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I- DOS FATOS
Ocorre que, após ligar o aparelho pela primeira vez, depois de alguns minutos de
funcionamento o aparelho apresentou defeitos, problemas de superaquecimento, tendo
iniciado um incêndio. Por ter inalado a fumaça expelida pelo aparelho, João apresentou
problemas respiratórios, que demandaram atendimento médico- hospitalar, que custou R$
3.000,00, e também duas semanas absoluto repouso, que impossibilitou a realização do
projeto para o qual foi contratado no qual receberia no final do projeto 50.000,00.
II - DO DIREITO
O consumidor efetua uma compra, inconscientemente ele exige do fornecedor que o produto
esteja pronto para uso, e que este não possua nenhuma avaria ou algum vício que lhe
diminua o valor ou que o impossibilite de utilizá-lo normalmente.É sabido que a
responsabilidade por qualquer vício no produto refere-se a qualquer defeito no próprio
produto, seja ele de quantidade ou qualidade.
Entretanto diante o exposto, sempre que o produto adquirido se torne impróprio ou
inadequado ao consumo à que se destina, ou tenha o seu valor diminuído em virtude de
eventual defeito, caberá a exigência de substituição das partes viciadas, em 30
(TRINTA) dias. Não sendo sanado tal defeito pelo fornecedor, nos termos do art. 18, § 1º,
do Código de Defesa do Consumidor, ao consumidor será possível optar por qualquer das três
alternativas nas quais a lei dispõe que;
Deste modo, diante do que estabelece a lei, o consumidor poderá fazer uso imediato das
alternativas mencionadas, a seu exclusivo critério, sempre que o vício apresentado pelo
produto não for sanado no período de 30 (trinta) dias. No caso em tela, a assistência
técnica, agindo no intuito de descaracterizar o direito do consumidor previsto no artigo
acima, devolve, pela primeira vez, o aparelho após 11 dias sem efetuar o conserto, ou seja, não
consumando o prazo legal, porém, o aparelho foi novamente entregue mais 02 (duas) vezes
para a assistência técnica pelo mesmo defeito, e o problema não foi resolvido.Assim, somam-
se os prazos em que o produto está sob a posse da assistência técnica para fins de
caracterização do direito previsto no art. 18.Entretanto, o contexto da lei é bastante claro ao
dispor que caberá ao CONSUMIDOR, e somente a ele a escolha alternativamente das
possibilidades abertas pelos incisos do art. 18, § 1° não cabendo ao fornecedor opor a este.
Ora, no caso em tela, até a última entrega do aparelho na assistência técnica, já se passaram
48 dias sem que o vício fosse sanado, de modo que a única medida legal cabível é facultar-se
ao Requerente a opção por uma das alternativas.
“O fornecedor não pode beneficiar-se da recontagem do prazo de 30 dias toda vez que o
produto retorna com o mesmo vício. Se isso fosse permitido o fornecedor poderia na
prática, manipulando o serviço de conserto, sempre prolongar indefinidamente a
resposta efetiva de saneamento. Bastaria fazer um conserto ‘cosmético’, superficial, que
levasse o consumidor a acreditar na solução do problema, e aguardar sua volta, quando,
então, mais 30 dias ter-se-iam para pensar e tentar solução (...) Quando muito e essa é
também nossa opinião, o prazo de 30 dias é o limite máximo que pode ser
atingido pela soma dos períodos mais curtos utilizados. Explicamos: se o
produto foi devolvido a primeira vez no décimo dia, depois retornou com o mesmo vício
e se gastaram nessa segunda tentativa de conserto mais 15 dias , na terceira vez em que
o produto voltar o fornecedor somente terá mais 5 dias para solucionar definitivamente
o problema, pois anteriormente despendeu 25 dias, sem ter levado o produto à
adequação esperada. (NUNES, Rizzatto. Curso de direito do Consumidor, Ed. Saraiva.
2005, p.184-185). – gf. nosso.
Haja vista que o fornecedor e consumidor, que antigamente caracterizava-se por uma relação
igualitária, com a sociedade de consumo torna-se cada vez mais discrepante, com grandes
fornecedores, possuindo sólidos escritórios jurídicos e grande poder de barganha e
consumidores, vulneráveis nas relações de consumo, seja por práticas comerciais abusivas ou
por odiosos recursos de propagandas enganosas ou distorcidas da realidade.Desta forma,
para qualquer estudo na seara de defesa do consumidor, devemos possuir em mente sempre
a vulnerabilidade do consumidor nas relações de consumo, característica essencial
consagrada pelo Código de Defesa do Consumidor, estando no atual Código de Defesa do
Consumidor elencado como princípio básico, ex vi do art. 4º, I, da Lei 8.078/90.
Art. 5º (...)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional a
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Todos estes dispositivos vêm demonstrar que a proteção à personalidade está plenamente
presente em nosso ordenamento jurídico pátrio, privilegiando o Estado Democrático de
Direito e o indivíduo como sujeito principal da proteção estatal. O aparato legal de proteção à
personalidade dos indivíduos, necessário se faz tecer algumas poucas linhas sobre o dano
moral. No caso vertente, é cristalino o grande abalo moral que sofreu o demandante diante
dos fatos narrados, haja vista que, como é cediço por todos, o microcomputador, constitui
bem indispensável ao deslinde positivo das atividades profissionais, mormente em se
tratando de profissional liberal na área escritor, que necessita fazer uso diário do referido
aparelho para que seja elaborado o grande projeto, no qual receberia grande valor ao seu
termino do mesmo. Ora, a recusa no conserto satisfatório do bem, ou no fornecimento de
outro ou na restituição do valor pago para aquisição de outro bem, como é o caso, privou o
demandante de usufruir de seu microcomputador recém adquirido, notadamente ficando
impedido de receber algumas informações úteis e necessárias seja relativa ao seu trabalho,
seja relativas a sua vida privada. Até porque, o requerente constantemente está viajando a
trabalho, não possuindo outro meio de comunicação próximo.
Entretanto, apesar de toda proteção que recai sobre o autor, o mesmo se vê, até a presente
data, de mãos atadas, necessitando, pois, a propositura da demanda a fim de ter o seu direito
restaurado, a fim de evitar maiores prejuízos, já que o pleno exercício de seu trabalho de
forma satisfatória estava se tornando inviável.Agrava ainda mais a situação, o fato de uma
empresa taxada de “idônea, preocupada com os consumidores, com responsabilidade social”,
fez do CDC tabula rasa não reconhecendo a sua vigência e eficácia, pois passado o prazo de
30 dias para sanar o problema do vício do produto não restituiu o valor ao autor ou entregou-
lhe aparelho novo, tendo a audácia de informar que a garantia adotada pela empresa não
engloba tais opções, mas tão somente a substituição de peças danificadas.Entretanto, caso
ocorra qualquer evento danoso ou defeito no referido bem, espera que o mesmo seja
solucionado, seja da forma que for, dentro do prazo legal, o que, em hipótese alguma ocorreu
na presente situação.Além disso, após a frustração de ver que o bem apresenta vício, o qual
decorreu por culpa exclusiva da Ré, o demandante depositou sua confiança nos serviços de
manutenção prestados pela empresa, o qual se demonstrou totalmente ineficaz, pois não
sanou o problema, mas, longe de tal solução, tampouco se apresentou propícia a restituir-lhe
um novo aparelho ou o respectivo valor pago.
Presentes os requisitos ensejadores do dano moral, quais sejam, o dano sofrido, a culpa
exclusiva da ré e o nexo causal e a culpa, hão de ser arbitrados, a bem do demandante e como
forma de fazer valer o Estado Democrático de Direito, ressarcimento por danos morais no
importe de 08 (oito) salários mínimos, ou no importe que V. Exa. entender por bem
estipular.
III - DO PEDIDO
c) Citação da parte ré para que, querendo, apresente a contestação no prazo legal, bem como
provas que achar pertinente para presente caso (nos termos da lei), sob pena de revelia;
A fixação do honorário advocatício em 20% do valor da sentença, bem como as despesas
processuais que se antecipou (Art. 20 CPC);
dá-se à causa o valor de R$ 22.800,00(vinte e dois mil e oitocentos reais)
Nestes termos,
Pede o deferimento.