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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA COMARCA DE RIO DE JANEIRO/RJ


Marcelo, brasileiro, casado, engenheiro, portador da carteira de Identidade nº XXXX,
inscrito no CPF nº XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na XXX, CEP: XXX, vem, perante
Vossa Excelência, por meio de seu advogado que a esta subscreve, com endereço
profissional na Avenida XXXXXXXXXX, nº XX, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP: XXXXXX-XXX,
local que indica para receber as intimaçõ es e notificaçõ es de praxe, conforme artigo 287 do
NCPC, propor a presente:
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/ PEDIDO DE CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS C/C
TUTELA ANTECIPADA
em face da empresa G S.A, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ sob o nº XXXX, sediada em SÃ O
PAULO, CEP: XXX-XXXX. Pelos motivos que passa a expor.
I- DOS FATOS
Em 15 de janeiro de 2019, o Autor adquiriu da empresa G S.A um aparelho de ar
condicionado, no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais). O fato é que, ao chegar em
sua residência e proceder à instalaçã o do aparelho, o Autor verificou que o produto
apresentava o seguinte vício: desarmando e nã o refrigerando o ambiente.
O Autor procurou a assistência técnica da empresa requerida no dia 25 de janeiro de
20199, mas nã o obtendo êxito na soluçã o de seu problema, o autor tentou inú meras vezes
entrar em contato com a parte requerida na tentativa de uma resoluçã o amigá vel. Contudo,
passando-se o prazo de 30 (trinta) dias sem nenhuma obtençã o de resposta, nã o lhe
restando outra opçã o ao autor senã o pedir a substituiçã o do aparelho defeituoso por um
novo, a empresa ré negou o pedido alegando que seria enviado um novo assistente técnico
para averiguar a situaçã o do produto, sendo possível esta conduta ser realizada somente
apó s 60 (sessenta) dias, pelo fato da grande quantidade demandada do produto em época
de verã o.
Posto isso, devido à má prestaçã o de serviços prestados pela empresa G S.A, nã o resta outro
meio ao autor, a nã o ser, vir ao Poder Judiciá rio para se ver ressarcido dos danos sofridos.
II – DA TUTELA ANTECIPADA
O Autor aderiu ao aparelho de ar condicionado justamente em funçã o da chegada do verã o,
tendo em vista que, as temperaturas nessa época atingem níveis alarmantes, e quanto mais
se demora para realizar a troca do produto, mais torturante torna-se as atividades
cotidianas tanto do Autor quanto de seus filhos. Assim, resta que a tutela se faz
estritamente necessá ria para que o requerido cumpra devidamente com o seu papel de
fornecedor.
Sã o requisitos para a concessã o da tutela antecipada o fundamento da demanda e o
justificado receio de ineficá cia do provimento final, em síntese o “fumus boni iuris” e o
“periculum in mora”. Assim dispõ e a Lei nº 8.078/90 Có digo de Defesa do Consumidor:
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não
fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências
que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de
ineficiência do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
após justificação prévia, citado o réu.
E destaco ainda o Có digo de Processo Civil que diz
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os
efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca,
se convença da verossimilhança da alegação e:
I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II – fique
caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do
réu.
III - DO DIREITO
A) DA EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO
É indiscutível a caracterizaçã o de relaçã o de consumo entre as partes, apresentando-se a
empresa ré como prestadora de serviços e, portanto, fornecedora nos termos do art. 3º do
CDC, e o autor como consumidor, de acordo com o conceito previsto no art. 2º do mesmo
diploma. Assim descrevem os artigos acima mencionados:
Lei. 8.078/90 - Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
Lei. 8.078/90 - Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final.
B) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
No contexto da presente demanda, há possibilidades claras de inversã o do ô nus da prova
ante a verossimilhança das alegaçõ es, conforme disposto no artigo 6º do Có digo de Defesa
do Consumidor.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, seguindo as regras ordinárias de
expectativas.
Desse modo, cabe ao requerido demonstrar provas em contrá rio ao que foi exposto pelo
autor. Assim, as demais provas que se acharem necessá rias para resoluçã o da lide, deverã o
ser observadas o exposto na citaçã o acima, pois se trata de princípios bá sicos do
consumidor.

C) DA OBRIGAÇÃO DE FAZER
Apesar de o autor ter entrado em contato inú meras vezes com a empresa ré para que se
realizasse o que havia sido pactuado, a fim de tentar resolver a questã o amigavelmente, o
mesmo nã o o fez. Porém, tendo transcorrido o prazo de 30 (trinta) dias sem a resoluçã o do
defeito pelo fornecedor, o autor requereu a substituiçã o do produto.
De acordo com o art. 18, § 1º, do Có digo de Defesa do Consumidor:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o
valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir
a substituição das partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de
uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo
de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
Dessa forma, se faz imperioso a tutela do estado para que obrigue que a Requerida seja
responsabilizada pelos vícios do produto por ela colocados no mercado.

D) DO DANO MORAL
O Autor cumpriu com a sua obrigaçã o, qual seja, efetuar o pagamento pelo produto no valor
de R$1.500,00 e até o presente momento, o produto nã o foi consertado pela ré, contudo,
está sem poder utilizar o produto adquirido.
A demora excessiva na manutençã o do produto impossibilitou o autor de utilizar um bem
que é seu, sendo certo que tal fato nã o pode ser enquadrado no que a doutrina classifica
como mero aborrecimento, uma vez que ocasionou danos ao Autor que devem ser
reparados.
Sucessivas tentativas de entrar em contato com a parte requerida, o ainda problema
persistiu, somado a tudo isso a frustraçã o de nã o convencer o requerido a substituir o
produto defeituoso por um novo, configura certamente em dano moral.
Lamentavelmente o autor da açã o sofreu grande desgosto, sentiu-se desamparado, e foi
extremamente prejudicado conforme já demonstrado. Nesse sentido, é merecedor de
indenizaçã o por danos morais.
Maria Helena Diniz explica que dano moral “é a dor, angústia, o desgosto, a aflição
espiritual, a humilhação, o complexo que sofre a vítima de evento danoso, pois estes
estados de espírito constituem o conteúdo, ou melhor, a conseqüência do dano”. Mais
adiante: “o direito nã o repara qualquer padecimento, dor ou afliçã o, mas aqueles que forem
decorrentes da privaçã o de um bem jurídico sobre o qual a vítima teria interesse
reconhecido juridicamente”. (Curso de Direito Civil – Reponsabilidade Civil, Ed. Saraiva, 18ª
ed., 7ºv., c.3.1, p.92).
A Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à indenizaçã o por dano material
ou moral decorrente da violaçã o de direitos fundamentais, tais como a intimidade, a vida
privada e a honra das pessoas:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
Também, o Có digo de Defesa do Consumidor, no seu art. 6º, protege a integridade moral
dos consumidores:
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos.
Assim, é inegá vel a responsabilidade do fornecedor, pois os danos morais sã o também
aplicados como forma coercitiva, ou melhor, de modo a reprimir a conduta praticada pela
parte ré, que de fato prejudicou o autor da açã o.
IV - DOS PEDIDOS
Diante do exposto acima requer
a) Deferimento do pedido de tutela antecipada nos termos do art. 84 § 3º;
b) Reconhecimento da relaçã o de consumo e inversã o do ô nus da prova, nos termos do art.
6º, VIII, do CDC;
c) Substituiçã o do produto conforme o art. 18, § 1º do Có digo de defesa do Consumidor;
d) Condenaçã o da parte ré a pagar os danos morais no montante justo de R$ xxxx,xx
(xxxx,xx reais);
e) Citaçã o da parte ré para que, querendo, apresente contestaçã o no prazo legal, bem como
provas que achar pertinente para presente caso, sob pena de revelia.
Nestes termos, dá -se à causa o valor de R$ x (x reais).
Termos em que, Pede deferimento.
Rio de Janeiro, XX de XXXX de 20xx.
Advogado XXXXXXXXXXX
OAB nº xxx

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