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Tribunal de Justiça
Comarca da Capital
Cartório da 6ª Vara Cível
Av. Presidente Vargas, 2555 2º Pav. 202/210/219CEP: 20210-030 - Cidade Nova - Rio de Janeiro - RJ Tel.: 2588-2246
e-mail: cap06vciv@tjrj.jus.br
Fls.
Processo: 0119840-45.2013.8.19.0001
___________________________________________________________
Em 13/01/2015
Sentença
Na petição inicial de fls. 02/28, acompanhada dos documentos de fls. 29/37, o autor
sustenta, em termos bastante genéricos: 1) a limitação dos juros cobrados ao patamar de 1% ao
mês; 2) a proibição de capitalização mensal de juros.
Laudo pericial às fls. 167/188. Manifestação do réu às fls. 191/204. O autor não se
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pronunciou.
É O RELATÓRIO. DECIDO.
O exame dos autos demonstra ter a parte autora firmado com o réu, em 20/11/2010,
contrato de financiamento no valor de R$ 62.389,39, ajustando custo efetivo total anual de 25,43%
(fl. 157).
Vê-se que o contrato foi claro ao mencionar o custo efetivo total da operação (CET). Esta
informação visa a permitir que o consumidor possa comparar as diferentes ofertas de crédito feitas
pelas instituições do mercado, gerando maior concorrência entre estas na medida em que o
referido percentual engloba todos os encargos e despesas das operações, isto é, taxa de juros,
tarifas, tributos, seguros e qualquer outra despesa cobrada.
Em primeiro lugar, a Lei nº 4.595/64 revogou a Lei de Usura na parte em que limitava a taxa de
juros aos contratos celebrados pelas instituições financeiras, e com a revogação da norma do § 3º
do art. 192 da CF/88 pela Emenda Constitucional 40/2003 assentou-se o entendimento de que a
sua fixação em contrato deve respeitar apenas a média praticada no mercado.
"As taxas de juros apresentadas nesse conjunto de tabelas correspondem a médias aritméticas
ponderadas pelos valores das operações contratadas nos cinco dias úteis referidos em cada
tabela. Essas taxas representam o custo efetivo médio das operações de crédito para os clientes,
composto pelas taxas de juros efetivamente praticadas pelas instituições financeiras em suas
operações de crédito, acrescida dos encargos fiscais e operacionais incidentes sobre as
operações.
As taxas de juros apresentadas correspondem à média das taxas praticadas nas diversas
operações realizadas pelas instituições financeiras, em cada modalidade. Em uma mesma
modalidade, as taxas de juros podem diferir entre clientes de uma mesma instituição financeira.
Taxas de juros variam de acordo com fatores diversos, tais como o valor e a qualidade das
garantias apresentadas na operação, a proporção do pagamento de entrada da operação, o
histórico e a situação cadastral de cada cliente, o prazo da operação, entre outros.
As instituições não relacionadas nas tabelas não operaram nas respectivas modalidades nos
períodos referidos ou não prestaram informações ao Banco Central do Brasil."
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RENATACASANOVA
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1.112.879/PR e 973827/RS.
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Como se vê, assentou o STJ a possibilidade da capitalização mensal dos juros nos contratos
bancários celebrados após a MP nº. 1.963-17/00, desde que expressamente pactuada, bastando,
para tanto, que a previsão dos juros anuais seja superior ao duodécuplo dos juros mensais.
Na hipótese em tela, a contrato foi firmado no ano de 2010, após a edição de referida Medida
Provisória. Logo, cabível a cobrança de juros mensalmente capitalizados no contrato objeto da
presente.
Note-se que o contrato acostado demonstra que o autor sabia o valor exato das parcelas
assumidas, tendo aderido espontaneamente a ele. Além disso, o fato de serem fixas e
previamente conhecidas as parcelas a serem pagas pelo autor impede o reconhecimento de
onerosidade excessiva, que é sempre posterior à formação do contrato.
Sobre taxa mensal de juros, anatocismo e tabela price o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro vem
se pronunciando no seguinte sentido:
Apelação Cível. Ação de revisão de cláusulas contratuais. Rito ordinário. Autora que celebrou com
o réu contrato de financiamento de veículo. Alegação de cobrança de juros abusivos, anatocismo,
com utilização da "tabela price", a cumulação de comissão de permanência com outros encargos
financeiros, estipulação indevida de taxas e de IOF. Sentença pela improcedência do pedido.
Apelo no qual a autora alega que houve cerceamento do seu direito de produzir prova pericial, a
fim de comprovar o anatocismo. Novo entendimento sobre a matéria por parte deste Relator, ante
o posicionamento do STJ que, em recurso repetitivo, estabeleceu que a cobrança de juros sobre
juros, em periodicidade inferior a um ano, é permitida em contratos celebrados após 31/3/2000,
data da publicação da Medida Provisória nº 1.963-17/2000, em vigor com MP nº 2.170-01, desde
que expressamente pactuada e, ainda, que "a capitalização dos juros em periodicidade inferior à
anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa de
juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva
anual contratada." Desnecessidade de perícia no caso em apreço, eis que consta dos autos o
contrato celebrado entre as partes, devidamente assinado pela autora, onde está previsto o
anatocismo, nos termos expressos no paradigma do STJ mencionado. Desprovimento do apelo.
(Ap. 0023286-82.2012.8.19.0001, Rel. Des. Carlos José Martins Gomes - Julgamento: 10/12/2013
- 16ª Câmara Cível)
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RENATACASANOVA
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adotado pelo STJ é de que é permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um
ano em contratos celebrados após 31.3.2000, data da publicação da Medida Provisória n.
1.963-17/2000, desde que expressamente pactuado. Orientação traçada no julgamento do REsp
nº 973.827/RS, processado na forma do art. 543-C do CPC. RECURSO A QUE SE NEGA
SEGUIMENTO, NA FORMA DO ART. 557, CAPUT, DO CPC. (Ap. 0004760-49.2013.8.19.0028,
Rel. Des. Claudio Dell Orto - Julgamento: 08/01/2014 - 25ª Câmara Cível Consumidor)
Assim, inexiste qualquer abusividade no negócio jurídico firmado entre as partes que justifique a
sua revisão, a exclusão/abstenção de apontamento do autor nos cadastros restritivos ao crédito,
sua manutenção na posse do veículo ou a consignação de valores.
Os depósitos efetuados nos autos devem ser levantados em favor do réu, a fim de permitir a
quitação parcial do débito do autor.
Isto posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO na forma do art. 269, I do CPC. Condeno o
autor ao pagamento de custas e honorários advocatícios que arbitro em R$ 500,00 (quinhentos
reais), na forma do art. 20 §3º do CPC, observada a gratuidade de justiça deferida. Expeça-se
mandado de levantamento dos valores depositados em favor do réu.
P.R.I.
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Øþ
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RENATACASANOVA