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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1º UJ DA __ JD CÍVEL

DA COMARCA DE
QUALIFICAÇÃO COMPLETA AUTOR, vem perante Vossa Excelência, por seu
procurador abaixo assinado, com fundamento nos arts. 4º, art. 6º, III, VI, VII, art.
18, ambos da lei 8.078/1990, além do art. 5º, X e XXXV da Constituiçã o Federal e
arts. 186 e 927, ambos do Có digo Civil, propor
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM
PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face de FABRICANTE, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o


nº, com sede (endereço) e LOJA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ sob o nº, com sede (endereço), pelos fundamentos e elementos fá ticos que
passa a expor.

I – DOS FATOS
A Requerente, em DATA, adquiriu junto à segunda requerida um aparelho
MODELO, nú mero de série: , pelo valor de R$, conforme nota fiscal anexa.
Apó s notar defeito em seu aparelho, a requerente entrou em contato com a
primeira requerida. Neste contato um agente do suporte técnico rodou um
diagnó stico no aparelho, sendo confirmado o defeito.
Tendo em vista haver menos de cinco meses de uso do aparelho, e ser ofertada
garantia de um ano contado da data da compra pelo usuário final, a requerente
solicitou o reparo do aparelho, porém foi informada que o seu aparelho havia sido
originalmente ativado em 30 de março de 2018, estando, desta forma, fora da
garantia contratual.
Apó s esta informaçã o a requerente tentou de todas as formas resolver este
impasse, pois, adquiriu o aparelho celular como se novo fosse, em DATA DA
COMPRA, inclusive com a caixa lacrada e todos os acessó rios, devendo o aparelho
estar na garantia quando apresentou o defeito.
Tendo em vista a nã o resoluçã o do problema junto as requeridas a requerente
buscou auxílio junto ao PROCON, onde em decisão administrativa fora
reconhecida a responsabilidade solidária das requeridas, cabendo a estas
diligenciarem no sentido de resolverem o problema posto pela requerente.
Apesar da decisã o favorá vel a requerente, inclusive com aplicaçã o de multa à s
requeridas, esta continua suportando o ô nus devido ao problema no aparelho.
Assim, apó s toas as frustradas tentativas de solucionar a lide de forma
administrativa, nã o restou outra alternativa a requerente a nã o ser a propositura
da presente açã o.
II – DO DIREITO
II.1 – DA RELAÇÃO DE CONSUMO
No caso em tela dú vidas nã o restam quanto a relaçã o de consumo existente entre a
requerente e as requeridas, pois é evidente a presença das figuras de consumidor,
fornecedor e produto, conforme conceituado pelos arts. 2º e 3º, § 1º da Lei
8.078/1990, veja-se
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

Assim, sendo evidente a relaçã o de consumo, a presente demanda deverá ser


regida conforme as regras dispostas na Lei 8.078/90 ( Có digo de Defesa do
Consumidor).
II.2 – DA SOLIDARIEDADE DOS REQUERIDOS
Tendo em vista a relaçã o de consumo, a responsabilidade pelos vícios de qualidade
apresentados no produto, conforme o art. 18 da Lei 8.078/90 deverá ser suportada
de forma solidaria pelos fornecedores. Isto posto, dú vidas nã o restam da
legitimidade dos requeridos para composiçã o do polo passivo desta lide.
Corroborando com o comando normativo supracitado a jurisprudência é uníssona
a este entendimento, veja-se
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL – VÍCIO EM PRODUTO
ALIMENTÍCIO – FABRICANTE E COMERCIANTE – RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA – BISCOITO QUEIMADO
– DANO MORAL NÃO COMPROVADO – A legislação consumerista reconhece a solidariedade entre o
fabricante e o comerciante, como forma de melhor garantir os direitos do consumidor adquirente.
(TJ-MG – AC: 10702140025207001 MG, Relator: Valdez Leite Machado, Data de Julgamento:
16/04/2018, Data de Publicação: 20/04/2018). (Grifos nossos).

Além de prever a solidariedade dos fornecedores o referido art. 18, § 1º, Lei
8.078/90, garante ao consumidor exigir do fornecedor, caso nã o sanado o vício no
prazo máximo de trinta dias, a substituiçã o do produto, a restituiçã o imediata da
quantia paga ou o abatimento proporcional do preço.
Ante a esta faculdade a requerente já deixa claro o desejo de resolver o contrato
pleiteando a substituiçã o do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas
condiçõ es de uso.
II.3 – DO DEVER DE REPARAÇÃO
Conforme já narrado, a requerente adquiriu o aparelho MODELO junto a segunda
requerida, pelo valor de R$. Aparelho comprado como se novo fosse gozando,
desta forma, de garantia.
Importante dizer que ao procurar auxílio junto a segunda requerida esta informou
que a requerente deveria contatar a primeira requerida para que o reparo fosse
realizado.
Ao adquirir o telefone em momento algum foi informado a requerente que o
aparelho já havia sido ativado e este fato nã o consta em nenhum campo da nota
fiscal do aparelho. Isto posto, nã o cabe a requerente, consumidora hipossuficiente,
arcar com o ô nus neste caso.
As requeridas sã o empresas de grande atuaçã o em todo territó rio nacional, assim
sendo, é evidente a hipossuficiência tanto técnica, econô mica e jurídica perante
estas, cabendo a requerente contar apenas com o auxílio do judiciá rio para
resolver esta lide.
Tendo em vista que em momento algum foi informado a requerente que o aparelho
já havia sido ativado, as requeridas descumpriram o direito à informaçã o garantido
legalmente a todos os consumidores, veja-se:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta
de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os
riscos que apresentem.

Ora Excelência, é evidente uma cadeia de sucessivos erros nesta demanda, onde
quem vem arcando com os ô nus é a parte hipossuficiente da relaçã o de consumo.
O prazo estabelecido, no art. 18, § 1º, para conserto do aparelho já se esgotou há
muito tempo por pura inércia das requeridas, pois, conforme provado nos autos,
assim que o aparelho apresentou o defeito a requerente vem buscando resolver a
lide de forma amigá vel. Desta forma, mostra-se claro o direito da requerente em
pleitear a substituiçã o do aparelho por um novo.
Sobre o dever dos fornecedores em substituir o produto quando nã o ocorrer o
devido reparo no tempo estabelecido pela lei a jurisprudência é clara, veja-se:
JUIZADO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS
ESPECIAIS REJEITADA. DEFEITO NO APARELHO CELULAR. VÍCIO DO PRODUTO. RESPONSABILIDADE DO
FORNECEDOR. SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO. 1. Afasta-se a necessidade de produção de prova pericial,
quando o fato controvertido pode ser esclarecido à luz de outras provas, especialmente exame da prova
documenta (Precedente: ACJ20150410079143, Relator ARNALDO CORREA SILVA). A foto do aparelho,
no prazo da garantia, que mostra a pintura descascando, aliado ao pouco tempo de uso, é suficiente
para formar a convicção do magistrado, dispensando-se a realização de perícia técnica. Preliminar de
incompetência dos Juizados Especiais rejeitada. 2. O fabricante responde pela reparação dos danos
causados ao consumidor, decorrentes dos defeitos de fabricação dos seus produtos. Inaplicável a
exclusão de responsabilidade por culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, na forma do art. 12, III,
do CDC, quando o recorrente não comprova o alegado. Diferentemente do que afirma, não há, nos
autos, laudo técnico constando o mau uso do aparelho pelo consumidor. 3. Com efeito, o aparelho
deve ser substituído, nos termos do art. 18 § 1º, I, do Código de Defesa do Consumidor. 4. PRELIMINAR
REJEITADA, RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. Sentença mantida.
(TJ-DF 07004048520178070020 DF 0700404-85.2017.8.07.0020, Relator: Soníria Rocha Campos
D’assunção, Data de Julgamento: 15/07/2017, 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e
Criminas do DF, Data de Publicação: Publicado no DJE: 27/09/2017). (Grifos nossos).

Ante ao exposto mostra-se evidente o direito da requerente, pois o defeito


apresentado em seu telefone ocorreu dentro do prazo de garantia. Sendo incabível
a esta arcar com o erro das requeridas em colocar a venda aparelho anteriormente
ativado. Como já demonstrado e sabido o consumidor é parte hipossuficiente e nã o
pode este suportar o ô nus deste erro.
Além disto, em momento algum a requerente foi informada que o aparelho era
usado, acreditou fielmente ter efetuado a compra de um aparelho novo gozando de
todos os benefícios inclusos na referida compra. Assim, a troca do aparelho é
medida que se impõ e.
II.4 – DO DANO MORAL
No caso em comento percebe-se total negligência das requeridas para com a
requerente. Inicia-se o ato ilícito quando a segunda requerida vende a requerente
telefone anteriormente ativado, ou seja, vendeu um telefone usado como se
novo fosse, sem se preocupar em prestar esta informação. Ficando
demonstrada total falta de respeito, pois a requerente buscou comprar junto a
segunda requerida, devido esta ser uma gigante nacional, confiando na
procedência dos seus produtos.
Ao buscar amparo junto a primeira requerida a mesma limitou a dizer que o
aparelho já havia sido ativado e que nada poderia fazer, todavia, conforme já
explanado a responsabilidade neste caso é solidá ria.
É indubitá vel que este fato causou desgaste patrimonial e emocional da requerente
devido ao ato ilícito praticado pelas requeridas, causando impacto a sua vida
íntima, pois restou quebrada a paz da requerente.
É fato incontroverso nos autos que o aparelho celular apresentou defeitos, sendo
certo e comprovado que o produto adquirido fora vendido como se novo fosse,
porém trata de produto ativado dois anos antes da compra. Ferindo, assim, toda a
confiança depositada nas empresas.
Sabe-se que para a caracterizaçã o do dano moral basta que sejam atingidas,
através do ato ilícito, a tranquilidade, os sentimentos e as boas relaçõ es psíquicas e
sociais. Nestes casos a doutrina e jurisprudência é pacífica quanto a
responsabilizaçã o do agente causador do dano moral, operando-se o dano por
força do simples fato da violaçã o, ou seja, dano in re ipsa.
Verificado o ato danoso surge a necessidade de reparaçã o, nã o havendo que se
cogitar prova do prejuízo, quando presentes os pressupostos legais para a
responsabilizaçã o civil.
Em casos semelhantes a jurisprudência é clara quanto ao dever de indenizar, veja-
se:
EMENTA: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - RELAÇÃO DE CONSUMO -
PRODUTO USADO ADQUIRIDO COMO SE NOVO FOSSE – APRESENTAÇÃO DE DEFEITO - DANO MORAL
CARACTERIZAÇÃO - QUANTIFICAÇÃO - PARÂMETRO DO JULGADOR - PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE - SENTENÇA MANTIDA.
-Tratando-se a questão de relação de consumo, já que as partes figuram como consumidor e fornecedor
de produtos e serviços, prevalecem as normas contidas no Código de Defesa do Consumidor para o
deslinde da causa.
-Na fixação do montante indenizatório deve ser levada em consideração a dupla finalidade da
reparação, qual seja, a de punir o causador do dano, buscando um efeito repressivo e pedagógico e de
propiciar à vítima uma satisfação em prazer, sem que isto represente um enriquecimento sem causa,
devendo o valor da indenização ser hábil à reparação dos dissabores experimentados pelo autor.
(TJ-MG – AC: 10701110227660001 MG, Relator: Wanderley Paiva, Data de Julgamento: 19/02/2014,
Câmaras Cíveis / 11ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 26/02/2014). (Grifos nossos).
CIVIL - CDC - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - COMPRA E
VENDA PELA INTERNET - PRODUTO ADQUIRIDO COM DEFEITO - DEMORA EXCESSIVA NA TROCA DO
PRODUTO - INJUSTIFICADA PRIVAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DO BEM AQUIRIDO - COMPORTAMENTO
CONDENÁVEL E INTEIRAMENTE INJUSTIFICÁVEL DA PARTE REQUERIDA, QUE PROVOCOU NA
CONSUMIDORA EVIDENTE SOFRIMENTO MORAL, POR MALFERIR SEU SENSO ÍNTIMO DE DIGNIDADE E
DE CONSIDERAÇÃO, VALORES QUE DEVEM PRESIDIR AS RELAÇÕES JURÍDICAS CONSUMERISTAS -
DANO MORAL CONFIGURADO - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO - SENTENÇA
REFORMADA.
(TJDF- Ap. Cível 2007.07.1.038218-5- 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais- Des.
Rel. Silma Lemos.). (Grifos nossos).
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DEFEITO NO APARELHO CELULAR - CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR -
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL E FABRICANTE - DEVER DE
INDENIZAR - DEVOLUÇÃO DO VALOR PAGO - DANOS MORAIS - CONFIGURAÇÃO - CRITÉRIO DE
FIXAÇÃO. No sistema do Código de Defesa do Consumidor, respondem pelo vício de inadequação do
PRODUTO todos aqueles que ajudaram a colocá-lo no mercado, desde o fabricante, que elaborou o
PRODUTO, até o estabelecimento comercial que contratou com o consumidor, responsáveis solidários
pela garantia de qualidade-adequação do bem. A empresa deve responder pelo DANO MORAL causado
ao consumidor, quando o PRODUTO adquirido apresenta DEFEITO e restam infrutíferas todas as
tentativas de solucioná-lo perante aquela. Na fixação do valor da reparação por DANO MORAL, deve-se
levar em consideração as circunstâncias do fato, a condição do lesante e do lesado, a fim de que a
quantia reparatória, sem perder seu caráter pedagógico, não se constitua em lucro fácil para o lesado
nem se traduza em quantia irrisória. (TJMG- Ap. Cível 1.0313.07.228386-1/001- Des. Rel. Alvimar de
Ávila- J.01/04/2009). (Grifos nossos).

Além de todo o exposto, cabe trazer à baila o comando normativo exarado pelo art.
5º, X da Constituiçã o Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização por dano material ou moral decorrente da violação;

Ademais, evidenciado o ato ilícito praticado pelas requeridas, estabelece o Có digo


Civil, em seu art. 927 que, “ Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará -lo”. Imperioso mencionar ainda o entendimento
contido no art. 6º, VI, da Lei 8.078/90, que garante dentre os direitos bá sicos do
consumidor a efetiva reparação por danos patrimoniais e morais sofridos.
O que se vem tentando demonstrar é que ao adquirir um produto vendido como
novo, em uma empresa de renome nacional, espera-se que seja assegurada todas
as condiçõ es e garantias referente à compra, no entanto nã o foi desta maneira que
ocorreu com a requerente. Isto posto, mostra-se certo que o dano causado
ultrapassa o mero dissabor, pois, a requerente de boa-fé pensou estar comprando
um aparelho novo, porém foi constatado que este já havia sido utilizado. Além
disso buscou todas as formas de resolver o impasse administrativamente, porém
sem êxito.
Ademais, apesar da decisã o favorá vel exarada no processo administrativo
realizado por intermédio do PROCON (anexo), até o momento nã o obteve soluçã o
da sua demanda, demonstrando total descaso da parte das requeridas para com a
requerente, devendo, destarte, ser indenizada pelo dano moral suportado.
Este é o entendimento consolidado na jurisprudência, veja-se:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA. DANO MORAL. EXISTÊNCIA. VÍCIO DO PRODUTO. PRODUTO USADO VENDIDO COMO
SE NOVO FOSSE. PECULIARIDADES DO CASO. ABORRECIMENTOS QUE VÃO ALÉM DE MERO DISSABOR.
ARBITRAMENTO DA INDENIZAÇÃO QUE TEM DUPLO CARÁTER, COMPENSAÇÃO DA VÍTIMA E PUNIÇÃO
AO OFENSOR. PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.
(TJ-PR – APL: 15847633 PR 1584763-3 (Acórdão), Relator: Luciane R. C. Ludovico, Data de Julgamento:
29/03/2017, 11ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 2011 18/04/2017). (Grifo nossos).
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE QUANTIA PAGA C/C REPARAÇÃO POR DANOS
MORAIS – DANOS MORAIS –CONFIGURADOS – Restou clara a ocorrência dos danos morais, sendo
devida a respectiva indenização ao consumidor que acreditou estar adquirindo um aparelho celular
novo, quando na verdade, ele apresentava defeitos, sobretudo porque ficou privado de utilizá-lo por
longo decurso de tempo.
(TJ-MG – AC: 10000181400144001 MG, Relator: Luciano Pinto, Data de Julgamento: 12/02/2019, Data
de Publicação: 15/02/2019). (Grifo nossos).

Sendo evidente a presença dos requisitos ensejadores do dano moral,


considerando os princípios que norteiam o arbitramento da indenizaçã o por danos
morais; considerando a situaçã o financeira/econô mica das partes; considerando a
violaçã o do princípio da informaçã o, contido no art. 6º, III, da Lei 8.078/90;
considerando a venda de produto usado como se novo fosse, ferindo a boa-fé da
requerente; considerando que esta situaçã o causou considerá vel abalo psicoló gico
à requerente; considerando o descaso das requeridas para soluçã o do problema e,
além disso, considerando todo o amparo legal e jurisprudencial apresentado,
requer sejam condenadas as requeridas no montante de R$ 15.000,00
(quinze mil reais) a título de danos morais.
Ressalta-se que esta quantia se faz condizente com a dupla finalidade da reparaçã o
do dano moral, onde há a busca de um efeito repressivo e pedagó gico e uma
satisfaçã o à vítima do dano, sem representar enriquecimento sem causa a esta,
além de estar de acordo com os princípios da razoabilidade e cautela que merece o
caso.
III – DA TUTELA ANTECIPADA
No tocante ao pedido de tutela antecipada, o art. 300 do CPC estabelece esta
possibilidade, desde que sejam demonstrados o fumos boni iuris e o periculum in
mora, ora Excelência, ante toda argumentaçã o e provas juntadas a esta exordial,
percebe-se a probabilidade do direito da autora, pois a mesma adquiriu um celular
como se novo fosse, tendo, desta forma, direito à garantia, o que nã o lhe foi
concedido.
Quanto ao risco ao resultado ú til do processo, sabe-se que o aparelho celular hoje
tornou-se, de certa forma, essencial a vida, pois este possui inú meras funçõ es que
facilitam a vida pessoal e estudantil, como é o caso da Requerente. Assim, nã o cabe
a esta arcar com o ô nus da demora da lide.
Sobre esta possibilidade a jurisprudência já é pacífica, veja-se:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO – PRELIMINAR – ILEGITIMIDADE ATIVA – REJEIÇÃO – AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E PEDIDO LIMINAR – DEFEITO DE
APARELHO CELULAR DENTRO DO PRAZO DE GARANTIA – SUBSTITUIÇÃO – NECESSIDADE – RECURSO
PROVIDO. Não tendo a decisão agrava apreciado a preliminar de ilegitimidade ativa suscitada em
contraminuta, deve esta ser afastada, sob pena de se incorrer em supressão de instância e ofensa ao
duplo grau de jurisdição. Para antecipação de tutela devem estar presentes os requisitos do art. 300 do
CPC, quais sejam, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou resultado útil do processo.
Consubstanciando-se a probabilidade do direito na incontroversa necessidade de substituição do
aparelho, não descaracterizada pela ocorrência de dano posterior, nos termos do art. 18 do CDC, e o
risco de lesão grave ou de difícil reparação, no impedimento de dele se usufruir, deve ser deferida a
medida antecipatória. Recurso provido.
(TJ-MG – AI: 10000181016783001 MG, Relator: Amorim Siqueira, Data de Julgamento: 04/06/2019, Data
de Publicação: 18/06/2019). (Grifo nossos).
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER – TUTELA ANTECIPADA –
SUBSTITUIÇÃO DO PRODUTO – RELAÇÃO CONSUMERISTA – RECURSO PROVIDO. Da leitura do art. 303
do CPC/15, conjuntamente com o art. 300 do mesmo diploma legal, constata-se que para a concessão
da tutela pretendida se faz necessária à demonstração da probabilidade do direito do autor, cumulada
com o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. Diante da constatação de vícios que
tornaram a máquina de salgado adquirida imprópria para a sua finalidade, deve ser determinada a
substituição do produto por outro de características semelhantes, em perfeitas condições de uso (art.
18, § 1º, inc, I do CDC).
(TJ-MG – AI: 1000018141827001 MG, Relator: Pedro Bernardes, Data de Julgamento: 04/06/2019, Data
de Publicação: 18/06/2019). (Grifo nossos).

Destarte, estando provada a presença dos requisitos para concessã o da tutela


antecipada, requer a concessã o da antecipaçã o dos efeitos da presente demanda
para condenar as requeridas a fornecerem a requerente aparelho celular
semelhante ao aparelho defeituoso, qual seja,MODELO, nos termos do art. 18, § 1º,
I, da Lei 8.078/90.
IV – DOS PEDIDOS
Ante ao exposto, requer a Vossa Excelência:
1. Seja deferido à Requerente os benefícios da justiça gratuita, nos termos dos
artigos 98 e ss do Có digo de Processo Civil;
2. A citaçã o das requeridas nos endereços supracitados, para, querendo,
responderem no prazo legal, sob pena de revelia e confissã o;
3. Seja concedida a tutela antecipada à requerente, impondo as requeridas a
substituiçã o do aparelho defeituoso, MODELO, por outro semelhante em perfeitas
condiçõ es;
4. Seja dispensada a audiência de conciliaçã o, nos termos do artigo 319, VII, do
Có digo de Processo Civil, tendo em vista as negativas das requeridas em resolver o
problema de forma administrativa;
5. Sejam condenadas as requeridas a troca do aparelho celular, MODELO, por outro
semelhante, nos termos do art. 18, § 1º, I;
6. Sejam condenadas as requeridas ao pagamento do montante de R$ 15.000,00
(quinze mil reais) a título de dano moral;
7. Sejam as requeridas condenadas à s custas e despesas processuais;
8. Por fim, requer seja a demanda julgada TOTALMENTE PROCEDENTE, com o
fito de condenar as requeridas à substituiçã o do aparelho defeituoso, MODELO, por
outro aparelho novo e em perfeitas condiçõ es, além do pagamento do montante de
R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a título de danos morais.
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito.
Dá -se a causa o valor de R$ 15.00,00 (quinze mil reais).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, data.
Advogado/OAB

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