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Tabela Price

Ainda, insurge-se a parte autora contra a utilização da tabela


Price como método de amortização.

Entretanto, não lhe assiste razão.

Primeiramente, destaque-se que, da simples leitura do contrato,


verifica-se que o ITEM do quadro resumo do contrato apresenta com
clareza as informações sobre o sistema de amortização adotado, qual
seja, a tabela Price:

Ainda, a jurisprudência pátria entende pela legalidade e da


utilização da tabela Price como método de amortização:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. CÉDULA DE


CRÉDITO BANCÁRIO GARANTIDA POR ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS MENSAL.
UTILIZAÇÃO DA TABELA PRICE. PREVISÃO
EXPRESSA E CLARA NO CONTRATO. LEGALIDADE.
REDUÇÃO DOS JUROS REMUNERATÓRIOS À TAXA
MÉDIA DE MERCADO. TAXA DE JUROS
REMUNERATÓRIOS QUE NÃO ESTÁ
FLAGRANTEMENTE EM DESCOMPASSO COM A
MÉDIA PRATICADA À ÉPOCA. AUSÊNCIA DE
ABUSIVIDADE. DESNECESSIDADE DE READEQUAR O
IOF. ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS RECURSAIS.
RECURSO NÃO PROVIDO. (TJPR. AC. 0000460-
86.2019.8.16.0070. 5 Vara Cível - Relator:
Desembargador Carlos Mansur Arida. Data de publicação:
20/07/2020)

AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO. [...]


TABELA PRICE. Legalidade da utilização desde que
convencionada. Critério de amortização de dívida em
prestações periódicas e sucessivas. Utilização que não
caracteriza, por si só, capitalização de juros. [...] (TJ-SP –
APL: 00078238520118260019 SP 0007823-
85.2011.8.26.0019, Relator: Flávio Cunha da Silva, Data

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de Julgamento: 08/02/2017, 38ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 10/02/2017)

Ademais, a utilização da Tabela Price, em si, não configura


nenhuma ilegalidade, pois não implica ela em anatocismo vedado
pela Lei de Usura, ou seja, no acréscimo de juros sobre capital já
acrescido de juros, hipótese apenas possível de ocorrer durante a
execução do contrato, com o inadimplemento de alguma parcela, e
não durante a fase pré-contratual, quando o valor das parcelas é
calculado por referido sistema.

Outrossim, oportuno mencionar que as Leis nº 9.514/197 e Lei


nº 10.931/04 preveem expressamente a possibilidade da
capitalização de juros, conforme exposto acima. Desse modo, a
alegação do autor sobre a impossibilidade de aplicação da Tabela
Price, em razão de seu método capitalizar juros merece ser afastada,
até porque a parte autora não se desincumbiu do ônus de comprovar
eventual aplicação equivocada do método de amortização contratado.

Assim, uma vez que consta expressamente o modo em que os


juros serão calculados – Tabela Price –, bem como permitido pela
jurisprudência, requer seja julgado improcedente o pedido.

Ausência de Abusividade da Taxa de


Juros Remuneratórios em Comparação à
Taxa Média de Mercado

Acima, demonstrou-se que para a constatação da ocorrência ou


inocorrência de abusividade na taxa de juros contratada, se faz
necessária a demonstração cabal, pela parte autora, da abusividade
alegada, o que não ocorreu no caso em tela.

Todavia, subsidiariamente, cumpre observar que também não


há prova de abusividade se comparada a taxa do contrato com a
média de mercado divulgada pelo BACEN.

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A respeito do uso da taxa média como parâmetro, o Superior
Tribunal de Justiça, em julgamento sob o rito de recursos repetitivos
(REsp nº 1.061.530/RS), definiu que somente pode ser considerada
abusiva a taxa superior a uma vez e meia a data média, ou seja, que
superem em 50% a taxa média de mercado:

A taxa média apresenta vantagens porque é calculada segundo as


informações prestadas por diversas instituições
financeiras e, por isso, representa as forças do mercado.
Ademais, traz embutida em si o custo médio das
instituições financeiras e seu lucro médio, ou seja, um
'spread' médio. É certo, ainda, que o cálculo da taxa
média não é completo, na medida em que não abrange
todas as modalidades de concessão de crédito, mas, sem
dúvida, presta-se como parâmetro de tendência das taxas
de juros. Assim, dentro do universo regulatório atual, a
taxa média constitui o melhor parâmetro para a
elaboração de um juízo sobre abusividade. Como média,
não se pode exigir que todos os empréstimos sejam feitos
segundo essa taxa. Se isto ocorresse, a taxa média deixaria
de ser o que é, para ser um valor fixo. Há, portanto, que se
admitir uma faixa razoável para a variação dos juros. A
jurisprudência, conforme registrado anteriormente, tem
Considerado abusivas taxas superiores a uma vez e
meia (voto proferido pelo Min. Ari Pargendler no REsp
271.214/RS, Rel. p. Acórdão Min. Menezes Direito, DJ de
04.08.2003), ao dobro (Resp 1.036.818, Terceira Turma,
minha relatoria, DJe de 20.06.2008) ou ao triplo (REsp
971.853/RS, Quarta Turma, Min. Pádua Ribeiro, DJ de
24.09.2007) da média. (STJ. REsp nº 1.061.530/RS;
Julgado em 22/10/2008; Publicado em 10/03/2009; ps.
17 e 18)

No caso dos autos, a taxa de juros do contrato é de 1,24% ao


mês. Já a taxa para o mesmo tipo de operação, que deve ser calculada
pela série 25436 – Taxa média mensal de juros das operações de

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crédito com recursos livres – Total, na data do contrato, é de 2,70%
ao mês.1

1
Disponível em:
https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?
method=prepararTelaLocalizarSeries. Acesso em 22 set. 2021.

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