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Estado de Goiás

Poder Judiciário
1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
E-mail: gab1recursaljuiz4@tjgo.jus.br

Recurso Inominado nº: 5333954.60.2022.8.09.0007

Comarca de origem: Anápolis/GO

Recorrente(s): SARA CRISTINA SOARES SILVA

Advogado(a): Daniel Gonçalves da Silva e outros

Recorrido(a): AMERICANAS S/A (ATUAL DENOMINAÇÃO DE B2W – COMPANHIA DIGITAL E LOJAS


AMERICANAS S/A

Advogado(a): Thiago Mahfuz Vezzi

Relatora: Stefane Fiúza Cançado Machado

JULGAMENTO POR EMENTA (artigo 46 da Lei nº 9.099/95)

EMENTA: RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. COMPRA PELA INTERNET. PRODUTO ENTREGUE DIVERSO DO ADQUIRIDO. LIMITE DO
PEDIDO RECURSAL. DANO MORAL CONFIGURADO. MAJORAR VALOR. INOBSERVÂNCIA AOS
PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Cumpre observar, que a matéria discutida constitui relação de consumo e, devido à hipossuficiência do(a)
consumidor(a), necessário se faz a inversão do ônus da prova (art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do
Consumidor), assim como, os artigos 6º, inciso VI, do referido Código prevê como direito básico do consumidor,
a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, independentemente da existência de culpa,
causados por defeitos relativos à prestação dos serviços.

2. Em resumo dos fatos, consta que a parte autora em abril/2022 realizou a compra de um aparelho celular
Smartphone Samsung Galaxy M52, no valor de R$ 1.799,00. Pondera que, no dia 19/4/2022, ao receber o
pacote no lugar do aparelho havia duas placas de madeira. Diz que todas as tentativas de solução da lide
restaram infrutíferas. Por tais motivos, requer a entrega do produto ou a restituição dos valores, bem como a
compensação pelos danos morais.

3. Analisando os presentes autos virtuais, o juiz a quo julgou parcialmente procedente o pedido para condenar a
ré a restituir a autora a quantia de R$ 1.799,00, corrigidos monetariamente pelo INPC do desembolso e
acrescidos de juros de mora simples de 1% ao mês a contar da citação. Condenou ainda, a ré em danos
morais, no montante equivalente a R$ 1.000,00, acrescidos de correção monetária pelo INPC desde a

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 07/02/2023 18:20:02
Assinado por STEFANE FIUZA CANCADO MACHADO
Validação pelo código: 10443569850994640, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/p
publicação desta sentença e juros de mora de 1% ao mês da citação (evento nº 24).

4. Inconformada com a sentença prolatada, a parte autora interpôs recurso inominado requerendo a reforma
parcial da sentença a fim de majorar o valor da condenação por danos morais para R$ 10.000,00 (dez mil reais)
- (evento nº 27).

5. Portanto, passo a análise do presente recurso, somente para analisar no caso concreto, se é cabível ou não,
a majoração da indenização por danos morais.

6. Denota-se dos autos que é possível constatar a ocorrência de defeito na prestação do serviço, pois o
consumidor adquiriu perante a requerida um aparelho celular Smartphone Samsung Galaxy M52, e lhe foi
entregue um produto diverso do adquirido (duas placas de madeira).

7. Ademais, verifica-se que a consumidora tentou resolver administrativamente o problema junto a requerida,
através do SAC empresa pelo protocolo nº 322204271349264, por e-mail e aplicativo whatsapp (evento nº 01,
arquivos 08/09), tendo inclusive registrado Boletim de Ocorrência (evento nº 01, arquivo 10), contudo, não
obteve êxito.

8. Ressalta-se que, os transtornos experimentados pela consumidora dão ensejo ao dano moral, tendo em vista
que restaram configurados incômodos e aborrecimentos que excedem a condição de mero dissabor,
caracterizando o dano passível de indenização.

9. No tocante ao quantum fixado a título de danos morais entendo merecer reparos a sentença, tendo em
vista que é cediço que, na indenização por danos morais, o conceito de ressarcimento abrange duas forças:
uma de caráter punitivo, visando castigar o causador do dano, pela ofensa que praticou; outra, de caráter
compensatório, que proporcionará à vítima algum bem em contrapartida ao mal sofrido.

10. Impende ressaltar que, o valor da indenização por dano moral deve ser arbitrado levando-se em conta,
sempre, os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Sua reavaliação, portanto, somente é possível
quando verificada a exorbitância ou o caráter irrisório da importância, em flagrante ofensa aos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.

11. No caso em apreço, entendo que o valor arbitrado em razão do dano moral, qual seja, R$ 1.000,00 (mil
reais), no presente caso não se mostra razoável, impondo sua majoração para o montante de R$ 3.000,00
(três mil reais), à luz da extensão do dano (desrespeito à esfera íntima da consumidora), as condições
pessoais da parte Recorrente e, em especial, a situação econômica da parte Recorrida, além de atender à
intenção da lei (reparatória, preventiva, compensatória e punitiva), sendo capaz de compensar o dano sofrido
sem causar o enriquecimento sem causa.

12. Ante o exposto, CONHEÇO do recurso interposto e DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, reformando
parcialmente a sentença proferida, no sentido de majorar o valor arbitrado em razão do dano moral para R$
3.000,00 (três mil reais), mantendo no mais a sentença, tal como lançada.

13. Deixo de condenar a parte Recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios,
com fulcro no art. 55, caput, in fine, da Lei n.º 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Recurso Inominado nº 5333954.60 com o mesmo número de
protocolo de origem, da Comarca de Anápolis/GO, ACORDAM os componentes da Primeira Turma Recursal do
Sistema dos Juizados Especiais do Estado de Goiás, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso,
dando-lhe parcial provimento, nos termos do voto da Relatora.

Participam do julgamento, além da Relatora, que proferiu o voto escrito, o Juiz de Direito Hamilton Gomes

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


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Assinado por STEFANE FIUZA CANCADO MACHADO
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Carneiro e o Juiz de Direito Wild Afonso Ogawa.

Stefane Fiúza Cançado Machado

Juíza Relatora

(datado e assinado eletronicamente)

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


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Assinado por STEFANE FIUZA CANCADO MACHADO
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