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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CIVEL DA COMARCA

DE XXXX/UF
PARTE AUTORA, (qualificaçã o), residente e domiciliado em..., endereço eletrô nico, por seu
advogado abaixo subscrito, conforme procuraçã o anexa, (doc. 01), com endereço
profissional (completo), para fins do art. 106, I, do Novo Código de Processo Civil, vem
mui respeitosamente, com espeque no fundamento do art. 5º, XXI, da Constituiçã o Federal
propor a presente:
AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO
em face de BANCO XXXXXXX, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor, para ao
final requerer o quanto segue:
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Inicialmente, a parte Autora afirma sob as penas da lei 1.060/50, com redaçã o introduzida
pela Lei 8.510/86 e pará grafos 2º e 3º do artigo 1º da Lei 5.478/68, que nã o possui
condiçõ es financeiras para arcar com o ô nus das custas processuais e honorá rios
advocatícios, sem prejuízo do sustento pró prio e de sua família, uma vez que se encontra
DESEMPREGADO, fazendo jus à GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
DOS FATOS
O Requerente pelo incluso instrumento particular de cessã o de direitos, vantagens,
obrigaçõ es e responsabilidades (doc.03) aderiu por sub-rogaçã o aos direitos e obrigaçõ es
frente ao CONTRATO DE FINANCIAMENTO habitacional (doc. 02) com pacto adjeto de
Hipoteca, firmado em 29.11.1990 junto a BANCO XXXX, destinado à aquisiçã o do imó vel
constituído da casa 08, edificada na Quadra 27, do Setor C da cidade de XXXXX-XX, o
financiamento no valor de R$350.000,00, correspondente a 97% do valor do imó vel;
2. Informando que, desde a aquisiçã o deste imó vel em 29.11.1990, portanto há mais de 10
(dez) anos, data em que vinham processando normalmente a amortizaçã o do valor do
financiamento, e cumpriam integralmente o valor pactuado e estipulado unilateralmente
pela Requerida, consoante a clá usula quinta, até entã o sem qualquer oposiçã o; mas, diante
da situaçã o em que se foi elevando o valor da prestaçã o e o aumento acentuado do saldo
devedor; nesse sentido nã o tem outra alternativa senã o o ingresso da presente açã o para
que possa apurar com exatidã o o valor da prestaçã o que for devida e a sistemá tica de
correçã o do saldo, e com isto cumprir o contrato em questã o;
3. Ocorrendo MM. JUIZ, que, dentro dos parâ metros legais, como será demonstrado,
vislumbra-se sem qualquer dú vida que, o mú tuo em questã o contrapõ e as normas
inerentes ao Sistema Financeiro Habitacional, e mesmo o contrato, colocando o mutuá rio
em total desvantagem e desigualdade de condiçõ es de discutir a questã o em procedimento
administrativo, diante da ausência de entendimento por parte da Requerida em pretender
uma aná lise com maior profundidade do CONTRATO firmado, levando-o até entã o a aceitar
as obrigaçõ es que assim lhes eram impostas, acreditando na sua veracidade e norteamento
como legítimo;
4. Nesse sentido, apó s melhor reexame e aná lise do mú tuo ali ajustado, constata-se que o
mesmo está em confronto com inú meros dispositivos legais, citados abaixo, afrontando o
direito do Autor, colocando-o em total desvantagem conforme foi salientado acima, frente
à s clá usulas contratuais que lhes foram impostas unilateralmente, formuladas pela
Requerida e que foram aceitas na forma com que foram emitidas, pois, nã o restava outra
opçã o ao mutuá rio naquela oportunidade;
5. Mais que, como é pú blico e notó rio, os contratos de financiamentos sã o todos, sem
exceçã o, redigidos (quando nã o impressos) unilateralmente pelas instituiçõ es financeiras,
sem que haja a ingerência ou a participaçã o do financiado (mutuá rio) na sua redaçã o, na
razã o de que os mesmos já estã o elaborados por ocasiã o da sua assinatura. Restringindo,
assim, a sua participaçã o em aceita-los ou nã o. Nã o passando estes de meros contratos de
ADESÃ O, os quais, podendo se afirmar de serem em sua maioria ILEGÍTIMOS, por nã o
observarem as normas pertinentes.
6. Vistos, estes contratos geram em consequência, na sua redaçã o, clá usulas abusivas e
ilegais, que colocam o financiado em condiçã o inferior em seu direito de manifestaçã o.
Sendo assim, contratos impostos, onde o financiado nã o tem como insurgir, aceitando-o na
forma com que já se encontra formulado.
CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS - TABELA PRICE
Nos financiamentos imobiliá rios é vedado a capitalizaçã o dos juros, que no caso em tela, é
decorrência da utilizaçã o da Tabela Price. A Capitalizaçã o, segundo o IBEDEC, infla o preço
pago pela parte Autora em mais de 20% no preço final do imó vel.
Nota-se como a jurisprudência tem se pronunciado sobre este assunto, citamos o voto na
Apelaçã o Cível Nº 70028685964, Décima Nona Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: José Francisco Pellegrini, Julgado em 30/03/2010:
O sistema Price, embora haja entendimentos em sentido contrá rio, é aquele em que cada
prestaçã o mensal é calculada de maneira que parte dela paga os juros e parte amortiza o
saldo devedor. Entretanto, como os juros sã o calculados por ocasiã o de cada parcela,
incidem sobre o saldo devedor e sã o embutidos neste, implicando, assim, a incidência de
juros sobre juros, o que configura a prá tica do anatocismo, a onerar excessivamente o
devedor…
Como se sabe, a incidência da capitalizaçã o somente é admitida nas hipó teses autorizadas
em lei, nos casos de crédito rural (Decreto-Lei nº 167/67), crédito industrial (Decreto-lei
nº 413/69), crédito comercial (lei nº 6.840/80), e na hipó tese prevista no art. 4º da Lei
22.626/33, que trata dos saldos líquidos em conta corrente. Assim, tratando-se de contrato
de financiamento relativo à compra e venda de imó vel com pagamento do saldo do preço
em parcelas mensais e consecutivas, inadmissível a capitalizaçã o dos juros em qualquer
periodicidade.
Neste acó rdã o consta a seguinte jurisprudência:
…Aplicação da Tabela Price. Neste sistema os juros crescem em progressão geométrica e não em progressão
aritmética, caracterizando juros sobre juros ou anatocismo. É na prestação da Price que estão “disfarçados” os
juros compostos, porque não são incluídos e nem abatidos do saldo devedor, mas sim, compõem, os juros
compostos, a prestação, em virtude da função exponencial contida na fórmula do Sistema Price. Em tais
circunstâncias, o mutuário paga mais juros em cada prestação, em prejuízo da amortização do débito, de modo
que o saldo devedor – dado de extrema relevância para o financiado ou mutuário – no sistema da Tabela Price não
tem qualquer relevância e serve ‘apenas’ como ‘conta de diferença’, em prejuízo do mutuário. Assim, no sistema
Price, o saldo devedor não é propriamente o saldo devedor ‘real’, mas se configura tão-somente como simples e
mera conta de diferença. Dizer que não se adicionam juros ao saldo devedor, não é o mesmo que dizer que não se
cobram juros compostos ou capitalizados. É evidente que, se o mutuário já paga mais em função dos juros
compostos incluídos nas parcelas mensais, resulta óbvio que não pode haver adição de juros ao saldo devedor,
quer porque o mutuário já pagou juros maiores na parcela, quer porque seria duplo abuso ou duplo anatocismo, o
qual restaria induvidosamente configurado se o mutuário, além de já pagar juros sobre juros nas parcelas, tivesse
ainda que ver adicionados mais juros ao saldo devedor, sobre o qual seriam calculados novos juros que comporiam
as seguintes e sucessivas parcelas, as quais, por sua vez, em face da sistemática da Price, possuem também juros
embutidos, que, por evidente, seriam calculados sobre os juros que teriam sido, assim, antes, adicionados ao saldo
devedor. Seria, portanto, o supra-sumo do abuso ou do anatocismo. Quando se afirma que a Tabela Price não
adiciona juros ao saldo, na verdade está-se dizendo, de forma não expressa, mas implícita, que o saldo devedor
será mera conta de diferença, porque serão cobrados juros maiores, em progressão geométrica pela função
exponencial da Price, acarretando cobrança por taxa superior à contratada, em prejuízo da amortização do saldo
devedor, que, de outra forma, seria muito menor. Ora, cobrar juros maiores na prestação, em prejuízo da
amortização do saldo devedor, o qual poderia ser menor se a amortização fosse maior, tem o mesmo resultado, do
ponto de vista da abusividade, que incluir no saldo devedor juros não cobrados na parcela, formando um novo
saldo sobre o qual incidem novos juros. A conclusão é intuitiva: não capitaliza os juros no saldo devedor porque
capitaliza na prestação, em função do cálculo de taxa sobre taxa, juros sobre juros, ou simplesmente, de maneira
mais técnico-matemática: em virtude da função exponencial, que caracteriza progressão geométrica, contida na
fórmula da Tabela Price. O custo total do financiamento não é a simples soma das parcelas mensais do prazo do
contrato, ou a mera multiplicação do valor da parcela inicial pelo número de parcelas do prazo pactuado. Isto
porque, após o pagamento de cada parcela, é como se o credor fizesse a reaplicação ou nova aplicação do saldo
devedor em relação ao mutuário, de modo que, quando mais longo for o prazo do contrato, maior é o ganho em
juros de juros ou juros capitalizados. Esse efeito só é matematicamente percebido quando apurada a incidência do
juro retornado de maneira inversamente proporcional ao prazo transcorrido, sobre cada parcela que representa a
fração de devolução no tempo do capital emprestado. Doutrina de José Jorge Meschiatti Nogueira, na obra Tabela
Price – Da Prova Documental e Precisa Elucidação do seu Anatocismo, Ed. Servanda, 2002. Cálculos demonstrativos
e comparativos de juros lineares, de juros pela Tabela Price e de juros com capitalização anual sem aplicação da
Tabela referida. As prestações devem ser calculadas sem aplicação da Tabela Price, com capitalização apenas
anual dos juros… (Apelação Cível nº 70002065662, 1ªCâmara Especial Cível do TJRS, Rel. Des. Adão Sérgio do
Nascimento Cassiano, j. Em 23/10/2002)

Vejamos outra ementa:


EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. REVISÃO CONTRATUAL. TABELA PRICE. Inviável
a utilização da Tabela Price para a amortização dos contratos de financiamento imobiliário, diante da vedação ao
anatocismo. Precedentes. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70032739062, Nona Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Mário Crespo Brum, Julgado em 24/03/2010)

O Tribunal Regional Federal da 4ª Regiã o tem posicionamento mais restritivo para o


reconhecimento do anatocismo conforme se verifica no seguinte julgado:
EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. SFH. MÚTUO HABITACIONAL. CONTRATO SUB-ROGADO AO AUTOR.
NOVAÇÃO. DIREITO À REVISÃO. TABELA PRICE. ANATOCISMO. 1. A transferência do contrato de financiamento,
com anuência do credor, significa a novação do contrato, inviabilizando ao novo mutuário a discussão do
financiamento anterior. 2. É vedada a prática de anatocismo, todavia, nem a simples utilização da tabela Price,
nem a dicotomia - taxa de juros nominal e efetiva - são suficientes a sua caracterização. Somente o aporte dos
juros remanescentes decorrentes de amortizações negativas para o saldo devedor caracteriza anatocismo. No caso
dos autos, o exame das planilhas de evolução do financiamento demonstram sua não ocorrência. (TRF4, AC
2003.70.00.047913-8, Quarta Turma, Relatora Marga Inge Barth Tessler, D. E. 14/06/2010).

COEFICIENTE DE EQUALIZAÇÃO DE TAXAS – CET


Trata-se de um critério de reajuste das prestaçõ es do financiamento imobiliá rio, que
quando previsto conjuntamente com o Plano de Equivalência Salarial – PES, torna-se ilegal.
O ilustre Desembargador do TJRS Marco Aurélio dos Santos Caminha em seu voto na
Apelaçã o Cível Nº 70031749377 lecionou que:
A partir da simples leitura do instrumento contratual, verifica-se que a ré não limitou o reajuste das parcelas ao
Plano de Equivalência Salarial – PES, incluindo, nos parágrafos da cláusula décima quarta do contrato (fls. 41-42),
um segundo critério de reajuste, a partir a aplicação do Coeficiente de Equalização de Taxas.
Ocorre que a implementação de um sistema dúplice de correção das prestações de um mesmo mútuo onera
demasiadamente o contrato, mostrando-se inadmissível em face das regras de direito consumerista.
Saliente-se que este Tribunal tem reiteradamente declarado a nulidade da cumulação dos sistemas PES e CET…
(Apelação Cível Nº 70031749377, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Aurélio dos
Santos Caminha, Julgado em 13/05/2010)

A ilustre Desembargadora do TJRS Iris Helena Medeiros Nogueira, proferiu o seguinte voto
sobre o tema na Apelaçã o Cível Nº 70032604217:
Com efeito, conforme clá usula oitava e pará grafos da escritura pú blica nº 1599, o
Coeficiente de Equalizaçã o de Taxas foi estabelecido com o objetivo de prevenir e corrigir
eventuais diferenças decorrentes da adoçã o de índices nã o uniformes para a correçã o do
saldo devedor.
Por isso, esta Corte tem assentado entendimento de que o CET constitui, em realidade
modalidade de remuneraçã o do empréstimo que distorce o contrato e implica sobreposiçã o
de taxas com a mesma finalidade, motivo pelo qual sua incidência em quaisquer
percentuais deve ser afastada.
A propó sito, sã o inú meros os julgados deste Tribunal:
“EMPRÉSTIMO HIPOTECÁRIO. FINANCIAMENTO HABITACIONAL. CAIXA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA PREVI. AÇÃO
REVISIONAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Lei n.º 8.078/90. A incidência do CDC nos contratos de
financiamento habitacional está restrita aos serviços prestados pelo agente financeiro, descabendo seu manejo em
revisão das cláusulas do contrato que digam com os custos da operação financeira, por não se enquadrar no
conceito de relação de consumo. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICES DA POUPANÇA. APLICAÇÃO DA TAXA
REFERENCIAL TR. Fixado pelo contrato os índices da poupança a servirem de indexador à correção monetária, a TR
deve incidir pelo período em que tiver remunerado os depósitos das cadernetas. Afastamento de previsão
contratual que autoriza ao mutuante eleger índice de correção monetária ao seu exclusivo critério. SEGURO.
OBRIGATORIEDADE. AFASTAMENTO DA VINCULAÇÃO A SEGURADORA PRÉ-ESTABELECIDA. A contratação de
seguro com vista à defesa do patrimônio garantidor do mútuo é obrigatória. Afastamento da vinculação a
seguradora pré-estabelecida pelo mutuário venda casada. SALDO DEVEDOR. PRESTAÇÕES. AMORTIZAÇÃO. Os
valores de amortização pelo pagamento das prestações devem ser abatidos do saldo devedor após a incidência da
atualização monetária pelo decurso do período do mês civil que lhe antecede. COEFICIENTE DE EQUALIZAÇÃO DE
TAXAS CET. Cobrado do mutuário percentual sobre o total do montante do contrato a título de fundo de liquidez,
para responder pelo saldo devedor, é de se afastar o CET, pois caracterizada a sobreposição de taxas destinadas ao
mesmo objetivo. DEVOLUÇÃO DE VALORES EM DOBRO. QUITAÇÃO DO DÉBITO. DESCABIMENTO. Incabível a
devolução em dobro de valores pagos a maior, porquanto não houve exigência indevida. As alterações que
resultam em modificação das prestações apenas se cristalizam com o provimento judicial. Diferenças devem ser
restituídas de modo simples, procedendo-se compensação com o débito por conta do mútuo revisando.
Procedente apenas em parte o pedido inicial, inviável a declaração de quitação do débito, insuficientes os
depósitos por consignação. Proveram em parte ambas as apelações. Unânime.” (Apelação Cível Nº 70010290500,
Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em 25/05/2006).
“REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL. PREVI. PRELIMINAR DE NOVAÇÃO DO
CONTRATO AFASTADA. NÃO INCIDÊNCIA DO CDC. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS. ABUSIVIDADE DO
COEFICIENTE DE EQUACIONAMENTO DAS TAXAS (CET). MULTA COMPENSATÓRIA REDUZIDA PARA 2%.
IMPOSSIBILDIADE DE REEMBOLSO DOS VALORES PAGOS PARA O FUNDO DE QUITAÇÃO POR MORTE.
MANUTENÇÃO DA DECISÃO QUE AFASTOU O DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO ATÉ A LIQUIDAÇÃO DOS
VALORES. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA Não se verifica a alegada novação no caso concreto, mesmo que
firmado novo contrato, pois a dívida é a mesma. Tratando-se de contrato de financiamento, não incide o Código de
Defesa do Consumidor em seus custos. A regra nos modelos de amortização para o contratos de financiamento a
longo prazo é a que permite a capitalização mensal dos juros. Não se justifica, entretanto, o CET, pois se trata de
remuneração do capital oculta, desvirtuando o contrato. A multa contratual de 10% se mostra abusiva à luz do
ordenamento jurídico, especialmente após a Lei nº.9.298/96, razão pela qual deve ser reduzida para 2%. Os
valores pagos referentes ao Fundo de Quitação por Morte estão adequados à função social do contrato, sendo de
extrema importância para a sistemática em questão, com o que não podem os mutuários ser reembolsados, ainda
que não utilizado o fundo. Diante da reconhecida necessidade de revisão do contrato, mostra-se prudente
impossibilitar o desconto em folha de pagamento até a liquidação dos valores, pois o referido desconto estava
sendo realizado a maior. A verba honorária fixada aos patronos dos autores merece majoração, especialmente em
razão do valor da causa e do zelo profissional, na forma do art. 20, § 4º do CPC. REJEITADA A PRELIMINAR. APELOS
PARCIALMENTE PROVIDOS. (Apelação Cível Nº 70015728140, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Luiz Ary Vessini de Lima, Julgado em 19/10/2006).
“APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO REVISIONAL. FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO.
ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. PREVI. POSSIBILIDADE DE REVISÃO DO PACTO E INCIDÊNCIA DO CDC NA
ESPÉCIE. SÚMULA 321 DO STJ. CORREÇÃO DAS PRESTAÇÕES E OBSERVÂNCIA À VARIAÇÃO SALARIAL. No que tange
às prestações, o contrato prevê que seriam reajustadas sempre que o Banco do Brasil S. A. Conceder elevação
geral de vencimento padrão do seu pessoal em atividade, procedendo-se à correção no mesmo percentual obtido
pela categoria funcional (posto efetivo). No caso, não restou demonstrada a alegação dos mutuários de que a ré
tenha desrespeitado os índices dos reajustes ajustados, pelo contrário, a prova pericial corrobora a evolução da
prestação conforme o contrato. VARIAÇÃO SALARIAL E ATUALIZAÇÃO DO SALDO DEVEDOR. A variação salarial
estipula critérios para atualização do valor da prestação e não do saldo devedor. CRITÉRIO DE REAJUSTE.
CORREÇÃO DO SALDO DEVEDOR PELO ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA UTILIZADO PARA O REAJUSTE DOS
DEPÓSITOS DE POUPANÇA. LEGALIDADE. REGULARIDADE DA UTILIZAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL TR. PREVISÃO
EXPRESSA DE NÃO-INCIDÊNCIA DOS JUROS DE 0,5% COMO COMPONENTE DA POUPANÇA. Legalidade da previsão
contratual de reajuste do saldo devedor pelo índice de atualização monetária utilizado para o reajuste dos
depósitos de poupança, que atualmente é a Taxa Referencial TR. E quanto à utilização da TR como índice de
correção monetária, não há ilegalidade, já que previamente contratada, e também porque é legalmente prevista
pela Lei 8.177/91. Súmula 295 do STJ.COEFICIENTE DE EQUALIZAÇÃO DE TAXAS CET. MANUTENÇÃO DO
AFASTAMENTO. ABUSIVIDADE. TABELA PRICE. CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. O sistema Price consubstancia
acumulação mensal de juros e configura capitalização. Afasta-se a incidência da Tabela Price, adotando-se o
método de cálculo de juros simples. SALDO DEVEDOR. AMORTIZAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. Os valores de
amortização pelo pagamento das prestações, devem ser abatidos do saldo devedor após a incidência da
atualização monetária, caso contrário, ocasionaria desequilíbrio contratual e o enriquecimento indevido do autor.
FUNDO DE QUITAÇÃO POR MORTE FQM. LEGALIDADE. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. Viável, na forma simples, por
aplicação do CDC. Admissível a compensação. APELAÇÃO DOS AUTORES PROVIDA EM PARTE. APELAÇÃO DA RÉ
DESPROVIDA.” (Apelação Cível Nº 70020765442, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene
Bonzanini Bernardi, Julgado em 02/04/2008). (Apelação Cível Nº 70032604217, Nona Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira, Julgado em 20/01/2010)

Sobre o tema merece ser citada a seguinte ementa:


Ação de revisão contratual. Escritura pública de compra e venda firmada com a PREVI - entidade de previdência
privada. Aplicabilidade do CDC. Juros remuneratórios de 6% ao ano, acrescidos de 1% na inadimplência não são
abusivos. Os percentuais cobrados a título de coeficiente de equalização de taxas constituem-se em juros sem
razão jurídica instituídos exclusivamente em benefício do credor. Abusividade. Legalidade na utilização da tabela
price. Apelo parcialmente provido. (Apelação Cível Nº 70023315013, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Denise Oliveira Cezar, Julgado em 23/04/2008)

No entanto, há posiçõ es jurisprudênciais que consideram lícita a cobrança do CET:


APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. FINANCIAMENTO HABITACIONAL. PRELIMINAR DE
SENTENÇA CITRA PETITA. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. Pedido de repetição do indébito que não foi apreciado na
sentença. Valores pagos a maior que devem ser repetidos de forma simples, compensando-os com o saldo devedor.
APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. O CDC é aplicável ao presente contrato, na medida em
que a PREVI atua como prestadora de serviços. JUROS REMUNERATÓRIOS. Lícita a previsão contratual que prevê a
possibilidade de elevação da taxa de juros em caso de desvinculação do mutuário da PREVI. CAPITALIZAÇÃO DE
JUROS. No caso é vedada a capitalização mensal, permitida apenas a anual. CORREÇÃO MONETÁRIA. Correta a
adoção pela sentença do INPC, que comumente é utilizado como substituto ao BTN. SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO.
Não há ilegalidade no sistema de amortização adotado, que é aceito pelo STJ inclusive nos contratos vinculados ao
SFH. COEFICIENTE DE EQUALIZAÇÃO DE TAXAS. Lícita a previsão contratual que prevê a aplicação dos
CETs.SEGUROS. Não há ilegalidade na exigência dos seguros previstos no instrumento, já que possuem finalidades
distintas, mas não pode ser imposta a seguradora. Apelos parcialmente providos. (Apelação Cível Nº 70018706424,
Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Paulo Roberto Felix, Julgado em 12/03/2008).

Exemplo de clá usula prevendo cobrança de CET:


Clá usula 12. Que, sobre as prestaçõ es mensais de amortizaçã o do saldo devedor será
aplicado um "Coeficiente de Equalizaçã o de Taxas - CET", destinado a prevenir e/ou
corrigir eventuais diferenças decorrentes da adoçã o de índices nã o uniformes para
correçã o do saldo devedor e das prestaçõ es respectivas de amortizaçã o e, bem assim, da
nã o coincidência dos períodos de incidência de uns e outros.
Pará grafo primeiro. Sobre as prestaçõ es iniciais incide um CET de 5% do seu valor, já
incorporado à importâ ncia mencionada na clá usula sexta, acima.
Pará grafo segundo. Anualmente, ao ensejo da data-base para reajuste salarial dos
funcioná rios em atividade do Banco do Brasil S. A., o valor da prestaçã o de amortizaçã o do
saldo devedor, apó s o reajuste previsto na clá usula 1ª, será acrescido de um CET de 1%
(um por cento).
Pará grafo terceiro. O "CET" previsto no pará grafo anterior incidirá mesmo na hipó tese de,
por ocasiã o da respectiva data-base, nã o ocorrer elevaçã o geral de vencimento-padrã o dos
funcioná rios em atividade do Banco do Brasil S. A.
Pará grafo quarto. O valor das prestaçõ es mensais de amortizaçã o do saldo devedor será
acrescido ainda de um CET de 6% (seis por cento) e de um de 3% (três por cento) a partir
dos meses em que, apó s a presente data, ocorrerem, respectivamente, a primeira e a
segunda promoçõ es da associada.
DA POSSIBILIDADE DE REVISÃO CONTRATUAL EM RAZÃO DA DIMINUIÇÃO DA
RENDA
Nos contratos de financiamento imobiliá rio é possível que conste clá usula limitando o
percentual da renda do mutuá rio que irá adimplir as prestaçõ es do financiamento.
Hevendo este limite, quando a renda do mutuá rio diminuir, é evidente que as parcelas
deverã o ser reajustadas caso já estejam no limite previsto da referida clá usula. Para melhor
entendimento citamos um exmplo extraído do Tribunal Regional da 4ª Regiã o:
EMENTA: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. TABELA PRICE.
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. PES. PCR. REDUÇÃO DE RENDA. RENEGOCIAÇÃO. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. ÔNUS
SUCUMBENCIAIS. 1. A capitalização de juros na Tabela Price somente se dá na ocorrência de amortizações
negativas, caso em que a parcela de juros não paga mensalmente com o adimplemento da prestação seja agregada
ao saldo devedor, sujeitando-se à incidência de novos juros. Precedentes. 2. Para afastar qualquer possibilidade de
capitalização de juros, não tendo sido quitada integralmente a prestação devida, deve-se primeiro amortizar o
capital e, após, direcionar a parcela de juros impagos a uma conta apartada do saldo devedor, sobre a qual incidirá
somente correção monetária e capitalização anual. 3.É assegurado aos autores o direito à renegociação contratual
em razão da redução de renda, mediante a dilação do prazo de financiamento dentro dos limites previstos no
contrato, conforme expressa previsão contratual e legal (parágrafos 5º e 6º do artigo 9º do Decreto-Lei nº 2.164,
com a redação dada pelo artigo 22 da Lei nº 8.004/90). No entanto, as prestações impagas no período anterior à
redução da renda não estão abrangidas pela cláusula protetiva. 4. Na hipótese de haver valores eventualmente
pagos a maior pela parte autora, a sua restituição deverá se dar na forma de compensação com as prestações
vincendas. 5. Invertida a distribuição sucumbencial, deve a parte autora responder pelas custas e honorários
advocatícios - cuja exigibilidade resta suspensa ante o deferimento do benefício de assistência judiciária gratuita.
(TRF4, AC 2003.71.13.003239-0, Terceira Turma, Relator Fernando Quadros da Silva, D. E. 26/05/2010)

Neste julgado consta o seguinte voto do relator:


Quanto à possibilidade de renegociaçã o da dívida, ela está assegurada tanto pela legislaçã o
em vigor como pelo intrumento contratual. Confiro.
O contrato foi firmado em 16 de dezembro de 1997 e, conforme consta no item 11 da letra
C (fl. 20) foi firmado o percentual má ximo de 21,90% de comprometimento da renda
familiar. O pará grafo 4º da Clá usula 11ª do contrato firmado prevê, nos casos de reduçã o
de renda por mudança ou perda de emprego, "o direito de renegociar as condições de
amortização, (...) mediante a dilatação do prazo de liquidação do financiamento, observado o
prazo máximo de prorrogaçã o constante na Letra C deste contrato" (fl. 28).
Tal clá usula contratual encontra suporte legal nos pará grafos 5º e 6º do artigo 9º do
Decreto-Lei nº 2.164, com a redaçã o dada pelo artigo 22 da Lei nº 8.004/90, in verbis:
§ 5º - A prestação mensal não excederá a relação prestação/salário verificada na data da assinatura do contrato,
podendo ser solicitada a sua revisão a qualquer tempo.
§ 6º - Não se aplica o disposto no § 5º às hipóteses de redução de renda por mudança de emprego ou por alteração
na composição da renda familiar em decorrência da exclusão de um ou mais co-adquirentes, assegurado ao
mutuário nesses casos o direito à renegociação da dívida junto ao agente financeiro, visando a restabelecer o
comprometimento inicial da renda.

Esse é o entendimento já demonstrado por esta Corte, como mostram os seguintes


precedentes:
SFH. CONSIGNATÓRIA. REDUÇÃO DE RENDA. READEQUAÇÃO DO CONTRATO PARA MANUTENÇÃO DO
PERCENTUAL DE COMPROMENTIMENTO ESTABELECIDO NO CONTRATO. SUCUMBÊNCIA. 1. O direito à limitação do
encargo mensal ao percentual máximo de comprometimento contratado é assegurado também para a hipótese de
redução de renda. 2. Todavia, necessária a renegociação do mútuo, mediante a dilação do prazo de liquidação do
financiamento, conforme o máximo estabelecido contratualmente para prorrogação. 3. Sucumbência recíproca.

CONCLUSÃO
É pacífico na jurisprudência que a capitalizaçã o dos juros é vedada nos contratos de
financiamento imobiliá rios, havendo apenas discussã o quanto a sua existência no uso da
Tabela Price. Entendemos que a Tabela Price, apesar de oferecer prestaçõ es contínuas, do
mesmo valor, é um sistema de amortizaçã o no qual os juros sã o calculados de forma
capitalizada, portanto, sua utilizaçã o é ilegal e deve ser coibido o seu uso nos contratos de
financiamento imobiliá rio.
O Coeficiente de Equalizaçã o de Taxas é uma forma ilegal de remunerar o empréstimo, pois
é utilizado como forma de reajuste das parcelas do financiamento quando há índice
previsto para tal finalidade denominado Plano de Equivalência Salarial – PES.
Cabe destacar ainda que será possível revisar o prazo do financiamento quando a renda do
mutuá rio diminuir e os valores das parcelas tornarem-se superiores ao percentual má ximo
da renda destinada ao pagamento das parcelas previsto no contrato.
Dentro desse entendimento, temos a suscitar que:
Os juros que foram pactuados naquele instrumento foram de NOVE vírgula zero cinco mil
quinhentos e quarenta e oito milésimos por cento (9,05548%) como taxa efetiva e nominal
de 8,7%; mas, como se vê da PLANILHA (doc.04) emitida pela Requerida e acostada aos
autos, os juros praticados nã o obedeceram ao que ali foi pactuado, onde se percebe a
incidência de juros de MAIS de 1%, com total afronta ao que está estabelecido no
CONTRATO DE FINANCIAMENTO; E que, cumpre salientar que, a COBRANÇA nã o prevista
no CONTRATO, como se vê da inclusa PLANILHA (doc. 04) emitida pela Requerida,
referente ao COEFICIENTE DO FUNDO DE COMPENÇÃ O E VARIAÇÃ O SALARIAL – FCVS
1,15%, representa na verdade um ENCARGO financeiro suplementar que, nada mais é do
que juros embutidos, contrariando o disposto na Lei n. 4.380/65. Em decorrência desse
fato ilegítimo, está ocorrendo exacerbada majoraçã o dos encargos financeiros, isto, sem
respaldo legal;
Diante da forma distorcida de amortizaçã o e diante da aplicaçã o incorreta dos juros o saldo
do financiamento está sendo corrigido de forma irregular, eis que, do FINANCIAMENTO
entã o ajustado, se tivesse sido regularmente pago, como aponta a Requerida, em
30.07.2001, persiste um saldo DEVEDOR de R$15.104,03. Quando na realidade, diante dos
pagamentos efetuados, NÃ O EXISTE saldo DEVEDOR em favor da Requerida. Para tanto
suficiente o cotejo da PLANILHA anexa (doc.05);
Diante desses fatos, coloca o mutuá rio em situaçã o desvantajosa frente a estas formulas de
elevaçã o e atualizaçã o do saldo devedor do financiamento, incompatibilizando e tornando
onerosa as parcelas mensais. Gerando com essas super atualizaçõ es do saldo devedor do
financiamento, no curso das indexaçõ es, um rotineiro abuso, pois, irá evoluindo
acentuadamente o saldo devedor, tornando, em decorrência, inviá vel o cumprimento das
parcelas mensais, diante de seus valores exorbitantes. Diante desses fatos, verifica-se uma
substancial majoraçã o dos encargos e consequentemente do valor do saldo devedor, como
iremos demonstrar e isto está se realizando sem qualquer respaldo no contrato e na
legislaçã o atinente a espécie ora submissa ao Poder Judiciá rio.
Eis que, como se vê do CONTRATO (doc.02), quando adquiriram o imó vel, em 29 de
novembro de 1990, do valor do financiamento originá rio e diante dos pagamentos feitos de
forma distorcida e a maior, presentemente NÃ O EXISTE SALDO DEVEDOR, pelo contrá rio,
existe um crédito em favor do Autor (R$12.908,71), como resta comprovado pela inclusa
PLANILHA FINANCEIRA (doc.05). E como demonstra a PLANILHA DE CÁ LCULO DA
PRESTAÇÃ O (doc.06) o valor da possível prestaçã o em 30.07.01 seria de R$173,25; quando
a Requerida aponta uma prestaçã o de R$623,46;
A diferença de cá lculos de uma e outra, destas planilhas, é certamente gritante; no entanto,
há que salientar que os cá lculos efetuados na planilha apresentada pelo mutuá rio
primaram pelo emprego dos parâ metros estipulados no contrato assinado com o agente
financeiro, em estrita conformidade com os dispositivos legais pertinentes e frente à
realidade econô mica do país;
Assim sendo, MM. JUIZ, sem adentrarmos com muita profundidade ao mérito, o caso
vertente insinua, no mínimo, a um manifesto desequilíbrio entre as partes contratantes,
com inegá vel desvantagem para os mutuá rios, situaçã o essa que é repudiada dentro das
diretrizes traçadas pelo Có digo de Defesa do Consumidor;
Como é perceptível, os nú meros apresentados pela Requerida, seja quanto ao saldo
devedor do financiamento, seja quanto ao reajuste das prestaçõ es, certamente foram
elaborados diante de critérios extracontratuais, incompreensíveis e abusivos, que
resultaram em enorme desvantagem para os mutuá rios;
Daí decorre a presente açã o, onde se pretende apurar os valores que efetivamente estã o
vinculados ao contrato de financiamento e que deve ser cumprido pelos mutuá rios. Pois,
nesse contexto, o Có digo de Defesa do Consumidor, assinala que:
“E vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (art. 39)”.
V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; ”
São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que (art. 51):
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa fé ou a equidade; ”

Assim sendo, manipulando os reajustes das prestaçõ es e do saldo devedor de maneira


obscura e divorciada dos termos contratuais e da lei – o que lhe faz render benefícios
extraordiná rios, mas, expondo os mutuá rios a excessivos encargos – e sob a ó tica do Có digo
de Defesa do Consumidor, está a Requerida agindo de forma iníqua, abusiva de má -fé. Este
expediente, que, aliá s, é indiscriminadamente adotado pelas instituiçõ es financeiras deste
País, atropelam o pró prio princípio inspirador da criaçã o do Fundo Nacional da Habitaçã o
(Lei nº 4.380, de 21.08.64) que era exatamente para atingir um objetivo: o social. Assim,
resta claro que é uma lei que nã o passou do papel;
Portanto, alheios à nobre diretiva governamental de propiciar moradia à s classes menos
favorecidas da populaçã o, em condiçõ es compatíveis com a sua renda, as entidades
financeiras vinculadas ao SFH, professam, isto sim, o contrá rio, espoliando os parcos
orçamentos dos mutuá rios, pouco ou nada se incomodando com a penú ria dos mesmos, o
que reflete hoje na enxurrada de açõ es em trâ mite na Justiça, ora propostas pelos
devedores hipotecá rios na tentativa de reduzir os exacerbados comprometimentos
financeiros, ora propostas pelos credores hipotecá rios diante da impossibilidade
financiados de adimplirem os leoninos contratos;
A espécie dos autos, MM. JUIZ é apenas mais um daqueles casos em que o comprador de
imó veis financiado pelo Sistema Financeiro da Habitaçã o vem reclamar a prestaçã o
jurisdicional com o objetivo de fazerem valer os seus direitos, certamente, assegurados
pelo ordenamento jurídico vigente;
Destarte, em linha de princípio, a pretensã o do Autor ao proporem a presente açã o, estriba-
se no inciso V, do art. 6º da Lei n. 8.078/90 (Lei de proteçã o do consumidor) que assinala:
“São direitos básicos do consumidor:
V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão
dos fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.”

Assim, diante dos fundamentos retro expendidos, extrai-se a toda evidência que razã o e
direito devem assistir ao Autor e nesse sentido, sendo legítimo o propó sito de obterem
judicialmente a revisã o do contrato de financiamento em discussã o, no sentido de que o
mesmo seja examinado e adequado à s condiçõ es e à s normas que regem a matéria expostas
acima, assegurando aos mutuá rios os benefícios resultantes dos cá lculos apresentados na
sua PLANILHA FINANCEIRA; os quais certamente haverã o de ser ratificados através de
perícia contá bil deferida por este Juízo;
DOS PEDIDOS
ANTE O EXPOSTO, solicita a Vossa Excelência:
a) a CITAÇÃ O da Requerida, na pessoa de quem a representa legalmente em Juízo para,
querendo, CONTESTAR a presente açã o, sob pena de revelia e confissã o;
b) seja compelido a Requerida a refazer os cá lculos das prestaçõ es e do saldo devedor em
conformidade com o contrato originalmente assinado e em consonâ ncia com as normas
legais pertinentes e, caso necessá rio, se permita a realizaçã o de perícia contá bil;
c) seja afinal, julgada procedente a presente açã o nos termos propostos e declarada por
sentença a revisã o do contrato de financiamento em apreço, com a condenaçã o da
Requerida ao pagamento das custas processuais, honorá rios advocatícios e demais
pronunciaçõ es como de direito;
Seja deferida a produçã o de perícia técnica realizada por perito da á rea da contabilidade;
Seja a Requerida condenada ao pagamento das custas processuais e honorá rios
advocatícios sendo estes na ordem de 20% do valor da condenaçã o;
Requer a produçã o de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369
e seguintes do NCPC.
Dá -se à presente o valor de R$... (...)
Termos em que pede deferimento
Local, Data
Advogado (OAB)

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