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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2023.0000607571

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1002681-56.2022.8.26.0453, da Comarca de Pirajuí, em que é apelante SOLANGE
ANTUNES (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado FUNDO DE INVESTIMENTO EM
DIREITOS CREDITORIOS MULTISEGMENTOS NPL IPANEMA VI - NAO
PADRONIZADO.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 11ª Câmara de Direito


Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram
provimento parcial ao recurso, nos termos que constarão do acórdão. V. U., de
conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores RENATO


RANGEL DESINANO (Presidente sem voto), MARCO FÁBIO MORSELLO E
EMÍLIO MIGLIANO NETO.

São Paulo, 21 de julho de 2023.

MARINO NETO
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Apelação Cível nº 1002681-56.2022.8.26.0453


Apelante: Solange Antunes (justiça gratuita)
Apelado: Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios
Multisegmentados NPL Ipanema VI
Juiz: FERNANDO BALDI MARCHETTI
Comarca: Pirajuí 1ª Vara Judicial
Voto 39327

DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE
DÉBITO C. C. REPARAÇÃO DE DANO MORAL
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA
APELAÇÃO DO AUTOR
Indenização por dano moral - Majoração -
Cabimento - Quantum indenizatório fixado em R$
3.000,00 que se mostra aquém do necessário à
justa reparação e punição, além de inócua,
considerando-se a capacidade econômica da
parte ré - Sentença parcialmente retificada.
Honorários - Majoração - Cabimento, em parte
- Percentual fixado no mínimo legal previsto que
se mostra insuficiente para remunerar
condignamente o profissional do direito -
Majoração que se faz necessária - Sentença
parcialmente retificada.

Recurso parcialmente provido.

Trata-se de apelação de sentença


(fls. 76/81)1 que julgou procedente a ação declaratória de
inexigibilidade de débito c. c. indenização por danos morais2
ajuizada por Solange Antunes em face de Fundos de
Investimentos em Direitos Creditórios Multisegmentados
NPL Ipanema VI, para "a) declarar a inexistência do débito no
valor de R$ 90,31 e, por consequência, determinar a exclusão,
1 Data da disponibilização da sentença no DJE: 17.03.2023.
2 Valor: R$ 18.211,46, em novembro de 2022.
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em definitivo, do nome da autora dos cadastros de inadimplentes


em decorrência de referido débito; b) condenar o banco requerido
ao pagamento de R$ 3.000,00 (três mil reais) a título de danos
morais, com incidência de juros da mora de 1% (um por cento) ao
mês a partir da citação e correção monetária, pela Tabela Prática
do TJ/SP, a partir da data desta sentença (Súmula 362 do STJ)."
(sic)
Pela sucumbência o réu foi
condenado a solver as custas, despesas processuais e verba
honorária, fixada em 10% sobre o valor atribuído à causa.
A autora recorreu buscando a
majoração do valor da indenização para R$ 17.500,00, assim
como a majoração da verba honorária para 20% sobre o valor da
causa.
O recurso foi respondido.
É o relatório.
Para a fixação do valor da
indenização por dano moral, deve-se levar em conta,
primeiramente, a natureza e eventuais consequências do dano,
além da condição das partes e, em especial, o propósito do
instituto da reparação, que não objetiva unicamente indenizar a
parte ofendida e punir o praticante do ato lesivo, mas sim o de
evitar que situações semelhantes voltem a se repetir, portanto, a
punição tem caráter didático.
No caso dos autos, as
consequências advindas da inscrição desabonadora indevida,
são graves, na medida em que dá publicidade negativa ao nome

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da pessoa, impedindo-a de obter crédito junto ao mercado,


causando evidentes prejuízos, além de abalo emocional.
Nessas condições, a fixação, tal
qual levada a efeito pelo Juízo de Primeiro Grau, no valor de R$
3.000,00, se mostra inócua quando levadas em consideração tais
premissas e a situação financeira das partes.
Nessas circunstâncias, fixa-se a
indenização em dez mil reais (R$ 10.000,00), com juros legais
desde o evento danoso, por se tratar de responsabilidade
extracontratual, além da correção monetária, que será computada
a partir da data da publicação deste Acórdão.
No que tange à verba honorária, o
percentual de 10% sobre o valor da causa se mostra insuficiente
para remunerar condignamente o profissional do direito,
considerando-se as premissas dispostas no artigo 85, § 2º,
incisos I a IV, do Código de Processo Civil, impondo-se a
majoração, no percentual de 20%, porém sobre o valor da
condenação, que não mais pode ser tido como irrisório, em face
da majoração.
Posto isso, dá-se parcial
provimento ao recurso, nos termos que constaram deste
Acórdão.

MARINO NETO
Relator

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