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OBRIGAÇÕES DO REAPARELHAMENTO ECONÔMICO

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
Breve histórico, atualização dos valores e seu tratamento legal

No intuito de lançar maior luz sobre a matéria, elaboramos estas aligeiradas considerações jurídicas sobre
o crédito objeto dos nossos serviços, bem como uma observação final sobre um relevante aspecto
financeiro embutido nesse nosso procedimento:

BREVE HISTÓRICO SOBRE A MATÉRIA

A Lei n° 1.474, de 26 de novembro de 1951, instituiu um Empréstimo


Compulsório a ser cobrado como Adicional de 15% ao Imposto de Renda das pessoas físicas e jurídicas
existentes no País, nos exercícios financeiros de 1952 a 1956. Referido adicional serviu para a formação de
um fundo especial de Reaparelhamento Econômico (criação do BNDS), devendo os lançamentos referentes
às taxas adicionais serem processados pelas Delegacias Regionais e Seccionais do Imposto de Renda,
vinculadas ao Ministério da Fazenda, hoje Secretaria da Receita Federal.

Uma vez estabelecidas tais regras, cuidou, a Caixa de Amortização do


Ministério da Fazenda em titularizar tais empréstimos, o que veio a fazê-lo no ano de 1958,
relativamente aos Empréstimos Compulsórios cobrados como adicionais ao imposto sobre a renda nos
anos de 1952, 1953, 1954, 1955, 1956 e 1957.

Desse modo, a forma programada para a devolução de tais Empréstimos


Compulsórios foi através da emissão de Cártulas representativas da dívida, que vieram a ser
denominadas Obrigações do Reaparelhamento Econômico, emitidas ao Portador com juros de 5%
(cinco por cento) ao ano, pagáveis semestralmente e com resgate a ser efetuado a partir do exercício
seguinte ao de sua emissão, em 20 (vinte) prestações anuais e iguais, cada uma equivalente a 5% (cinco
por cento) do valor nominal do título.

Com efeito, pelas próprias dificuldades criadas pela burocracia do Fisco


Federal ou mesmo pela inércia dos seus titulares, a maior parte dessas cártulas, subdivididas em parcelas e
seus cupons de juros anuais, nunca foram pagas pela União e, com o passar do tempo, acabaram sendo
alcançadas pela PRESCRIÇÃO (perda do direito de ação). No entanto, não obstante a incidência da
prescrição, O CRÉDITO EM COMENTO NÃO FOI ALCANÇADO PELA DECADÊNCIA (perda do
próprio direito), porquanto, o Código Tributário Nacional, quando trata do prazo de DECADÊNCIA para
efeito de pedido de restituição de tributos, o faz com referência expressa e exclusiva ao indébito fiscal
(art. 168) ou seja, o tributo que foi pago indevidamente, ilegalmente ou à maior, o que não é o caso,
uma vez que o crédito em apreço foi regularmente subtraído dos contribuintes pela União Federal a título
de EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO, que sequer tinha o direito de se opor à cobrança.

Logo, uma vez que os ingressos tributários decorrentes de Empréstimos


Compulsórios não configuram-se como um INDÉBITO FISCAL, porque não pagos de forma indevida,
ilegal ou a maior, logicamente não são alcançados por aquele prazo decadencial. Assim, dúvida não pode
haver: NÃO EXISTE QUALQUER PREVISÃO LEGAL DE DECADÊNCIA PARA EMPRÉSTIMO
COMPULSÓRIO NA LEGISLAÇÃO PÁTRIA, porquanto, ALÉM DE NÃO SER UM INDÉBITO
TRIBUTÁRIO, O EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO JÁ NASCE COM A OBRIGAÇÃO DE
SER DEVOLVIDO, senão não seria EMPRÉSTIMO. Em outras palavras: o Empréstimo
Compulsório só se extingue quando é pago.

Assim, mesmo que prescrito o direito de ação perante o Poder


Judiciário, para efeito de coagir a União a solver sua dívida, o direito permanece vivo e, portanto, tais
obrigações continuam a ter valor econômico, razão pela qual legítimo o interesse do contribuinte em a
pleitear a restituição e posterior compensação administrativa do referido crédito fiscal, em procedimento
estritamente administrativo.

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Seguramente, é possível afirmar, com fulcro na lei, na doutrina e na
jurisprudência pátria, que esta operação confere ao proprietário portador das cártulas o direito de
oferecer o crédito em comento como forma de pagamento de débitos tributários vencidos ou
vincendos, administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos limites da lei, pelo seu valor
atualizado, visto expressarem créditos de NATUREZA TRIBUTÁRIA, porque emitidos em decorrência
da cobrança de EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO instituído pela União Federal, na forma de
ADICIONAL AO IMPOSTO DE RENDA, cuja obrigação de restituir mediante compensação ou
encontro de contas, não pode a União se furtar.

Destarte, a despeito de, à época, tal tributo ter sido cobrado de todas as
pessoas físicas e jurídicas do País, atualmente quase a totalidade das cártulas representativas de tal crédito
são de nossa propriedade, que as adquiriu quase na sua integralidade e hoje as opera com exclusividade,
dentro dessa expertise. Desse modo, será fornecida completa assessoria técnico-jurídico- contábil, que
preparará e acompanhará, sem quaisquer ônus extras para o cliente, todo o Processo
Restituitório/Compensatório, com a utilização do crédito em comento, bem como, as defesas que se fizerem
necessárias no curso do procedimento, incluindo manifestações de inconformidade, recursos e defesas
escritas e orais no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, caso necessário, sendo tudo regido
pelas cláusulas de confidencialidade estabelecidas nas resoluções 400/500/600 e nas disposições
complementares da Internacional Chamber of Commerce, Paris/França;

No transcurso da operação em tela, o cliente receberá todas as instruções e


informações, incluindo o modus operandi e o procedimento contábil. Estas orientações são
importantíssimas, na medida em que todas as empresas no país, que se utilizam deste crédito, têm a mesma
forma de atuação padronizada e já conhecida pelo Fisco.

Cumpre destacar, por oportuno, que este procedimento não configura uma
chincana protelatória ou uma aventura jurídica, nem, muito menos, busca o famoso “empurrar-com- a-
barriga”. Ao contrário, trata-se de um procedimento legal, sério, idôneo, abalizado e com total suporte
técnico-jurídico-contábil, lastreado nos permissivos legais pertinentes à matéria, na melhor doutrina e
jurisprudência pátrias.

O TRATAMENTO LEGAL EM SINOPSE

Como visto, a operação em tela tem por finalidade conferir ao


Contribuinte o direito de oferecer, como forma de PAGAMENTO DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS
VENCIDOS E/OU VINCENDOS, administrados pela Secretaria da Receita Federal, sob condição
resolutória de ulterior homologação e nos limites da lei, o crédito decorrente das “OBRIGAÇÕES DO
REAPARELHAMENTO ECONÔMICO” pelo seu valor atualizado, visto expressar crédito de natureza
tributária, porque emitidos em decorrência da cobrança de EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO instituído
pela União Federal, como adicional ao Imposto de Renda das pessoas físicas e jurídicas, e destinado a
criação de um fundo denominado Fundo do Reaparelhamento Econômico, por força da Lei nº 1.474/51,
objetivando a criação do BNDES, e cuja obrigação de restituir, mediante compensação ou encontro de
contas, não pode a União se furtar.

Ocorre, no entanto, que a teor das normas editadas pela Fazenda Nacional,
com base na legislação de regência, percebe-se claramente que o Fisco Federal, a pretexto de regulamentar
a CONPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA no Brasil, praticamente EXTINGUIU o instituto, reduzindo-o a termos
que beiram o impraticável. Nesse contexto, portanto, no que guarda pertinência com à questão em tela,
atualmente encontra-se COPLETAMENTE VEDADA a compensação em que o crédito, simplificadamente,
seja:

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Com efeito, os óbices legais relativos à compensação no âmbito da Receita
Federal não alcança nossa operação, posto que esta não se enquadra em nenhuma das hipóteses de vedação
legal. Senão, vejamos:

1. REFIRA-SE A CRÉDITOS DE TERCEIROS

Nossa operação não trata de crédito de terceiros, visto que oriunda


de CÁRTULAS AO PORTADOR.

Ora, diferentemente dos Títulos Nominativos ou dos Títulos à Ordem, os


Títulos ao Portador são títulos cambiários autônomos, que não expressam o nome da pessoa beneficiada,
sendo considerado proprietário e, portanto, sujeito ativo das obrigações dele decorrentes, quem
com ele se apresentar, sem que caiba indagar-se como fora adquirido e não importando os
detentores intercalados.

Destarte, como é público e notório, a partir da vigência da Lei nº


8.021/90, a emissão de títulos ao portador foi expressamente proibida no Brasil, a não ser em operações
devidamente autorizadas por lei especial, passando-se a exigir a identificação dos contribuintes, para
fins fiscais.

Contudo, o Código Civil de 2002 (Lei nº 10.406/02) re-introduziu em nosso


ordenamento jurídico os títulos ao portador, ficando revogada a Lei nº 8.021/90 relativamente a essa questão.
Veja-se, in verbis, a dicção do Novo Código Civil:

CÓDIGO CIVIL

CAPÍTULO II
DO TÍTULO AO PORTADOR
Art. 904 – A transferência de título ao portador se faz por simples tradição.
(Os títulos ao portador têm inserida a cláusula ao portador, ou mantém em branco o nome do
beneficiário. Assim, presume-se seu legítimo proprietário aquele que o possui e sua transferência se dá
pela simples tradição - entrega do título. Assim, a circulação dos títulos ao portador se faz de maneira
simples e rápida).

Art. 905 – O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele indicada,
mediante a sua simples apresentação ao devedor.
Parágrafo único – A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em circulação
contra a vontade do emitente.
(O portador do título tem o direito de receber a quantia nele indicada, através da simples apresentação
do mesmo ao devedor. O emissor não poderá exonerar-se de pagá-lo a qualquer detentor como também
não terá o direito de verificar a legitimidade do portador, pois o seu dever será simplesmente pagar o
título a quem lhe apresentar. Determina o parágrafo único que mesmo que o título tenha entrado em
circulação contra a vontade do emitente a prestação será devida e o mesmo deverá pagá-lo.

Art. 906 – O devedor só poderá opor ao portador exceção fundada em direito pessoal,
ou em nulidade de sua obrigação.
(O devedor para não pagar, somente poderá opor as seguintes defesas ao portador do título: a) direito
pessoal do emitente contra o portador, no caso de má-fé deste (roubo ou furto do título); e b) nulidade
da obrigação em razão da incapacidade do subscritor, prescrição do título, ou falsificação da assinatura
do emissor).

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Assim, como dito, sendo as cártulas em comento "títulos"
cambiários/mobiliários autônomos, PRESUME-SE COMO LEGÍTIMO PROPRIETÁRIO AQUELE
QUE AS POSSUI, sem que caiba à Fazenda Nacional perquirir sobre o modo de aquisição ou os
detentores intercalados, visto que sua transferência se dá pela simples tradição (transferência do
domínio). Com efeito, o portador da cártula tem o direito de receber a quantia nele indicada, através da
simples apresentação da mesma ao devedor. Por sua vez, o emissor não poderá exonerar-se de pagá-lo a
qualquer detentor como também não terá o direito de verificar a legitimidade do portador, pois o seu
dever será simplesmente pagar o título a quem lhe apresentar. Outrossim, determina o parágrafo único do
art. 905, que mesmo que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do emitente a prestação
será devida e o mesmo deverá pagá-lo.

Por outro lado, este critério também está consagrado no art. 17 da Lei
Uniforme de Genebra (Decreto nº 57.663/66), ainda em vigor:

Art. 17. As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem


opor ao portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais
delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o
portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em
detrimento do devedor.

Assim, tem-se que as Cártulas em comento não configuram “crédito de


terceiros”, estando revestidas das garantias legais necessárias ao êxito do pleito. Destarte, em face do
modus operandi utilizado, faz-se necessário, no entanto, a realização do Laudo de Autenticidade e do
Laudo de Atualização, já em nome do contribuinte.

2. REFIRA-SE AO "CRÉDITO-PRÊMIO" INSTITUÍDO PELO DECRETO-LEI Nº 491/69

O crédito-prêmio de IPI foi um mero prêmio à exportação, concedido pelo


Governo Federal, conquanto destinado à compensação do IPI recolhido sobre as vendas internas ou de outros
impostos federais, podendo, ainda, ser residualmente pago ao contribuinte em espécie.

Assim, não obstante impropriamente tenha se falado em crédito


tributário, o CRÉDITO-PRÊMIO de IPI, instituído pelo Decreto-Lei nº 491/69, era, na verdade, um
estímulo fiscal, e não um tributo que os contribuintes devessem recolher e, posteriormente, pleitear sua
restituição, em caso de eventual pagamento indevido, ilegal ou à maior (indébito fiscal), diferentemente
do crédito em comento, que foi compulsoriamente cobrado de todos os contribuintes.

Por conseguinte, nessa hipótese, desnecessárias maiores digressões, posto


que o crédito em comento não é decorrente do “crédito-prêmio de IPI” supracitado, que possuia natureza
financeira, e não tributária, enquanto que o crédito utilizado na nossa operação é oriundo Empréstimo
Compulsório, espécie tributária prevista no art. 148 da Constituição Federal, sendo o item, portanto, auto-
explicável.

3. REFIRA-SE A TÍTULO PÚBLICO

À data da instituição do Empréstimo Compulsório em apreço, dúvidas


ainda existiam se tais empréstimo seriam regidos por regras de Direito Financeiro ou por regras de
Direito Tributário, especialmente porque, à época, sequer havia previsão constitucional para a cobrança
dos famigerados Empréstimos Compulsórios (Constituição Federal de 1946). Tanto era assim, que em
01/06/1964 o STF chegou a editar a Súmula nº 418, verbis:

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Ora, a Constituição de 1946, e anteriores, foram silentes em relação a
Empréstimos Compulsórios que, até então, nunca houveram sido tentados no Brasil. Com efeito, em
que pese ter perdurado por algum tempo posições doutrinárias e jurisprudenciais divergentes acerca da
natureza tributária dos Empréstimos Compulsórios, a questão ficou pacificada quando o Pleno do
Supremo Tribunal Federal, já em 1983, julgando o Recurso Extraordinário nº 111.954-3-PR, reconheceu
que tais exigências compulsórias possuem a natureza de TRIBUTO, posição hoje adotada de forma
interativa pelos nossos Tribunais Superiores.

Destarte, foi assim ementado o RE nº 111.954-3-PR:

Empréstimo Compulsório - Dec.lei nº 12.047, de 20/07/1083.


Súmula 418. A Súmula 418 perdeu validade em face do art. 21,
§ 2º, II, da Constituição Federal (redação da Emenda
Constitucional nº 1/69).

De todo modo, a despeito de qualquer opinião divergente, hoje em dia


não se discute mais a sério, nem em doutrina nem em jurisprudência, a natureza jurídica do Empréstimo
Compulsório, porquanto tal questão já foi pacificada e dirimida pela Constituição de 1988, que o
classificou como tributo restituível (CF, art. 148). Portanto, como tributo, está rigorosamente sujeito ao
regime tributário.

Destarte, como visto, o aspecto mais relevante e diferenciador desta espécie


tributária é exatamente o de ser RESTITUÍVEL, isto é, deve ser, obrigatoriamente, devolvido ao
contribuinte. Assim, a obrigação de restituir o valor do empréstimo decorre da própria norma que o instituiu;
uma obrigação legal, portanto, in casu, não adimplida pela União Federal.

Com efeito, se por um lado o Empréstimo Compulsório já tem sua


natureza jurídica de TRIBUTO ontologicamente definida, criado em situações especiais e diferindo dos
demais pelo fato de já nascer com a vocação de ser restituível, por outro lado, os Empréstimos Compulsórios
encontram-se topologicamente fincados no capítulo I, do Título VI, do vigente Cânon Supremo, que trata
do Sistema Tributário Nacional, além da sua regulação no Código Tributário Nacional. Destarte, constituiria
verdadeira excrescência incluir-se o que não é TRIBUTO tanto em um capítulo constitucional que trate
exclusivamente da matéria tributária, quanto num Código Tributário.

Portanto, dúvida não há: O EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO É


TRIBUTO, E NÃO TÍTULO PÚBLICO.

Apenas à guisa de uma abordagem pragmática da matéria sub examen, é


de se ressaltar o tratamento a ela expendido pelos nossos tribunais, que unanimemente, reconhecem a
natureza jurídica tributária dos empréstimos compulsórios, adstringindo o regramento da figura
impositiva ao regime jurídico dos tributos, conforme podemos inferir pelas seguintes ementas, verbis:

EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS – AQUISIÇÃO DE


VEÍCULO
– LEGALIDADE E ANTERIORIDADE.
A instituição e exigência do empréstimo compulsório estão
sujeitas aos princípios constitucionais da legalidade e da
anterioridade. O empréstimo compulsório sobre a compra de
carros (Decreto-lei n. 2.288/86) é uma prestação pecuniária
compulsória, com toda característica de tributo. Recurso
provido. (STJ -REsp nº 13822/ES – J.: 16/10/1991 – Relator: Min.
Garcia Vieira)

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CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. EMPRÉSTIMO
COMPULSÓRIO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA. NATUREZA
JURÍDICA. CONSTITUCIONALIDADE. ADCT, ART. 34, PARÁG.
12. O empréstimo compulsório, sendo uma prestação
pecuniária, de caráter compulsório, instituída por lei, sem a
natureza de sanção por ato ilícito, consubstancia uma espécie
de tributo, na visão conceitual do art. 3 do CTN. Inobstante a
vedação contida no art. 155, parág. 3, da Carta Magna, que
afasta a incidência de qualquer tributo sobre as operações
relativas à energia elétrica, o art. 34, parág. 12, do ADCT,
excepcionou o princípio ao permitir a cobrança do empréstimo
compulsório sobre energia elétrica em favor da eletrobrás,
instituído pela Lei 4156/62, o que afasta a incidência do cânon
inscrito no art. 148 da CF/88. Apelação provida. (TRF1 –
Apelação Cível nº 0116608-3/MG, 3ªT, Relatos: Des. Luiz Vicente
Leal, DJ 27/08/1992)

TRIBUTÁRIO. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO – MOEDA


ESTRANGEIRA E PASSAGEM AÉREA INTERNACIONAL.
RESOLUÇÃO 1154/86 – BACEN. INCONSTITUCIONALIDADE.
O empréstimo compulsório criado através da Resolução
1154/86 – BACEN configura-se, na realidade, em tributo, e,
sendo instituído através de ato administrativo, fere o princípio
da reserva legal. Ocorrência do "bis in idem" em relação ao
imposto sobre operações de câmbio, estabelecido pelo Decreto-
lei 1783/80. Inconstitucionalidade declarada pelo pleno do
Egrégio Tribunal Federal de Recursos, no julgamento da MAS
126803-BA. Redução da verba honorária. Remessa oficial
parcialmente provida e improvimento da apelação. (TRF5 –
Apelação Civel nº 00510795-6/91-CE, 2ªT, Relator: Des. Araken
Mariz, DJ 30/12/1991).

Outrossim, no tocante à RESTITUIÇÃO, de acordo com o entendimento


da Suprema Corte (RE 121.336), tem-se que “sendo empréstimo, o Poder Público deve devolver
aquilo que recebeu na mesma qualidade e quantidade”, ou seja, em dinheiro. Veja-se, a propósito
o entendimento pacífico do Supremo Tribunal Federal:

"EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO – AQUISIÇÃO DE


COMBUSTÍVEIS – O empréstimo compulsório alusivo a
aquisição de combustíveis – Decreto-Lei nº 2.288/86 – mostra-
se inconstitucional, tendo em conta a forma de devolução –
quotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento – ao invés de
operar-se na mesma espécie em que recolhido. Precedente:
Recurso Extraordinário n. 121.336-CE" (STF - RE nº
175385/SC, Rel. Ministro Marco Aurélio, dec. unân., publ. DJ de
24/02/95).

“EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO”. (Dl. 2.288/86, art. 10):


incidência na aquisição de automóveis de passeio, com resgate
em quotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento:
inconstitucionalidade. 1. “Empréstimo compulsório, ainda que
compulsório, continua empréstimo” (Victor Nunes Leal):
utilizando-se, para definir o instituto de Direito Público, do
termo empréstimo, posto que compulsório – obrigação “ex
lege” e não contratual - A Constituição vinculou o legislador a
essencialidade da restituição na mesma espécie, seja por força
do princípio explícito do art. 110 Código Tributário Nacional,
seja porque a identidade do objeto das prestações recíprocas e
indissociável da significação jurídica e vulgar do vocábulo
empregado.

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Desse modo, quanto à FORMA DE RESTITUIÇÃO do Empréstimo
Compulsório em comento, é pacifico o entendimento de que ela deve operar-se NA MESMA ESPÉCIE
EM QUE RECOLHIDO, em VALORES ATUALIZADOS DESDE A DATA DO PAGAMENTO,
sendo as Cártulas mero demonstrativo da existência do crédito e do seu quantum.

Portanto, a Fazenda Nacional deveria devolver o empréstimo tomado


em dinheiro ou em tributo. Destarte, como não teria como devolver em tributo, deveria, então, devolver
em espécie. Por sua vez, não o tendo devolvido, criou-se um "CRÉDITO DE EMPRÉSTIMO
COMPULSÓRIO", para o contribuinte junto à Fazenda Nacional, também de natureza tributária, haja
vista que a Primeira Seção do colendo Superior Tribunal de Justiça decidiu que persiste o caráter
tributário do empréstimo compulsório, no momento do seu pagamento e de sua devolução, conforme a
seguinte ementa do ERESP 692.708/RS:

“TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. EMPRÉSTIMO


COMPULSÓRIO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA. LEI N.º
4.156/62. SELIC. NÃO INCIDÊNCIA.
1. A relação jurídica decorrente do empréstimo compulsório é
única, dotada de natureza tributária, quer sob a perspectiva do
pagamento quer sob o ângulo da devolução, devendo
observância a todas as garantias próprias dos créditos dessa
natureza. A prestação que o Estado percebe do contribuinte
por força do empréstimo compulsório é tributo, como já
reconheceu a Suprema Corte em diversas oportunidades. Da
mesma forma, o crédito que o contribuinte recebe do Estado
em devolução também tem natureza tributária.
2. O art. 15 do CTN estabelece que a lei que instituir o
empréstimo compulsório fixará, obrigatoriamente, o prazo do
empréstimo e as condições de seu resgate, devendo ser
observado, no que for aplicável, as disposições do Código
Tributário Nacional.
3. Em obediência ao art. 15 do CTN, a Lei nº 5.073/66 e,
posteriormente, o Decreto nº 1.512/76, estipularam fórmula
específica de incidência de correção monetária e de vencimento
de juros de mora. Incabível, portanto, a aplicação da taxa SELIC
sobre os créditos em discussão, já que o art. 39,
§ 4º da Lei nº 9.250/95 é norma geral.
4. Diante de antinomia aparente de normas, na
impossibilidade da invocação dos princípios da hierarquia e
da anterioridade, deve ser aplicado o da especialidade,
segundo o qual a norma especial prefere à norma geral.
5. A taxa SELIC não se aplica ao empréstimo compulsório
sobre energia elétrica instituído pela Lei nº 4.156/62, já que
existem regras específicas disciplinando a incidência de juros e
de correção monetária.
6. Embargos de divergência providos.”
(STJ. EREsp nº 692.708/RS – Rel. Ministro Castro Meira – Primeira
Seção – Unânime – D.J. 14/4/2008.)

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Portanto, o Empréstimo Compulsório é, antes de tudo, EMPRÉSTIMO,
ainda que involuntário, e como tal, deve ser devolvido, comportando unicamente a restituição na mesma
espécie, no caso, dinheiro ou credito de natureza tributária. Outra forma de restituição, como em títulos
públicos, por exemplo, como tentar caracterizar o Fisco, além de ser inconstitucional, descaracterizaria
o instituto, que não mais seria empréstimo compulsório, mas talvez aquisição compulsória,
investimento compulsório ou compra e venda compulsórias. Nenhuma dessas figuras existe ou jamais
existiu no direito constitucional, tributário ou civil.

Logo, inegável o dever jurídico da União restituir as quantias pagas a


título de Empréstimo Compulsório, restituição essa que deve ser feita na mesma quantidade, qualidade e
espécie arrecadada, ou seja, em dinheiro ou em credito de natureza tributária.

Desse modo, tendo que devolver o empréstimo na mesma espécie em que


foi recolhido, e não em título público, temos que, atualmente, a única forma legal para o aproveitamento
das cártulas garantidoras dessa devolução é pela via da COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA, porque
embora não tenha DECAÍDO o direito, tais Obrigações encontram-se PRESCRITAS. Assim, a forma
prevista pela lei em casos desse tipo é pela via da COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA, porquanto na
hipótese, além do devedor e credor se confundirem, o crédito em comento, têm natureza jurídica de
TRIBUTO o qual, por sua vez, FOI ARRECADADO E ADMINISTRADO EXCLUSIVAMENTE
PELA SRF, sendo hábil, portanto, para satisfazer o direito creditório da Fazenda, por intermédio da
utilização de direito creditório do contribuinte, em montante equivalente.

Ora, tendo sido gerado um crédito ao contribuinte e tendo este crédito


natureza tributária, a legislação em vigor prescreve que, após pleitear-se a RESTITUIÇÃO de tais créditos,
poderá o titular dos mesmos, em seguida, promover sua COMPENSAÇÃO, sob condição resolutória de
ulterior homologação, com créditos vencidos ou vincendos, administrados pela Secretaria da Receita
Federal. É o que prevê o art. 74 da Lei nº 9.430/1996, in verbis:

Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os


judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou
contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal,
passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na
compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos
e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada
pela Lei nº 10.637, de 2002)
§ 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal
extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua
ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)

Nesse particular, insta destacar que a até bem pouco tempo, a


COMPENSAÇÃO do Empréstimo Compulsório em comento com tributos de competência da União era
expressamente autorizado. Como visto, na sua origem, a devolução dos empréstimos pagos de 1952 até 1957
foi garantida mediante a entrega compulsória das Obrigações ao Portador do Reaparelhamento Econômico,
sendo posteriormente foi autorizada a COMPENSAÇÃO com IMPOSTO DE RENDA devido, a partir do
ano de 1968, observada a escala imposta pelo Decreto-lei n° 349, de 24 de janeiro de 1968.

SENADO FEDERAL
Subsecretaria de Informações
DECRETO-LEI nº 349, de 24 de Janeiro de 1968.

Altera dispositivos dos Decretos-leis nº. 238, de 28 de fevereiro de 1967 e 263, da mesma
data.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 58, item II, da
Constituição,
DECRETA:
Art. 1º O art. 6º e o seu § 1º do Decreto-lei nº. 263, de 28 de fevereiro de 1967, ficam substituídos pelos
seguintes:

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"Art. 6º Os titulares de recibos do adicional restituível do imposto de renda instituído pelas Leis números
1.474, de 26 de novembro de 1951 e 2.973, de 26 de novembro de 1956, poderão utilizá-los como
forma de pagamento do imposto de renda, devido, a partir de exercício de 1968, observada a
seguinte escala:

Recibos Utilização
em:
1958................................................................................................................1968
1959................................................................................................................1969
1960................................................................................................................1970
1961................................................................................................................1971
1962................................................................................................................1972
1963................................................................................................................1973
1964 ................................................................................................................1974

§ 1º Aos contribuintes do Imposto de Renda que recolheram, em 1957, o adicional restituível de que trata
este artigo, nos Estados da Guanabara, Rio de janeiro, Minas Gerais e São Paulo, exclusive a Cidade de São
Paulo, capital, fica assegurado a utilização dos respectivos recibos no pagamento do imposto de renda
no exercício de 1968."

Art. 2º O artigo 4º do Decreto-lei nº. 238, de 28 de fevereiro de 1967, passa a vigorar com a seguinte
redação:

"Art. 4º O Empréstimo Compulsório instituído pelo artigo 72, da Lei número 4.242, de 17 de
julho de 1963, será resgatado da seguinte forma:

a)mediante compensação com o imposto de renda devido no exercício financeiro de 1968 ;’

Brasília, 24 de janeiro de 1968; 147º da Independência e 80º da República.


A. COSTA E SILVA
Antônio Delfim Netto

Todavia, mesmo com a previsão legal de COMPENSAÇÃO prevista no


Decreto-Lei acima referenciado, a Secretaria da Receita Federal, já naquela época, insistia em não autorizar
a compensação prevista em lei, sob o argumento de falta de regulamentação da autorização legal.

Nesse passo, a Companhia Geral de Motores do Brasil S.A ingressou na


Justiça para valer o seu direito de compensação e após decisões favoráveis em todas as instâncias foi seu
direito objeto de Recurso Extraordinário formulado pela União perante o Supremo Tribunal Federal. No
entanto, por decisão da egrégia Primeira Turma daquele Tribunal, o recurso da União não foi conhecido,
garantindo-se assim o direito de compensação do Empréstimo Compulsório instituído pela Lei n.° 1.474/51.
Confira-se:

IMPOSTO DE RENDA. EMPRESTIMO COMPULSORIO.


COMPENSAÇÃO AUTORIZADA NOS DECRETOS-LEIS 263/67 E
249/69. DIREITO SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE, SEJA
PORQUE AS LEIS EM REFERENCIA SÃO, NO PARTICULAR,
SUFICIENTES EM SI, SEJA PORQUE VENCIDO "IN ALBIS" O
PRAZO PARA A EXPEDIÇÃO DO REGULAMENTO NELAS
PREVISTO, SEJA PORQUE, DE OUTRO MODO, RESULTARIAM
ESVAZIADOS OS DIPLOMAS LEGAIS EM REFERENCIA EM
FACE DA ESCALA ESTABELECIDA PARA UTILIZAÇÃO DA
FACULDADE. INTERPRETAÇÃO QUE CONSOA COM A
SÚMULA 400. RECURSO EXTRAORDINÁRIO FUNDADO NA
LETRA A DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL, NÃO
CONHECIDO. (STF - RE 87045/SP, Relator: Min. Soares Muñoz, Órgão
Julgador: Primeira Turma, Julgamento: 05/09/1978).

9
Com efeito, segundo dispõe o art. 368 do Código Civil, “se duas pessoas
forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde
se compensarem”. Destarte, não obstante a compensação de crédito tributário possuir regra- matriz
distinta daquela do Código Civil, o conceito teórico da compensação aplica-se ao tributário, e neste fica
evidente que ela é no valor exato em que há o encontro de contas.

Mais do que caracterizado, portanto, o direito a compensar tributo com


tributo, não possuindo nenhuma lógica qualquer limitação que se poderia impor aos portadores das
Obrigações do Reaparelhamento Econômico nesse particular.

Por fim, em arremate à esta questão de Títulos Públicos, é de se destacar


que conforme prescreve a legislação em vigor, os TÍTULOS PÚBLICOS são ativos VENDIDOS pelos
governos estaduais e federal no mercado financeiro, com o objetivo de se capitalizarem, rendendo juros a
partir do deságio com que são vendidos na emissão primária, o que não se amolda, em nenhum hipótese,
ao crédito em comento, porque tais cártulas foram emitidas e entregues COMPULSORIAMENTE aos
contribuintes, unicamente com o objetivo de GARANTIR O PAGAMENTO DE DÍVIDA
TRIBUTÁRIA, tendo características e regulamentação próprias, totalmente distintas dos títulos
públicos. Não se incluem, portanto, entre os títulos públicos, que são adquiridos mediante manifestação
da vontade do adquirente, nem com esses se confundem, em razão dos fatos que lhe deram origem.

Assim, o crédito em análise, apesar de cartularizado, não se reveste de


natureza CONTRATUAL própria dos títulos públicos, nem foram SUBSCRITAS ou ADQUIRIDAS em
mercado de balcão/financeiro, mas sim foram entregues, COMPULSORIAMENTE, como forma de
garantir a restituição do empréstimo. Portanto, não há como se confundir tais Obrigações com os Títulos
Públicos em geral, apenas se justificando essa expressão, contida na lei que instituiu o Empréstimo
Compulsório, pelo fato de que à época de sua edição ainda não estava consolidada a natureza tributária
desses empréstimos, fato esse corrigido quando da exclusão expressa dessas obrigações em todas as
consolidações dos títulos públicos em circulação no mercado, conforme amplamente demonstrado acima.

Importa frisar, por derradeiro, que os atributos das cártulas


representativas do Empréstimo Compulsório do Reaparelhamento Econômico destoam
frontalmente daqueles elencados no Decreto nº 3.859/2001, que estabelece as características dos Títulos
da Dívida Pública Federal, não se podendo confundi-los, quando a lei assim não estabeleceu.

Portanto, a lei, doutrina e jurisprudência pátrias reconhecem que as cártulas


das Obrigações do Reaparelhamento econômico NÃO SÃO TÍTULOS PÚBLICOS, sendo apenas
representativas de Empréstimo Compulsório. Esse entendimento, inclusive, já foi ratificado pela própria
Receita Federal, conforme ementa abaixo:

MINISTÉRIO DA FAZENDA - SECRETARIA DA RECEITA


FEDERAL DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE
JULGAMENTO EM SÃO PAULO. 3 º TURMA - ACÓRDÃO Nº 16-
18726, de 25 de Setembro de 2008.
ASSUNTO: Normas Gerais de Direito Tributário

EMENTA: RESTITUIÇÃO. COMPETÊNCIA. OBRIGAÇÕES AO


PORTADOR. FUNDO DE REAPARELHAMENTO ECONÔMICO.
Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil a
restituição de quantias recolhidas ao Tesouro Nacional a
título de tributo ou contribuição por ela administrados e de
outras receitas da União arrecadadas mediante Documento de
Arrecadação de Receitas Federais (Darf). Ainda que não se
entenda que é título público, pois Empréstimo Compulsório, o
hipotético crédito originado de valores recolhidos para o
Fundo de Reaparelhamento Econômico, não tem a RFB
competência para autorizar a restituição pleiteada.

10
Portanto, à luz da legislação, doutrina e jurisprudência pátria, forçoso
reconhecer que o CRÉDITO TRIBUTÁRIO em apreço não podem ser caracterizados como Título
Público, porque se assim o fosse teria sido emitido para nunca ter sido pago. Na verdade são obrigações
que expressam o dever moral da União em devolver os valores subtraídos, compulsoriamente, dos
devedores do Imposto de Renda, sendo inaceitável que a Fazenda Nacional negue-se a reconhecer o
direito do contribuinte em compensar seus tributos sob essa alegação, tratando a matéria com
superficialidade, o que reflete apenas o desejo de não restituir o empréstimo tomado de forma
compulsória dos contribuintes.

4. NÃO SE REFIRA A TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES ADMINISTRADOS, OU QUE


TENHAM SIDO ADMINISTRADOS, PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL.

Como visto, as Cártulas em comento foram entregues aos contribuintes


como forma de garantir o pagamento do Empréstimo Compulsório cobrado na forma de ADICIONAL
DO IMPOSTO DE RENDA, instituído pela Lei nº 1.474/51, portanto, é TRIBUTO que foi cobrado,
recolhido e administrado exclusivamente pela Secretaria da Receita Federal, devendo o pleito,
portanto, ser apreciado por esse órgão.

Destarte, Secretaria da Receita Federal foi o nome dado à antiga


Direção-Geral da Fazenda Nacional (Decreto nº 24.036/34), que sequer foi extinta, apenas passando a
denominar-se Secretaria da Receita Federal (Decreto nº 63.659/68). Não se trata, pois, sequer de
hipótese de sucessão. À Direção-Geral da Fazenda Nacional coube administrar esses adicionais do
Imposto de Renda. Assim, em face da mudança de denominação, pode-se afirmar, sem qualquer receio, que
a Secretaria da Receita Federal foi quem administrou esses Empréstimos Compulsórios.

Veja-se, à propósito:

DECRETO Nº. 63.659, DE 20 DE NOVEMBRO DE 1968.


Define a estrutura e as atribuições da Secretária da Receita Federal e dá
outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe


confere o artigo 83, item II, da Constituição, e tendo em vista do disposto
nos artigos 145 e 146, do Decreto-lei nº. 200, de 25 de fevereiro de 1967,
decreta:

Art. 1º Até que seja aprovada a estrutura Central do


Ministério da Fazenda, ficam definidas, nos termos deste
decreto, a estrutura e as atribuições da Direção-Geral da
Fazenda Nacional, que passa a denominar-se Secretaria da
Receita Federal.

Verifica-se, portanto, que a Secretaria da Receita Federal


administrou tais Empréstimos Compulsórios, desde sua criação até o ano de 1974, em cumprimento
do disposto no Decreto-lei n° 349/68, pois essa era uma atribuição Direção-Geral da Fazenda
Nacional, que passou a denominar-se Secretaria da Receita Federal.

O fato da Receita Federal ter administrado, e ainda administrar


este crédito, faz toda diferença no tocante à legitimidade do procedimento, uma vez que foi o
ÚNICO Empréstimo Compulsório administrado pela Secretaria da Receita Federal. Assim, não obstante
a União ser solidariamente responsável pelos compulsórios da PETROBRÁS e ELETROBRÁS, por
exemplo, nos termos da Lei nº 4.156/62 (cobrado com a finalidade de implementar a produção de
petróleo e energia), não foi a SRF quem recolheu e/ou administrou tais exações, e sim o Ministério de
Minas e Energia, de modo que afigura-se como impossível realizar-se compensação administrativa de
tributos com base no Empréstimo Compulsório da Eletrobrás e/ou Petrobrás, por exemplo, porque, não
obstante tratar-se de Empréstimo Compulsório e, portanto, tributo, jamais foram administrados pela
Secretaria da Receita Federal.

11
Vale dizer, a compensação, que nada mais é do que um encontro de
contas, só pode ser efetivada se a SRF for a um só tempo o órgão administrador do valor devido
à União, bem como aquele competente para efetuar a restituição do indébito, ou do crédito
tributário perseguido.

Portanto, a despeito de existirem diversos outros Empréstimos


Compulsórios em circulação, todos prescritos, mas não decaídos, tais créditos não são passíveis de
COMPENSAÇÃO tributária, em face de normas expressas que estabelecem condições específicas e que
devem ser satisfeitas para que seja implementada eventual compensação, visando a pretendida extinção de
crédito tributário. Assim, o crédito decorrente dos demais Empréstimos Compulsórios deverá ser honrado
pela União pela via do PRECATÓRIO, jamais pela via da COMPENSAÇÃO, sendo o Empréstimo
Compulsório do Reaparelhamento Econômico o ÚNICO que escapa a essa vedação, pelas razões já
expostas.

Por fim, cumpre destacar que a matéria em liça afigura-se tão óbvia que já
foi até objeto do Projeto de Lei nº 958/2007 na Câmara dos Deputados, no qual foi iniciada a discussão
legislativa a respeito desse relevante tema. Frise-se, no entanto, que tal proposição não foi
implementada na ocasião em razão de uma elegada "incompatibilidade e inadequação orçamentária e
financeira", porquanto o referido Projeto de Lei, à época, supostamente prejudicaria os prognósticos de
receita e metas de resultados fiscais previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Entrementes, em face do
atual panorama das contas públicas, tal matéria voltou fortemente à discussão no âmbito da
Administração Pública Federal.

Desse modo, à toda evidência, verifica-se que o procedimento em análise é


inteiramente legal, constituindo-se numa resposta lícita do contribuinte frente à inaceitável demora dos entes
públicos em lhes devolver o que auferiram sem merecer, compulsória e arbitrariamente, devolução que fica
sempre condicionada ao árido caminho dos meandros jurídicos ou sujeita às múltiplas e duvidosas limitações
– ora quantitativas, ora temporais – impostas à compensação tributária.

Trata-se, portanto, de expediente lícito e idôneo para operacionalizar o


aproveitamento de créditos detidos contra a União, sem qualquer prejuízo para esta, que cedo ou tarde terá
de honrar o compromisso decorrente de um empréstimo tomado à fórceps.

Estas breves anotações não têm a pretensão de esgotar esta complexa


questão, mas sim de lançar um pouco de luz sobre matéria tão intricada, servindo de fonte inicial de consulta
para os senhores contribuintes interessados nos nossos serviços. Dispomos, no entanto, de muitos outros
relevantes argumentos e documentos relativos à questão, mas que, por estratégia processual, reservamo-nos
no direito de utilizá-los apenas no momento oportuno e tão somente perante as autoridades administrativas,
e/ou judiciais, se forem necessários à elucidação do tema.

RELEVANTE ASPECTO FINANCEIRO

Por fim, não obstante a consistente fundamentação jurídica que guarnece


nossa operação, cumpre destacar relevante aspecto econômico incidente na hipótese.

Explica-se:

12
Até 1996, o artigo 43 da Lei nº 8.981/1995 admitia que a "provisão para
créditos de liquidação duvidosa" fosse lançada diretamente em conta de resultado, como despesa
operacional, sendo dedutível o montante provisionado para fins de apuração do Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), desde que observados
certos limites e condições previstos na legislação da época.

Porém, desde 1997, com a publicação da Lei nº 9.430/1996 (com as


alterações posteriores), restou revogado referido dispositivo legal. Desde então, essa provisão deixou de ser
dedutível para fins fiscais, sendo substituída pelo regime de dedução direta de perdas ocorridas no
recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica, a chamada "perda no recebimento de
créditos" (créditos não liquidados), que poderão ser deduzidas como despesas, para fins de determinação do
Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL.

Assim, de acordo com a legislação tributária atual (arts. 9º e 14 da Lei nº


9.430/96, incorporados nos artigos 340 a 343 do RIR/1999, bem como artigos 24 a 27 da Instrução
Normativa RFB nº 1.515/2014), na hipótese de insucesso final definitivo desse nosso
procedimento, o valor total contabilizado do crédito objeto da nossa operação poderá ser
BAIXADO COMO PERDA (regime de dedução direta), podendo-se abater integralmente da base
de cálculo do IRPJ, para fins de determinação do Lucro Real, e da base de cálculo da CSLL, devidos
pelo contribuinte.

Desse modo, sob o ponto de vista da melhor técnica contábil, a


utilização desse mecanismo legal, regulado e autorizado pela legislação fiscal, constitui-se
numa importante ferramenta no planejamento tributário em comento, porquanto garante ao
contribuinte o aproveitamento de, pelo menos, 34% (trinta e quatro por cento) do valor total do
crédito negociado, para fins de dedução do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL, pelo
seu valor integral, ZERANDO, portanto, o risco financeiro, no procedimento em comento.
Isto só ocorre em razão da nossa expertise gozar das garantias legais do
PAF - Processo Administrativo Fiscal (direito à ampla defesa e contraditório, suspensão de exigibilidade,
emissão das Certidões Negativas ou CPEN conjunta, não inclusão no CADIN e PGFN, ausência de
procedimento fiscalizatório, impossibilidade de Execução Fiscal etc), concedido pela SRF, protegendo o
cliente dos abusos e autoritarismo do próprio Fisco, e tal fato só ocorre porque existe um DIREITO legítimo
do contribuinte que lastreia toda a operação. Não fomos nós que inventamos o Empréstimo Compulsório.
Isso é uma realidade, e como tal, deverá ser encarada pelo Fisco.

Trata-se, portanto, de uma engenharia tributária absolutamente legal e


idônea, que pode estancar ou, pelo menos, minimizar a sangria que os impostos representam no caixa da
empresa, reduzindo, em muito, as despesas tributárias mensais, através de procedimento administrativo de
ofício diretamente na Receita Federal, na forma da legislação aplicável, garantindo-lhe fôlego financeiro
imediato, regularidade fiscal e competitividade. Não há meias verdades, não há falcatruas, não há sonegação,
não há fraude, não há “jeitinho”, não há mágica. Há trabalho sério, lícito e honesto.

Outrossim, com a utilização do nosso procedimento, soluciona-se, também,


as perdas decorrentes da utilização do cheque-especial da empresa, bem como as perdas decorrentes de
mecanismos destinados a agilizar entradas de caixa, como, por exemplo, descontos antecipados de títulos,
cheques e duplicatas, descontos promocionais em produtos para compras à vista, antecipação de recebíveis
etc, que muitas vezes é o que sustenta o caixa da empresa nas as operações do dia-a-dia, apesar do alto custo
financeiro. Portanto, o contribuinte também poderá utilizar os recursos oriundo dessa operação como capital
de giro, conferindo-lhe uma enorme vantagem competitiva.

Além de permitir ao contribuinte utilizar-se legalmente dos recursos


destinados aos impostos para capitalizar a empresa no seu giro ou como capital para investimento e/ou
ampliação ou, ainda, de proporcionar uma satisfatória economia tributária, evitando procedimentos mais
onerosos, do ponto de vista fiscal e financeiro, o procedimento em apreço permite, também, o
provisionamento dos recursos necessários ao Contribuinte para o pagamento de PARCELAMENTOS ainda
em aberto junto à Fazenda Nacional, como o REFIS ou PARCELAMENTOS ORDINÁRIOS por exemplo,
bem como permitir o provisionamento para o PARCELAMENTO DE DÍVIDAS PREVIDENCIÁRIAS
13
TRABALHISTAS ou já em EXECUÇÃO FISCAL, realizando um amplo ajuste com o Fisco e com a
Previdência Social, saneando a empresa, num curto espaço de tempo e garantindo sua regularidade fiscal.

Destarte, o contribuinte não terá que, necessariamente, realizar essas


operações indefinidamente, podendo utilizar-se desse procedimento durante um certo lapso de tempo que
permita alavancar as finanças da empresa, estabilizando suas contas ou saneando-a fiscal e tributariamente,
tratando-se, portanto, de um Planejamento Tributário.

Desse modo, o procedimento em apreço poderá ser legalmente utilizado


pela empresa como forma de pagamento de TRIBUTOS FEDERAIS, tais como PIS, COFINS, CSLL,
GANHO DE CAPITAL, IRPJ, IPI vencidos (informados ou não) e/ou vincendos (impostos correntes). O
crédito em comento, no entanto, NÃO poderá ser utilizado no pagamento de impostos sobre
exportação/importação, CIDE e INSS, bem como para débitos oriundos de Auto de Infração, ou que já
tenham sido consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela RFB, já encaminhados
à PGFN, já incluídos na dívida ativa da união e/ou já em fase de execução fiscal, em face das vedações
legais existentes, bem como por ter o procedimento em apreço natureza estritamente administrativa, e não
judicial.

Cumpre destacar, por fim, que o procedimento em análise não constitui- se


de uma chincana, uma aventura jurídica ou um experimento. Não busca o folclórico “empurrar-com-a-
barriga”. Trata-se, sim, de um procedimento legal, sério, idôneo, com total suporte técnico-jurídico- contábil,
comprovadamente eficaz, lastreado nos permissivos legais de regência, na doutrina e na jurisprudência
pátrias, além de ser capitaneado por um dos maiores especialistas da matéria no País, e que há mais de 15
anos vem se utilizando desse procedimento por ser ele, na prática, o único que permite o aproveitamento,
administrativamente, de crédito tributário "de terceiros" junto ao Fisco Federal.

À propósito, sobre o tema, veja-se a salutar e oportuna a leitura da matéria


abaixo, publicada no Caderno de Economia do jornal O Estado de São Paulo, que circulou no dia
08/08/2008, bem como 02 outras matérias correlatas, também abaixo acostadas, apenas à guisa de
ilustração dentre muitas outras publicações relativas ao tema, bem como a visualização de entrevista
realizada pelo Min. Ives Gandra Martins, presidente do TST e um dos maiores juristas brasileiros ainda
vivo, realizada com o Dr. Otto Glasner no tocante à matéria em apreço, que pode ser vista no seguinte link:
https://www.youtube.com/watch?v=T7KHNkxONxU

14
15
16
17
Pelo todo exposto, e com as garantias dadas pela legislação em vigor, bem
como pela doutrina e jurisprudência pátrias, podemos asseverar que o procedimento em análise assegura ao
contribuinte a constitucionalidade e legalidade dos procedimentos destinados à Restituição/Compensação
tributária dos créditos oriundos do Empréstimo Compulsório do Reaparelhamento Econômico.

Trata-se, portanto, de crédito tributário sobre o qual não recai nenhuma


vedação legal, devendo o Estado responder pelas intervenções financeiras que realiza, notadamente quando
se utiliza do soberano instituto do crédito público.

É patente que se não for reconhecido o legítimo direito ao crédito contido


nas Obrigações do Reaparelhamento Econômico, ficará plasmada a agressão explícita aos princípios
constitucionais da MORALIDADE e da LEGALIDADE. Este seria mais um caso em que o Estado
avilta seus contribuintes, aplicando um clamoroso calote público, sob a alegação de estar agindo em favor
do interesse público e de uma economia mais estável.

Portanto, não obstante o arbítrio desmedido e a resistência do Fisco


Federal em reconhecer a legalidade do procedimento em tela, deverá se curvar ante o bom direito
albergado na hipótese, em face de todos os aspectos legais envolvidos. O que se espera é o
reconhecimento de validade e eficácia da relação jurídica entre o Estado e o Contribuinte possuidor
das Obrigações do Reaparelhamento Econômico, procedendo-se o devido encontro de contas, numa
demonstração de probidade administrativa, inerente a um Estado cumpridor de suas obrigações e
que afasta quaisquer riscos à sua própria Soberania.

É constitucional, legal, moral e justo.

São Paulo, 10 de julho de 2018.

Atenciosamente,

JOSÉ CARLOS LOPES


J LOPES ADVOGADOS

RESPONSÁVEIS TÉCNICOS:

Otto Glasner
• Advogado, graduado pela Universidade Católica de Pernambuco;
• Presidente da ADCL – Associação de Defesa da ConcorrênciaLegal;
• Ex-Secretário Geral Adjunto da Receita Federal;
• Ex-Assessor do Ministro da Fazenda, Dr. PedroMalan;
• Ex-Presidente do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda;
• Ex-Professor da Escola de Administração Fazendária do Ministério da Fazenda;
• Ex-Presidente da SUDENE;

Marco Wolfenson
• Master of Science (MSc) Engenharia de Sistemas-1974 (ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica – CTA – São José dos
Campos, São Paulo).
• Master of Science (MSc) Engenharia de Sistemas - 1977 (Cornell University - Ithaca - New York - USA).
• Doctor of Philosophy (PhD) Engenharia de Sistemas-1980 (Cornell University-Ithaca – New York – USA.

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