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EXMO. SR. DR. JUIZ DO TRABALHO DA 3ª VARA DO TRABALHO DE


JUNDIAÍ/SP

Processo n.

RECLAMADA, já devidamente qualificada nos autos do processo em


epígrafe que lhe move RECLAMANTE, por meio de seu advogado e procurador que
esta subscreve, vem à presença de V. Excelência oferecer CONTESTAÇÃO com
fulcro no art. 847, CLT, e assim o faz pelas razões que seguem.

DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA INDEVIDA À RECLAMANTE

Dispõe o art. 790, §3º da CLT que o juiz poderá conceder a gratuidade
judiciária a aquele que comprovar não poder arcar com o ônus do processo e que
perceba salário inferior a 40% do teto da previdência.

No caso telado, a reclamante percebia como último salário a quantia de R$


3.602,77, ou seja, valor superior a 40% do teto da previdência. Ademais, é de
conhecimento da reclamada que a obreira possui imóvel e veículo em seu nome, além
de encontrar-se trabalhando na ocasião da distribuição da ação.

Ao levar em consideração somente a declaração de hipossuficiência como


meio de auferir a real capacidade financeira do demandante, é abrir as portas para que,
aquele que possui condições financeiras de pagar as custas, seja beneficiário sem as
condições que lei imputa para tanto, desvirtuando o benefício da gratuidade e fazendo
com que o Estado arque com as custas de quem tem condições de pagá-las prejudicando
o erário público.
Assim, com fulcro no art. 337, XIII, do NCPC, requer seja negada a
gratuidade judiciária, ante a capacidade financeira do reclamante compatível para pagar
as custas processuais.

SÍNTESE DA INICIAL

Alega a reclamante que foi admitida em 04/09/2012 para a função de


Analista de Qualidade Pleno A e após promovida para Analista de PCPC, e, por fim,
para função de Analista de Documentação com salário inicial de R$ 2.000,00.

Alega ainda que foi dispensada em 08/12/2016 com salário de R$ 3.890,99.

Pugna pela indenização substitutiva da estabilidade da CIPA, indenização


por danos morais ante o suposto assédio moral sofrido pelos superiores XXXXXXX e
Marcelo.

Por fim requer a integração de ajuda de custo no salário e seus reflexos.

Sem prejuízo do narrado pela obreira, será provado nos autos que nenhum
direito faz jus, pois a reclamada arcou com todas as obrigações legais durante o pacto
laboral, pelo que, requer ao final da instrução processual, a IMPROCEDÊNCIA
TOTAL DA AÇÃO.

DO NÃO CABIMENTO A ESTABILIDADE DA CIPA

Em 17/07/2015 a reclamante tomou posse na CIPA como representante


titular dos empregados após votação para gestão 2015/2016. O término do seu mandato
ocorreu em 17/07/2016 sendo detentora de estabilidade do art. 10, II, A, da ADCT em
até 1 ano após o mandato.

Por motivos financeiros, a reclamada encerrou suas atividades em


09/12/2016 dispensando todo o seu quadro de empregados em 08/12/2016, inclusive a
reclamante, que na época dos fatos, foi informada que, muito embora detentora da
estabilidade como os demais CIPEIROS, teria seu contrato rescindido pelo
encerramento das atividades que faz cessar a existência da CIPA e, por conseguinte,
qualquer estabilidade.

Ademais, a reclamada encerrou todos os contratos de trabalho na época do


seu fechamento, conforme se vê do CAGED em anexo, encerrando o contrato dos
últimos 34 empregados dentre eles a reclamante.

A reclamada cumpriu todas as suas obrigações após a extinção do contrato e


informou todos os colaboradores do encerramento das suas atividades, bem como seus
clientes como se vê dos e-mails abaixo (em anexo):

(provas do fechamento da empresa)

Em 09/12/2016 fora enviado comunicado ao Sindicato dos Metalúrgicos de


Jundiaí, informando o encerramento das atividades, vejamos:

“Bom dia José Carlos,


 
Informamos que na data de 08/12/2016, encerramos as atividades da
empresa RECLAMADA.
Infelizmente devido a crise  que nosso pais enfrenta, e principalmente a crise
na área de olé e gás, não conseguimos manter os 34 funcionarios restantes.
A decisão do nosso presidente em encerrar as atividades nesta data, foi pelo
fato da empresa ter caixa para pagar todas as rescisões contratuais,
garantindo assim os direitos dos nossos trabalhadores.
Estamos empenhados em realocar nossos colaboradores junto aos nossos
concorrentes, e clientes pois são funcionários altamente qualificados.
Quero agradecer pela parceria de todos esses anos.
 
Nosso muito obrigado!
 
Atenciosamente,”
Por derradeiro, segue abaixo fotos do local onde a empresa estava
estabelecida e que hoje o galpão encontra-se disponível para locação e já foi entregue ao
proprietário:

FOTO GALPÃO

Atente-se a reclamante que a CIPA é criada a depender da quantidade de


empregados e será composta por representantes dos empregados e do empregador a fim
de implementar medidas de segurança do trabalho a fim de prevenir acidentes no local
de trabalho.
A CIPA é constituída a depender do local de trabalho, inerente ao
estabelecimento e a quantidade de empregados segundo a NR 5 item 5.2.

Encerradas as atividades da empresa, não se mostra arbitrária a dispensa do


empregado detentor da estabilidade do art. 10, II, a, da ADCT, pois motivada por
questões financeiras quando o encerramento se dá pela ausência de demanda de
produção e injeção de capital, como foi o caso em tela.

Nos termos da súmula 339 II, TST, dispõe que a extinção do


estabelecimento é motivo pelo qual a estabilidade cessa, sendo impossível a
reintegração do empregado e ainda, indevida qualquer indenização do período
estabilitário.

Ademais, dispõe o item 5.15 da NR 5 do MTE, que em caso de


encerramento das atividades do estabelecimento, a CIPA, por consequência também é
extinta, vejamos:

“5.15 Protocolizada na unidade descentralizada do


Ministério do Trabalho e Emprego, a CIPA não poderá ter seu
número de representantes reduzido, bem como não poderá ser
desativada pelo empregador, antes do término do mandato de seus
membros, ainda que haja redução do número de empregados da
empresa, exceto no caso de encerramento das atividades do
estabelecimento.(Alteração dada pela Portaria SIT 247/2011)”

Destarte, comprovado nos autos que o encerramento das atividades da


reclamada se deu por motivos financeiros, atendendo o disposto no art. 165, da CLT,
não há dever de indenizar a reclamante.

Encerrada as atividades da reclamada, encerra-se a obrigatoriedade de


manutenção da CIPA e logo, a extinção da estabilidade do titular e suplente. Nesse
sentido:

ENCERRAMENTO DA CIPA. EXTINÇÃO DA


ESTABILIDADE PROVISÓRIA. Considera-se extinta a
garantia de estabilidade provisória conferida a dirigente da
CIPA, quando comprovado o encerramento das atividades
exercidas pela empresa, nos termos da NR 5, do Ministério do
Trabalho e Previdência Social. (TRT-5 - RecOrd:
00001193320125050015 BA 0000119-33.2012.5.05.0015,
Relator: ELISA AMADO, 1ª. TURMA, Data de Publicação: DJ
17/09/2012.)

Vejamos ainda, decisão do TST neste particular:

RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A


ÉGIDE DA LEI N.º 11.496/2007. GARANTIA PROVISÓRIA DE
EMPREGO. CIPEIRO. TÉRMINO DA OBRA.
EQUIVALÊNCIA À EXTINÇÃO DO ESTABELECIMENTO. 1.
A garantia provisória no emprego, assegurada ao empregado
eleito para cargo de direção da Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes – CIPA – por força do artigo 10, II, a, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, conquanto
necessária, não se traduz em direito ilimitado, tampouco em
vantagem pessoal outorgada ao empregado. Funda-se o
instituto na necessidade de assegurar ao empregado eleito para
o cargo de dirigente da CIPA a autonomia necessária ao livre e
adequado exercício das funções inerentes ao seu mandato,
consubstanciadas no zelo pela diminuição de acidentes e na
busca de melhores condições de trabalho. Atente-se, desse
modo, que a função da CIPA está diretamente vinculada ao
funcionamento do estabelecimento, de modo que a extinção
deste constitui fator que inviabiliza a ação fiscalizatória e
educativa do membro da CIPA, ocasionando, por
consequência, a cessação da garantia de emprego. 2. Nessa
linha, a jurisprudência desta Corte superior vem direcionando-
se no sentido de que o encerramento da obra equivale à
extinção do estabelecimento, para efeito de não configuração
da despedida arbitrária do empregado membro da CIPA, nos
termos do item II da Súmula n.º 339 desta Corte superior. 3.
Formada a CIPA para atuar em canteiro de obra, a garantia
provisória de emprego somente se justifica enquanto a obra se
mantiver ativa. Terminada a obra, cessa a garantia em questão.
4. Recurso de embargos conhecido e provido.(TST-RR-2400-
48.2004.5.24.0061)
Relevante a transcrição da petição inicial que revela interesse pessoal da
reclamante em sua participação na CIPA com único intuito de assegurar o seu emprego,
vejamos (página 8 da petição inicial):
Ainda que a representação na CIPA em favor dos empregados garanta a
estabilidade, esta não pode ser perseguida com intuito puramente pessoal de garantir o
emprego, pois a estabilidade decorre do conflito de interesses entre patrão e empregados
representantes na CIPA.

É o que dispõe o item II da Súmula 339 do TST em que a estabilidade não


constitui vantagem pessoal, tão somente garantia para as atividades dos membros da
CIPA e no caso da obreira, flagrante a intenção de obter vantagem pessoal para impedir
o seu desligamento.

Portanto, comprovado o encerramento das atividades e, por consequência a


dissolução da CIPA, deve improceder o pedido de estabilidade ou indenização
substitutiva do período estável.

DA INEXISTÊNCIA DE ASSÉDIO MORAL E COMPROVAÇÃO DO


ASSÉDIO MORAL POR PARTE DA RECLAMANTE

Alega a reclamante que após sua admissão, passou a ser assediada


sexualmente pelo Sr. Marcelo que lhe chamava para sair constantemente e massageava
seus ombros quando a via sentada.

Informa que passou a ser perseguida diante da negativa em corresponder as investidas


do seu superior e que os Senhores XXXXX e XXXXXX também passou a persegui-la
por serviços que ainda estavam em execução.
Por fim, alega que passou toda a situação para a diretoria e para o RH da
empresa e que não foram tomadas nenhuma providência.

Na mesma oportunidade se defende das acusações de assédio para o seu superior Sr.
ZZZZZ alegando que não teve intenções pessoais com o mesmo e que mantinham uma
relação de amizade.
Pois bem. A reclamante se abstém de trazer aos autos a realidade dos fatos,
que não houve qualquer conduta assediadora por parte dos indicados na inicial, bem
como omite que manteve diversos relacionamentos amorosos com empregados da
reclamada durante seu contrato de trabalho, e que, por fim, trata-se de uma questão de
saúde porquanto a reclamante sofre de problemas psicológicos e que afetava
diretamente no seu trabalho.

Ab initio, cabe trazer, segundo a doutrina, o conceito de assédio moral,


como sendo condutas abusivas praticadas pelo empregador direta ou indiretamente e
que afetam o estado psicológico do empregado (CASSAR, Vólia Bomfim, Curso de
Direito do Trabalho, Ed. Método, 14ª ed. SP. 2017, pag. 914 e 915).

Segunda a jurisprudência do C. TST, o “assédio moral fica configurado


quando há atos reiterados e abusivos, um processo discriminatório de situações
humilhantes e constrangedoras para o empregado” (RR 10969120105100003).

Quanto ao assédio sexual, pode-se conceitua-lo como toda conduta sexual


praticada repetidas vezes contra alguém que a repele ou recusa, que no âmbito do
trabalho, pode ser praticada por um superior, subordinado ou entre colegas de trabalho.

Nos dizeres da Desembargadora Vólia Bomfim (CASSAR, Vólia Bomfim,


Curso de Direito do Trabalho, Ed. Método, 14ª ed. SP. 2017, pag. 916), “assédio nos
conduz a ideia de convites ou investidas, normalmente reiteradas; sexual é todo ato que
limite a liberdade sexual da vítima. Logo, para a caracterização do assédio, quatro são
os requisitos: a) assediador e assediado; b) conduta de natureza sexual; c) conduta
repelida pelo assediado; d) reiteração da conduta como regra geral.”

Vejamos o que de fato aconteceu.

O Sr. Marcelo foi gestor do setor de Documentação da reclamada entre 2012


a 2014, ocasião em que a reclamante também fazia parte do mesmo departamento e
sempre mantiveram um ótimo relacionamento.

A reclamada era uma empresa metalúrgica de alta precisão e que mantinha


empregados do setor produtivo e administrativo em conjunto, ou seja, engenharia, PCP,
qualidade trabalhava no mesmo ambiente que operadores de máquina, soldadores, etc.

Por conta de uma gestão humanizada, a reclamada promovia diversas


atividades recreativas e de lazer para os seus empregados, como churrascos, happy hour,
encontros entre os próprios empregados, fazendo com que todos tivessem amizades
além do local de trabalho.

Quem era responsável por organizar os Happy hour era o Sr. Marcelo e
convidava a todos por meio do aplicativo WhatsApp, inclusive a reclamante.

Por sua vez a reclamante tinha o costume de abraçar e beijar todos os


empregados, indistintamente, os tratando com intimidades, pois era comum ela ter
conversas pessoais com diversos colegas de trabalho, inclusive revelando situações de
cunho familiar.

Certa ocasião, a reclamante chegou a sair com o Sr. Marcelo para um


desses happy hour. Nessa oportunidade estavam presentes outros empregados que
virão a juízo testemunhar o fato de que a reclamante não repeliu ou recusou
convites do Sr. Marcelo para saírem juntos.

O convite para sair ocorreu uma única vez e foi aceito pela reclamante, não
configurando qualquer assédio de cunho sexual.

Após um tempo, a reclamante se interessou por um empregado o setor de


engenharia, e isso foi conhecido de todos na empresa, porquanto a reclamante misturava
as questões profissionais com amorosas ou pessoais o que atrapalhava seu rendimento.

Tanto o é, que em certa ocasião, pediu para o Sr. Bryan em um churrasco


que a transferisse para o setor de engenharia, para que pudesse trabalhar com esse outro
colega de trabalho. Frise-se que que o rapaz era casado e chegaram a sair juntos, além
de que a reclamante tinha ciúmes revelado por ele, daí a intenção de trabalhar no mesmo
setor.

Esclarece-se ainda que a reclamante recebeu diversas advertências verbais


pelo não uso do uniforme e suas constantes idas ao setor fabril com roupas não
condizentes com o ambiente de trabalho.

O Sr. Marcelo passou a cobrar a reclamante que usasse os EPI’s e o


Uniforme, foi quando a obreira achou que, pelo fato de não terem avançado em algum
relacionamento, ele estava a perseguindo fantasiando que havia intenções pessoais do
seu superior na fiscalização do seu trabalho.

Chegou a falar informalmente para a Sra. XXXX que ela pegou implicância
do Sr. Marcelo, pois ele estava com ciúmes pelo fato dela ter se interessado pelo
empregado do setor de engenharia, o que dava a impressão de perseguição.

Ocorre que a reclamante aceitou os convites do Sr. Marcelo indo ao cinema


e “tomar um chopp”, o que demonstra que houve uma paquera, um relacionamento
extra trabalho, de forma consensual e não conflituosa que configurasse assédio sexual.
Com efeito, ausente um dos requisitos que configuram o assédio sexual que
é a conduta ser repelida pelo assediado. Ausente ainda outro requisito que é a reiteração
do ato assediador, o que não ocorreu no caso em tela, pois a reclamante aceitou o
convite do suposto assediador e saíram juntos como narrado.

No decorrer do contrato, a reclamante não estava rendendo no trabalho,


tinha diversos comportamentos incompatíveis com sua função sendo que horas estava
eufórica e horas estava chorando pelos cantos por problemas pessoais com sua família.

Como não estava produzindo o esperado e não atingia os resultados do seu


setor, a reclamada decidiu dispensá-la, entretanto, no momento que foi informada da
dispensa a reclamante alegou que havia sido assediada pelo Sr. Marcelo.

Veja Excelência que até o momento que foi informada da dispensa a


reclamante JAMAIS reclamou que havia sido assediada, ao contrário, sempre teve bom
relacionamento no setor do Sr. Marcelo com ele e com os demais empregados até o dia
que queria passar para o setor de engenharia por conta do seu interesse em um dos
empregados daquele setor.

Frise-se ainda que a reclamante assinou uma cópia da Política de Ética e de


Livre Comunicação (em anexo) da empresa que confere a todos os empregados, canal
de comunicação para qualquer reclamação sobre as condições de trabalho e sobre a
conduta dos empregados, entretanto, a reclamante jamais reclamou sobre os supostos
assédios.

Imediatamente a reclamada chamou o Sr. Marcelo para averiguar os fatos,


muito embora era de conhecimento da Sra. XXXXX, analista de RH, que a reclamante
havia saído com o mesmo algumas vezes. O Sr. Marcelo informou que não houve
qualquer assédio, e que houve uma paquera que por um tempo, foi correspondida pela
reclamante e posteriormente não fez qualquer investida ao saber que a obreira se
interessava por outro empregado.

Entre a alegação de assédio até o momento de apurar os fatos, a empresa


deu todo suporte a reclamante e diante da amizade que a obreira tinha com a Sra.
XXXXX, trocavam e-mails em solidariedade ao suposto assédio. Entretanto, após
apurarem os fatos, descobriu-se que não houve nenhum assédio por parte do Sr.
Marcelo.
A reclamante não tinha qualquer prova do suposto assédio. Alegou que
havia sido assediada para tão somente se garantir no emprego, visto que a reclamada
decidiu não dispensá-la até apurar os fatos, que posteriormente, viu-se que não houve
qualquer tipo de conduta assediadora do Sr. Marcelo.

Destarte, a preocupação da reclamante era se manter no emprego, pois havia


acabado de comprar um apartamento em Jundiaí e precisava de renda para mantê-lo.
Isso ficou mais evidente quando a reclamada ofereceu para ela trabalhar em outro
departamento, abrindo o jogo de que alegou que foi assediada para manter o seu
trabalho.

Após esse fato a reclamante permaneceu trabalhando na reclamada


normalmente, mantendo a mesma relação com o Sr. Marcelo e nada mais foi relatado a
respeito de assédio.

Vê-se das fotos em anexo que a reclamante tinha intimidade com diversos
empregados, inclusive os indicados como assediadores Sr. XXXXX E XXXXX e pelo
fato da reclamante tratar os empregados com essa intimidade, contando da sua vida
pessoal, os demais empregados a tratavam da mesma forma.

Alega a obreira que passou a ser perseguida pelo Sr. XXXX e Sr. XXXXXX
quando passou a trabalhar no setor de PCP.

Ocorre Excelência que as fotos demonstram o bom relacionamento que a


reclamante mantinha com seus superiores, em especial com o Sr. XXXXX o qual a
tratava como se fosse uma filha.

A obreira era muito insegura quanto ao seu trabalho, ficava indagando a


todo momento se estavam gostando do seu serviço e quando havia alguma cobrança de
trabalho por parte do Sr. XXXXX ou do Sr. Bryan a reclamante dizia que não seria
capaz de entregar o trabalho, que estava com medo de ser dispensada.

Entretanto, o Sr. XXXX por diversas vezes a aconselhava que deveria


separar as questões pessoais com as do trabalho e que fosse focada, que ela tinha
potencial para entregar o que lhe era pedido. A reclamante chegou a apresentar seu
namorado e seus pais ao Sr. XXXXXX, tamanha a consideração, demonstrando que não
havia qualquer tipo de assédio por parte deste com a obreira.
Em retribuição a reclamante chamou o Sr. XXXXXXX para jantar em
sua casa, o que foi prontamente negado diante do histórico da reclamante com
outros empregados.

Já com o Sr. Bryan a reclamante sempre manteve um ótimo relacionamento,


inclusive é o que demonstram as fotos colacionadas em que aparece a reclamante e o Sr.
Bryan em confraternizações seja dentro ou fora do ambiente de trabalho.

O Sr. XXXXXX sempre foi benevolente e “passava a mão” na cabeça dos


empregados, dentre eles a reclamante quando errava o seu trabalho.

Durante todo o pacto laboral a reclamante manteve relacionamento amoroso


com diversos empregados da reclamada, a começar pelo empregado do setor de
engenharia. Esse empregado chegou a reclamar ao RH da empresa que a reclamante era
persistente e lhe enviava diversas mensagens e ligações e que isso estava o prejudicando
sua vida pessoal.

Após, manteve relacionamento com outro empregado Programador CNC em


que saíram algumas vezes. Manteve outro relacionamento com empregado da reclamada
chegando a morar com ele em seu apartamento.

Excelência, o que se quer demonstrar com a narrativa acima é de que a


reclamante sempre teve um ótimo relacionamento no ambiente de trabalho ao mesmo
tempo que manteve diversos relacionamentos amorosos com outros empregados.

E pelo fato de misturar situações pessoais com profissionais, fez com que
diversos colegas de trabalho se afastassem dela diante de um comportamento
incompatível com as diretrizes da empresa.

Quanto ao assédio da reclamante com seu superior Sr. ZZZZZ, restou


evidenciado que haviam intenções pessoais no tratamento da obreira com seu superior
através de conversas de WhatsApp, vejamos:

(PRINT WHATSAPP)

O contexto dessa conversa se dá após a reclamante tentar seduzir o Sr.


ZZZZZZ, tanto o é que após não ser correspondida, alega que “não era sua intenção e
que fez somente uma brincadeira e que queria falar o que pensa”.
Há ainda áudios da obreira ao Sr. ZZZZZZ que estão registrados em mídia
digital entregue a secretaria desta vara à disposição do juízo. Segue transcrito trechos
desse áudio:

“Olha xxxxxxxx, eu vou tentar, vou tentar mas eu to chateada, eu to


pensando um monte de besteira, você me conhece, mas desculpa não foi mesmo a
minha intenção, eu não quis que você pensasse isso de mim, eu não quero invadir a
privacidade de ninguém. Eu só não queria me sentir tão sozinha, desculpe se eu te
atrapalhei, se eu te incomodei e se eu ultrapassei o limite de chefe e funcionário, não
foi a minha intenção”.

Demais disso, seguem outros trechos da conversa em que o Sr. ZZZZZZ


não corresponde as investidas da reclamante:

(FOTOS WHATSAPP PRINT)

Dos áudios trazidos aos autos pela própria reclamante, demonstra-se que
obreira assediou seu superior hierárquico e que as alegações de que a mesma havia sido
assediada pelo Sr. Marcelo se mostram inverídicas e que na época a reclamante armou a
situação para manter seu emprego.

Uma das interlocutoras no áudio, Sra. Claudia, informa à reclamante que:

“quantas vezes a gente já conversou sobre isso XXXXXX, dar em cima de


patrão”.

Nesse momento a reclamante pede para que a Sra. Cláudia parasse aquela
conversa, pois sabia que isso a comprometeria já que isso ocorreu diversas vezes dentro
da reclamada com outros empregados.

Há um e-mail nos autos enviado pela Sra. XXXXX a Sra. XXXXX


informando sobre os problemas da reclamante e que isso estava refletindo no trabalho.
Fez isso porque mantinha amizade com a reclamante e a Sra. Claudia e pediu ajuda a
essa para que convencesse a reclamante a buscar tratamento.

Depreende-se ainda que a reclamante foi chamada para conversar sobre


mensagens, áudios, ligações e foto íntima enviada para o Sr. ZZZZZZ que fez uma
reclamação formal à reclamada para que a obreira interrompesse o assédio.
A reclamada viu como melhor maneira de apurar a situação de assédio da
obreira ao seu superior, conversar em particular, em ambiente fora da empresa, e na
presença de uma testemunha que tinha amizade em comum entre a analista de RH, Sra.
XXXXXX e a obreira.

Vê-se do áudio que a conversa fluiu normalmente e que não houve


exposição da reclamante a qualquer situação vexatória, pois havia uma relação de
amizade entre as três interlocutoras.

Consigne-se ainda que a reclamante tinha problemas de relacionamento com


seus colegas de trabalho por conta de seus problemas emocionais. A reclamante não
separava o profissional do pessoal e acabava atrapalhando o ambiente de trabalho,
sendo o que se vê da avaliação realizada por seu superior que aponta como pontos de
melhoria o emocional e relacionamento com colegas de trabalho.

Em suma, vê-se que a reclamante passou por problemas psicológicos,


reconhecido pela mesma nos áudios juntados e que isso influenciava no seu ambiente de
trabalho utilizando-se do processo para se defender do indefensável.

Tenta utilizar-se da máxima que a melhor defesa é o ataque e durante todo o


pacto laboral a obreira tentou forçar situações que lhe garantissem o seu emprego.

Portanto, diante de todo o exposto, requer a improcedência da ação pela


ausência de prova de assédio moral ou sexual.

Em respeito ao princípio da eventualidade ainda acreditando pela


improcedência do pedido, não pode a reclamada concordar com o quantum
indenizatório consignado na petição inicial.

Requer a obreira que o juízo arbitre o valor, o que não é mais possível
segundo o art. 223-A e seguintes da CLT, ou que seja a reclamada condenada no valor
mínimo de R$ 72.055,40.

Esse valor foge à realidade e é completamente desproporcional ao


acontecido. Equivale a ofensas de natureza grave se fosse aplicável o disposto no art.
223-G da CLT incluído com a lei 13.467/17, muito embora não aplicável no caso em
tela por não viger na época dos fatos.
Deve o juízo levar em consideração a capacidade financeira do suposto
ofensor, que no caso telado, a reclamada já encerrou suas atividades e não possui
condições financeiras de arcar com tal valor.

Por conseguinte, deve analisar ainda que a obreira também causou danos à
reclamada na pessoa do seu superior que foi declaradamente assediado sexualmente e
sequer refutado pela obreira.

Por fim, não há prova de que a suposta ofensa, tenha refletido no tempo na
vida pessoal da reclamante, que hoje vive uma vida normal e encontra-se empregada.

Portanto, em caso de eventual condenação, ainda que por amor ao debate,


requer seja arbitrado o valor condizente e proporcional ao agravo, de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais).

DO DEPÓSITO DO FGTS

A reclamante alega, sem razão, que os meses de outubro de novembro de


2012 não houve o depósito do FGTS em sua conta vinculada, apontando o extrato
analítico como prova.

Todos os meses a reclamada recolhia o FGTS regularmente como se vê dos


comprovantes em anexo. A multa de 40% também foi recolhida no prazo legal e
disponibilizada as guias para saque do fundo e requerimento do seguro desemprego.

Ocorre Excelência que na época da contratação da reclamante houve o


cadastro de duas contas vinculadas, sendo a primeira de n. 4831 conforme recibo em
anexo e a segunda, sendo essa a da rescisão, sob n.3605.

Na conta de n. 4831 foram depositados os meses de Outubro e Novembro de


2012 cujo saldo atualizado na rescisão era de 560,15, valor este sacado pela reclamante.

Já na conta de n. 3605, havia um saldo de R$ 16.799,87. A multa de 40% foi


paga sobre os dois saldos das duas contas vinculadas. Nota-se dos documentos que
foram geradas duas chaves de conectividade da Caixa Econômica para que a reclamante
fizesse o saque.

Portanto, requer a IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO.

DA AJUDA DE CUSTO
Alega a reclamante que percebia a quantia de R$ 300,00 a título de ajuda de
custo por meio do cartão Sodexo para que abastecesse seu veículo para o trabalho sendo
que residia em Indaiatuba e as dependências da reclamada era em Jundiaí.

Contudo, o pleito da reclamante é contrário ao que prevê o art. 457, §2º da


CLT, in verbis:

“Art. 457...

§2º. Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como diárias
para viagem que não excedam de 50% do salário percebido pelo empregado”.

A verdade dos fatos é que a reclamante não aderiu ao Vale Transporte, pois
seria inviável o uso de transporte público por incompatibilidade de horário e, para tanto,
a reclamada conferiu vale transporte por meio de um cartão com saldo recarregável para
abastecimento.

Tratava-se de uma ajuda de custo do transporte, já que a reclamada conferia


a todos os empregados a utilização do vale transporte, sendo este negado pela
reclamante sob a alegação de ser inviável. Para não ter que custear o transporte sozinha,
a reclamada resolveu pagar a quantia de R$ 300,00 (trezentos reais) como ajuda de
custo conforme a própria obreira narra, tratando-se de verba de natureza indenizatória a
fim de ressarcir os gastos tidos com combustível.

Nessa toada o entendimento do C. TST tratando como indenizatória a verba


paga a titulo de ajuda de combustível, vejamos:

RECURSO DE REVISTA - AJUDA DE CUSTO - COMBUSTÍVEL - NATUREZA


JURÍDICA. A parcela ajuda de custo paga a título de ressarcimento decorrente dos gastos
com combustível, no exercício da atividade do trabalhador, tem natureza indenizatória,
pois objetiva apenas a reparação de despesas efetuadas, e não o pagamento pelo serviço
prestado.Recurso de revista conhecido e provido. (TST - RR: 7330481520015025555
733048-15.2001.5.02.5555, Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de
Julgamento: 28/06/2006, 1ª Turma,, Data de Publicação: DJ 01/09/2006.)

Sendo assim, ante ausência de natureza salarial da verba pleiteada, requer


seja julgado improcedente o pleito de integração e reflexos.

DAS PROVAS ENCARTADAS PELO RECLAMANTE


As provas encartadas nos autos de id. 4adff69 Histórico de Conversas do
Whatsapp não são idôneas e imparciais por terem sido produzidas de forma unilateral
pela obreira. Por se tratar de conversas a reclamante pode ter alterado o seu teor para
fazer constar tão somente o que lhe interessa. Basta fazer o cotejo com a conversa
juntada pela reclamada e as do documento citado acima.

Ademais, o teor das conversas demonstra temas corriqueiros do trabalho de


ambos, e não o assédio praticado pela obreira como demonstrado nas conversas juntadas
pela reclamada e que são impressões fiéis do celular do Sr. ZZZZZZ.

Quanto aos e-mails entre a Sra. XXXXX e a reclamante nada comprovam


que a obreira foi assediada. Havia uma relação de amizade entre reclamante e a Sra.
XXXXX por irem embora juntas todos os dias e quando a obreira alegou o suposto
assédio, houve solidariedade entre ambas que mantinham essa amizade.

Contudo, quando apurou-se os fatos junto ao Sr. Marcelo, a Sra. XXXXX


descobriu, juntamente com a reclamada, que a reclamante inventou a situação de
assédio para não ser dispensada, já que não havia prova alguma das investidas não
correspondidas pela obreira.

Frise-se ainda que houve concordância da reclamante em sair com o Sr.


Marcelo e frequentaram o cinema e tomaram “chopp” juntos.

Por fim, os demais documentos corroboram o pagamento das verbas


rescisórias de estilo.

DAS MULTAS DOS ARTIGOS 467 E 477 DA CLT

Pugna a reclamante aplicação da multa do art. 467 da CLT em caso de


inadimplência de verbas incontroversas em audiência. Contudo, todas as verbas
rescisórias foram pagas como de estilo, vide recibos em anexo que comprova a dispensa
em 08/12/2016 e pagamento em 09/12/2016.

Outrossim, quanto a multa do art. 477, CLT, não prospera visto que a
dispensa ocorreu dia 08/12/2016 e o pagamento foi feito em 09/12/2016 dentro do prazo
do §6º do artigo supracitado.

Portanto, devem ser improcedentes ambos os pedidos.

DOS HONORÁRIOS CONTRATUAIS (PERDAS E DANOS)


A reclamante postulou em juízo em 21/06/2017, ocasião em que na Justiça
do Trabalho, os honorários sucumbenciais só seriam devidos se o empregado estivesse
assistido pelo sindicato da categoria e percebesse salário inferior ao dobro do mínimo
legal. Nesse sentido a súmula 219 do TST e lei 5.584/70.

Portanto, nenhum dos requisitos estavam preenchidos pela obreira naquela


ocasião, razão pela qual seu pedido não tem fundamento e deve ser julgado
improcedente.

CONCLUSÃO

De todo o exposto acima, primeiramente requer a não concessão dos


benefícios da justiça gratuita por ausentes os requisitos do art. 790, parágrafo 3º da CLT
e art. 98 do NCPC, bem como a extinção do pedido de equiparação salarial por inépcia
da inicial julgando o feito sem resolução de mérito neste particular.

Em caso de superada as preliminares arguidas, requer no mérito, a


IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO por ausência de fundamento fático e jurídico.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito


em especial prova documental carreada nos autos e testemunhal sem prejuízo de outra
que se fizer necessária durante a instrução processual.

Em caso de eventual condenação, requer seja observada a evolução salarial,


os dias efetivamente trabalhados, e as verbas já pagas ao mesmo título a fim de que haja
a compensação devida nos termos do art. 368 do CC, art. 767 da CLT e súmulas 18 e 48
do C. TST.

Na condenação, seja fixado como critérios de atualização e correção, os


dispostos no art. 883 da CLT e súmula 200 e 381 do C. TST havendo ainda as retenções
devidas do IRRF e Contribuições Previdenciárias do empregado.

Requer ainda a condenação do reclamante em multa de 1% sobre o valor da


causa pela litigância de má-fé amoldada no art. 80, inciso II, NCPC, pela alteração da
verdade fática, bem como nos termos do art. 85 do NCPC no pagamento de honorários
advocatícios no importe de 20% sobre o valor da condenação.
Declara para os efeitos do art. 830, §único da CLT que as cópias que
seguem com a defesa são fieis as verdadeiras comprometendo-se este patrono a trazê-las
nos autos se necessário.

Termos em que

Pede deferimento

Tiago Cunha Pereira

OAB/SP 333.562

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