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Poder Judiciário

Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul


14ª Câmara Cível
Avenida Borges de Medeiros, 1565 – Porto Alegre/RS – CEP 90110-906

APELAÇÃO CÍVEL Nº 5202117-61.2022.8.21.0001/RS


TIPO DE AÇÃO: Alienação fiduciária
RELATOR(A): DESA. MIRIAM ANDREA DA GRACA TONDO FERNANDES
APELANTE: VANDETE CRISTINA DE JESUS LIMA (AUTOR)
APELANTE: BANCO VOTORANTIM S.A. (RÉU)
APELADO: OS MESMOS

EMENTA

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO


FIDUCIÁRIA. AÇÃO REVISIONAL DE
CONTRATO.

CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. APLICÁVEL ÀS OPERAÇÕES DE
CONCESSÃO DE CRÉDITO E FINANCIAMENTO.
SÚMULA N. 297 DO STJ.

JUROS REMUNERATÓRIOS. SÃO ABUSIVOS


APENAS SE FIXADOS EM VALOR
EXPRESSIVAMENTE SUPERIOR À TAXA MÉDIA
DO MERCADO DIVULGADA PELO BACEN PARA
O PERÍODO DA CONTRATAÇÃO (RESP N.
1.061.530/RS).

CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. POSSIBILIDADE


DE INCIDÊNCIA DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS
EM PERIODICIDADE INFERIOR À ANUAL APÓS A
EDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA N. 2.170-
36/2001 (ART. 5º), PRESENTE INCLUSIVE O RE N.
592.377/RS, COM REPERCUSSÃO GERAL
RECONHECIDA. EM SEDE DE JULGAMENTO DE
INCIDENTE REPETITIVO (RESP 973.827/RS), O E.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DEFINIU A
CONHECIDA TESE DO DUODÉCUPLO, QUE SE
MOSTRA ADEQUADA PARA SITUAÇÕES DE
CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS, MAS PARA
QUE SEJA POSSÍVEL A INCIDÊNCIA DE
CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS É
NECESSÁRIO QUE A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
É
INFORME PRÉVIA E PRECISAMENTE (NO
INSTRUMENTO CONTRATUAL), ALÉM DAS
TAXAS DE JUROS ANUAL E MENSAL, TAMBÉM A
TAXA DIÁRIA DE JUROS, O QUE INOCORRE NO
CASO PRESENTE. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA
AFASTADA. PRECEDENTES.

DOS ENCARGOS MORATÓRIOS. NÃO


HAVENDO PREVISÃO CONTRATUAL DE
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA, OS JUROS
REMUNERATÓRIOS, MORATÓRIOS, MULTA
CONTRATUAL PODEM SER COBRADOS
CONJUNTAMENTE NO PERÍODO DE
INADIMPLÊNCIA, OBSERVADAS AS SÚMULAS N.
30, 294, 296 E 472 DO STJ, NÃO CONFIGURANDO
ANATOCISMO OU ILEGALIDADE, VEZ QUE
DIVERSAS AS CAUSAS DAS RESPECTIVAS
INCIDÊNCIAS.

JUROS MORATÓRIOS. CABÍVEL SUA FIXAÇÃO


EM 1% AO MÊS. PRECEDENTES.

DA TARIFA DE CADASTRO. CONFORME


ENTENDIMENTO DO E. SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA (RESP N. 1.251.331/RS), “PERMANECE
VÁLIDA A TARIFA DE CADASTRO
EXPRESSAMENTE TIPIFICADA EM ATO
NORMATIVO PADRONIZADOR DA AUTORIDADE
MONETÁRIA, A QUAL SOMENTE PODE SER
COBRADA NO INÍCIO DO RELACIONAMENTO
ENTRE O CONSUMIDOR E A INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA”, RESSALVADA EVENTUAL
ABUSIVIDADE NO CASO CONCRETO.

DA TARIFA DE REGISTRO DE CONTRATO E


TARIFA DE AVALIAÇÃO DO BEM. CONFORME
ENTENDIMENTO DO E. SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA (RESP N. 1.578.553/SP), É VÁLIDA A
COBRANÇA DA TARIFA DE AVALIAÇÃO DO BEM
DADO EM GARANTIA, BEM COMO DA
CLÁUSULA QUE PREVÊ O RESSARCIMENTO DE
DESPESA COM O REGISTRO DO CONTRATO,
RESSALVADA EVENTUAL ABUSIVIDADE DA
COBRANÇA POR SERVIÇO NÃO EFETIVAMENTE
PRESTADO, PODENDO SER EXERCIDO
CONTROLE DA ONEROSIDADE EXCESSIVA NO
CASO CONCRETO.

Á
DO SEGURO. NOS CONTRATOS BANCÁRIOS EM
GERAL, O CONSUMIDOR NÃO PODE SER
COMPELIDO A CONTRATAR SEGURO COM A
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA OU COM
SEGURADORA POR ELA INDICADA (RESP N.
1.639.259/SP E RESP N. 1.639.320/SP).

IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS -


IOF. RESPONSABILIDADE DO CONSUMIDOR
POR SEU PAGAMENTO, CUJO VALOR PODE SER
FINANCIADO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
(RESP N. 1.251.331/RS).

COMPENSAÇÃO E/OU REPETIÇÃO


SIMPLES. CABÍVEL CASO VERIFICADA A
COBRANÇA DE VALORES INDEVIDOS.

DO PREQUESTIONAMENTO. DESNECESSÁRIA
A INDICAÇÃO EXPRESSA DE TODOS OS
FUNDAMENTOS LEGAIS EVENTUALMENTE
INCIDENTES NO CASO, SENDO SUFICIENTE
PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO.

APELOS PARCIALMENTE PROVIDOS.

DECISÃO MONOCRÁTICA

Vistos.

I – Relatório.

VANDETE CRISTINA DE JESUS LIMA ingressou com


Ação revisional de contrato em face do BANCO VOTORANTIM S/A,
na qual foi prolatada sentença julgando parcialmente procedente o feito,
contra o que interpõe o recorrente a presente apelação.

Desde logo indico que todos os eventos aqui mencionados


são relativos aos autos originários, exceto quando expressamente
indicado em contrário.

A sentença recorrida assim decidiu:

"(...) Assim, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação


revisional ajuizada por VANDETE CRISTINA DE JESUS
LIMA contra BANCO VOTORANTIM S.A., para: 1) determinar a
revisão do(s) contrato(s) objeto(s) dos autos para: - limitar os juros
remuneratórios incidentes sobre as parcelas em atraso ao percentual
previsto para o período de normalidade contratual; - limitar os juros
moratórios a 1% ao mês. 2) condenar a parte ré a compensar o
débito com o crédito da parte autora decorrente desta revisão,
corrigindo-se monetariamente as parcelas pagas a maior pelo IGP-
M, a contar de cada desembolso, com juros moratórios de 1% ao mês
desde a citação e, remanescendo saldo credor em favor da parte
autora, os valores deverão ser restituídos, na forma simples, com a
mesma forma de atualização monetária e juros determinados na
compensação; 3) rejeitar os demais pedidos, com fundamento no
artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil. Condeno cada uma
das partes ao pagamento de 50% das custas processuais, além de
honorários advocatícios ao procurador da parte contrária, os quais
fixo em 10% sobre o valor atualizado da causa. Suspensa a
exigibilidade da parte autora em tendo havido o deferimento da
AJG. (...)" - evento 21.

A parte autora interpõe recurso de apelação (evento 42),


requerendo, em suas razões, a reforma da sentença para:

1. limitar os juros remuneratórios à taxa média de


mercado apurada pelo Banco Central do Brasil;

2. vedar a capitalização de juros;

3. excluir a comissão de permanência ou,


alternativamente, limitá-la ao patamar da taxa média
de mercado, não superior à taxa do contrato, não
podendo ser cumulada com juros remuneratórios,
correção monetária, juros moratórios e multa
moratória;

4. vedar a cobrança das taxas/tarifas bancárias;

5. vedar a cobrança do seguro de proteção financeira;

6. afastar a forma de cobrança do IOF. e

7. autorizar a compensação/repetição em dobro dos


valores pagos a maior.

Por sua vez, a parte ré também interpõe recurso de


apelação (evento 37, apelação 1), requerendo, em suas razões, a
modificação da sentença para:

1. manter a cobrança dos encargos moratórios


pactuados

2. manter a cobrança dos juros moratórios pactuados; e

3. vedar a compensação/repetição de indébito.

Apresentadas contrarrazões pelas partes (evento 45 e 46),


subiram os autos a este Tribunal.

É o relatório.
II – Fundamentação.

Encontram-se preenchidos os requisitos extrínsecos e


intrínsecos de admissibilidade do recurso interposto, razão pela qual
recebo o presente apelo, tornando-se cabível o julgamento de plano do
recurso, forte no art. 932, incisos IV e/ou V, alíneas “a” e/ou “b”, do
Código de Processo Civil/2015.

Do(s) contrato(s) objeto de revisão.

Trata o presente feito de revisão de contrato de


financiamento com cláusula de alienação fiduciária – cédula de crédito
bancário nº 371820548, relativa ao veículo Chevrolet Captiva Sport
FWD 3.6, placas IPI6D58, celebrado pelas partes em 10.12.2021. O
valor financiado foi de R$36.151,92, a ser adimplido em quarenta e
oito (48) parcelas mensais e sucessivas de R$1.327,00. Os juros
remuneratórios foram fixados em 2,56% ao mês e 35,49% ao ano
(evento 1, contrato 6).

Da aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor


– CDC.

Cabível a aplicação do Código de Defesa do Consumidor


às operações de concessão de crédito e financiamento como a do
presente caso concreto, conforme entendimento do E. Superior Tribunal
de Justiça, restando caracterizados os conceitos de consumidor (art. 2°)
e fornecedor (art. 3°) previstos no referido Diploma Legal.

O Superior Tribunal de Justiça, aliás, consolidou tal


entendimento ao editar a Súmula n. 297: “O Código de Defesa do
Consumidor é aplicável às Instituições Financeiras”.

No mesmo sentido, a jurisprudência desta Corte:

APELAÇÃO CIVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA.


AÇÃO REVISIONAL. 1. APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR ÀS OPERAÇÕES DE CONCESSÃO
DE CRÉDITO E FINANCIAMENTO. SÚMULA N. 297 DO
STJ. (...). RECURSO PROVIDO EM PARTE. (Apelação Cível, Nº
50004499820168210017, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Judith dos Santos Mottecy, Julgado em: 07-
12-2022)

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO DE


REVISÃO CONTRATUAL. 1. Mostra-se vedado ao juízo a revisão ex
officio de cláusulas inscritas nos contratos bancários (STJ, REsp nº.
1.061.530/RS, Tema 36; Súmula nº. 381). 2. Os negócios jurídicos
bancários estão sujeitos às normas inscritas no CDC (Súmula n.
297 do STJ), com consequente relativização do ato jurídico perfeito
e do princípio pacta sunt servanda. (...). APELAÇÕES
PARCIALMENTE PROVIDAS. (Apelação Cível, Nº
50005537320228216001, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Mário Crespo Brum, Julgado em: 07-12-
2022)

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. REVISÃO DE


CONTRATO. DA APLICAÇÃO DO CDC E DOS CONTRATOS DE
ADESÃO. RELAÇÃO CONSUMERISTA CONFIGURADA.
PRESENÇA DE CONSUMIDOR E FORNECEDOR; ARTS. 2º E
3º DA LEI 8009/90. SÚMULA 297, STJ. LEI PROTETIVA
APLICÁVEL AO CASO CONCRETO. (...). APELO
PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. (Apelação Cível,
Nº 50555939520228210001, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Roberto Sbravati, Julgado em: 19-12-
2022)

Dos juros remuneratórios.

No que diz com a limitação dos juros remuneratórios, a


Súmula n. 382 do Superior Tribunal de Justiça estabelece que “a
estipulação de juros remuneratórios superior a 12% ao ano, por si só,
não indica abusividade”.

Ainda, pacificou-se a jurisprudência no sentido de que não


incide a Lei de Usura quanto à taxa de juros remuneratórios nas
operações realizadas com as instituições integrantes do Sistema
Financeiro Nacional, consoante Súmula n. 596 do Supremo Tribunal
1
Federal .

Tal questão também foi tratada pelo Superior Tribunal de


Justiça ao analisar o Recurso Especial nº 1.061.530-RS, com o propósito
de estabelecer paradigma de julgamento, conforme segue:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E BANCÁRIO. RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS DE CONTRATO
BANCÁRIO. INCIDENTE DE PROCESSO REPETITIVO. JUROS
REMUNERATÓRIOS. CONFIGURAÇÃO DA MORA. JUROS
MORATÓRIOS. INSCRIÇÃO/MANUTENÇÃO EM CADASTRO DE
INADIMPLENTES. DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO. DELIMITAÇÃO
DO JULGAMENTO. (...) Neste julgamento, os requisitos específicos
do incidente foram verificados quanto às seguintes questões: i) juros
remuneratórios; ii) configuração da mora; iii) juros moratórios; iv)
inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes e v) disposições
de ofício. (...) I - JULGAMENTO DAS QUESTÕES IDÊNTICAS QUE
CARACTERIZAM A MULTIPLICIDADE. ORIENTAÇÃO 1 -
JUROS REMUNERATÓRIOS. a) As instituições financeiras não se
sujeitam à limitação dos juros remuneratórios estipulada na Lei de
Usura (Decreto 22.626/33), Súmula 596/STF; b) A estipulação de
juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica
abusividade; c) São inaplicáveis aos juros remuneratórios dos
contratos de mútuo bancário as disposições do art. 591 c/c o art. 406
do CC/02; d) É admitida a revisão das taxas de juros
remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada
a relação de consumo e que a abusividade (capaz de colocar o
consumidor em desvantagem exagerada – art. 51, §1º, do CDC)
fique cabalmente demonstrada, ante às peculiaridades do
julgamento em concreto. (...) (REsp 1.061.530/RS, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/10/2008,
DJe 10/03/2009).

Com fundamento inclusive no referido paradigma, a


jurisprudência desta 14ª Câmara Cível firmou entendimento no sentido
de que a revisão da taxa de juros remuneratórios estipulada no contrato
será permitida apenas nos casos em que restar comprovado que o
percentual fixado supera expressivamente a taxa média de mercado da
época da contratação, tendo como parâmetro as taxas divulgadas pelo
Banco Central do Brasil para o respectivo período.

Nesse sentido:

APELAÇÕES CÍVEIS. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA.


AÇÃO REVISIONAL. 1. OS JUROS REMUNERATÓRIOS SÃO
ABUSIVOS APENAS SE FIXADOS EM VALOR
MANIFESTAMENTE EXCEDENTE À TAXA MÉDIA DE
MERCADO. (...). RECURSOS IMPROVIDOS. (Apelação Cível, Nº
50134507420228210039, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Judith dos Santos Mottecy, Julgado em: 07-
12-2022)

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. REVISÃO DE


CONTRATO. DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 932, IV, ‘A’ E ‘B’,
DO CPC. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO DOS
JUROS AO PERCENTUAL DA TAXA MÉDIA DO MERCADO,
QUANDO FOREM ABUSIVOS, TAL COMO PUBLICADO PELO
BACEN EM SEU SITE. POSIÇÃO DO STJ
CONSUBSTANCIADA NO ACÓRDÃO PARADIGMA - RESP
1.061.530/RS. (...) APELO PARCIALMENTE CONHECIDO, E
NESTA DESPROVIDO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (Apelação
Cível, Nº 50054831720218210005, Décima Quarta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roberto Sbravati, Julgado em:
19-12-2022)

Assim, deve verificar-se se os juros remuneratórios estão


em harmonia com a taxa média de mercado, como divulgada pelo Banco
Central do Brasil para o período da contratação, ou se a superam
expressivamente, sendo considerados abusivos, conforme entendimento
atual desta Câmara Cível em casos como o presente, se ultrapassarem
uma vez e meia aquela taxa média.

No caso concreto, a taxa estabelecida no contrato (35,49%


a.a.) não ultrapassa uma vez e meia a taxa média de mercado apurada
2
pelo Banco Central para o período da contratação (26,79% a.a.), não
sendo, pois, abusiva, devendo manter-se, portanto, os juros
remuneratórios pactuados.
Da capitalização de juros.

A Medida Provisória nº 2.170-36/2001 (art. 5º) - reedição


da Medida provisória nº 1963-17/2000, de 31/03/2000 - e a Medida
Provisória nº 2.172-32 (art. 4º) estabelecem que as instituições
integrantes do Sistema Financeiro Nacional estão autorizadas a
capitalizar juros com periodicidade inferior a um ano - tal é cabível
desde que o pacto tenha sido firmado após 31/03/2000 e haja previsão
contratual nesse sentido -, o que não restou afastado com o advento da
Lei n. 10.406/2002, descabendo também aplicar-se, em casos como o
presente, a Lei de Usura ou a Súmula 121 do Supremo Tribunal Federal.

Outrossim, a respeito da alegada inconstitucionalidade na


Medida Provisória n. 2.170-36/2001, tal diverge da orientação traçada
pelo E. Supremo Tribunal Federal ao apreciar o Recurso Extraordinário
n. 592.377/RS, com repercussão geral reconhecida, cujo acórdão vem
assim ementado:

CONSTITUCIONAL. ART. 5º DA MP 2.170/01. CAPITALIZAÇÃO


DE JUROS COM PERIODICIDADE INFERIOR A UM ANO.
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA EDIÇÃO DE MEDIDA
PROVISÓRIA. SINDICABILIDADE PELO PODER JUDICIÁRIO.
ESCRUTÍNIO ESTRITO. AUSÊNCIA, NO CASO, DE ELEMENTOS
SUFICIENTES PARA NEGÁ-LOS. RECURSO PROVIDO. 1. A
jurisprudência da Suprema Corte está consolidada no sentido de que,
conquanto os pressupostos para a edição de medidas provisórias se
exponham ao controle judicial, o escrutínio a ser feito neste
particular tem domínio estrito, justificando-se a invalidação da
iniciativa presidencial apenas quando atestada a inexistência cabal
de relevância e de urgência. 2. Não se pode negar que o tema tratado
pelo art. 5º da MP 2.170/01 é relevante, porquanto o tratamento
normativo dos juros é matéria extremamente sensível para a
estruturação do sistema bancário, e, consequentemente, para
assegurar estabilidade à dinâmica da vida econômica do país. 3. Por
outro lado, a urgência para a edição do ato também não pode ser
rechaçada, ainda mais em se considerando que, para tal, seria
indispensável fazer juízo sobre a realidade econômica existente à
época, ou seja, há quinze anos passados. 4. Recurso extraordinário
provido. (RE 592377, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno,
julgado em 04/02/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO
GERAL - MÉRITO DJe-055 DIVULG 19-03-2015 PUBLIC 20-03-
2015)

Ademais, no que diz com a ADI 2316-1, ainda se encontra


suspenso seu julgamento junto ao E. Supremo Tribunal Federal quanto à
liminar pleiteada, não se podendo, pois, considerar inaplicável ao caso
concreto o disposto na Medida Provisória n. 2.170-36/2001 (art. 5º).

Nesses termos, ao menos por ora, descabe considerar-se a


Medida Provisória n. 2.170-36/2001 (art. 5º) inconstitucional.
Tal Medida Provisória permitiu, em princípio, a
capitalização de juros sem fixar limite à periodicidade.

Em sede de julgamento de incidente repetitivo (REsp


3
973.827/RS ), o E. Superior Tribunal de Justiça definiu a conhecida tese
do duodécuplo, que se mostra adequada para situações de capitalização
mensal de juros, mas não para casos de capitalização diária.

Assim, modificando entendimento até então adotado, e


atendendo a direito básico do consumidor previsto no art. 6º, inciso III,
bem como nos arts. 46 e 52, todos do Código de Defesa do Consumidor
- direito à informação prévia e adequada, inclusive do conteúdo do
contrato a ser celebrado, especialmente quando envolve a concessão de
crédito ou financiamento - , verifica-se que, para que seja possível a
incidência de capitalização diária de juros é necessário que a instituição
financeira informe prévia e precisamente (no instrumento contratual),
além das taxas de juros anual e mensal, também a taxa diária de juros.

Nesse sentido:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CÉDULA DE


CRÉDITO BANCÁRIO. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA. TAXA NÃO
INFORMADA. DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO A DISPOSITIVOS
CONSTITUCIONAIS. DESCABIMENTO. 1. Controvérsia acerca da
capitalização diária em contrato bancário. 2. Comparação entre os
efeitos da capitalização anual, mensal e diária de uma dívida,
havendo viabilidade matemática de se calcular taxas de juros
equivalentes para a capitalização em qualquer periodicidade (cf.
REsp 973.827/RS). 3. Discutível a legalidade de cláusula de
capitalização diária de juros, em que pese a norma permissiva do
art. 5º da Medida Provisória 2.170-36/2001. Precedentes do STJ. 4.
Necessidade, de todo modo, de fornecimento pela instituição
financeira de informações claras ao consumidor acerca da forma de
capitalização dos juros adotada. 5. Insuficiência da informação a
respeito das taxas equivalentes sem a efetiva ciência do devedor
acerca da taxa efetiva aplicada decorrente da periodicidade de
capitalização pactuada. 6. Necessidade de se garantir ao
consumidor a possibilidade de controle 'a priori' do contrato,
mediante o cotejo das taxas previstas, não bastando a possibilidade
de controle 'a posteriori'. 7. Violação do direito do consumidor à
informação adequada. 8. Aplicação do disposto no art. 6º, inciso III,
combinado com os artigos 46 e 52, do Código de Defesa do
Consumidor(CDC). 9. Reconhecimento da abusividade da cláusula
contratual no caso concreto em que houve previsão de taxas efetivas
anual e mensal, mas não da taxa diária. 10. RECURSO ESPECIAL
DESPROVIDO. (REsp 1568290/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe
02/02/2016)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO


BANCÁRIO. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO À TAXA
MÉDIA DE MERCADO. DESCABIMENTO. SIGNIFICATIVA
DISCREPÂNCIA NÃO CARACTERIZADA. ABUSIVIDADE NÃO
DEMONSTRADA. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA
COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
83/STJ. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. NECESSIDADE
DE INFORMAÇÃO ACERCA DA TAXA DIÁRIA.
PRECEDENTES. NECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS AUTOS
À ORIGEM. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE
PROVIDO. (REsp 1998342/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, julgado em 06/06/2022, DJe 07/06/2022)

RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CÉDULA DE


CRÉDITO BANCÁRIO. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS
REMUNERATÓRIOS. TAXA DIÁRIA NÃO INFORMADA.
ABUSIVIDADE. ACÓRDÃO EM HARMONIA COM
ENTENDIMENTO FIRMADO PELA SEGUNDA SEÇÃO DO STJ. 1.
No presente caso, a Corte de origem entendeu haver abusividade na
estipulação de cláusula em que prevista a capitalização diária de
juros remuneratórios em cédula de crédito bancário. Assentou
estarem previstas, tão somente, as taxas de juros mensal e anual,
tendo permitido a cobrança da capitalização mensal. 2. Acórdão
recorrido em harmonia com entendimento firmado na Segunda Seção
do STJ no sentido de que há abusividade parcial da cláusula
contratual na parte em que, apesar de pactuar as taxas efetivas anual
e mensal não dispõe sobre a taxa diária de juros
remuneratórios. 3. "Insuficiência da informação acerca das taxas
efetivas mensal e anual, na hipótese em que pactuada capitalização
diária, sendo imprescindível, também, informação acerca da taxa
diária de juros, a fim de se garantir ao consumidor a possibilidade
de controle 'a priori' do alcance dos encargos do contrato. Julgado
específico da Terceira Turma". "Na espécie, abusividade parcial da
cláusula contratual na parte em que, apesar de pactuar as taxas
efetivas anual e mensal, que ficam mantidas, conforme decidido
pelo acórdão recorrido, não dispôs acerca da taxa diária." (REsp
1826463/SC, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 14/10/2020, DJe 29/10/2020). 4.
Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1689156/PR, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
29/06/2021, DJe 03/08/2021)

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. NEGÓCIOS


JURÍDICOS BANCÁRIOS. MATÉRIA REVISIONAL. CONFISSÃO
DE DÍVIDA. I. NÃO SENDO O EXCESSO DE EXECUÇÃO O
ÚNICO FUNDAMENTO DOS EMBARGOS, PERMITE-SE O SEU
PROCESSAMENTO, AINDA QUE NÃO APONTADO, NA INICIAL,
PELO EMBARGANTE, O VALOR CORRETO DA DÍVIDA E NÃO
APRESENTADO DEMONSTRATIVO DISCRIMINADO E
ATUALIZADO DO CÁLCULO. INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO
ART. 917, § 4º, II, DO CPC. HIPÓTESE EM QUE, ALÉM DO
EXCESSO, ALEGA O EMBARGANTE A ABUSIVIDADE DOS
ENCARGOS PREVISTOS NO CONTRATO. II. É POSSÍVEL A
CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS, INCLUSIVE EM
PERIODICIDADE DIÁRIA, DESDE QUE O CONTRATO
PREVEJA, DE FORMA CLARA, A TAXA EFETIVA DIÁRIA DE
JUROS. ENTENDIMENTO EXTRAÍDO DO RESP 1.568.290 –
RS, APRECIADO PELA TERCEIRA TURMA DO STJ. NO CASO,
INEXISTINDO PREVISÃO DA TAXA EFETIVA DIÁRIA DOS
JUROS, INVIÁVEL A INCIDÊNCIA DE CAPITALIZAÇÃO
DIÁRIA. III. ESTANDO A INICIAL APARELHADA COM CÓPIA DO
TÍTULO EXECUTIVO E MEMÓRIA DE CÁLCULO DO SALDO
DEVEDOR, NA QUAL CONSTAM OS ENCARGOS PACTUADOS
ENTRE AS PARTES, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM ILIQUIDEZ.
NECESSIDADE, APENAS, DE SE READEQUAR O SALDO
DEVEDOR ÀS DIRETRIZES DOS JULGADOS. EXTINÇÃO DO
FEITO EXECUTIVO AFASTADA. DERAM PARCIAL PROVIMENTO
AO APELO. UNÂNIME. (Apelação Cível, Nº
50002327720178210160, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Dilso Domingos Pereira, Julgado em: 15-12-
2021)

No caso concreto, o contrato foi firmado com a instituição


financeira após 31/03/2000, mas não houve informação específica sobre
a taxa diária de juros, apenas das taxas mensal e anual, e, na hipótese em
que pactuada a capitalização diária, é imprescindível também
informação prévia e precisa acerca dessa taxa diária de juros, o que
inocorreu, descabendo a incidência de capitalização diária, sendo
admitida tão somente a mensal, vez que - conforme indica o REsp
973.827/RS, que definiu a tese do duodécuplo - há previsão no contrato
bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal, o
que é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual
contratada, demonstrando haver capitalização com periodicidade
inferior a um ano (mensal), pois a taxa anual supera a mera soma de
doze taxas mensais, restando assim mantida a capitalização mensal de
juros remuneratórios contratada, e afastada a incidência da
capitalização diária de juros, diante da flagrante abusividade na sua
cobrança.

Dos encargos moratórios.

Desde logo destaco que os juros remuneratórios previstos


para o período da inadimplência não se confundem com a comissão de
permanência, vez que esta possui natureza tríplice, isto é, compõe-se de
índice de remuneração de capital (juros remuneratórios), de encargos
que penalizam o financiado inadimplente (juros de mora e multa) e de
4
índice de correção da moeda (correção monetária) .

Aliás, o E. Superior Tribunal de Justiça, em sede de


julgamento de incidente repetitivo, apontou que:

“(...) Da jurisprudência pacificada é possível afirmar que a natureza


da cláusula de comissão de permanência é tríplice: índice de
remuneração do capital (juros remuneratórios), atualização da
moeda (correção monetária) e compensação pelo inadimplemento
(encargos moratórios). Assim, o entendimento que impede a cobrança
cumulativa da comissão com os demais encargos tem, como valor
5
primordial, a proibição do bis in idem (...) ”.

Inexiste, pois, anatocismo ou ilegalidade na aplicação, no


período de inadimplência, de juros remuneratórios, juros moratórios,
multa contratual e/ou correção monetária, já que são diversas as causas
das respectivas incidências, também não se confundindo os juros
remuneratórios do período da inadimplência com a comissão de
permanência, devendo ser observada, inclusive, a Súmula n. 296 do
Superior Tribunal de Justiça.

Por tudo isso, aliás, é que a eventual previsão contratual de


comissão de permanência para o período da inadimplência exclui, a
exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios, multa contratual,
não podendo aquela comissão ser cumulada com correção monetária,
nem seu valor podendo ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios
e moratórios estabelecidos no contrato.

Nesse sentido, vejam-se as Súmulas do E. Superior Tribunal de


Justiça:

Súmula 30: A comissão de permanência e a correção monetária são


inacumuláveis.

Súmula 294: Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a


comissão de permanência, calculada pela taxa média de mercado
apurada pelo Banco Central do Brasil, limitada à taxa do contrato.

Súmula 296: Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a


comissão de permanência, são devidos no período de inadimplência,
à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil,
limitada ao percentual contratado.

Súmula 472: A cobrança de comissão de permanência - cujo valor


não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e
moratórios previstos no contrato - exclui a exigibilidade dos juros
remuneratórios, moratórios e da multa contratual.

No mesmo sentido, entendimento deste Colegiado:

EMBARGOS INFRINGENTES. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.


REVISÃO DE CONTRATO. JUROS REMUNERATÓRIOS NA
INADIMPLÊNCIA. ENCARGOS MORATÓRIOS NO PERÍODO DA
INADIMPLÊNCIA. Os juros remuneratórios, juros moratórios e
multa podem ser cobrados conjuntamente, a partir da inadimplência,
pois não configuram anatocismo, ilegalidade ou abusividade por
parte do credor, conforme está pactuado no contrato revisando e
pleiteado pelo banco embargante. EMBARGOS INFRINGENTES
ACOLHIDOS. UNÃNIME. (Embargos Infringentes Nº 70042171694,
Sétimo Grupo de Câmaras Cíveis, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Roberto Sbravati, Julgado em 17/06/2011).

Não havendo, no caso concreto, comissão de permanência


contratualmente prevista, devem incidir os juros remuneratórios para o
período da inadimplência, limitados à taxa média de mercado apurada
pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado, bem
assim incidindo os demais encargos moratórios claramente pactuados no
contrato.

Dos juros moratórios.


Quanto aos juros moratórios, em casos como o presente,
correta sua fixação no patamar de 1% ao mês.

Nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MÚTUO.


CAPITAL ESTRANGEIRO. CORREÇÃO MONETÁRIA.
FUNDAMENTO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO.SÚMULA N. 283-
STF. ENCARGOS DO CONTRATO DEVIDOS ATÉ O EFETIVO
PAGAMENTO. PRECEDENTES. JUROS DE MORA. LIMITAÇÃO.
SÚMULA N. 379-STJ.PARCIAL PROVIMENTO.1. "É inadmissível o
recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais
de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles."
Súmula n. 283, do STF.2. São devidos os encargos contratados até o
efetivo pagamento. Precedentes.3. "Nos contratos bancários não
regidos por legislação específica, os juros moratórios poderão ser
convencionados até o limite de 1% ao mês." Súmula n. 379, do STJ.4.
Agravo regimental parcialmente provido.(AgRg no Ag 1095464/SP,
Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA,
julgado em 16/08/2011, DJe 26/08/2011).

APELAÇÃO CIVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA.


AÇÃO REVISIONAL. 1. (...) 4. Juros moratórios devem ser fixados
em 01% ao mês. Súmula 379 do STJ. RECURSO
IMPROVIDO. (Apelação Cível, Nº 70059952689,, Décima Quarta
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Judith dos Santos
Mottecy, Julgado em: 28-08-2014)

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO


REVISIONAL. DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 932, IV, ‘A’ E ‘B’,
DO CPC. (...) DOS ENCARGOS MORATÓRIOS. QUANTO AOS
JUROS MORATÓRIOS, SE CARACTERIZADA A
INADIMPLÊNCIA, DEVEM SER FIXADOS NO PATAMAR DE
1% AO MÊS, CONFORME ESTÁ DISPOSTO NO ARTIGO 406
DO CCB, CUMULADO COM O ARTIGO 161, § 1º, DO CTN.
EXEGESE DO VERBETE 379 DO STJ. (...). APELO CONHECIDO
EM PARTE E, NA PARTE CONHECIDA, DESPROVIDO. EM
DECISÃO MONOCRÁTICA. (Apelação Cível, Nº
50215584620218210001, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Roberto Sbravati, Julgado em: 03-12-2021)

Diante disso, impõe-se, no presente feito, a limitação dos


juros moratórios em 1% ao mês, conforme determinado em sentença.

Da tarifa de cadastro.

Conforme entendimento do E. Superior Tribunal de Justiça


com o julgamento do REsp n. 1.251.331/RS “ (...) Permanece válida a
Tarifa de Cadastro expressamente tipificada em ato normativo
padronizador da autoridade monetária, a qual somente pode ser
cobrada no início do relacionamento entre o consumidor e a instituição
financeira (...)”
Logo, é permitida sua cobrança desde que contratada de
forma expressa e cobrada no início do relacionamento entre cliente e
instituição financeira, em razão da necessidade de ressarcir custos com
pesquisas em cadastros, bancos de dados e sistemas.

Nesse sentido, também:

AGRAVO REGIMENTAL. RECLAMAÇÃO. ACÓRDÃO PROLATADO


POR TURMA RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL. RESOLUÇÃO
N. 12/2009. EMPRÉSTIMO BANCÁRIO. TARIFA DE CADASTRO.
CONTRATAÇÃO. COBRANÇA LEGÍTIMA.1. A tarifa de cadastro
quando contratada é válida e somente pode ser cobrada no início do
relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira.
Recursos Especiais repetitivos n.1251.331/RS e 1.255.573/RS.2.
Agravo regimental desprovido.(AgRg na Rcl 14423/RJ, Rel. Ministro
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
13/11/2013, DJe 20/11/2013)

Porém, em casos como o presente, deve verificar-se se


existe eventual abusividade em sua cobrança, ou seja, se o valor da
tarifa de cadastro está em harmonia com o valor médio de mercado
divulgado pelo Banco Central do Brasil para o período da contratação,
ou se o supera expressivamente, caso em que será considerado abusivo.

No caso concreto, o valor da tarifa de cadastro estabelecida


no contrato (R$ 839,00) encontra-se em consonância com o valor médio
6
de mercado apurado pelo Banco Central para o período da contratação
(R$701,04), não sendo, pois, abusiva, devendo manter-se, portanto, a
cobrança da tarifa de cadastro contratada.

Da tarifa de registro de contrato e tarifa de avaliação


do bem.

Conforme entendimento do E. Superior Tribunal de Justiça


com o julgamento do REsp n. 1.578.553/SP, publicado no dia 06 de
dezembro de 2018, é válida a cobrança da tarifa de avaliação do bem
dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o ressarcimento de
despesa com o registro do contrato, ressalvada eventual abusividade da
cobrança por serviço não efetivamente prestado, podendo ser exercido
controle da onerosidade excessiva no caso concreto.

No caso presente, no que diz com a tarifa de registro de


contrato, o valor cobrado pela mesma não se demonstra excessivo,
restando comprovado o serviço prestado com a inclusão do gravame de
alienação fiduciária junto ao sistema do órgão de trânsito, devendo
manter-se, portanto, a cobrança da mesma.

Com relação à tarifa de avaliação do bem, não tendo sido


acostado aos autos laudo de avaliação do veículo, ônus do qual não se
desincumbiu a instituição financeira, inexiste prova da efetiva prestação
do serviço, devendo ser a mesma, pois, afastada.

Do seguro.

Por ocasião do julgamento do REsp n. 1.639.259/SP e


REsp n. 1.639.320/SP, publicados em 17 de dezembro de 2018, definiu-
se a tese de que nos contratos bancários em geral, o consumidor não
pode ser compelido a contratar seguro com a instituição financeira ou
com seguradora por ela indicada.

Logo, ao financiado-consumidor deve ser opcional a


contratação do seguro, bem como em manifestando interesse na
contratação, de poder escolher outra seguradora que não aquela
eventualmente indicada pelo credor fiduciário.

No caso concreto, verifica-se, nos termos da contratação,


que o consumidor não foi compelido a contratar seguro prestamista com
a instituição financeira; porém, há vinculação contratual a uma
seguradora pré-determinada pelo credor fiduciário (evento 1, contrato 6,
cláusula B.6), sendo, assim, inválida a contratação do seguro de
proteção financeira.

Imposto Sobre Operações Financeiras - IOF.

O artigo 153, inciso V, da Constituição Federal/1988,


outorga competência à União para instituir Imposto sobre operações de
crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários, tributo esse que foi instituído pela Lei n. 5.143/66,
regulamentada pelo Decreto n. 6.306/07, e conhecido como IOF, tendo
como fato gerador, no caso de operações de crédito, a entrega do
montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação e tendo como
base de cálculo, quando previsto mais de um pagamento, o valor do
principal de cada uma das parcelas (art. 3º e art. 7º, inciso I, alínea “b”,
do Decreto n. 6.306/07).

Em relação a este imposto, dispõe ainda o Decreto nº


6.306/07 sobre sua incidência nas operações de crédito, sendo
contribuintes as pessoas físicas ou jurídicas tomadoras do crédito, e
tratando-se as instituições financeiras das responsáveis por sua cobrança
e seu recolhimento ao Tesouro Nacional (art. 2º, inciso I, alínea “a”, art.
4º e art. 5º).

Assim, o fato de o consumidor pagar o imposto no ato da


contratação ou juntamente com as parcelas mensais não caracteriza
abusividade, já que no primeiro caso há opção do consumidor por fazê-
lo no próprio ato da contratação, enquanto que o segundo caso revela
situação até mais cômoda e favorável ao consumidor, com a diluição nas
parcelas, inexistindo desequilíbrio contratual ou qualquer ilegalidade na
cobrança do IOF da forma em que foi pactuada, conforme inclusive
7
entendimento desta Corte .

Aliás o E. Superior Tribunal de Justiça, em sede de


julgamento de incidente repetitivo, apontou que:

“(...) 9. Teses para os efeitos do art. 543-C do CPC: (...) 3ª Tese:


Podem as partes convencionar o pagamento do Imposto sobre
Operações Financeiras e de Crédito (IOF) por meio de
financiamento acessório ao mútuo principal, sujeitando-o aos
mesmos encargos contratuais(...)” (REsp 1.251.331/RS, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
28/08/2013, DJe 24/10/2013).

Da compensação e repetição do indébito.

Caso verificada a cobrança de valores ilegais e/ou


abusivos, faz-se necessária a compensação dos valores pagos
indevidamente ou, no caso de inexistir débito que possibilite a
compensação, cabível a repetição, de forma simples, dos valores
alcançados, sob pena de enriquecimento injustificado.

Nesse sentido, o entendimento do E. Superior Tribunal de


Justiça e desta Corte:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO


BANCÁRIO. REVISÃO.CDC. REPETIÇÃO DO INDÉBITO.
CAPITALIZAÇÃO MENSAL. MP 2.170-
36/2001.PREQUESTIONAMENTO. MORA.
DESCARACTERIZAÇÃO.1.(...) .2. Admissibilidade da repetição de
indébito, na forma simples, independentemente da prova do erro
(súmula 322/STJ), relegado às instâncias ordinárias o cálculo do
montante, a ser apurado, se houver (REsp nº 440718/RS) 3. (...) 4.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.(AgRg no REsp 713.310/RS,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA
TURMA, julgado em 16/08/2011, DJe 22/08/2011)

APELAÇÕES CÍVEIS. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA.


AÇÃO REVISIONAL. (...) 3. CABÍVEL A COMPENSAÇÃO E/OU
REPETIÇÃO SIMPLES, CASO VERIFICADA A COBRANÇA DE
VALORES INDEVIDOS. (...) RECURSO DA PARTE AUTORA
PROVIDO. RECURSO DA PARTE RÉ IMPROVIDO. (Apelação
Cível, Nº 50082221220218210021, Décima Quarta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Judith dos Santos Mottecy,
Julgado em: 07-12-2022)

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO


REVISIONAL. DECISÃO MONOCRÁTICA. ART. 932, V, ‘A’ E ‘B’,
DO CPC. (...) COMPENSAÇÃO DE VALORES E REPETIÇÃO
DO INDÉBITO. A FIM DE EVITAR O ENRIQUECIMENTO
ILÍCITO DE UMA DAS PARTES, A COMPENSAÇÃO DE
VALORES E A REPETIÇÃO DO INDÉBITO SÃO DEVIDAS,
RESPEITANDO O DISPOSTO NOS ARTIGOS 369 E 876,
AMBOS DO CC. A RESTITUIÇÃO DEVE OCORRER DE
FORMA SIMPLES, E COMO CONSEQUÊNCIA LÓGICA DO
JULGADO. (...). APELO CONHECIDO EM PARTE E, NA PARTE
CONHECIDA, PARCIALMENTE PROVIDO. EM DECISÃO
MONOCRÁTICA.(Apelação Cível, Nº 50183647420228210010,
Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Roberto Sbravati, Julgado em: 19-12-2022)

No caso concreto, pois, eventual repetição do indébito dar-


se-á na forma simples, não sendo aplicável o disposto no art. 42,
parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor, devendo incidir o
IGPM para fins de correção monetária de eventuais valores a serem
devolvidos ao consumidor, a contar da publicação do acórdão, com juros
8
de mora de 1% ao mês a partir da citação .

Outrossim, descabe a aplicação da taxa SELIC visando


à atualização do saldo de eventuais valores a serem devolvidos ao
consumidor, para tanto devendo incidir o IGP-M com fins de correção
monetária - por se tratar de indexador que melhor reflete a
desvalorização da moeda no período.

Do prequestionamento.

No que diz com prequestionamento, saliento que ao


julgador compete manifestar-se sobre as questões que lhe são
submetidas, não lhe sendo, porém, obrigatório analisar exaustivamente
todos os dispositivos apontados pelas partes – desnecessário o
prequestionamento expresso de dispositivo(s) legal(is), bastando a
9
análise da matéria (prequestionamento implícito) .

III - Dispositivo.

Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial


provimento aos apelos, para:

1. vedar a capitalização diária do juros;

2. manter a cobrança dos encargos moratórios nos


termos da fundamentação;

3. afastar a cobrança da tarifa de avaliação de bem; e

4. afastar a cobrança do seguro.


Da sucumbência.

Ante o resultado do julgamento, levando em consideração


o trabalho realizado em grau recursal, majoro os honorários advocatícios
fixados em sentença para o valor total de 15% sobre o valor atualizado
da causa, com fundamento no art. 85, §11, do Código de Processo
10
Civil/2015 . Em razão da reforma ora efetivada, determino a
redistribuição das custas e honorários advocatícios, no valor ora fixado,
em 70% ao encargo do réu, e em 30% ao encargo do autor, vedada a
compensação dos honorários (art. 85, §14, do Código de Processo
11
Civil/2015 ). Suspensa a exigibilidade em relação à parte autora, tendo
em vista a concessão do benefício da gratuidade da justiça.

Voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO AOS


RECURSOS nos termos acima expostos.

D.L.

Documento assinado eletronicamente por MIRIAM ANDREA DA GRACA TONDO


FERNANDES, Desembargadora Relatora, em 25/4/2023, às 15:8:45, conforme art. 1º, III,
"b", da Lei 11.419/2006. A autenticidade do documento pode ser conferida no site
https://eproc2g.tjrs.jus.br/eproc/externo_controlador.php?
acao=consulta_autenticidade_documentos, informando o código verificador 20003613721v7 e
o código CRC efb49954.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): MIRIAM ANDREA DA GRACA TONDO FERNANDES
Data e Hora: 25/4/2023, às 15:8:45

1. As disposições do decreto 22626/1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros


encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que
integram o Sistema Financeiro Nacional. ↩
2. https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?
method=prepararTelaLocalizarSeries ↩
3. “Para os efeitos do artigo 543, C, do CPC, foram fixadas as seguintes teses: 1) É permitida a
capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em contratos celebrados após
31/3/2000, data da publicação da Medida Provisória nº 1.963-17/2000, em vigor como MP nº
2.170-01, desde que expressamente pactuada; 2) A capitalização dos juros em periodicidade
inferior à anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário
de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança
da taxa efetiva anual contratada” (REsp 973.827/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/06/2012, Dje 24/09/2012) ↩
4. APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO REVISIONAL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.
CAPITALIZAÇÃO MANTIDA. (...). ENCARGOS MORATÓRIOS. Incidência de juros
remuneratórios, multa de 2% e juros moratórios de 1% ao mês. Inexistência de indevida
cumulação da comissão de permanência com outros encargos moratórios. Observância às
Súmulas n.ºs 296 e 472 do STJ. (...). APELAÇÃO DA AUTORA PARCIALMENTE
PROVIDA. APELAÇÃO PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESTA PARTE,
PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70064539851, Décima Terceira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Elisabete Correa Hoeveler, Julgado em 14/05/2015)

5. REsp 1.058.114/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 16/11/2010. ↩
6. http://www.bcb.gov.br/?TARBANDADOS ↩
7. APELAÇÃO CIVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. AÇÃO
REVISIONAL. 1. (...) 5. IOF. Responsabilidade do consumidor pelo pagamento do tributo,
cujo valor pode ser financiado pela instituição financeira (responsável tributária). 6. Cabível a
compensação e/ou repetição simples, caso verificada a cobrança de valores indevidos.
RECURSO PROVIDO EM PARTE. (Apelação Cível Nº 70051871234, Décima Quarta
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Judith dos Santos Mottecy, Julgado em
13/12/2012) APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO DE REVISÃO. (...).
Admissibilidade da cobrança do IOF tal qual ajustado. Repetição do indébito viável.
Concessão das tutelas antecipatórias de praxe. Apelo PARCIALMENTE PROVIDO.
(Apelação Cível Nº 70051599769, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Roberto Sbravati, Julgado em 08/11/2012) ↩
8. Nesse sentido: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO
REVISIONAL. 1. Os embargos de declaração podem ser interpostos perante qualquer
provimento judicial, diante da sua função de proporcionar tutela adequada, quando presente
alguma das hipóteses do art. 1.022 do NCPC. 2. Omissão sanada quanto à correção monetária
e juros de mora referentes ao pedido de repetição dos valores. RECURSO PROVIDO.
(Embargos de Declaração Cível, Nº 70082936659, Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Judith dos Santos Mottecy, Julgado em: 28-11-2019) ↩
9. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL. PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO DA MATÉRIA. DESAPROPRIAÇÃO
INDIRETA. HABILITAÇÃO DOS HERDEIROS NO PROCESSO DE EXECUÇÃO.
POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE ABERTURA DE INVENTÁRIO.
ENTENDIMENTO DESTA CORTE SUPERIOR. AGRAVO INTERNO DA AUTARQUIA
ESTADUAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. O presente Recurso atrai a incidência do
Enunciado Administrativo 3 do STJ, segundo o qual, aos recursos interpostos com fundamento
no Código Fux (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016), serão
exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo Código. 2. Não há falar
em ausência de prequestionamento da matéria debatida, uma vez que ocorreu o
prequestionamento implícito dos dispositivos ditos como violados no acórdão recorrido. 3. (...)
4. Agravo Interno da Autarquia Federal a que se nega provimento. (AgInt no REsp
1652426/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 11/11/2020, DJe 17/11/2020)AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. APRECIAÇÃO DO TEMA PELO TRIBUNAL A
QUO. MATÉRIA PREQUESTIONADA. INÉPCIA DA INICIAL RECONHECIDA DE
OFÍCIO PELO TRIBUNAL. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.1. Esta Corte já
pacificou o entendimento, segundo o qual, não é necessário o prequestionamento explícito dos
dispositivos legais apontados como malferidos nas razões recursais, sendo suficiente a
apreciação do tema objeto do recurso especial pelo Tribunal de origem, ou seja, o
prequestionamento implícito da questão federal suscitada. 2. (...) 3. Agravo regimental
improvido. (AgRg no Ag 1007092/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, julgado em 01/12/2011, DJe 14/12/2011)EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO REVISIONAL.
Ao julgador cabe manifestar-se sobre as questões que lhe são submetidas, não lhe sendo,
entretanto, obrigatório analisar todos os pontos ou dispositivos legais citados pelas partes. A
pretensão de rediscussão da decisão proferida enseja interposição do recurso adequado.
RECURSO IMPROVIDO. (Embargos de Declaração Cível, Nº 70084575430, Décima Quarta
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Judith dos Santos Mottecy, Julgado em: 29-
10-2020) ↩
10. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em
conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto
nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos
ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a
fase de conhecimento. ↩
11. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos
privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em
caso de sucumbência parcial. ↩25. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários
fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal,
observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo
geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos
limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento. ↩
5202117-61.2022.8.21.0001 20003613721 .V7

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