Você está na página 1de 22

AO EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __°

UNIDADE DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS DA CIDADE DE SÃP PAULO – SP.

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DO PAGAMENTO INDÉVIDO EM DOBRO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

ROBERTO CARLOS SANTOS DAMASCENO, brasileiro, solteiro, assistente de


atendimento, portador do RG n.°: 55.168.272-3 expedido pela SSP/BA, inscrita no CPF sob o nº:
070.878365-10, endereço eletrônico bdamasceno@outlook.com, residente e domiciliado na Rua
Major Diogo, n.º: 218, apt: 06, bairro: Bela Vista, CEP 01324-001, São Paulo – SP, vem por meio
de seu procurador, ZACHARIAS VIEIRA, inscrito regularmente na OAB/CE sob o n.°40.855
e, CPF sob o n.°052.204.533.27, com endereço para intimações na Rua Lauro Nogueira 1500, na
torre Rio Mar Trade Center, sala 712, Fortaleza/CE, Telefone: (85)997166216. Endereço
Eletrônico: zacharias@zachariasvieira.com, AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DO PAGAMENTO
INDÉVIDO EM DOBRO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS em face de
INDRIVER, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n°: 24.554.736/0001-70,
com endereço na Rua Travessa Edgar Santos, 300 – Narandiba, Salvador-BA, 41180-790, Rua
Leopoldo Couto de Magalhães Jr., nº: 700, 7º andar, bairro: Itaim Bibi, São Paulo – SP, CEP nº:
04542-000, pelas razões de fato e direito que passa a expor.

I – DOS FATOS

No primeiro momento, é de suma importância que seja feita a compreensão do caso


em questão. No dia 12 de setembro de 2020, às 04:48 horas da manhã, o autor solicitou o serviço
de transportes da empresa ré, saindo da Rua Joel Rodrigues Blandy, número 110 para o destino
final Rua Santo Antônio, número 1132, conforme a foto seguir:
Porém, ao chegar no endereço de seu destino final, o autor pediu para que a forma de
pagamento fosse pelo cartão de crédito. Merece destaque que o cartão utilizado no caso em
questão não era de sua propriedade, mas do seu primo chamado Kaio Damasceno.

No dia da corrida, o demandante havia ingerido bebida alcoólica, além disso, estava
bastante cansado, o que é justificável pelo horário da corrida. Por esse motivo, não estava
assimilando corretamente algumas informações e, por isso, não prestou muita atenção no que o
motorista do aplicativo da empresa ré estava fazendo.

Assim, a corrida realizada pelo requerente resultou no valor de R$ 24,00 (vinte e


quatro reais), no entanto, o motorista percebeu a situação e aproveitou-se da vulnerabilidade do
autor para ao invés de cobrar o valor correto da corrida, acrescentar um número no valor e
colocando o montante da corrida para R$ 824,00 (oitocentos e vinte e quatro reais). O senhor
Roberto efetuou o pagamento sem perceber a alteração no montante, apenas sabendo que havia
pago essa quantia quando o seu primo o avisou. Senão, vejamos:
A partir desse ocorrido, o requerente entrou em contato com a requerida para
resolver o problema, contudo não obteve êxito na resposta, lhe foi informado que o resultado
seria dado em 72 (setenta em duas horas), todavia, não obteve nenhum retorno, segue em anexo
as conversas:
Além desse contata por mensagem, o requerente entrou em contato com a
demandante por e-mail, entretanto, o seu problema não foi resolvido, segue os “prints” dos e-
mails:
Além disso, foi mandando um e-mail afirmando que eles não poderiam resolver o
problema, pois não conseguiram manter contato com o motorista, como mostra-se na imagem:
Ora, o trecho alhures assevera a falha na prestação do serviço pela requerida
que, sabendo que seus contratados operam viagens para pessoa ébrias, eventualmente por
estarem saindo de festas, etc., permitiu que um de seus motoristas efetuasse uma cobrança
em valor indevido e, quando da tentativa de solver o problema administrativamente, pelo
cliente, este ficou desassistido, sem que houvesse qualquer retorno positivo pela
demandada. Em verdade, a mesma admite que não conseguiu efetivar o contato com o
mesmo, tendo lamentado mesmo pelo ocorrido e BANIDO o referido motorista.

Ora, a situação ultrapassa o mero dissabor, porquanto o requerente, não


bastasse ter sido enganado por um preposto da empresa, ao tentar pleitear o
ressarcimento, com fito de evitar a judicialização da lide, FOI SURPREENDIDO COM A
OMISSÃO DA REQUERIDA, que não se responsabilizou pelo ocorrido.
Por fim, fica de uma transparência incontestável que o requerente não teve seu
problema solucionado, mas teve seu tempo perdido tentando soluciona-lo, além de ter arcado
com um ônus de R$ 800,00 (oitocentos reais) que teve que ser ressarcido ao seu primo, restando
o débito junto a empresa requerida que não foi solucionado.

II – DO DIREITO
II.1 – DA EXISTÊNCIA DA RELAÇÃO DE CONSUMO

Urge salientar o motivo de estarmos diante de uma relação de consumo, assim,


consumidor é tido como aquele que retira o produto ou o serviço do mercado, bem como, realiza
o esgotamento da cadeia econômica, ademais, o fornecedor é tido como aquele que aufere uma
atividade com habitualidade e percebe lucro dela, com fulcro nos artigos 2º e 3º, ambos do
Código de Defesa do Consumidor, enquadra-se, portanto, no caso concreto, uma vez ser a autora
gozar da prestação de serviço das rés, nos termos do que foi explicitado, nesse sentido, indica-se
a normatização do CDC:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final. Ver tópico (573293 documentos)
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Ver tópico (8240
documentos)
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Desta feita, fica comprovado através dos entendimentos dos nossos Tribunais que
tal relação entre as partes configura relação de consumo, veja-se a seguir:

RECURSO INOMINADO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.


PLATAFORMA UBER. TÍPICA RELAÇÃO DE CONSUMO.
RESPONSABILIDADE DE TODOS OS ENVOLVIDOS NA CADEIA DE
FORNECIMENTO. DESCASO DA RÉ. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
RESTITUIÇÃO DEVIDA . SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO
E PROVIDO. (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0004793-07.2017.8.16.0182 - Curitiba -
Rel.: Juíza Vanessa Bassani - J. 12.02.2019)

(TJ-PR - RI: 00047930720178160182 PR 0004793-07.2017.8.16.0182 (Acórdão),


Relator: Juíza Vanessa Bassani, Data de Julgamento: 12/02/2019, 1ª Turma Recursal,
Data de Publicação: 15/02/2019).

RECURSO INOMINADO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MOTORISTA


CADASTRADO NA PLATAFORMA UBER. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
RELAÇÃO DE CONSUMO . RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CADEIA DE
FORNECEDORES. DANO MATERIAL COMPROVADO. SENTENÇA
CONFIRMADA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. Característica do processo
diferenciado dos Juizados Especiais, a confirmação da sentença pelos próprios
fundamentos remete ao articulado da sentença de primeira instância. (TJPR - 2ª
Turma Recursal - 0004346-13.2017.8.16.0184 - Curitiba - Rel.: Juiz Helder Luis
Henrique Taguchi - J. 20.08.2019)
(TJ-PR - RI: 00043461320178160184 PR 0004346-13.2017.8.16.0184 (Acórdão),
Relator: Juiz Helder Luis Henrique Taguchi, Data de Julgamento: 20/08/2019, 2ª
Turma Recursal, Data de Publicação: 21/08/2019).

Assim, fica claro que as jurisprudências inframencionadas devem ser utilizadas de


forma análoga, já que a empresa ré realiza os mesmos serviços que a empresa mencionada.

Nesse sentido, sendo evidente a relação de consumo existente, que se proceda com
a análise do caso concreto à luz do código de defesa do consumidor, fazendo-se jus a
vulnerabilidade do consumidor e, como também, toda cadeia protetiva estatal.

II.2 – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:

É inquestionável que o presente caso se trata de uma relação de consumo, sendo


tutelado pela Lei n.º 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor, que aborda especificamente
das questões em que fornecedores e consumidores integram uma relação jurídica, principalmente
em relação à matéria probatória.

Tal legislação confere direito ao julgador determinar a inversão do ônus da prova em


favor do consumidor conforme seu artigo 6º, VIII:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da


prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiência.

Faz-se pertinente, transcrever o seguinte Enunciado das Turmas Recursais dos


Juizados Especiais, no que diz respeito à inversão do ônus da prova:

Enunciado 17: É cabível a inversão do ônus da prova, com base no princípio da


equidade e nas regras de experiência comum, a critério do Magistrado, convencido
este a respeito da verossimilhança da alegação ou dificuldade da produção da prova
pelo reclamante.

Por oportuno, traz-se à baila o ensinamento de Plínio Lacerda Martins, in


“Anotações ao Código de Defesa do Consumidor. Conceito e noções básicas. DP & A Editora.
RJ. 2001 p.27”:

Tendo em vista que o CDC, no artigo 6°,VIII, prevê como direito básico do consumidor
o direito à inversão do ônus da prova no processo quando a alegação for verossímil,
facilitando assim a defesa dos direitos dos consumidores, e que esta inversão ao nosso
juízo é ope judicis, não se justifica então a não-inversão do ônus da prova quando
comprovada a verossimilhança ou mesmo a hipossufiência.

Nesse sentindo, não se pode olvidar de destacar a responsabilidade objetiva do


fornecedor de serviço estampada no art.14 do CDC:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos”

Portanto, Excelência, cristalino é a aplicabilidade do Código de Defesa do


Consumidor no caso em tela, bem como presente a verossimilhança do direito alegado e a
hipossuficiência da parte autora, o qual detém então os requisitos para que Vossa Excelência se
digne de conceder a inversão do ônus da prova em favor do mesmo.

É notório, a existência da verossimilhança no que foi exposto pelo autor, já que a


empresa ré nunca resolve os problemas existentes com os seus consumidores, a prova disso são
as reclamações feitas no site https://www.reclameaqui.com.br/, veja:
Desse modo, deve-se conceder a inversão do ônus da prova, devendo o requerido
demonstrar provas em contrário ao que foi exposto pela autora.

II.3 – DA RESTITUIÇÃO DA COBRANÇA INDEVIDA:

Desse modo, fica cristalino, que houve uma cobrança indevida, pois, o valor devido
a ser cobrado, seria o montante de apenas R$ 24,00 (vinte e quatro reais), entretanto, lhe foi
cobrado R$ 824,00 (oitocentos e vinte e quatro reais), de forma injustificada e totalmente
errónea.

Desta feita, o valor deverá ser restituído em dobro, com base no artigo 42, em seu
parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor, veja-se:

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a


ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição
do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

Nessa ocasião, a empresa ré deverá restituir o autor a quantia de R$ 1.600 (uns mil
seiscentos reais), ademais, pode-se ver com clareza que se encontra na conduta do motorista a
má-fé, fica claro que já existem entendimentos firmados dos Tribunais nesse sentido, segue-se
tais entendimentos:
APELAÇÃO. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER, CUMULADA COM INDENIZATÓRIA. FORNECIMENTO DE
ÁGUA. COBRANÇA EXORBITANTE. INTERRUPÇÃO DO SERVIÇO.
DANO MORAL CARACTERIZADO. Alegação da usuária de que são excessivos os
valores cobrados pelo fornecimento de água em sua residência no período
compreendido entre maio e julho de 2018. Embora se reconheça que é
responsabilidade do consumidor manter as adequações técnicas das instalações
internas de sua residência, com o fim de evitar desperdícios e elevações injustificadas
de consumo, no caso vertente, não se pode atribuir à desídia da demandante o
aumento de consumo discutido nos autos, visto que, realizada vistoria em seu imóvel,
nenhuma irregularidade foi constatada. A tese defendida pela concessionária
demandada de que a vistoria foi realizada após o período reclamado, de modo que
poderia a autora ter providenciado o conserto de eventuais vazamentos, não passa de
mera suposição, sem qualquer lastro probatório. Parte ré que não se desincumbiu de
demonstrar a regularidade das cobranças discutidas nos autos, como exige o art. 373,
II, do CPC. Interrupção indevida do serviço. Dano moral configurado. A prestação
defeituosa de serviço público essencial ofende direitos da personalidade, gerando
direito compensatório de dano moral (CDC, art. 22). Verba reparatória que não se
mostra suficiente e razoável para compensar o dano sofrido, devendo ser majorada.
Honorários advocatícios corretamente fixados. PARCIAL PROVIMENTO DO
RECURSO DA AUTORA E DESPROVIMENTO DO RECURSO DA RÉ.

(TJ-RJ - APL: 00200265820188190042, Relator: Des(a). CLÁUDIO LUIZ BRAGA


DELL'ORTO, Data de Julgamento: 09/09/2020, DÉCIMA OITAVA CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 10/09/2020).

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA


POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. COBRANÇA EM VALOR MUITO
ACIMA DA MÉDIA DE CONSUMO DO AUTOR. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. RECURSO INTERPOSTO PELO AUTOR
PRETENDENDO A CONDENAÇÃO DA RÉ AO PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, BEM COMO DAS CUSTAS
PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM SUA INTEGRALIDADE.
- Relação de consumo. Responsabilidade objetiva da concessionária de energia
elétrica. Danos morais configurados. Transtornos que superam aqueles diários,
frustrando o apelante de obter o seu direito, caso em que a Apelada deve ser
condenada ao pagamento de indenização a este título, porém, em quantia
inferior à pretendida pelo Apelante. Quantia indenizatória que ora é fixada de
forma razoável e proporcional às especificidades do caso, sem importar em
enriquecimento ilícito da vítima - Custas processuais e honorários advocatícios
sucumbenciais que devem ser pagos de forma integral pela Ré. - RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO.

(TJ-RJ - APL: 00270677220168190066, Relator: Des(a). MARIA REGINA


FONSECA NOVA ALVES, Data de Julgamento: 28/04/2020, DÉCIMA QUINTA
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 2020-04-30).
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - COBRANÇA INDEVIDA - EMPRESA DE
TELEFONIA - RESTITUIÇÃO EM DOBRO - MÁ-FÉ COMPROVADA - DANO
MORAL -INDENIZAÇÃO DEVIDA. A cobrança de valores pela empresa de telefonia
em desconformidade com o contrato e com os serviços utilizados pela consumidora é
indevida. Demonstrada a má-fé da empresa de telefonia que manteve as cobranças
indevidas mesmo após ser questionada administrativamente, deve ser condenada à
restituição em dobro da quantia indevidamente cobrada, na forma do art. 42, parágrafo
único, do CDC. Há dano moral na hipótese em que a prestadora de serviços de
telefonia efetua diversas cobranças indevidas, em valores elevados quando comparados
com o valor do plano contratado, e ainda demonstra descaso na solução do problema
quando comunicada administrativamente.
(TJ-MG - AC: 10000190412874001 MG, Relator: Tiago Pinto, Data de Julgamento:
24/06/0020, Data de Publicação: 07/07/2020).

Assim, o montante a ser devolvido será o valor cobrado de forma indevida e em


dobro, resultado na quantia de R$ 1.600,00 (um mil e seiscentos reais), sendo a devolução em
dinheiro ou no cartão de crédito que foi pago a corrida.

Na presente ocasião, fica cristalino que o autor tem direito a restituição em dobro
pago, devido a má-fé configurada da parte ré e visto que o pagamento foi realizado.

II.4 - DO DANO MORAL:

Antes de mais nada, cabe destacar que o dever de indenizar por dano moral está
estampado no art. 5°, X, da Constituição Federal, in verbis:

Art. 5°-

Omissis...

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação.

Além de estar previsto na Carta Magna, o Código Civil disciplina expressamente em


seus artigos 186 e 927 o instituto do dano moral.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
É sabido, que a conduta realizada pelo motorista do aplicativo da empresa requerida
foi totalmente baseada na má-fé e na falta de respeito com o consumidor, gerando uma enorme
preocupação, perda de tempo para a resolução do problema e um enorme constrangimento
perante o seu primo que é o proprietário do cartão de crédito que foi utilizado.

Analisando a situação por outro ângulo, percebe-se que o fornecedor, ao descumprir


sua missão e cometer ato ilícito, independentemente de culpa, impõe ao consumidor um
relevante ônus produtivo, malquisto pelo último.

Nesse sentido, já existem entendimentos dos nosso Tribunais:


Edital Circunscrição Judiciária de Brasília Juizados Especiais Cíveis de Brasília 4º
Juizado Especial Cível do Brasília Sentença N. 0756177-93.2018.8.07.0016 -
PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL - A: LUCIO FLAVIO DE
CASTRO DIAS. Adv(s).: PI14967 - DIOGO DE CASTRO DIAS MAGALHAES.
R: RADIO TAXI ALVORADA LTDA - EPP. Adv(s).: DF0017390A - WALTER
JOSE FAIAD DE MOURA. R: CHARLES TEIXEIRA DE CARVALHO. Adv(s).:
Nao Consta Advogado. Poder Judiciário da União TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS 4JECIVBSB 4º Juizado Especial Cível
de Brasília Número do processo: 0756177-93.2018.8.07.0016 Classe judicial:
PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) AUTOR: LUCIO
FLAVIO DE CASTRO DIAS RÉU: RADIO TAXI ALVORADA LTDA -
EPP, CHARLES TEIXEIRA DE CARVALHO S E N T E N Ç A Vistos, etc. Versam
os presentes autos sobre ação de conhecimento ajuizada por LÚCIO FLÁVIO DE
CASTRO DIAS em desfavor de RADIO TAXI ALVORADA LTDA ME e CHARLES
TEIXEIRA DE CARVALHO, submetida ao rito da Lei nº 9.099/95. A parte autora
pleiteou (i) a devolução do valor cobrado a maior por uma corrida de táxi, no importe
de R$ 1.150,00, (ii) que tal quantia seja devolvida em dobro, (iii) reparação de danos
materiais no valor de R$ 170,68 e (iv) indenização por danos morais no valor de R$
1.000,00. A empresa ré RADIO TAXI ALVORADA apresentou preliminar de
ilegitimidade passiva. No mérito, pugnou pela improcedência dos pedidos autorais. O
réu CHARLES TEIXEIRA DE CARVALHO compareceu à audiência de conciliação,
mas não apresentou defesa. É o breve relato (art. 38, ?caput?, da Lei nº 9.099/95).
DECIDO. No que tange à preliminar de ilegitimidade passiva apresentada pela ré
RADIO TAXI ALVORADA tenho que não merece prosperar. Cuida-se de contrato de
prestação de serviço de transporte de passageiro, no qual a ré RADIO TAXI
ALVORADA atuou como intermediadora entre o passageiro e o taxista. Não há dúvida,
portanto, que a empresa ré atuou na cadeia do serviço contratado pelo autor, sendo
inclusive remunerada para prestar tal labor, já que recebe quinzenalmente dos taxistas
filiados. Por conseqüência, por força do que dispõe o art. 25, §1º, do CDC, a empresa
de rádio táxi responde solidariamente com o taxista pela falha na prestação do serviço.
Desta forma, arrosto e rejeito a referida preliminar. Passo ao exame do meritum causae.
A questão submetida a julgamento é unicamente de direito, não havendo a necessidade
de produção de outras provas, razão pela qual passo ao julgamento antecipado do
mérito (art. 355, inciso I, do CPC). O quadro delineado nos autos revela que em
12/08/2018, o autor acionou a empresa ré RADIO TAXI ALVORADA por telefone
solicitando um táxi para uma viagem entre o shopping Píer 21 e um endereço
residencial na Asa Norte. A empresa de rádio taxi, então, acionou o réu CHARLES
TEIXEIRA DE CARVALHO que prestou o serviço ao autor. No entanto, na hora de
registrar o pagamento, o taxista cobrou R$ 1.200,00, por uma corrida que custaria por
volta de R$ 50,00. Por entender tratar-se de conduta abusiva, o autor pretende ser
ressarcido em dobro pelo valor que lhe foi cobrado a maior, além de indenização por
dano moral. Em sua defesa, a empresa ré RADIO TAXI ALVORADA afirma que não
participou da prestação do serviço de transporte, servindo tão somente como mera
intermediadora entre o taxista e o passageiro. Não há dúvida que houve falha na
prestação do serviço, já que é fato notório que uma corrida de táxi entre o shopping Píer
21 - localizado na Avenida das Nações (L4 Sul) - e a Asa Norte não pode custar R$
1.200,00, mas em torno de R$ 50,00. Ao efetuar a cobrança abusiva ao cliente, o taxista
violou a legítima expectativa do cliente de pagar pelo preço compatível com o serviço
prestado, o que configura prática abusiva, conforme, art. 39, inciso V, do CDC. Os
autos revelam que a empresa de rádio taxi foi a única responsável por dispor o referido
taxista ao cliente, que se serviu dos serviços da empresa para conseguir um meio de
transporte. Logo, a empresa também participou do negócio jurídico, até porque recebe
dos taxistas para lhes fornecer clientes em troca de certa remuneração quinzenal
(conforme contrato juntado aos autos ? ID 29203862). Nessa situação, havendo falha do
taxista na prestação do serviço de transporte individual de passageiros, a empresa de
rádio taxi, como participante da cadeia de serviços contratados, também responde pelo
ocorrido. Desta forma, cabe aos réus indenizar o autor por seus prejuízos. Além do
valor que foi cobrado a maior (R$ 1.150,00), ao autor é devido o pagamento da
devolução em dobro, por se tratar de cobrança indevida efetuada por um fornecedor de
serviços, o que impõe a devolução em dobro, conforme art. 42. parágrafo único, do
CDC. Cabível também que o autor seja reparado pelos encargos financeiros que
precisou arcar decorrentes da cobrança indevida efetuada pelos prestadores de serviço.
O documento ID 23324527 aponta cobrança de R$ 127,01 a título de encargos e juros
de mora, que deve ser devolvido integralmente. Por outro lado, indevida a restituição de
valores cobrados a título de pagamento em atraso da fatura, na medida em que tal
rubrica não tem qualquer relação com o contrato objeto da presente demanda judicial.
Quanto aos danos morais, a conduta do taxista e da empresa de táxi que o escolheu
violou os direitos de personalidade do autor, submetido indevidamente a sentimentos
negativos de injustiça, enganação e quebra de confiança, caracterizando o dano moral.
Nestas situações, compete ao juiz o arbitramento do quantum devido conforme os fatos
demonstrados nos autos e sempre lastreados nos princípios constitucionais da
razoabilidade e da proporcionalidade. Atenta a tais paradigmas, fixo o valor do dano
moral em R$ 1.000,00. Posto isso, forte em tais razões e fundamentos, JULGO
PROCEDENTE, em parte, os pedidos autorais para, com base nos art. 5º e 6º da Lei
9.099/95 e art. 7º da Lei 8.078/90: 1) Condenar os réus, solidariamente, a reparar os
danos materiais do autor, no valor de R$ 2.427,01, acrescido de juros de 1% ao mês a
contar da citação e correção monetária pelo INPC a partir do evento danoso
(12/08/2018); 2) Condenar a ré a indenizar o autor em R$ 1.000,00 (mil reais) a título
de danos morais, cuja quantia deverá ser acrescida de juros mensais de 1%, a contar da
citação (art. 405, Código Civil) e correção monetária pelo INPC a partir desta sentença
(Súmula nº 362 do STJ). JULGO EXTINTO O PROCESSO COM RESOLUÇÃO DE
MÉRITO com esteio no art. 487, I, do CPC. Sem custas e honorários (art. 55, caput, da
Lei 9.099/95). Sentença publicada e registrada no PJ-e. Intimem-se. Desde já, nos
termos do art. 523, do CPC, registre-se que compete à parte autora, após o trânsito em
julgado, requerer o cumprimento de sentença, devidamente instruído conforme art. 524,
também do CPC. Se não o fizer, dê-se baixa e arquivem-se, independente de nova
intimação. Com o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se. EUGÊNIA
CHRISTINA BERGAMO ALBERNAZ Juíza de Direito Substituta (assinado
digitalmente).

SENTENÇA PROCESSO: 9046489.37.2017.813.0024 - Procedimento do Juizado


Especial Cível PROMOVENTE(S): PROMOVIDO(S): UBER DO BRASIL
TECNOLOGIA LTDA SENTENÇA Vistos, etc. Dispensado o relatório, nos termos do
artigo 38 da Lei 9.099, de 1995, passo a breve resumo dos fatos relevantes do feito. O
promovente ajuizou a presente ação alegando ter solicitado um veículo pelo aplicativo
UBER, no aeroporto de Congonhas/SP, sendo atendido pelo motorista de nome Caio,
que dirigia um Honda/Fit. Alega que logo após a viagem se iniciar, o motorista parou o
veículo sob o argumento de que o pneu havia furado, o que levou o promovente a sair
do carro para que o motorista pudesse levantar realizar a troca do pneu. Diz ter deixado
sua mochila no banco traseiro, e que após adentrar novamente ao veículo percebeu que
não estava mais lá. Pede indenização por danos materiais e morais. Frustradas as
tentativas conciliatórias, em audiência restou pertinente o julgamento antecipado da
lide. Em defesa, a requerida argui preliminar de ilegitimidade passiva. No mérito,
sustenta ausência de sua responsabilidade, por ser uma empresa de tecnologia e não de
transporte, e questiona os bens que a autor apresenta como subtraídos e pugna a
improcedência da ação. Eis o breve relato. Passo à fundamentação. PRELIMINAR
Ilegitimidade Passiva Quanto a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pela ré,
vejo que ela participou da cadeia de fornecedores de bens de consumo, sendo, pois
responsável a figurar no polo passivo da lide. Dessa forma, rejeito a preliminar.
MÉRITO Inexistindo outras preliminares arguidas ou nulidades a serem sanadas e
estando regular o feito, com presença dos pressuposto processuais e condições da ação,
passo à análise do mérito. Trata-se de relação de consumo, por ser a parte autora
destinatária final dos serviços de transporte prestados pela parte ré, que é empresa
remunerada pelas corridas que viabiliza, enquadrando-se ambas nos conceitos de
consumidor e fornecedor delineados, respectivamente, nos artigos 2º e 3º, da Lei nº
8.078, de 1990. Nesse sentido, aplicáveis os dispositivos de tal diploma legal. O cerne
do litígio perpassa pela análise da incidência de responsabilidade civil pela parte ré, que
exige a presença dos pressupostos do dever de indenizar, quais sejam: o ato ilícito
(defeito na prestação de serviços), o dano e o nexo causal entre eles. O artigo 734 do
Código Civil prevê a denominada Cláusula de Incolumidade ao dispor sobre a
obrigação de garantia ou de resultado, pela Teoria do Risco, que assim preceitua: O
transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens,
salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente de
responsabilidade. É fato incontroverso dos autos o furto da mochila da parte autora, tal
como consta nos documentos anexos à exordial. Nessas condições, o conjunto
probatório, tal como boletim de ocorrência lavrado na data do fato, e e-mails do autor
buscando uma solução administrativa para o problema, revela-se suficiente à formação
da convicção deste juízo pelo acatamento da pretensão da demandante. Sustenta a parte
ré ausência de provas de que o autor portava sua mochila, e ainda, no nexo causal entre
furto dos bens e a viagem feita através do aplicativo, mas não apresenta nenhuma prova
extintiva, modificativa ou impeditiva do direito do autor, ônus que lhe incumbia. Desta
feita, plenamente possível crer que a mochila furtada entrava-se sim dentro do veículo
cadastrado pela empresa ré. Além disso, diante da vulnerabilidade do consumidor, bem
como de sua natural hipossuficiência probatória, em contrapartida ao grande aparato
técnico que possui a empresa de tecnologia, viabilizadora de transporte, tenho que
caberia a este zelar pela segurança o passageiro e suas bagagens. Entretanto, a parte ré
não logrou comprovar ter cumprido tal exigência, deixando de realizar qualquer
controle e fiscalização dos seus motoristas parceiros. Assumiu a parte ré, então, os
riscos do negócio inerentes ao conteúdo da bagagem furtada ante a ausência da relação
de depósito, o que não poderá ser alegado em seu favor, evitando-se, assim, prejuízos à
parte vulnerável nesta relação. Impossível isentar o depositário da bagagem de arcar
com falhas em sua prestação de serviços, sob pena de incidir em verdadeira anuência
com a conduta reprovável e criminosa que vem ocorrendo dentro dos meios de
transportes, de violações e furtos de bens de bagagens, em evidente confronto à ordem
jurídica vigente. Nessa esteira, confrontando as provas dos autos com o direito aplicável
à espécie e com base nas regras de experiência ordinárias, com fulcro no artigo 6º da
Lei nº 9.099, de 1995, entendo como decisão mais justa e equânime determinar que a
parte ré indenize materialmente a parte autora nos valores dos pertences que estavam
em sua mochila furtada (R$ 7.820,00), demonstrado pelos orçamentos anexados na
exordial. No mais, apesar dos aborrecimentos e transtornos vivenciados pela parte
promovente, não é possível detectar in casu a configuração de dano moral, eis que os
fatos acima não são hábeis a atentar contra os direitos da personalidade e a dignidade da
pessoa humana. A dor moral, que decorre da ofensa aos direitos da personalidade,
apesar de ser deveras subjetiva, deve ser diferenciada do mero aborrecimento, a que
todos estão sujeitos. Entendo que são cabíveis danos morais quando afetada a honra, a
liberdade, a integridade psicológica, ocasionando expressiva dor, sofrimento,
humilhação, e não quando experimentado pelo indivíduo mero dissabor ou transtorno.
Nesta senda, não prospera o pedido de indenização por danos morais. DISPOSITIVO
Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão inicial, para
condenar a parte ré ao pagamento de indenização por danos materiais à parte autora, no
montante total de R$7.820,00 (sete mil oitocentos e vinte reais), corrigido
monetariamente a partir da propositura da ação, pelos índices da CGJ/TJM, acrescido
de juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação; Sem custas processuais e honorários
advocatícios nesta fase, conforme artigo 55 da Lei nº 9.099, de 1995. Intime-se. BELO
HORIZONTE, 16 de Janeiro de 2018. ARNOLDO ASSIS RIBEIRO JUNIOR
Documento assinado eletronicamente pelo(a) juiz(íza).

Está-se, pois, diante de fatos da vida inegavelmente lesivos ao consumidor, situações


de desvio dos recursos produtivos do consumidor, ou, simplesmente, desvio produtivo do
consumidor.

Assim, verifica-se que o evidente tempo livre desperdiçado pelo autor, na tentativa
de solucionar o seu problema, diante do defeito na prestação do serviço, veio a ensejar inegáveis
danos morais.

Caracterizada a falha na prestação do serviço oferecido pela ré, resta o arbitramento


da indenização pelos danos morais.
É sabido que não deve constituir a indenização meio de locupletamento indevido do
lesado e, assim, deve ser arbitrada com moderação e prudência pelo julgador.

Por outro lado, não deve ser insignificante, considerando-se a situação econômica do
ofensor, eis que não pode constituir estímulo à manutenção de práticas que agridam e violem
direitos do consumidor.

Em uma tentativa de reduzir a insegurança jurídica na fixação do dano moral,


conferindo ao tema um nível maior de estabilidade na jurisprudência, tem sido desenvolvido no
âmbito do Superior Tribunal de Justiça o chamado método bifásico para o adequado
arbitramento do dano moral. Busca-se com esse método um nível maior de isonomia ao
jurisdicionado diante de casos que sejam semelhantes, tornando mais razoável e justo esse difícil
mister do magistrado.

Por ele, em um primeiro momento, o julgador deverá comparar a situação de lesão a


interesse jurídico extrapatrimonial a outros equivalentes e chegar num valor que tenha sido
adotado em situações análogas, sendo esta a primeira fase. Após esse primeiro momento que
pressupõe o estudo dos precedentes judiciais, devem ser analisadas as questões específicas do
caso concreto como a um alto nível de reprovação da conduta do ofensor, assim como a sua
capacidade econômica e a intensidade do sofrimento do ofendido ou, em outras palavras, a
extensão do dano (art. 944, caput, do Código Civil). É a segunda fase em que,
fundamentadamente, será arbitrado o dano.

Ensina o Ministro Luis Felipe Salomão, um dos defensores dessa tese, que o método
evita a arbitrariedade judicial no tocante ao subjetivismo da fixação do dano moral e, ao mesmo
tempo, se evita o equívoco de um tarifamento dos valores (REsp 1.332.366/MS, Rel. Ministro
Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 10/11/2016).

No mesmo sentido:

DIREITO DO CONSUMIDOR E RESPONSABILIDADE CIVIL. FORNECIMENTO


DE ENERGIA ELÉTRICA. LIGHT. TOI. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
CUMULADA COM INDENIZATÓRIA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA
PARCIAL DOS PEDIDOS. APELAÇÃO CÍVEL INTERPOSTA PELA PARTE
AUTORA, PUGNANDO PELA PROCEDÊNCIA TOTAL DOS PEDIDOS. 1) A
matéria devolvida a este e. Tribunal de Justiça, limita-se ao pedido de indenização por
danos material e moral. 2) Hipótese subsumida ao campo de incidência principiológico-
normativo do Código de Proteçâo e Defesa do Consumidor, vez que presentes os
elementos da relação jurídica de consumo. 3) A presente demanda é exemplo clássico
de abuso, em que a concessionária ré, em um ato unilateral e arbitrário, estabelece
valores elevados a título de recuperação de consumo, imputando ao consumidor a
prática de crime de furto de energia elétrica. 4) Narra o autor, em apertada síntese, ter
sido surpreendido com o termo de ocorrência e inspeção -TOI nº
100041898303/20170729, no valor de R$ 5.048,18, em razão de suposto desvio de
energia. 5) A r. sentença declarou a ilegalidade do TOI, bem como determinou o
cancelamento da dívida lançada a esse título e, julgou improcedentes os pedidos
indenizatórios. 6) No tocante ao dano material, sustenta o autor que, em razão da
conduta da ré, necessitou constituir advogado para contestar administrativamente o
referido TOI, pagando ao casuístico o valor de R$ 1.000,00 em duas parcelas. 7) Ocorre
que, da análise dos autos, com efeito, como bem pontuou a Magistrada a quo inexistem
quaisquer comprovações/recibos neste sentido. Daí que escorreita a r. sentença nesta
parte. 8) Quanto ao dano moral, penso que, no caso concreto, se encontra perfeitamente
delineado, diante da acusação infundada de adulteração de medidor de energia elétrica e
da cobrança indevida, ainda que o autor não resida no imóvel e, confessadamente, este
esteja fechado há anos. É que a conduta da ré traz à parte Autora aborrecimentos
que ultrapassam, em muito, os do cotidiano. É nítido o constrangimento ilegal. 9)
Trata-se de hipótese de desvio dos recursos produtivos do consumidor, diante das
tentativas frustradas de solução do impasse gerado exclusivamente pela Ré, sendo
compelido a se socorrer ao Poder Judiciário. 10) Em relação ao quantum
indenizatório, é sabido que não deve constituir a indenização meio de
locupletamento indevido do lesado e, assim, deve ser arbitrada com moderação e
prudência pelo julgador. 11) Por outro lado, não deve ser insignificante,
considerando-se a situação econômica do ofensor, eis que não pode constituir
estímulo à manutenção de práticas que agridam e violem direitos do consumidor.
12) No caso concreto, pelas características da conduta da parte Ré, por sua
capacidade econômica, penso que a quantia de R$ 5.000.00 (cinco mil reais), se
revela adequada, justa e de acordo com os parâmetros adotados por esta e.
Câmara Cível. 13) RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

0003897-71.2018.8.19.0205 - APELAÇÃO - 1ª Ementa - Des (a). PATRÍCIA


RIBEIRO SERRA VIEIRA - Julgamento: 15/07/2019 -DÉCIMA CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. Ação pelo procedimento comum, com pedidos de obrigação de


fazer e indenização por dano moral. Serviço de fornecimento de água. Cobrança
realizada de forma incorreta, devendo ser calculada pelo consumo real apontado no
hidrômetro, respeitada cobrança de tarifa mínima. Sentença de parcial procedência,
determinando o refaturamento da conta do mês de janeiro de 2018. Relação de
consumo. Falha na prestação de serviço configurada. Ocorrência de dano moral na
espécie. Inúmeras tentativas de solucionar a questão administrativamente sem sucesso.
Teoria do desvio produtivo do consumidor. Verba indenizatória ora fixada em R$
5.000,00 (cinco mil reais) que se mostra em consonância com os critérios da
proporcionalidade-razoabilidade, e conforme parâmetros usualmente adotados
por este Tribunal de Justiça em casos análogos. Precedentes. Honorários
advocatícios de sucumbência corretamente arbitrados, em consonância com o disposto
no artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil. RECURSO A QUE SE DÁ PARCIAL
PROVIMENTO.

Desta forma, o valor fixado para a indenização por danos morais na presente
hipótese deverá ser de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) ao autor, incidindo juros de mora de 1% ao
mês a partir da citação e correção monetária a partir da data do presente julgado

Além disso, a referida decisão deve ter caráter pedagógico, de forma, que possa
servir de exemplo para ensinamentos futuros, para que situações como a presente em questão
não tornem a se repetir, dessa forma já existem entendimentos nesse sentido:

EMENTA RECURSO INOMINADO. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO


DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SERVIÇO DE ENERGIA.
SUSPENSÃO. MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. DANO MORAL
PEDAGÓGICO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO DA DEMANDANTE
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . (,Número do Processo:
80000534720178050222, Relator (a): PAULO CESAR BANDEIRA DE MELO
JORGE, 6ª Turma Recursal, Publicado em: 12/12/2018 )
(TJ-BA 80000534720178050222, Relator: PAULO CESAR BANDEIRA DE MELO
JORGE, 6ª Turma Recursal, Data de Publicação: 12/12/2018).

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. OBRIGAÇÃO DE FAZER.


DANOS MORAIS . Aquisição de uma máquina de lavar, com a instalação do produto
pela consumidora um mês depois. Defeitos apresentados. Produto levado à assistência
técnica. Insatisfação da autora quanto aos reparos realizados. Demanda objetivando a
troca do produto e danos morais no importe de R$ 20.000,00. Sentença parcialmente
procedente, com a condenação da ré na substituição do produto, rejeitando, porém, o
dano moral. Apelo da autora pela modificação parcial da sentença, com a condenação
do recorrido nos danos morais causados. Modificação do decisum. Dano moral
presente na hipótese. Circunstâncias que ultrapassam a fronteira do mero
aborrecimento. Manifesta falha nos serviços. Caráter dúplice do dano moral
(pedagógico/punitivo), pois, além de compensar a vítima pelo prejuízo
experimentado, desestimula o ofensor a cometer atitudes reiteradas. Quantum
fixado em R$ 5.000,00, com razoabilidade e proporcionalidade. Juros devidos
desde a citação e correção monetária a partir do presente voto . Súmulas 97 TJRJ
e 362 do STJ. APELO CONHECIDO E PROVIDO.

(TJ-RJ - APL: 00213856320098190202 RIO DE JANEIRO MADUREIRA


REGIONAL 5 VARA CIVEL, Relator: Des(a). FERDINALDO DO NASCIMENTO,
Data de Julgamento: 06/11/2018, DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL).

É notório que a conduta realizada pela parte contrária atenta o autor, haja vista, que
este passou por um constrangimento perante o primo, e que seu objetivo era apenas chegar ao seu local
de destino, e desse fato resultou em uma enorme dor de cabeça, sendo importante salientar, que mesmo
que o motorista não tenha sido encontrado, a responsabilidade é da empresa ré perante o consumidor..

II.5 – DO QUANTUM INDENIZATÓRIO:

No que tange o arbitramento do quantum indemnizatório é indispensável a prévia


análise aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, bem como os precedentes
jurisprudenciais, face a ausência de parâmetros legais para fixar o valor da indenização por
danos morais. Outrossim, com a devida vênia o valor deve ser fixado por Vossa Excelência de
forma pedagógica a fim de que alcance o caráter inibitório de prática semelhante mais adiante.

Nesse sentindo, deve-se ter em mente, que o dano causado pela empresa ré foi
suficiente para gerar um constrangimento em face de seu primo, pois este estava com o cartão de
um terceiro, tendo que dar satisfações explicando tudo que ocorreu, ademais, teve que ressarcir o
terceiro, já que este não tem culpa e precisa do seu cartão.

Com base no que foi exposto acima, podem ser citadas decisões dos Tribunais que
entenderam da mesma maneira:

DANO MORAL - QUANTUM INDENIZATÓRIO - PARÂMETROS. O quantum


devido a título de indenização por dano moral deve ser suficiente para impelir efeito
educativo, como forma de que fatos da mesma natureza não voltem a se repetir,
respeitando-se a proporção entre o dano e a potencialidade econômica do ofensor.
(TRT-20 00006952020185200008, Relator: MARIA DAS GRACAS MONTEIRO
MELO, Data de Publicação: 29/08/2019).

DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. O montante da indenização por


dano moral deve ser arbitrado pelo magistrado segundo critérios de equidade e de
razoabilidade, a fim de atender ao seu caráter compensatório, pedagógico e
preventivo.
(TRT-4 - RO: 00223356220155040030, Data de Julgamento: 16/10/2017, 8ª Turma).

DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. O montante da indenização por


dano moral deve ser arbitrado pelo magistrado segundo critérios de equidade e de
razoabilidade, a fim de atender ao seu caráter compensatório, pedagógico e
preventivo.
(TRT-4 - RO: 00203484220155040401, Data de Julgamento: 15/04/2016, 8ª Turma).

Como se depreende Vossa Excelência, a fixação do dano moral deve atender aos
requisitos da razoabilidade e proporcionalidade, bem como o caráter pedagógico da indenização.
Assim, verifica-se que no caso em tela, faz se adequado o quantum indenizatório correspondente
a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), levando em consideração a gravidade do ato ilícito praticado
contra o autor, o potencial econômico do réu, o caráter punitivo-compensatório da indenização,
assim como a jurisprudência aplicada a casos semelhantes.

II.6 – DOS PEDIDOS:

Ante todo exposto, requer-se a Vossa Excelência o recebimento, processamento da


presente peça postulatória e, ainda:
a) A citação da empresa ré no endereço preambular, na pessoa de seu represente legal
para comparecer em audiência de conciliação a serem designadas por este juízo, e
apresentar contestação no momento devido, sob pena de revelia;

b) Deferir o pedido da inversão do ônus da prova em favor da parte autora, diante da


verossimilhança de suas alegações a teor do artigo 6º, inciso VIII do Código de Defesa
do Consumidor;

c) A condenação do réu ao pagamento de indenização a título de danos morais


amargurados pelo autor correspondente à R$ 5.000,00 (cinco mil reais), levando em
consideração o caráter punitivo e pedagógico, totalizando;

d) Julgar procedente o pedido de restituição de débito cobrado indevidamente no valor


de R$ 800 (oitocentos reais), sendo o valor da restituição em dobro, sendo
correspondente a R$ 1.600,00 (um mil e seiscentos reais).

e) A juntada dos documentos, conforme Art. 319 VI, do CPC.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


consoante art.319, VI, do CPC.

Dá-se a causa o valor de R$ 6.600,00 (seis mil e seiscentos reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Fortaleza - CE, 28 de setembro de 2020.

Você também pode gostar