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DE XXXX/UF
PARTE AUTORA, (qualificaçã o), residente e domiciliado em..., endereço eletrô nico, por seu
advogado abaixo subscrito, conforme procuraçã o anexa, (doc. 01), com endereço
profissional (completo), para fins do art. 106, I, do Novo Código de Processo Civil, vem
mui respeitosamente, com espeque no fundamento do art. 5º, XXI, da Constituiçã o Federal
propor a presente:
AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO
em face de BANCO XXXXXXX, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor, para ao
final requerer o quanto segue:
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Inicialmente, a parte Autora afirma sob as penas da lei 1.060/50, com redaçã o introduzida
pela Lei 8.510/86 e pará grafos 2º e 3º do artigo 1º da Lei 5.478/68, que nã o possui
condiçõ es financeiras para arcar com o ô nus das custas processuais e honorá rios
advocatícios, sem prejuízo do sustento pró prio e de sua família, uma vez que se encontra
DESEMPREGADO, fazendo jus à GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
DOS FATOS
O Requerente pelo incluso instrumento particular de cessã o de direitos, vantagens,
obrigaçõ es e responsabilidades (doc.03) aderiu por sub-rogaçã o aos direitos e obrigaçõ es
frente ao CONTRATO DE FINANCIAMENTO habitacional (doc. 02) com pacto adjeto de
Hipoteca, firmado em 29.11.1990 junto a BANCO XXXX, destinado à aquisiçã o do imó vel
constituído da casa 08, edificada na Quadra 27, do Setor C da cidade de XXXXX-XX, o
financiamento no valor de R$350.000,00, correspondente a 97% do valor do imó vel;
2. Informando que, desde a aquisiçã o deste imó vel em 29.11.1990, portanto há mais de 10
(dez) anos, data em que vinham processando normalmente a amortizaçã o do valor do
financiamento, e cumpriam integralmente o valor pactuado e estipulado unilateralmente
pela Requerida, consoante a clá usula quinta, até entã o sem qualquer oposiçã o; mas, diante
da situaçã o em que se foi elevando o valor da prestaçã o e o aumento acentuado do saldo
devedor; nesse sentido nã o tem outra alternativa senã o o ingresso da presente açã o para
que possa apurar com exatidã o o valor da prestaçã o que for devida e a sistemá tica de
correçã o do saldo, e com isto cumprir o contrato em questã o;
3. Ocorrendo MM. JUIZ, que, dentro dos parâ metros legais, como será demonstrado,
vislumbra-se sem qualquer dú vida que, o mú tuo em questã o contrapõ e as normas
inerentes ao Sistema Financeiro Habitacional, e mesmo o contrato, colocando o mutuá rio
em total desvantagem e desigualdade de condiçõ es de discutir a questã o em procedimento
administrativo, diante da ausência de entendimento por parte da Requerida em pretender
uma aná lise com maior profundidade do CONTRATO firmado, levando-o até entã o a aceitar
as obrigaçõ es que assim lhes eram impostas, acreditando na sua veracidade e norteamento
como legítimo;
4. Nesse sentido, apó s melhor reexame e aná lise do mú tuo ali ajustado, constata-se que o
mesmo está em confronto com inú meros dispositivos legais, citados abaixo, afrontando o
direito do Autor, colocando-o em total desvantagem conforme foi salientado acima, frente
à s clá usulas contratuais que lhes foram impostas unilateralmente, formuladas pela
Requerida e que foram aceitas na forma com que foram emitidas, pois, nã o restava outra
opçã o ao mutuá rio naquela oportunidade;
5. Mais que, como é pú blico e notó rio, os contratos de financiamentos sã o todos, sem
exceçã o, redigidos (quando nã o impressos) unilateralmente pelas instituiçõ es financeiras,
sem que haja a ingerência ou a participaçã o do financiado (mutuá rio) na sua redaçã o, na
razã o de que os mesmos já estã o elaborados por ocasiã o da sua assinatura. Restringindo,
assim, a sua participaçã o em aceita-los ou nã o. Nã o passando estes de meros contratos de
ADESÃ O, os quais, podendo se afirmar de serem em sua maioria ILEGÍTIMOS, por nã o
observarem as normas pertinentes.
6. Vistos, estes contratos geram em consequência, na sua redaçã o, clá usulas abusivas e
ilegais, que colocam o financiado em condiçã o inferior em seu direito de manifestaçã o.
Sendo assim, contratos impostos, onde o financiado nã o tem como insurgir, aceitando-o na
forma com que já se encontra formulado.
CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS - TABELA PRICE
Nos financiamentos imobiliá rios é vedado a capitalizaçã o dos juros, que no caso em tela, é
decorrência da utilizaçã o da Tabela Price. A Capitalizaçã o, segundo o IBEDEC, infla o preço
pago pela parte Autora em mais de 20% no preço final do imó vel.
Nota-se como a jurisprudência tem se pronunciado sobre este assunto, citamos o voto na
Apelaçã o Cível Nº 70028685964, Décima Nona Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: José Francisco Pellegrini, Julgado em 30/03/2010:
O sistema Price, embora haja entendimentos em sentido contrá rio, é aquele em que cada
prestaçã o mensal é calculada de maneira que parte dela paga os juros e parte amortiza o
saldo devedor. Entretanto, como os juros sã o calculados por ocasiã o de cada parcela,
incidem sobre o saldo devedor e sã o embutidos neste, implicando, assim, a incidência de
juros sobre juros, o que configura a prá tica do anatocismo, a onerar excessivamente o
devedor…
Como se sabe, a incidência da capitalizaçã o somente é admitida nas hipó teses autorizadas
em lei, nos casos de crédito rural (Decreto-Lei nº 167/67), crédito industrial (Decreto-lei
nº 413/69), crédito comercial (lei nº 6.840/80), e na hipó tese prevista no art. 4º da Lei
22.626/33, que trata dos saldos líquidos em conta corrente. Assim, tratando-se de contrato
de financiamento relativo à compra e venda de imó vel com pagamento do saldo do preço
em parcelas mensais e consecutivas, inadmissível a capitalizaçã o dos juros em qualquer
periodicidade.
Neste acó rdã o consta a seguinte jurisprudência:
…Aplicação da Tabela Price. Neste sistema os juros crescem em progressão geométrica e não em progressão
aritmética, caracterizando juros sobre juros ou anatocismo. É na prestação da Price que estão “disfarçados” os
juros compostos, porque não são incluídos e nem abatidos do saldo devedor, mas sim, compõem, os juros
compostos, a prestação, em virtude da função exponencial contida na fórmula do Sistema Price. Em tais
circunstâncias, o mutuário paga mais juros em cada prestação, em prejuízo da amortização do débito, de modo
que o saldo devedor – dado de extrema relevância para o financiado ou mutuário – no sistema da Tabela Price não
tem qualquer relevância e serve ‘apenas’ como ‘conta de diferença’, em prejuízo do mutuário. Assim, no sistema
Price, o saldo devedor não é propriamente o saldo devedor ‘real’, mas se configura tão-somente como simples e
mera conta de diferença. Dizer que não se adicionam juros ao saldo devedor, não é o mesmo que dizer que não se
cobram juros compostos ou capitalizados. É evidente que, se o mutuário já paga mais em função dos juros
compostos incluídos nas parcelas mensais, resulta óbvio que não pode haver adição de juros ao saldo devedor,
quer porque o mutuário já pagou juros maiores na parcela, quer porque seria duplo abuso ou duplo anatocismo, o
qual restaria induvidosamente configurado se o mutuário, além de já pagar juros sobre juros nas parcelas, tivesse
ainda que ver adicionados mais juros ao saldo devedor, sobre o qual seriam calculados novos juros que comporiam
as seguintes e sucessivas parcelas, as quais, por sua vez, em face da sistemática da Price, possuem também juros
embutidos, que, por evidente, seriam calculados sobre os juros que teriam sido, assim, antes, adicionados ao saldo
devedor. Seria, portanto, o supra-sumo do abuso ou do anatocismo. Quando se afirma que a Tabela Price não
adiciona juros ao saldo, na verdade está-se dizendo, de forma não expressa, mas implícita, que o saldo devedor
será mera conta de diferença, porque serão cobrados juros maiores, em progressão geométrica pela função
exponencial da Price, acarretando cobrança por taxa superior à contratada, em prejuízo da amortização do saldo
devedor, que, de outra forma, seria muito menor. Ora, cobrar juros maiores na prestação, em prejuízo da
amortização do saldo devedor, o qual poderia ser menor se a amortização fosse maior, tem o mesmo resultado, do
ponto de vista da abusividade, que incluir no saldo devedor juros não cobrados na parcela, formando um novo
saldo sobre o qual incidem novos juros. A conclusão é intuitiva: não capitaliza os juros no saldo devedor porque
capitaliza na prestação, em função do cálculo de taxa sobre taxa, juros sobre juros, ou simplesmente, de maneira
mais técnico-matemática: em virtude da função exponencial, que caracteriza progressão geométrica, contida na
fórmula da Tabela Price. O custo total do financiamento não é a simples soma das parcelas mensais do prazo do
contrato, ou a mera multiplicação do valor da parcela inicial pelo número de parcelas do prazo pactuado. Isto
porque, após o pagamento de cada parcela, é como se o credor fizesse a reaplicação ou nova aplicação do saldo
devedor em relação ao mutuário, de modo que, quando mais longo for o prazo do contrato, maior é o ganho em
juros de juros ou juros capitalizados. Esse efeito só é matematicamente percebido quando apurada a incidência do
juro retornado de maneira inversamente proporcional ao prazo transcorrido, sobre cada parcela que representa a
fração de devolução no tempo do capital emprestado. Doutrina de José Jorge Meschiatti Nogueira, na obra Tabela
Price – Da Prova Documental e Precisa Elucidação do seu Anatocismo, Ed. Servanda, 2002. Cálculos demonstrativos
e comparativos de juros lineares, de juros pela Tabela Price e de juros com capitalização anual sem aplicação da
Tabela referida. As prestações devem ser calculadas sem aplicação da Tabela Price, com capitalização apenas
anual dos juros… (Apelação Cível nº 70002065662, 1ªCâmara Especial Cível do TJRS, Rel. Des. Adão Sérgio do
Nascimento Cassiano, j. Em 23/10/2002)
A ilustre Desembargadora do TJRS Iris Helena Medeiros Nogueira, proferiu o seguinte voto
sobre o tema na Apelaçã o Cível Nº 70032604217:
Com efeito, conforme clá usula oitava e pará grafos da escritura pú blica nº 1599, o
Coeficiente de Equalizaçã o de Taxas foi estabelecido com o objetivo de prevenir e corrigir
eventuais diferenças decorrentes da adoçã o de índices nã o uniformes para a correçã o do
saldo devedor.
Por isso, esta Corte tem assentado entendimento de que o CET constitui, em realidade
modalidade de remuneraçã o do empréstimo que distorce o contrato e implica sobreposiçã o
de taxas com a mesma finalidade, motivo pelo qual sua incidência em quaisquer
percentuais deve ser afastada.
A propó sito, sã o inú meros os julgados deste Tribunal:
“EMPRÉSTIMO HIPOTECÁRIO. FINANCIAMENTO HABITACIONAL. CAIXA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA PREVI. AÇÃO
REVISIONAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Lei n.º 8.078/90. A incidência do CDC nos contratos de
financiamento habitacional está restrita aos serviços prestados pelo agente financeiro, descabendo seu manejo em
revisão das cláusulas do contrato que digam com os custos da operação financeira, por não se enquadrar no
conceito de relação de consumo. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICES DA POUPANÇA. APLICAÇÃO DA TAXA
REFERENCIAL TR. Fixado pelo contrato os índices da poupança a servirem de indexador à correção monetária, a TR
deve incidir pelo período em que tiver remunerado os depósitos das cadernetas. Afastamento de previsão
contratual que autoriza ao mutuante eleger índice de correção monetária ao seu exclusivo critério. SEGURO.
OBRIGATORIEDADE. AFASTAMENTO DA VINCULAÇÃO A SEGURADORA PRÉ-ESTABELECIDA. A contratação de
seguro com vista à defesa do patrimônio garantidor do mútuo é obrigatória. Afastamento da vinculação a
seguradora pré-estabelecida pelo mutuário venda casada. SALDO DEVEDOR. PRESTAÇÕES. AMORTIZAÇÃO. Os
valores de amortização pelo pagamento das prestações devem ser abatidos do saldo devedor após a incidência da
atualização monetária pelo decurso do período do mês civil que lhe antecede. COEFICIENTE DE EQUALIZAÇÃO DE
TAXAS CET. Cobrado do mutuário percentual sobre o total do montante do contrato a título de fundo de liquidez,
para responder pelo saldo devedor, é de se afastar o CET, pois caracterizada a sobreposição de taxas destinadas ao
mesmo objetivo. DEVOLUÇÃO DE VALORES EM DOBRO. QUITAÇÃO DO DÉBITO. DESCABIMENTO. Incabível a
devolução em dobro de valores pagos a maior, porquanto não houve exigência indevida. As alterações que
resultam em modificação das prestações apenas se cristalizam com o provimento judicial. Diferenças devem ser
restituídas de modo simples, procedendo-se compensação com o débito por conta do mútuo revisando.
Procedente apenas em parte o pedido inicial, inviável a declaração de quitação do débito, insuficientes os
depósitos por consignação. Proveram em parte ambas as apelações. Unânime.” (Apelação Cível Nº 70010290500,
Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Alberto Schreiner Pestana, Julgado em 25/05/2006).
“REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO HABITACIONAL. PREVI. PRELIMINAR DE NOVAÇÃO DO
CONTRATO AFASTADA. NÃO INCIDÊNCIA DO CDC. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS. ABUSIVIDADE DO
COEFICIENTE DE EQUACIONAMENTO DAS TAXAS (CET). MULTA COMPENSATÓRIA REDUZIDA PARA 2%.
IMPOSSIBILDIADE DE REEMBOLSO DOS VALORES PAGOS PARA O FUNDO DE QUITAÇÃO POR MORTE.
MANUTENÇÃO DA DECISÃO QUE AFASTOU O DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO ATÉ A LIQUIDAÇÃO DOS
VALORES. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA Não se verifica a alegada novação no caso concreto, mesmo que
firmado novo contrato, pois a dívida é a mesma. Tratando-se de contrato de financiamento, não incide o Código de
Defesa do Consumidor em seus custos. A regra nos modelos de amortização para o contratos de financiamento a
longo prazo é a que permite a capitalização mensal dos juros. Não se justifica, entretanto, o CET, pois se trata de
remuneração do capital oculta, desvirtuando o contrato. A multa contratual de 10% se mostra abusiva à luz do
ordenamento jurídico, especialmente após a Lei nº.9.298/96, razão pela qual deve ser reduzida para 2%. Os
valores pagos referentes ao Fundo de Quitação por Morte estão adequados à função social do contrato, sendo de
extrema importância para a sistemática em questão, com o que não podem os mutuários ser reembolsados, ainda
que não utilizado o fundo. Diante da reconhecida necessidade de revisão do contrato, mostra-se prudente
impossibilitar o desconto em folha de pagamento até a liquidação dos valores, pois o referido desconto estava
sendo realizado a maior. A verba honorária fixada aos patronos dos autores merece majoração, especialmente em
razão do valor da causa e do zelo profissional, na forma do art. 20, § 4º do CPC. REJEITADA A PRELIMINAR. APELOS
PARCIALMENTE PROVIDOS. (Apelação Cível Nº 70015728140, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Luiz Ary Vessini de Lima, Julgado em 19/10/2006).
“APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO REVISIONAL. FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO.
ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. PREVI. POSSIBILIDADE DE REVISÃO DO PACTO E INCIDÊNCIA DO CDC NA
ESPÉCIE. SÚMULA 321 DO STJ. CORREÇÃO DAS PRESTAÇÕES E OBSERVÂNCIA À VARIAÇÃO SALARIAL. No que tange
às prestações, o contrato prevê que seriam reajustadas sempre que o Banco do Brasil S. A. Conceder elevação
geral de vencimento padrão do seu pessoal em atividade, procedendo-se à correção no mesmo percentual obtido
pela categoria funcional (posto efetivo). No caso, não restou demonstrada a alegação dos mutuários de que a ré
tenha desrespeitado os índices dos reajustes ajustados, pelo contrário, a prova pericial corrobora a evolução da
prestação conforme o contrato. VARIAÇÃO SALARIAL E ATUALIZAÇÃO DO SALDO DEVEDOR. A variação salarial
estipula critérios para atualização do valor da prestação e não do saldo devedor. CRITÉRIO DE REAJUSTE.
CORREÇÃO DO SALDO DEVEDOR PELO ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA UTILIZADO PARA O REAJUSTE DOS
DEPÓSITOS DE POUPANÇA. LEGALIDADE. REGULARIDADE DA UTILIZAÇÃO DA TAXA REFERENCIAL TR. PREVISÃO
EXPRESSA DE NÃO-INCIDÊNCIA DOS JUROS DE 0,5% COMO COMPONENTE DA POUPANÇA. Legalidade da previsão
contratual de reajuste do saldo devedor pelo índice de atualização monetária utilizado para o reajuste dos
depósitos de poupança, que atualmente é a Taxa Referencial TR. E quanto à utilização da TR como índice de
correção monetária, não há ilegalidade, já que previamente contratada, e também porque é legalmente prevista
pela Lei 8.177/91. Súmula 295 do STJ.COEFICIENTE DE EQUALIZAÇÃO DE TAXAS CET. MANUTENÇÃO DO
AFASTAMENTO. ABUSIVIDADE. TABELA PRICE. CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS. O sistema Price consubstancia
acumulação mensal de juros e configura capitalização. Afasta-se a incidência da Tabela Price, adotando-se o
método de cálculo de juros simples. SALDO DEVEDOR. AMORTIZAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. Os valores de
amortização pelo pagamento das prestações, devem ser abatidos do saldo devedor após a incidência da
atualização monetária, caso contrário, ocasionaria desequilíbrio contratual e o enriquecimento indevido do autor.
FUNDO DE QUITAÇÃO POR MORTE FQM. LEGALIDADE. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. Viável, na forma simples, por
aplicação do CDC. Admissível a compensação. APELAÇÃO DOS AUTORES PROVIDA EM PARTE. APELAÇÃO DA RÉ
DESPROVIDA.” (Apelação Cível Nº 70020765442, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene
Bonzanini Bernardi, Julgado em 02/04/2008). (Apelação Cível Nº 70032604217, Nona Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira, Julgado em 20/01/2010)
CONCLUSÃO
É pacífico na jurisprudência que a capitalizaçã o dos juros é vedada nos contratos de
financiamento imobiliá rios, havendo apenas discussã o quanto a sua existência no uso da
Tabela Price. Entendemos que a Tabela Price, apesar de oferecer prestaçõ es contínuas, do
mesmo valor, é um sistema de amortizaçã o no qual os juros sã o calculados de forma
capitalizada, portanto, sua utilizaçã o é ilegal e deve ser coibido o seu uso nos contratos de
financiamento imobiliá rio.
O Coeficiente de Equalizaçã o de Taxas é uma forma ilegal de remunerar o empréstimo, pois
é utilizado como forma de reajuste das parcelas do financiamento quando há índice
previsto para tal finalidade denominado Plano de Equivalência Salarial – PES.
Cabe destacar ainda que será possível revisar o prazo do financiamento quando a renda do
mutuá rio diminuir e os valores das parcelas tornarem-se superiores ao percentual má ximo
da renda destinada ao pagamento das parcelas previsto no contrato.
Dentro desse entendimento, temos a suscitar que:
Os juros que foram pactuados naquele instrumento foram de NOVE vírgula zero cinco mil
quinhentos e quarenta e oito milésimos por cento (9,05548%) como taxa efetiva e nominal
de 8,7%; mas, como se vê da PLANILHA (doc.04) emitida pela Requerida e acostada aos
autos, os juros praticados nã o obedeceram ao que ali foi pactuado, onde se percebe a
incidência de juros de MAIS de 1%, com total afronta ao que está estabelecido no
CONTRATO DE FINANCIAMENTO; E que, cumpre salientar que, a COBRANÇA nã o prevista
no CONTRATO, como se vê da inclusa PLANILHA (doc. 04) emitida pela Requerida,
referente ao COEFICIENTE DO FUNDO DE COMPENÇÃ O E VARIAÇÃ O SALARIAL – FCVS
1,15%, representa na verdade um ENCARGO financeiro suplementar que, nada mais é do
que juros embutidos, contrariando o disposto na Lei n. 4.380/65. Em decorrência desse
fato ilegítimo, está ocorrendo exacerbada majoraçã o dos encargos financeiros, isto, sem
respaldo legal;
Diante da forma distorcida de amortizaçã o e diante da aplicaçã o incorreta dos juros o saldo
do financiamento está sendo corrigido de forma irregular, eis que, do FINANCIAMENTO
entã o ajustado, se tivesse sido regularmente pago, como aponta a Requerida, em
30.07.2001, persiste um saldo DEVEDOR de R$15.104,03. Quando na realidade, diante dos
pagamentos efetuados, NÃ O EXISTE saldo DEVEDOR em favor da Requerida. Para tanto
suficiente o cotejo da PLANILHA anexa (doc.05);
Diante desses fatos, coloca o mutuá rio em situaçã o desvantajosa frente a estas formulas de
elevaçã o e atualizaçã o do saldo devedor do financiamento, incompatibilizando e tornando
onerosa as parcelas mensais. Gerando com essas super atualizaçõ es do saldo devedor do
financiamento, no curso das indexaçõ es, um rotineiro abuso, pois, irá evoluindo
acentuadamente o saldo devedor, tornando, em decorrência, inviá vel o cumprimento das
parcelas mensais, diante de seus valores exorbitantes. Diante desses fatos, verifica-se uma
substancial majoraçã o dos encargos e consequentemente do valor do saldo devedor, como
iremos demonstrar e isto está se realizando sem qualquer respaldo no contrato e na
legislaçã o atinente a espécie ora submissa ao Poder Judiciá rio.
Eis que, como se vê do CONTRATO (doc.02), quando adquiriram o imó vel, em 29 de
novembro de 1990, do valor do financiamento originá rio e diante dos pagamentos feitos de
forma distorcida e a maior, presentemente NÃ O EXISTE SALDO DEVEDOR, pelo contrá rio,
existe um crédito em favor do Autor (R$12.908,71), como resta comprovado pela inclusa
PLANILHA FINANCEIRA (doc.05). E como demonstra a PLANILHA DE CÁ LCULO DA
PRESTAÇÃ O (doc.06) o valor da possível prestaçã o em 30.07.01 seria de R$173,25; quando
a Requerida aponta uma prestaçã o de R$623,46;
A diferença de cá lculos de uma e outra, destas planilhas, é certamente gritante; no entanto,
há que salientar que os cá lculos efetuados na planilha apresentada pelo mutuá rio
primaram pelo emprego dos parâ metros estipulados no contrato assinado com o agente
financeiro, em estrita conformidade com os dispositivos legais pertinentes e frente à
realidade econô mica do país;
Assim sendo, MM. JUIZ, sem adentrarmos com muita profundidade ao mérito, o caso
vertente insinua, no mínimo, a um manifesto desequilíbrio entre as partes contratantes,
com inegá vel desvantagem para os mutuá rios, situaçã o essa que é repudiada dentro das
diretrizes traçadas pelo Có digo de Defesa do Consumidor;
Como é perceptível, os nú meros apresentados pela Requerida, seja quanto ao saldo
devedor do financiamento, seja quanto ao reajuste das prestaçõ es, certamente foram
elaborados diante de critérios extracontratuais, incompreensíveis e abusivos, que
resultaram em enorme desvantagem para os mutuá rios;
Daí decorre a presente açã o, onde se pretende apurar os valores que efetivamente estã o
vinculados ao contrato de financiamento e que deve ser cumprido pelos mutuá rios. Pois,
nesse contexto, o Có digo de Defesa do Consumidor, assinala que:
“E vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (art. 39)”.
V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; ”
São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que (art. 51):
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa fé ou a equidade; ”
Assim, diante dos fundamentos retro expendidos, extrai-se a toda evidência que razã o e
direito devem assistir ao Autor e nesse sentido, sendo legítimo o propó sito de obterem
judicialmente a revisã o do contrato de financiamento em discussã o, no sentido de que o
mesmo seja examinado e adequado à s condiçõ es e à s normas que regem a matéria expostas
acima, assegurando aos mutuá rios os benefícios resultantes dos cá lculos apresentados na
sua PLANILHA FINANCEIRA; os quais certamente haverã o de ser ratificados através de
perícia contá bil deferida por este Juízo;
DOS PEDIDOS
ANTE O EXPOSTO, solicita a Vossa Excelência:
a) a CITAÇÃ O da Requerida, na pessoa de quem a representa legalmente em Juízo para,
querendo, CONTESTAR a presente açã o, sob pena de revelia e confissã o;
b) seja compelido a Requerida a refazer os cá lculos das prestaçõ es e do saldo devedor em
conformidade com o contrato originalmente assinado e em consonâ ncia com as normas
legais pertinentes e, caso necessá rio, se permita a realizaçã o de perícia contá bil;
c) seja afinal, julgada procedente a presente açã o nos termos propostos e declarada por
sentença a revisã o do contrato de financiamento em apreço, com a condenaçã o da
Requerida ao pagamento das custas processuais, honorá rios advocatícios e demais
pronunciaçõ es como de direito;
Seja deferida a produçã o de perícia técnica realizada por perito da á rea da contabilidade;
Seja a Requerida condenada ao pagamento das custas processuais e honorá rios
advocatícios sendo estes na ordem de 20% do valor da condenaçã o;
Requer a produçã o de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369
e seguintes do NCPC.
Dá -se à presente o valor de R$... (...)
Termos em que pede deferimento
Local, Data
Advogado (OAB)