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MM. JUÍZO DO ...

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL –


TIJUCA - DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

xxxxxxxxxxxx, brasileira, solteira, psicóloga, com cédula de identidade nº


xxxxxxxxxxxx, inscrito no CPF nº xxxxxxxxxxxxx, nascido em xxxxxxxx,
residente e domiciliado na xxxxxxxxxxxxxxxxxx, e-mail xxxxxxxxxxxxxx, vem,
respeitosamente, por seu advogado com escritório localizado na Rua da
Conceição, 141, sala 1106, Centro, Niterói, Rio de janeiro, CEP 24.020-085, e-
mail gv@valentemourao.com.br, onde receberá futuras intimações conforme
art. 106, I, do NCPC, com procuração em anexo, propor:

AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS c/c DANOS MATERIAIS

pelo procedimento especial da lei 9.099/1995, em face de DISTRIBUIDORA


ÚNICA RIO LTDA, inscrito no CNPJ Nº 12.007.184/0001-09, com sede na Rua
Sargento Aquino, 391, Galpao, Olaria, RJ, Cep 21021-640 e BUD COMÉRCIO
DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA (CONSUL), inscrito no CNPJ Nº
62.058.318/0007-76, com sede na Rua Olympia Semeraro, 675, Setor Bud,
Jardim Santa Emília, São Paulo/ SP, CEP 04.183-090, pelos fatos e pelos fatos
e fundamentos jurídicos a seguir aduzidos:

APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:

No que se refere ao caso em questão, a autora encontra-se na posição de


consumidor, uma vez que adquire a prestação de serviço com base no art. 3º
da lei 8.078 de 1990 e utiliza do serviço como destinatário final, conforme art.
2º da mesma lei, possuindo todas as características de vulnerabilidade, tais
como a técnica, econômica e jurídica.

DA COMPETÊNCIA:

Trata-se de relação de consumo, com base no art. 3º da lei 8.078 de 1990,


sendo, portanto, aplicável o art. 101, I do CDC que autoriza a propositura da
presente ação demandada no foro do domicílio da parte autora.

DOS FATOS:

A demandante recebeu, de presente de seu pai NEY MANES ROMANINI, o


aparelho 1 ACJ 10 F CONSUL 127V R-22 MECANICO, no valor de R$
1.117,44, com instalação pela própria empresa em 07/06/2018.

Logo com o início do uso, ficou constatado que o produto não baixava de
temperatura e, prontamente, agendou uma visita do técnico com a empresa ré,
cujo número de protocolo é 7007540349 e a troca do termostato foi efetuada
com um aumento de inclinação.

Em seguida, após a mexida do técnico, começaram a aparecer bolhas na


parede, oriundas de uma infiltração, conforme fotos anexas.

Indignada, tendo em vista o estrago feito, encontrou em contato, em


09/01/2019, através do site da segunda ré, com nº de protocolo 7008183722,
recebeu a visita do técnico dia 10/01/2019.
Ocorre que, no dia da visita o técnico NÃO compareceu, fazendo com que a
demandante perdesse um dia inteiro, ou seja, um dia absolutamente
improdutivo esperando por um conserto de um defeito causado pela própria
empresa desperdiçado.

Novamente, entra em contato pelo site para o dia 14/01/2019 para a visita
técnica, cujo protocolo nº 7008183722, porém, para sua surpresa, o técnico
não foi e por telefone ligou dizendo que nada poderia fazer.

Foram acumulados 4 atendimentos no suporte técnicos (conversa on-line),


além dos protocolos de reclamação, conforme documentos anexos das
conversas:

· 7007540349 – Primeiro atendimento em 13/06/2018;

· 190110-000208;

· 190111-000268;

· 190114-001778;

· 190118-001206; e

· 190118-001206.
Destaca-se que se trata sempre da mesma assistência técnica e também do
forte CALOR que faz o estado do Rio de Janeiro. Documentos da visita técnica
anexos. Ainda, que o produto se encontrava na garantia (doc. Anexo)

Devemos observar a teoria do desvio dos recursos produtivos do consumidor


(explicada nos fundamentos jurídicos), que deixa claro que o consumidor, por
ficar absolutamente vulnerável e tendo em vista as práticas abusivas por parte
das fornecedoras de produtos e serviços, evidencia que o autor sofreu com a
PERDA DE SEU TEMPO PRODUTIVO, ou seja, o tempo que a mesma teria
para outras atividades (seja descansar ou trabalhar) não foi utilizado para o seu
devido fim, por um problema ocasionado NÃO por sua culpa, mas por culpa da
empresa. NÃO EXISTE TEMPO IMPRODUIVO. Esta teoria vem sendo
aplicada de forma vasta no Tribunal no RJ, conforme jurisprudências acostadas
aos autos.

A conexão que deve ser feita para estabelecer o dano moral ao caso em
questão, é o fato de o demandante possuir diversos protocolos, desgaste
emocional com o caso, expectativa FRUSTRADA em receber os valores pagos
e que, conforme a Carta Magna (art. 5º, caput, CF), o direito de propriedade
deve ser assegurado.

Com o ocorrido, não restou alternativa senão a presente ação, para que a
demandante seja reparada no âmbito extrapatrimonial, tendo em vista todo o
afeto a dignidade da pessoa humana e ataque aos direitos do consumidor.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:


Trata-se de ação de reparação por danos morais e materiais em face da
empresa DISTRIBUIDORA ÚNICA RIO LTDA e BUD COMÉRCIO DE
ELETRODOMÉSTICOS LTDA (CONSUL).

a) DO DANO MATERIAL

A responsabilidade pelo evento danoso é atribuída à requerida pelo disposto no


art. 18, do CDC (responsabilidade solidária dos réus), conforme destacado nos
fundamentos acima, em que é dever a prestação de um serviço de qualidade e
a resolução do conflito quanto o fornecedor de produtos descumprem o CDC,
como no art. 18, quanto aos vícios de qualidade/quantidade do produto.

Deve o responsável efetuar a substituição em até 30 dias para produtos não


essenciais.

Conforme os artigos 186 e 927, caput, do atual Código Civil Brasileiro:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Está evidente que a ré causou danos ao autor (moral e material), devendo,


conforme a lei, repará-los de forma objetiva, pois trata-se de uma relação de
consumo em que o autor é destinatário final do serviço prestado e, com fulcro
no art. 18, caput, do CDC, a reparação ocorrerá INDEPENDENTEMENTE de
culpa.
Desta forma, o art. 944 do Código Civil, deixa claro que, a indenização se mede
pela extensão do dano causado e, neste caso, configura-se o valor atual de R$
1.117,44 (hum mil, cento e dezessete reais e quarenta e quatro centavos),
referente ao produto comprado, porém com defeito oculto, impossibilitando o
uso, pois o mesmo vem destruindo a parede de sua residência.

b) DO DANO MORAL

O dano moral sofrido pela autora ficou claramente demonstrado, uma vez que
a mesma vem sendo usurpado por práticas abusivas, ou seja, a demandante
teve que perder dias de trabalho, LAZER ou qualquer outra atividade para
resolver o problema ocasionado pela ré, amargando TODO O ESTRESSE,
todo afeto psicofísico ocasionado pelo péssimo serviço da ré, não restou
dúvida quanto a presente ação – o autor até a presente está sem o produto
funcionar. É certo dizer que houve o descumprimento dos preceitos básicos do
direito do consumidor, tais como o direito ao serviço de qualidade imposto pela
Carta magna bem como ao direito de informação clara/precisa.

Conforme dispõe o Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 6º, VI, é


direito básico do consumidor a efetiva reparação dos danos sofridos. Deve-se
levar em consideração a frustração e INDIGNAÇÃO do autor tendo em vista o
péssimo serviço e atendimento, bem como a falha na instalação e conserto do
problema do produto em diversas oportunidades, conforme provas em anexo.

Neste contexto, podemos acrescentar que a responsabilidade da empresa ré é


objetiva, tendo em vista os princípios norteadores do Código de Defesa do
consumidor, não se falando em responsabilidade subjetiva, ou seja,
demonstração de culpa. Destaca-se, aqui, que a demandada deve
PRESERVAR A CONFIANÇA DO CONSUMIDOR, buscando impor um serviço
de excelência, o que não ocorreu. O simples argumento sobre tentativas
frustradas em entregar o produto correto e falhado, tampouco serve de
desculpas para lhe abster do péssimo serviço prestado, tendo em vista que as
justificativas EXTRAPOLARAM QUALQUER LIMITE DA RAZOABILIDADE e
falha na informação.

O art. 927, do CC, nos traz que a reparação está vinculada ao ato ilícito. Desta
forma, a partir do momento em que a empresa ré descumpriu com princípios e
dispositivos do CDC, estamos diante de um dano sofrido pela demandante. O
cálculo relativo ao dano moral é feito conforme a sua extensão, de acordo com
o art. 944, CC.

Podemos inferir que não pairam dúvidas quanto ao ato ilícito praticado pela
demandada. A prática adotada pela empresa demandada revela absoluto
desprezo pelas mais básicas regras do direito do consumidor e à boa fé
objetiva nas relações comerciais, impondo resposta à altura.

O instituto do dano moral não foi criado somente para neutralizar o abalo
suportado pelo ofendido, mas também para conferir uma carga didático-
pedagógica a ser considerada pelo julgador, compensando a vítima e
prevenindo a ocorrência de novos dissabores a outros usuários. O caso em
apreço se enquadra perfeitamente nesses ditames, tendo em vista que a
empresa demandada pratica esses atos abusivos apenas porque sabem que
muitos clientes/consumidores não buscarão o judiciário a fim de recuperar o
valor pago indevidamente, seja por falta de conhecimento, seja pelo
custo/benefício de ingressar na justiça, assim sendo se torna vantajoso para as
demandadas continuarem agindo assim e lesando os seus clientes.

Desta forma, deve-se imputar as demandadas a obrigação de indenizar os


prejuízos incorridos pelo autor.
Ainda, na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso X, também
deixa claro que a todos é assegurado o direito de reparação por danos morais.

Desta forma, cumpre assinalar, que não se pode admitir como plausível a
alegação de mero dissabor, conforme explicado acima, tendo em vista que
essa justificativa apenas estimula condutas que não respeitam os interesses
dos consumidores.

c) DA BOA FÉ E DAS PRÁTICAS ABUSIVAS

A lei 8.078/90, estabelece que a relação entre fornecedor e consumidor devem


respeitar preceitos básicos de boa-fé e equilíbrio, o que não ocorreu no caso
em questão, visto que a ré se aproveitou da fragilidade do consumidor e impôs
valores abusivos e cobranças indevidas.

No que se refere ao art. 6º, do mesmo diploma legal, deixa claro quanto a
vedação dos métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços

Por fim, a lei supramencionada estabelece a proibição do aproveitamento de


certas condições para impingir-lhes seus produtos e serviços, conforme o
ocorrido, posto que se aproveitou da ingenuidade do requerente para impor os
serviços e recusar-se a atender a demanda do cliente.

Portanto, a PRÁTICA É TOTALMENTE ABUSIVA, conforme foi exposto acima.


d) INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Por fim, a inversão do ônus da prova tem como fundamento a situação de


desvantagem entre o consumidor e fornecedor de serviço, conforme art. 6, VIII,
do CDC, em que houve a comprovação de mais que o mínimo de lastro
probatório.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus


da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

Pelo exposto, é de conhecimento geral de todos os operadores do direito que a


regra do ônus da prova cabe a quem alega, porém, em decorrência da
reconhecida vulnerabilidade e hipossuficiência do consumidor frente à
capacidade técnica e econômica do fornecedor de serviço ou produto, a regra
sofre uma “flexibilização”, com o objetivo de criar uma igualdade no plano
jurídico.

A inversão, para o caso concreto em discussão, se torna EXTREMAMENTE


essencial, uma vez que o autor possui todos os protocolos anotados,
demonstrando o mínimo de lastro probatório.

Portanto, a inversão do ônus da prova ocorre com objetivo de facilitar a defesa


dos direitos do consumidor e, por via reflexa, garantir a efetividade dos direitos
do indivíduo e da coletividade na forma dos artigos 5º, inciso XXXII e 170,
inciso IV, ambos da CF/88.

e) TEORIA DO DESVIO DOS RECURSOS PRODUTIVOS DO CONSUMIDOR


A teoria do desvio dos recursos produtivos do consumidor deixa claro que o
consumidor, por ficar absolutamente vulnerável e tendo em vista as práticas
abusivas por parte das fornecedoras de produtos e serviços, evidencia que a
autora sofreu com a PERDA DE SEU TEMPO PRODUTIVO, ou seja, o tempo
que a mesma teria – tempo esse de um ano – para outras atividades (seja
descansar ou trabalhar) não foi utilizado para o seu devido fim, por um
problema ocasionado NÃO por sua culpa, mas por culpa da empresa.

A responsabilidade é objetiva nas relações de consumo, sendo assim, não é


necessário a demonstração de culpa.

A doutrina e jurisprudência, inclusive a do TJRJ, já entende pela aplicação da


teoria, uma vez que o tempo produtivo do consumidor não pode ser retirado por
um problema causado pela empresa ré. A empresa deve ser punida por este
fato. Mesmo entendendo que não há, no Brasil o dano punitivo (punitive
damage), o entendimento é que o dano moral, através da aplicação do desvio
produtivo – referente, também ao dano existencial – seja aplicado.

“Neste sentido, o advogado Marcos Dessaune desenvolveu a tese do desvio


produtivo do consumidor, que se evidencia quando o consumidor, diante de
uma situação de mau atendimento (lato sensu), precisa desperdiçar o seu
tempo e desviar as suas competências - de uma atividade necessária ou por
ele preferida - para tentar resolver um problema criado pelo fornecedor, a um
custo de oportunidade indesejado, de natureza irrecuperável. Em outra
perspectiva, o desvio produtivo evidencia-se quando o fornecedor, ao
descumprir sua missão e praticar ato ilícito, independentemente de culpa,
impõe ao consumidor um relevante ônus produtivo indesejado pelo último ou,
em outras palavras, onera indevidamente os recursos produtivos dele
(consumidor). (...) Considerando não ter havido abalos maiores nos direitos de
personalidade da autora, fixo a indenização por dano moral em R$ 5.000,00
(cinco mil reais), quantia que atende aos princípios norteadores da reparação
por dano moral, com juros de mora a partir da citação e correção monetária a
partir do arbitramento, conforme Súmula 362 do Superior Tribunal de Justiça.
Condeno a ré ainda, ao pagamento de custas e honorários, que fixo em 20%
(vinte por cento) sobre o valor da condenação.” (grifo nosso - 2216384-
69.2011.8.19.0021)

1ª Decisão encontrada na pesquisa de um total de 81. 0026400-


23.2017.8.19.0205 – APELAÇÃO. 1ª Ementa. Des (a). WILSON DO
NASCIMENTO REIS - Julgamento: 01/11/2018 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA
CÍVEL. APELAÇÃO. CONSUMIDOR. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C
INDENIZATÓRIA C/C TUTELA ANTECIPADA. ALEGAÇÃO DE DESCONTOS
INDEVIDOS REFERENTES À CONTRAÇÃO DE SEGUROS E TÍTULOS DE
CAPITALIZAÇÃO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL QUE DEVE
SER REFORMADA. A matéria devolvida ao Tribunal para conhecimento
repousa em verificar a existência de danos morais advindos da conduta da
parte ré, além do termo inicial de incidência dos juros quanto aos danos
materiais. Em análise aos autos, verifica-se que a parte ré que apresentou os
contratos assinados quanto aos títulos de capitalização, inexistindo
impugnação do autor quanto as assinaturas nos contratos. Ao revés, quanto
aos contratos de seguros não restou demonstrado a efetiva contratação
devendo os valores serem restituídos na forma dobrada tal como fixado na
sentença. Incidência da Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor. Exposição
do consumidor à perda de tempo excessiva e inútil, na tentativa de solução
amigável de problema de responsabilidade do fornecedor. O tempo na vida de
uma pessoa representa um bem extremamente valioso, cujo desperdício em
vão não pode ser recuperado, causando uma lesão extrapatrimonial. Dano
moral in re ipsa. O valor da indenização que deve ser fixado em R$ 3.000,00
(três mil reais), levando-se em consideração a peculiaridade do caso concreto.
No que se refere aos juros sobre o valor a ser ressarcido a título de danos
materiais devem incidir desde a data de cada débito indevido realizado na
conta do autor, em conformidade ao disposto no Verbete nº 331 TJRJ.
Precedentes deste Tribunal. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO DO
AUTOR PARA: (I) CONDENAR A RÉ EM COMPENSAR OS DANOS MORAIS
FIXADOS EM R$ 3.000,00 (TRÊS MIL REAIS), QUE DEVERÁ SER
CORRIGIDA MONETARIAMENTE A CONTAR DO PRESENTE JULGADO, NA
FORMA DA SÚMULA 362, STJ E ACRESCIDA DE JUROS DE 1% AO MÊS
CONTAR DA CITAÇÃO; E (II) DETERMINAR A INCIDÊNCIA DOS JUROS
MORATÓRIOS SOBRE OS DANOS MATERIAIS INCIDAM A PARTIR DE
CADA DESCONTO INDEVIDO, NOS TERMOS DO VERBETE 331 DE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Ementário: 00/0 - N. 0 - 31/12/0

5ª Decisão encontrada na pesquisa de um total de 81. 0040906-


62.2012.8.19.0210 – APELAÇÃO. 1ª Ementa. Des (a). DENISE LEVY
TREDLER - Julgamento: 30/10/2018 - VIGÉSIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO E DE CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS Controvérsia recursal relativa a ter restado caracterizado o
dano moral e o correspondente direito do autor à indenização compensatória.
Caracterizados os requisitos necessários à configuração da responsabilidade
civil da ré, vez que inegável o abalo psicológico ocasionado ao autor, haja vista
que possuía produtos artesanais anunciados na internet e quando os
interessados de várias localidades do país ligavam para fazer pedidos,
recebiam a informação de que a linha não mais existia, o que lhe causava
constrangimentos. Assim, deve a ré ser condenada a compensar-lhe o
desgaste físico decorrente dos transtornos ocasionados, haja vista que o
consumidor ficou sem o seu número de telefone fixo, após adesão ao plano de
telefonia, em razão de falha na prestação do serviço, causando angústia,
frustração e mal-estar ao demandante, um senhor de 70 anos de idade, que
em muito extrapolam o simples aborrecimento cotidiano. Teoria do desvio
produtivo do consumidor, segundo a qual o fato de o consumidor ser exposto a
perda de tempo na tentativa de solucionar amigavelmente um problema
causado pelo fornecedor do serviço, e apenas posteriormente descobrir que só
obterá uma solução pela via judicial, é gerador da obrigação de indenizar. Esta
independe de prova relativa ao prejuízo material, vez que se trata de dano in re
ipsa, consoante o disposto nos artigos 186 e 927, do Código Civil, c/c o inciso
X, do artigo 5º, da Constituição Federal. Verba compensatória dos danos
morais arbitrada em R$ 10.000,00 (dez mil reais). Fixação dos honorários
recursais. Inteligência do § 11, do art. 85, do CPC. Recurso a que se dá
provimento. Ementário: 00/0 - N. 0 - 31/12/0

Conforme exposto acima, a teoria do desvio produtivo vem sendo aplicada de


forma ampla no judiciário do Rio de Janeiro. O entendimento encontra-se base
no fato, como salientado na explicação anterior a jurisprudência, no na perda
do tempo útil do consumidor para dirimir problemas causados pela fornecedora
de produto ou serviço.

DOS PEDIDOS:

Por todo o exposto, requer o (a):

a. Citação da ré no endereço localizado em seu site oficial, sob pena de revelia


(art. 344, do NCPC);

b. Gratuidade de justiça, com fulcro no art. 98, do CPC;

c. Reconhecimento da relação de consumo, com base nos arts. 2º, 3º, e 14º,
da lei 8.078 de 1990 e sendo aplicado a responsabilidade objetiva da ré;

d. Inversão do ônus da prova (art. 6, VIII, do CPC), forçando as rés a provar


que as alegações mencionadas não estão de acordo;

e. Condenação da ré ao pagamento do montante de R$ 5.000,00 (cinco mil


reais) a título de danos morais frente à ação voluntária da ré mediante a teoria
do desvio produtivo do consumidor, conforme acima exposto, bem como
jurisprudência supramencionada, sendo agravada pela deficiência do
consumidor autor da lide;

f. Condenação da ré ao pagamento do montante de R$ 1.117,44 (hum mil,


cento e dezessete reais e quarenta e quatro centavos) a título de danos
materiais frente ao prejuízo sofrido e a devolução do produto no prazo para
recolher de 30 dias.

Utilizar-se-ão como provas, testemunhal, documentos, e-mails, protocolos de


atendimento e fotos, bem como outras que por ventura venham a ser
produzidas posteriormente, conforme preconiza o art. 32, da lei 9.099/90.

Dá-se valor a causa de R$ 6.117,44 (seis mil, cento e dezessete reais e


quarenta e quatro centavos).

Termos em que pede deferimento

Niterói, 28 de janeiro de 2019.

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