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RELATÓRIO
VOTO
Pois bem. Da detida análise dos autos, constata-se que, de fato, a procedência dos
pedidos iniciais deve ser mantida, porém por outros fundamentos.
Inicialmente, cumpre consignar que o presente caso caracteriza típica relação de
consumo, pois as partes se enquadram nos conceitos de consumidor e fornecedor previsto nos
artigos 2º e 3º, ambos do Código de Defesa do Consumidor. Desta forma, havendo
verossimilhança das alegações, assegura-se a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, CDC).
Diversamente do que alega a ré, a parte autora logrou êxito em comprovar indícios de
veracidade de suas alegações, a teor do art. 373, I do CPC: especialmente pela juntada dos
comprovantes de pagamento pelo serviço que deveria ser prestado (mov. 1.6 – mov. 1.7).
Por sua vez, a ré não se desincumbiu de seu ônus probatório, deixando de comprovar
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito autoral, em afronta ao art. 373, II do
CPC.
Isso porque, observa-se que a ré não trouxe aos autos qualquer prova e/ou indício de
prova da efetiva prestação dos serviços contratados de negociação do financiamento da parte
autora junto à instituição financeira.
Embora o consumidor tenha sido informado que a obrigação seria de meio (cláusula 2ª
“caput”) e que a ré iria buscar a redução da dívida em 50% por tempo estimado (cláusula 2ª,
§1º), competia a ela comprovar que se desincumbiu de sua obrigação contratual (ainda que
de meio).
As mensagens anexadas aos autos (mov. 34.12) são datadas nos meses de JUN, JUL e
AGO de 2021. Porém o contrato foi firmado entre as partes no mês de FEV/21: mov. 34.5 (04
meses antes), não tendo a ré demonstrado por qual razão retardou em meses os contatos
com a credora para viabilizar a redução da dívida do autor.
Portanto, notório que o contrato não foi cumprido, alicerçando os pedidos de rescisão
por parte do consumidor e devolução dos valores pagos para a realização dos serviços.
Quanto aos danos morais, evidenciada a falha na prestação dos serviços, apta a
ensejar à parte abalo que ultrapassa o mero aborrecimento do cotidiano, de rigor reconhecer
o dever de indenizar.
No caso sub judice fora fixada a importância de R$ 3.000,00 (três mil reais). Sopesadas
as peculiaridades da espécie em litígio, a capacidade econômica das partes, aliadas àquelas
próprias que envolveram o evento danoso, tem-se que o quantum arbitrado deve ser
mantido, não sendo excessivo para o caso em testilha, estando, inclusive, em consonância
com os padrões adotados por esta Turma Recursal em casos análogos e recentes desta 1ª TR
/PR. Vide:
DISPOSITIVO
Ante o exposto, esta 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por
unanimidade dos votos, em relação ao recurso de ASSESSORIA EXTRAJUDICIAL SOLUÇÃO
FINANCEIRA EIRELI, julgar pelo(a) Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos
termos do voto.
O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Maria Fernanda Scheidemantel Nogara
Ferreira Da Costa, com voto, e dele participaram os Juízes Melissa De Azevedo Olivas
(relator) e Fernando Andreoni Vasconcellos.