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I – RELATÓRIO.
Dessa forma, a parte recorrente argui que o CET estipulado pelo banco réu é abusivo se
considerar a Instrução Normativa INSS nº 28/2008 reformada em 2020 que estabelece um limite máximo
para as instituições financeiras conveniadas ao INSS aplicarem nos contratos de empréstimo consignado.
Dessa forma, aduz que, o INSS tem editado desde 2008 Portarias e Instruções Normativas
estabelecendo limite para o Custo Efetivo Total (CET) das taxas de juros a serem aplicadas nos
empréstimos consignados para cada mês.
Afirma ainda que o banco recorrido deve ser condenado a pagar indenização por danos
morais causados à autora, uma vez que a parte ré feriu direitos personalíssimos da apelante.
Por fim, pugna pela inversão do ônus de sucumbência a restituição em dobro das quantias
pagas indevidamente.
Foram apresentadas contrarrazões, conforme se verifica ao mov. 83.1, nas quais a parte ré
pugnou pelo desprovimento do recurso.
Regularmente processado o recurso, os autos foram remetidos a este Tribunal onde foram
registrados, autuados e distribuídos a esta 16ª Câmara Cível e a seguir vieram conclusos para elaboração
de voto.
É o relatório.
Pretende a apelante a reforma da r. sentença, para que seja reconhecido que a parte apelada
não respeitou os limites estabelecidos pelo regramento específico do INSS, fixando o Custo Efetivo Total
(CET) em importe maior que o permitido para a época da contratação de cada um dos empréstimos
consignados por ela contraídos.
Para tanto, alega que ao firmar convênio com o INSS, as instituições financeiras
comprometem-se a seguir as normas por ele estabelecidas para as operações de crédito, incluindo-se as
taxas de juros máximas fixadas ao mês.
A Instrução Normativa nº 28/2008 do INSS, eu seu artigo 13, inciso II, estipulou limite
regulamentar para as taxas de juros remuneratórios a serem praticadas/contratadas pelas instituições
financeiras quando da concessão de empréstimo pessoal consignado a beneficiários do INSS, senão
vejamos:
(...)
Contudo, destaca-se que, no caso concreto, uma vez que o contrato posto à lide data de 24
de dezembro de 2019, devemos nos ater à taxa estabelecida à época da contratação, pois que a redação
supracitada fora alterada em março de 2020. Desta feita, colaciona-se aqui as taxas praticadas na época da
contratação controvertida:
“II - a taxa de juros não poderá ser superior a dois inteiros e oito centésimos por
cento (2,08%) ao mês, devendo expressar o custo efetivo do empréstimo;”
Compulsando os autos, verifica-se que no contrato acostado por cópia ao mov. 24.2 o custo
efetivo mensal da contratação é de 2,14% a.m., portanto, encontra-se acima do patamar legal, segundo os
limites estipulados à época de sua contratação, ainda que um tanto quanto oculta a abusividade, pois que
malgrado a taxa nominal esteja dentro da norma regulamentar, fato é que o limite estabelecido pelo INSS
se refere ao custo efetivo total, o qual não fora observado no contrato.
Portanto necessária a reforma da sentença no sentido de limitar o custo efetivo total mensal
do contrato de empréstimo consignado posto à lide ao limite regulamentar estabelecido pela Portaria
INSS nº 1.959 de 08 de novembro de 2017, observados os limites percentuais vigentes à época de cada
contratação, em conformidade com a Instrução Normativa nº 92, de 28 de dezembro de 2017.
DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO
Dessa forma, todos os valores devem ser restituídos de forma simples, pois não há
evidência inequívoca de má-fé do banco, mesmo porque, como visto, os valores cobrados, a princípio, são
relativos às prestações calculadas segundo a taxa de juros contratada entre as partes.
A simples abusividade do CET, por si só, não gera qualquer repercussão nos direitos da
personalidade da apelante, já estando devidamente sancionada com a devolução dos valores, não dando
margem ao dano moral.
Cumpre salientar que, não tendo a Apelante comprovado qualquer prejuízo sofrido, muito
menos os desgastes físicos e as alterações psíquicas alegadas, não há que se falar em reparação de danos,
pelo fato de as alegações estarem desprovidas de provas, ônus que lhe competia, nos termos do artigo
373, inc. I, do CPC.
Neste sentido:
III – DISPOSITIVO.
25 de abril de 2022