimento da Autora.

No caso em tela, perfeitamente cabível a revisão do contrato firmado


entre as partes, cabendo ao Judiciário adequá-los nos termos do ordenamento
jurídico vigente.

Assim, a Autora foi obrigada a pagar por dívida, criada pelo acréscimo
de encargo abusivo, imposto de forma unilateral que não pode e não deve ser
referendada pelo Judiciário.

Em relação à indevida cobrança do seguro impugnado, a questão já foi


analisada pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso
Especial n° 1.00.000 OAB/UF , sob o rito dos recursos repetitivos, nos
seguintes termos:

DIREITO BANCÁRIO. DESPESA DE PRÉ-GRAVAME. VALIDADE


NOS CONTRATOS CELEBRADOS ATÉ 25/02/2011. SEGURO DE
PROTEÇÃO FINANCEIRA. VENDA CASADA. OCORRÊNCIA .
RESTRIÇÃO À ESCOLHA DA SEGURADORA. ANALOGIA COM O
ENTENDIMENTO DA SÚMLUA 473/STJ. DESCARACTERIZAÇÃO DA
MORA. NÃO OCORRÊNCIA. ENCARGOS ACESSÓRIOS. 1.
DELIMITAÇÃO DA CONTROVÉRSIA: Contratos bancários celebrados
a partir de 30/04/2008, com instituições financeiras ou equiparadas,
seja diretamente, seja por intermédio de correspondente bancário, no
âmbito das relações de consumo.

2. TESES FIXADAS PARA OS FINS DO ART. 1.040 DO CPC/2015:

2.1 Abusividade da cláusula que prevê o ressarcimento pelo consumidor


da despesas com o registro do pré-gravame, em contratos celebrados a partir
de 25/02/2011, data de entrada em vigor da Res. CMN 3.954/2011, sendo
válida a cláusula pactuada no período anterior a essa resolução, ressalvado o
controle da onerosidade excessiva.
2.2 Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser
compelido a contratar seguro com a instituição financeira ou com seguradora
por ela indicada.

2.3 A abusividade de encargos acessórios do contrato não


descaracteriza a mora.

3. CASO CONCRETO:

3.1. Aplicação da tese 2.1 para declarar válida a cláusula referente ao


ressarcimento da despesa com o registro do prégravame, condenando-se
porém a instituição financeira a restituir o indébito em virtude da ausência de
comprovação da efetiva prestação do serviço.

3.2. Aplicação da tese 2.2 para declarar a ocorrência de venda casada


no que tange ao seguro de proteção financeira.

3.3. Validade da cláusula de ressarcimento de despesa com registro do


contrato, nos termos da tese firmada no julgamento do Tema 958/STJ, tendo
havido comprovação da prestação do serviço.

3.4. Ausência de interesse recursal no que tange à despesa com


serviços prestados por terceiro.

4. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA


EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO. (STJ REsp repetitivo n°.
1.639.259-SP, Rel. Min. PAULO DE TARSO SANSEVERINO , J. 12.12.2018)

(Grifos nossos)

A contratação deve ser considerada ilegal se não tiver sido dada


oportunidade ao consumidor de contratar o mesmo serviço com outra
seguradora, por configurar venda casada.

O Banco Réu IMPÔS A COBRANÇA DE SEGURO DE FORMA


UNILATEAL caracterizando "Venda casada" a imposição de encargos com a
contratação de seguradora pertencente ao mesmo grupo econômico da
instituição financeira, sem que fosse oportunizada a escolha pelo consumidor.
Diante de toda evidência verifica-se a necessidade de uma revisão do
contrato, anulando consequentemente a cobrança de seguro imposta
unilateralmente, tudo conforme restará amplamente a seguir demonstrado.

Desta forma, não cabendo mais medidas administrativas da Autora para


com o Requerido, não lhe resta alternativa, senão recorrer-se ao poder
judiciário para valer-se de seus direitos como cidadão e principalmente, como
consumidor, requerendo ao final a Procedência da lide para Declarar a
Nulidade da Cobrança unilateral de Seguro Crédito Protegido e Condenar o
Banco Réu à devolução de forma simples do valor cobrado e acrescido ao
financiamento de forma a onerar o contrato, e caracterizar enriquecimento
ilícito do Banco em detrimento do consumidor.

II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

DA INEXISTÊNCIA DE CONTRATO FORMAL ENTRE AS PARTES

Douto Julgador, a Autora informa que INEXISTE contrato formal ou


específico, que seja totalmente válido e capaz, e que esteja devidamente
assinado pelas partes.

O Banco Réu, ignorando a inexistência de contrato específico, faz incluir


em seus cálculos, encargos de seguro imposto de forma unilateral.

Assim, inexistente contrato específico, evidente que o Réu não pode e


não deve calcular o saldo devedor com acréscimo de encargo, de forma
unilateral e sem o conhecimento do consumidor.

Dessa forma, os valores apresentados pelo Banco Réu nas Operações


de Empréstimo Pessoal e Recomposição de Dívidas, são indevidos, inverídicos
e impossíveis, pois são calculados com encargos ilegais e não contratados de
forma específica.
A INEXISTÊNCIA DE CONTRATO ESPECÍFICO ENTRE AS PARTES,
gera a nulidade e abusividade da cobrança de seguro , por inexistência de
previsão contratual, o que se requer desde já.

O Contrato havido entre as partes, é um típico contrato de adesão e sem


qualquer especificação de números, taxas de juros, encargos, e não possui
assinatura das partes.

Resta evidente que, NÃO Havendo CONTRATO ESPECÍFICO firmado


entre as partes, o Banco Réu NÃO PODE COBRAR SEGURO DE FORMA
UNILATERAL e EXTORSIVA, posto que não contratado e não previsto em
contrato, considerando ainda, que a contratação não pode ser presumida, pois
deve ser demonstrada e comprovada.

DA VIOLAÇÃO CONTRATUAL E NULIDADE DE CLÁUSULAS

Conforme esclarecido nas razões supra citadas, o Requerido, vem


infringindo a lei, o contrato e a Magna Carta desde o cálculo da primeira
prestação, pois, desde a primeira prestação, já houve ACRÉSCIMO DO
SEGURO de forma unilateral, o que é vedado em nossa legislação.

A possibilidade aberta ao Réu de acrescer encargos que melhor lhe


convém, coloca a Autora em desvantagem exagerada, permite-lhe alterar o
conteúdo do contrato e ocasionar uma variação no preço do serviço de modo
unilateral, atos esses, incompatíveis com a boa-fé.

Por conseguinte, a relação jurídica de Direito Material foi estabelecida


em contrato de financiamento que, em suma, estabelece o seguinte: o
interessado, com renda mínima pré-fixada pelo agente financeiro, toma o
financiamento por prazo determinado, sendo a prestação reajustada, de forma
plena.

Extrai-se a partir daí, o que conhecemos por situação jurídica


consolidada, fixando-se um equilíbrio justo e social que possibilite ao devedor
cumprir a obrigação até o fim do prazo estabelecido, e o Estado, por sua vez,
cumprindo a sua finalidade social, atendendo-se à " mens legis " constitucional
do fator da habitação. O interessado adquire com " animus rem sibi habendi ",
isto é, com a intenção de possuir a coisa para si, fato esse previsto pelo
legislador no Art. 5°, incisos XXII e XXIII da Constituição Federal, que assim
preceitua:

" XXII - é garantido o direito de propriedade;"

"XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;"

Entretanto, o Requerido vem corrigindo as prestações segundo


percentuais não condizentes com o avençado e com os princípios norteadores
do Sistema Financeiro, fazendo com que seus valores cobrados a maior
caracterizem enriquecimento ilícito em detrimento do consumidor.

DA ABUSIVIDADE DO SEGURO CRÉDITO PROTEGIDO - IMPOSIÇÃO


UNILATERAL

Quanto à imposição à Autora de seguro obrigatório, por empresa do


mesmo grupo da instituição financeira ( Seguros. ) dúvida não há de que tal
comportamento é abusivo.

Isso porque, embora se trate de prática corriqueira, acaba por lesar


direitos básicos do consumidor, na medida em que não lhes é dada a opção de
escolha de contratação de seguradora, para buscar no mercado um valor que
melhor lhes convém.

Ademais, verifica-se que a contratação é abusiva e ilegal tendo em vista


não só a ausência da sua finalidade contratual, bem como pela não exibição da
apólice do seguro supostamente oferecido pelo banco.

Oportuno mencionar que a obrigação contratual do Requerente de


contratar seguro com seguradora específica determinada contratualmente pela
Requerida, configura "venda casada", de modo que, novamente a requerida
incorreu em prática abusiva.

De fato, o art. 39, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor,


determina ser vedado ao fornecedor de produtos e serviços condicionar o
fornecimento de produto ou serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço. Nesse sentido:

" Art. 39 . É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre


outras práticas abusivas:

I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao


fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa
causa, a limites quantitativos ...". (grifos nossos)

Eis o presente caso, pois para que a Requerente conseguisse obter o


financiamento, o Réu a obrigou a contratar seguro, junto à seguradora por ele
indicada e pertencente ao mesmo grupo econômico.

Logo, tratando-se de "venda casada", com estipulação da própria


instituição financeira e tendo ela como beneficiária, de rigor a declaração de
nulidade da cláusula contratual, face sua abusividade. Nesse sentido:

"CONTRATO - Seguro - "Operação casada" - Celebração de


contratos de mútuo condicionados à adesão da mutuaria a
contratos de seguro com instituição financeira do mesmo grupo
econômico - Existência de um seguro para cada mútuo realizado
entre as partes, nas mesmas datas, com prêmios equivalentes a
1% da quantia liberada respectivamente em cada empréstimo. -
"Venda casada" caracterizada - Vedação - CODECON, art. 39, I
- Procedência em parte da ação, para declarar a nulidade do
contrato de seguro em causa e condenar o banco fornecedor de
serviços à repetição de indébito em dobro dos valores recebidos
a título de prêmio. - Acórdão embargado mantido – Recurso
rejeitado." (Embargos Infringentes n.° 00000-00/01, 23a Câmara
de Direito Privado, Rel. Des. OSÉAS DAVI VIANA , Julgado em
04/06/2008).

O caso é de devolução em dobro, dada a má-fé da instituição financeira,


no ludibriar o consumidor com a inserção de uma cláusula ilegal, nos termos do
que dispõe o art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - ART. 6°, VIII, DA LEI N° 8.078/90

O mecanismo do ônus da prova previsto pelo art. 373, do CPC, após o


advento do CDC, foi significativamente alterado.

É que pelo art. 6°, VIII, do CDC é autorizado ao juiz proceder à inversão
do ônus da prova, deslocando-o do destinatário final de bens e serviços para o
respectivo fornecedor, quando na direção do processo verificar a
"verossimilhança" da alegação ou a "hipossuficiência" do consumidor.

Esse benefício do art. 6°, VII, do CDC, em outras palavras, confere ao


consumidor lesado a vantagem de não precisar provar o fato alegado, cabendo
ao prestador dos serviços o ônus de ilidir a presunção que milita em favor do
consumidor.

Essa inversão do ônus da prova nada mais é que um instrumento eficaz


para garantir a tutela jurisdicional efetiva ao consumidor, prevenindo-o dos
abusos praticados pela parte forte na relação judicial.

Vale dizer: a inversão do ônus da prova garante igualdade de condições


entre o hipossuficiente da relação [neste caso a Autora] e o fornecedor de bens
e serviços (no caso a Ré) um dos maiores bancos do Brasil.

A propósito, ao dissertar sobre o assunto, o insigne jurista Nome , com


sua maestria costumeira, ensina:

"(...) como o CDC reconhece o consumidor como a parte mais


fraca na relação de consumo, para que se tenha isonomia é
necessário que sejam adotados certos mecanismos, como a
inversão do ônus da prova, que trata desigualmente os
desiguais, desigualdade reconhecida e fundamentadora da
própria lei. "A literatura tem apontado como escopo maior do
processo civil o atingimento da igualdade efetiva, de fato, e
não apenas e tão-somente a igualdade jurídica." Isonomia
substancial é a palavra de ordem, igualdade real para que se
atinja o justo, inibindo litigantes não eventuais, de
perpetuarem suas práticas abusivas." ("Princípios do
Processo Civil na Constituição Federal", 5a ed., Ed. RT,1999)
Como afirmado, há evidências no contexto fático dando conta de que o
Réu acresceu indevidamente encargos de forma unilateral ao financiamento, a
onerar o consumidor de forma demasiada.

Estão presentes os requisitos para a inversão do ônus da prova: há


verossimilhança da alegação (cobrança abusiva e unilateral de seguro) e há
hipossuficiência por parte da Autora eis que diante da potência estrutural e
financeira que representa a empresa situada no pólo passivo da presente
relação processual. Por isso cabe à Ré elidir essa presunção que milita em
favor da Autora.

Assim, como o CDC inverteu " ipso iure " o ônus da prova, deve ser
deferida a inversão do ônus da prova, com fundamento no art. 6°, VIII, do CDC,
cabendo à Ré ilidir a veracidade dos fatos alegados pela Autora no que diz
respeito ao acréscimo ilegal de seguro ao contrato em forma de venda casada,
não admitida em Nosso Ordenamento Jurídico.

III - DAS PROVAS

Para a instrução do presente feito, a Autora requer a produção de todos


os meios de provas, como documental especialmente os documentos ora
juntados, pericial e qualquer outra que se fizer necessária para compor o
conjunto probatório (art. 369 e seguintes do NCPC), inclusive a perícia contábil
às expensas da Ré devido a hiposuficiência da Autora em relação à mesma,
bem como a exibição do contrato com os devidos cálculos especificados da
procedência dos valores apontados, tudo na linha do que já decidiu o E. STJ no
AgRg. no Ag n° 49.124-2-RS, j. em 04/10/1994, RSTJ 66/26: " Prova. Código
de Defesa do Consumidor. Inversão do ônus da prova. Contrato bancário. Pode
o Juiz determinar que o réu apresente a cópia do contrato que o Autor pretende
revisar em juízo. Aplicação do disposto no artigo 3°, § 2°, do Código de Defesa
do Consumidor. Arts. 396 e 283 do CPC" .

Ainda, na forma do art. 6°, VII, do CDC, deferindo a inversão do ônus da


prova, a Autora requer se digne V. Exa., a fim de promover auditoria no(s)
contrato(s) firmado(s) entre as partes, determinar à Ré que forneça toda
documentação relacionada aos fatos aqui discutidos - contrato(s) e extrato(s)
desde a primeira avença - assim como planilha onde demonstre contabilmente
o débito atual e como o compôs, discriminando, inclusive, taxas e a fórmula
utilizada para o cálculo dos juros.

IV - DO PEDIDO

Posto isto, amparada pelos dispositivos legais mencionados e pelos doutos


suprimentos deste E. Juízo, a Autora requer se digne V. Exa .:

A) ante o fato de estar passando por dificuldades financeiras, não logrando


êxito em apurar rendimento suficiente a fim de propiciar o seu próprio sustento,
assim como de seus familiares, muito menos para fazer frente às despesas
judiciais para defender seus direitos, com fundamento no disposto no art. 98 do
NCPC combinado com o art. 4°, da Lei Federal n° 1.060/50, deferir-lhe os
benefícios da Justiça Gratuita .

B) " in limine " e " inaudita altera pars ", na forma do art. 6°, VII, do CDC
combinado com o artigo 400 do NCPC, deferir a inversão do ônus da prova,
determinando-se ao Réu que apresente o contrato de empréstimo e
renegociações de dívidas vinculados, mais instrumentos contratuais que
justifiquem a cobrança de seguro, para que seja refeita a perícia e recalculados
os valores das prestações;

C) no mérito, com fundamento nos termos do Artigo 39, I, do Código do Direito


do Consumidor, combinado com o Artigo 51 do mesmo Diploma Consumerista,
JULGAR PROCEDENTE a presente ação para DECRETAR A NULIDADE da
cobrança de "Seguros", bem como, seja a Instituição Financeira Requerida
CONDENADA NA REPETIÇÃO DE INDÉBITO a devolver de forma simples o
valor cobrado indevidamente a título de Seguro Prestamista, no valor total
apurado de R$ 00.000,00 (Sessenta e Sete mil, duzentos e sessenta e dois
reais e cinquenta e quatro centavos), acrescidos de juros e correção monetária
desde a data da Contratação (data em que foi imposta indevidamente a
cobrança) até o seu efetivo pagamento, consubstanciados nos pagamentos a
maior efetivados pela Autora (Lei n° 8.078/90 - CDC) e de ACORDO COM O
PRECEDENTE JURISPRUDENCIAL do STJ REsp repetitivo n°. 1.00.000
OAB/UF , Rel. Min. Nome SANSEVERINO , J. 12.12.2018;
D) condenar o Réu nas custas, despesas processuais, honorários de
advogados, estes fixados em 20,0% (Vinte por Cento) sobre o valor da
condenação, e demais cominações legais e de praxe, tudo devidamente
atualizado monetariamente e acrescido dos juros de mora.

V - DO REQUERIMENTO

A Autora requer digne-se V. Exa., Determinar a Citação do Réu, na pessoa de


seu representante legal, por via postal, na forma do artigo 335 NCPC, devendo
a ordem ser expedida pelo correio (art. 248 NCPC), por carta registrada, para
que, no prazo legal, com as advertências legais e sob as penas do art. 344
(revelia), ofereça a defesa que entender cabível, devendo acompanhar o feito
em seus demais atos e termos, até sentença final que, se espera, julgará a
ação procedente na forma do pedido.

VI - DA DISPENSA DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

A Autora REQUER A DISPENSA da audiência de Conciliação prevista no


artigo 334, caput do NCPC , nesta fase preliminar da Ação Judicial , tendo em
vista as infrutíferas tentativas extrajudiciais de composição, considerando,
ainda, que deve ser INSTAURADO O CONTRADITÓRIO, fato que nada
impede ou impedirá as partes postularem a homologação de acordos
extrajudiciais ou requererem, em conjunto e a qualquer tempo, designação de
audiência conciliatória.

VII - DO VALOR DA CAUSA

Para os devidos fins e na melhor forma de direito, a Autora dá à presente o


valor de R$ 00.000,00 para efeitos de alçada.

Termos em que, com a compreensão necessária

Pede e espera deferimento.

Local e data .

Nome

Adv _______________________.

Você também pode gostar