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DA COMARCA DE
QUALIFICAÇÃO COMPLETA AUTOR, vem perante Vossa Excelência, por seu
procurador abaixo assinado, com fundamento nos arts. 4º, art. 6º, III, VI, VII, art.
18, ambos da lei 8.078/1990, além do art. 5º, X e XXXV da Constituiçã o Federal e
arts. 186 e 927, ambos do Có digo Civil, propor
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM
PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
I – DOS FATOS
A Requerente, em DATA, adquiriu junto à segunda requerida um aparelho
MODELO, nú mero de série: , pelo valor de R$, conforme nota fiscal anexa.
Apó s notar defeito em seu aparelho, a requerente entrou em contato com a
primeira requerida. Neste contato um agente do suporte técnico rodou um
diagnó stico no aparelho, sendo confirmado o defeito.
Tendo em vista haver menos de cinco meses de uso do aparelho, e ser ofertada
garantia de um ano contado da data da compra pelo usuário final, a requerente
solicitou o reparo do aparelho, porém foi informada que o seu aparelho havia sido
originalmente ativado em 30 de março de 2018, estando, desta forma, fora da
garantia contratual.
Apó s esta informaçã o a requerente tentou de todas as formas resolver este
impasse, pois, adquiriu o aparelho celular como se novo fosse, em DATA DA
COMPRA, inclusive com a caixa lacrada e todos os acessó rios, devendo o aparelho
estar na garantia quando apresentou o defeito.
Tendo em vista a nã o resoluçã o do problema junto as requeridas a requerente
buscou auxílio junto ao PROCON, onde em decisão administrativa fora
reconhecida a responsabilidade solidária das requeridas, cabendo a estas
diligenciarem no sentido de resolverem o problema posto pela requerente.
Apesar da decisã o favorá vel a requerente, inclusive com aplicaçã o de multa à s
requeridas, esta continua suportando o ô nus devido ao problema no aparelho.
Assim, apó s toas as frustradas tentativas de solucionar a lide de forma
administrativa, nã o restou outra alternativa a requerente a nã o ser a propositura
da presente açã o.
II – DO DIREITO
II.1 – DA RELAÇÃO DE CONSUMO
No caso em tela dú vidas nã o restam quanto a relaçã o de consumo existente entre a
requerente e as requeridas, pois é evidente a presença das figuras de consumidor,
fornecedor e produto, conforme conceituado pelos arts. 2º e 3º, § 1º da Lei
8.078/1990, veja-se
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Além de prever a solidariedade dos fornecedores o referido art. 18, § 1º, Lei
8.078/90, garante ao consumidor exigir do fornecedor, caso nã o sanado o vício no
prazo máximo de trinta dias, a substituiçã o do produto, a restituiçã o imediata da
quantia paga ou o abatimento proporcional do preço.
Ante a esta faculdade a requerente já deixa claro o desejo de resolver o contrato
pleiteando a substituiçã o do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas
condiçõ es de uso.
II.3 – DO DEVER DE REPARAÇÃO
Conforme já narrado, a requerente adquiriu o aparelho MODELO junto a segunda
requerida, pelo valor de R$. Aparelho comprado como se novo fosse gozando,
desta forma, de garantia.
Importante dizer que ao procurar auxílio junto a segunda requerida esta informou
que a requerente deveria contatar a primeira requerida para que o reparo fosse
realizado.
Ao adquirir o telefone em momento algum foi informado a requerente que o
aparelho já havia sido ativado e este fato nã o consta em nenhum campo da nota
fiscal do aparelho. Isto posto, nã o cabe a requerente, consumidora hipossuficiente,
arcar com o ô nus neste caso.
As requeridas sã o empresas de grande atuaçã o em todo territó rio nacional, assim
sendo, é evidente a hipossuficiência tanto técnica, econô mica e jurídica perante
estas, cabendo a requerente contar apenas com o auxílio do judiciá rio para
resolver esta lide.
Tendo em vista que em momento algum foi informado a requerente que o aparelho
já havia sido ativado, as requeridas descumpriram o direito à informaçã o garantido
legalmente a todos os consumidores, veja-se:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta
de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os
riscos que apresentem.
Ora Excelência, é evidente uma cadeia de sucessivos erros nesta demanda, onde
quem vem arcando com os ô nus é a parte hipossuficiente da relaçã o de consumo.
O prazo estabelecido, no art. 18, § 1º, para conserto do aparelho já se esgotou há
muito tempo por pura inércia das requeridas, pois, conforme provado nos autos,
assim que o aparelho apresentou o defeito a requerente vem buscando resolver a
lide de forma amigá vel. Desta forma, mostra-se claro o direito da requerente em
pleitear a substituiçã o do aparelho por um novo.
Sobre o dever dos fornecedores em substituir o produto quando nã o ocorrer o
devido reparo no tempo estabelecido pela lei a jurisprudência é clara, veja-se:
JUIZADO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS
ESPECIAIS REJEITADA. DEFEITO NO APARELHO CELULAR. VÍCIO DO PRODUTO. RESPONSABILIDADE DO
FORNECEDOR. SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO. 1. Afasta-se a necessidade de produção de prova pericial,
quando o fato controvertido pode ser esclarecido à luz de outras provas, especialmente exame da prova
documenta (Precedente: ACJ20150410079143, Relator ARNALDO CORREA SILVA). A foto do aparelho,
no prazo da garantia, que mostra a pintura descascando, aliado ao pouco tempo de uso, é suficiente
para formar a convicção do magistrado, dispensando-se a realização de perícia técnica. Preliminar de
incompetência dos Juizados Especiais rejeitada. 2. O fabricante responde pela reparação dos danos
causados ao consumidor, decorrentes dos defeitos de fabricação dos seus produtos. Inaplicável a
exclusão de responsabilidade por culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, na forma do art. 12, III,
do CDC, quando o recorrente não comprova o alegado. Diferentemente do que afirma, não há, nos
autos, laudo técnico constando o mau uso do aparelho pelo consumidor. 3. Com efeito, o aparelho
deve ser substituído, nos termos do art. 18 § 1º, I, do Código de Defesa do Consumidor. 4. PRELIMINAR
REJEITADA, RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. Sentença mantida.
(TJ-DF 07004048520178070020 DF 0700404-85.2017.8.07.0020, Relator: Soníria Rocha Campos
D’assunção, Data de Julgamento: 15/07/2017, 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminas do DF, Data de Publicação: Publicado no DJE: 27/09/2017). (Grifos nossos).
Além de todo o exposto, cabe trazer à baila o comando normativo exarado pelo art.
5º, X da Constituiçã o Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização por dano material ou moral decorrente da violação;