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DESAFIO 07 DIAS DEDICAÇÃO DELTA

DIA 07

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DESAFIO 07 DIAS DEDICAÇÃO DELTA

DIA 07

Futuro(a) Delegado(a)
Segue o material da última meta do nosso desafio.
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Vamos juntos!

Equipe DedicaçãoDelta

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DIA 07

Meta do dia 07
Resumo Dedicação Delta – Direito Civil: Responsabilidade Civil

Sumário
1. ATO ILÍCITO x RESPONSABILIDADE CIVIL .............................. 4
2. EFEITOS JURÍDICOS DO ILÍCITO CIVIL: ................................... 5
3. EXCLUDENTES DE ATOS ILÍCITOS ............................................ 6
4. ESPÉCIES DE ATOS ILÍCITOS ....................................................... 7
5. RESPONSABILIDADE CIVIL .......................................................... 9
5.1 Responsabilidade Civil Contratual X Extracontratual ............................... 9
5.2 Elementos da Responsabilidade Civil (ou pressupostos do dever de
indenizar): .............................................................................................................. 10
5.2.1 Conduta ................................................................................................... 11
5.2.2 Culpa genérica......................................................................................... 11
5.2.3 Nexo de causalidade .............................................................................. 15
5.2.4 Dano ou prejuízo ................................................................................... 19
5.3 Notas sobre algumas espécies de Responsabilidade Civil previstas no
CC/02: ................................................................................................................... 27
5.3.1 Responsabilidade Civil do Incapaz ...................................................... 28
5.3.2 Responsabilidade Civil por Atos de Outrem: .................................... 32
5.2.3 Responsabilidade Pelo Fato do Animal .............................................. 34
5.3.4 Responsabilidade Por Ruína De Edifício E Queda De Partes Não
Integrantes ........................................................................................................ 34
5.4 Independência das Instâncias....................................................................... 36

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* ATENÇÃO: O estudo do assunto requer acompanhamento intenso


dos informativos dos Tribunais Superiores.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito


que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de
um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo
somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente
necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei,
ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.

1. ATO ILÍCITO x RESPONSABILIDADE CIVIL

O ato ilícito é um ato antijurídico, ato contrário a norma, com eficácia


contrária a norma.

Ainda que, em regra, a prática de qualquer ato ilícito enseje a possibilidade de


promover a responsabilidade civil daquele que o praticou, precisamos ter em

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mente que ato ilícito não se confunde com responsabilidade civil. São
conceitos autônomos e independentes.

ATO ILÍCITO RESPONSABILIDADE CIVIL


Violação culposa da norma – Obrigação de reparar danos -
art. 186, CC/02 art. 927, CC

Pode gerar ou não responsabilidade Nem toda responsabilidade civil


civil, pois o efeito do ato ilícito é emana da realização de um ato ilícito.
determinado pela própria norma
violada. Há responsabilidade civil oriunda de
ato lícito.

2. EFEITOS JURÍDICOS DO ILÍCITO CIVIL:

1) Efeito indenizante (responsabilidade civil)

2) Efeito caducificante
• Perda ou limitação de direitos
• Ex.: pai que retira o filho da escola como forma de castigo. Há
abuso do poder familiar de conferir castigos moderados. Pode
perder o poder familiar.

3) Efeito invalidante
• Ato ilícito gera a invalidade do ato.

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• Ex.: Contrato de transporte de lança perfume para o carnaval –


nulidade do contrato em razão da ilicitude do seu objeto (art. 166,
II do CC/02)
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;

3. EXCLUDENTES DE ATOS ILÍCITOS

As excludentes de ilicitude estão previstas no art. 188, CC/02


1) Atos praticados em legítima defesa
2) Atos praticados em exercício regular de um direito
3) Atos praticados em estado de necessidade

Obs.1: O estado de necessidade exclui a ilicitude, mas não


necessariamente afastará a responsabilidade civil.

Obs.2: Doutrina Majoritária: o estrito cumprimento do dever legal


também exclui a ilicitude do ato, apesar de não expresso, estando inserido
no contexto do exercício regular do direito.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:


I - os praticados em legítima defesa ou no exercício
regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a
lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo
somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente
necessário, não excedendo os limites do indispensável para a
remoção do perigo.

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4. ESPÉCIES DE ATOS ILÍCITOS

O conceito de ato ilícito foi enriquecido pelo CC/02 – o novo conceito é


pautado na ideia de abuso do direito

CONCEITO CLÁSSICO DE CONCEITO AMPLIADO DE


ATO ILÍCITO ATO ILÍCITO
Previsão no art. 186, CC Previsão no art. 187, CC
Art. 186. Aquele que, por ação Art. 187. Também comete ato
ou omissão voluntária, ilícito o titular de um direito que,
negligência ou imprudência, ao exercê-lo, excede
violar direito e causar dano a manifestamente os limites
outrem, ainda que impostos pelo seu fim
exclusivamente moral, comete econômico ou social, pela boa-fé
ato ilícito. ou pelos bons costumes.

Ato ilícito SUBJETIVO Ato ilícito objetivo (OU ABUSO


DE DIREITO)
Está pautado na culpa lato sensu. É
um conceito culposo Referência não está pautada na culpa
e sim, na violação da confiança.

Também é chamado de abuso do


direito.

Abuso de direito:
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• Segundo Limongi França, é ato jurídico de objeto lícito, mas cujo


exercício, levado a efeito sem a devida regularidade, acarreta resultado
ilícito.

• Elementos do abuso do direito:


1) Exercício de um direito pelo seu titular
2) Excesso no exercício violando a boa-fé, bons costumes e a função
social e econômica
• A responsabilidade civil oriunda o Abuso de Direito é uma
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
(Enunciado 37 da I Jornada de Direito
Civil).
• Exemplos:
- Propaganda abusiva;
- Greve abusiva;
- Abuso no processo;
- Abuso do direito de propriedade.

A prática de sham litigation (litigância simulada)


configura ato ilícito de abuso do direito de ação,
podendo gerar indenização por danos morais e
materiais.
O ajuizamento de sucessivas ações judiciais, desprovidas de
fundamentação idônea e intentadas com propósito doloso,
pode configurar ato ilícito de abuso do direito de ação ou de
defesa, o denominado assédio processual. STJ. 3ª Turma.
REsp 1817845-MS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em 10/10/2019
(Info 658). Trata-se daquilo que, nos Estados Unidos, ficou
conhecido como “sham litigation” (litigância simulada), ou
seja, a “ação ou conjunto de ações promovidas junto ao
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Poder Judiciário, que não possuem embasamento sólido,


fundamentado e potencialidade de sucesso, com o objetivo
central e disfarçado de prejudicar algum concorrente direto
do impetrante, causando-lhe danos e dificuldades de ordem
financeira, estrutural e reputacional.” (CORRÊA, Rogério.
Você sabe o que é Sham Litigation?).

5. RESPONSABILIDADE CIVIL

5.1 Responsabilidade Civil Contratual X Extracontratual

TIPOS DE RESPONSABILIDADE
EXTRACONTRATUAL
CONTRATUAL (AQUILIANA)
Tem origem na INEXECUÇÃO Decorre da violação de um dever
CONTRATUAL, decorre da relação geral de abstenção.
contratual existente.
ü Ônus da prova: deve-se
ü Ônus da prova: basta demonstrar DANO + CONDUTA
comprovar o CULPOSA + NEXO DE
INADIMPLEMENTO. CAUSALIDADE.

ü Mora: automática. ü Mora: não é automática.

A) RC Contratual: tem origem na INEXECUÇÃO CONTRATUAL,


decorre da relação contratual existente.

Ônus da prova: basta comprovar o INADIMPLEMENTO


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A culpa é presumida

Mora: automática.

Ex.: Se há o inadimplemento de uma relação contratual em que há danos


suportados pelo outro contratante, incide a lógica da responsabilidade
contratual.

B) RC Extracontratual (aquiliana): Decorre da violação de um dever geral


de abstenção.
Ônus da prova: Em regra, cabe à vítima demonstrar DANO + CONDUTA
CULPOSA + NEXO DE CAUSALIDADE

Exige a demonstração da culpa

Mora: não é automática

Ex.: Alguém atropela um transeunte na rua. Incide a responsabilidade


extracontratual.

5.2 Elementos da Responsabilidade Civil (ou pressupostos do dever de


indenizar):

1) Conduta humana;
2) Culpa genérica ou latu sensu (Na responsabilidade subjetiva)
- Dolo;

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- Culpa strictu sensu.


3) Nexo de causalidade;
4) Dano ou prejuízo.

5.2.1 Conduta
É o comportamento voluntário e consciente humano que pode ser positivo
(ação) ou negativo (omissão) causador do prejuízo, idôneos para justificar a
responsabilidade civil, com obrigação de indenizar.

Espécies de conduta que geram responsabilidade civil:


• Conduta direta ou própria – corresponde à conduta do próprio agente
que responde pelo fato negativa

• Conduta indireta ou imprópria –correspondendo ao fato de 3º ou ao


fato da coisa (veremos adiante a responsabilidade civil pelo fato da coisa,
fato do animal, etc.)

5.2.2 Culpa genérica

Culpa é o elemento anímico da responsabilidade civil. Só se analisa na RC


SUBJETIVA

Na culpa genérica (lato sensu), analisamos:


a) Dolo: Violação intencional do dever jurídico com objetivo de prejudicar
alguém.

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b) Culpa strictu sensu: Possui os seguintes elementos, segundo Sérgio Cavalieri:


• Conduta voluntária com resultado involuntário;
• Previsão ou previsibilidade;
• Falta de cuidado, cautela, diligência ou atenção.

ATENÇÃO: Na RC Subjetiva, a culpa é pressuposto, elemento


caracterizador da responsabilização. Mas para fins de fixação de
indenização, a culpa não influenciará no quantum debeatur.

-­‐ A indenização – o quantum debeatur – é ficado com base na


extensão do dano (art. 944, CC/02)

-­‐ O juiz pode reduzir equitativamente a indenização quando a


culpa for leve ou levíssima, malgrado o dano seja extenso em
razão da excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e
do dano (art. 944, §ú, CC/02)

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
eqüitativamente, a indenização

-­‐ O juiz não pode ampliar a indenização se o dano foi


pequeno embora a culpa tenha sido grave sob pena de
enriquecimento ilícito (C. Chaves).

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-­‐ A redução equitativa da indenização com base na


desproporção entre grau de culpa e proporção do dano
pode ser realizada “ex officio” pelo juiz.

CLASSIFICAÇÃO DA CULPA STRICTU SENSU:

(a) Quanto à origem:


• Culpa contratual;
• Culpa extracontratual ou aquiliana.

(b) Quanto à atuação do agente:


• Culpa in comittendo: Imprudência (ação);
• Culpa in omittendo: Negligência (omissão).

(c) Quanto ao critério de análise:


• Culpa in concreto: Aplica-se a conduta conforme o caso concreto;
• Culpa in abstrato: Considera o homem médio.

(d) Quanto à presunção:


• Culpa in vigilando: Quebra do dever legal de vigilância. Ex: Dever
dos pais em relação aos filhos;
• Culpa in elegendo: Decorre da escolha feita pela pessoa a ser
responsabilizada;
• Culpa in custodiendo: Falta de cuidado ao guardar a coisa ou o
animal.

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* ATENÇÃO: A doutrina majoritária entende que as hipóteses de culpa in


vigilando e in custodiendo são responsabilidade objetiva.

* ATENÇÃO: Culpa presumida: (i) na responsabilidade contratual, (ii) na


culpa contra a legalidade (construção jurisprudencial)

- Na culpa contra a legalidade há uma presunção de culpa do agente quando a


sua conduta constitui na violação de uma norma. Ex.: responsabilidade
automobilística – sem habilitação ou acima da velocidade permitida.

O fato de o condutor do veículo estar embriagado gera uma presunção de


que ele é o culpado pelo acidente de trânsito
Em ação destinada a apurar a responsabilidade civil decorrente de
acidente de trânsito, presume-se culpado o condutor de veículo
automotor que se encontra em estado de embriaguez, cabendo-lhe o
ônus de comprovar a ocorrência de alguma excludente do nexo de
causalidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1749954-RO, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 26/02/2019 (Info 644).

(e) Quanto ao grau de culpa:


• Grave;
• Leve/ média;
• Levíssima.

Fique de olho na súmula!

Súmula 145, STJ - NO TRANSPORTE


DESINTERESSADO, DE SIMPLES CORTESIA, O

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TRANSPORTADOR SÓ SERÁ CIVILMENTE


RESPONSÁVEL POR DANOS CAUSADOS AO
TRANSPORTADO QUANDO INCORRER EM DOLO
OU CULPA GRAVE.

5.2.3 Nexo de causalidade

Elemento imaterial ou virtual da responsabilidade civil, sendo relação de causa


e efeito entre a conduta culposa ou o risco criado e o dano suportado por
alguém.

Em outras palavras: para haver a responsabilidade civil, é necessário que o


dano decorra da conduta do agente.

Teorias:
• Teoria da equivalência das condições (sinequa non): Todos os fatos
relativos ao evento danoso geram a responsabilidade civil. Amplia muito o
nexo de causalidade, motivo pelo qual nunca foi adotada no Brasil.

• Teoria da causalidade adequada: Somente o fato relevante ao evento


danoso gera a responsabilidade civil

ü Defendida por Sérgio Cavalieri, Caio Mário e Aguiar Dias

Temos uma previsão implícita dessa teoria no art. 403, CC, na expressão “por
efeito dela direto e imediato”.

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Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor,


as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros
cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do
disposto na lei processual.

Obs.: Essa tese era unânime antigamente. Entretanto, de tempos para cá ela
vem sendo rebatida porque, pela teoria da causalidade adequada, a
investigação dessa causa mais próxima/imediata é feita em abstrato, “de
acordo com as regras de experiência comum**”, e não à luz do caso concreto.
A análise em abstrato da causalidade é a grande crítica que recai sobre essa
teoria, motivo pelo qual surge a 3ª teoria.

Teoria da causalidade necessária/teoria dos danos diretos e imediatos:


STJ

Pela teoria da causalidade necessária/ teoria dos danos diretos e imediatos,


entra no nexo causal apenas as causas necessárias de acordo com a análise do
caso concreto.

Em outras palavras: a apuração da causa determinante deve ser feita no caso


concreto. Nessa verificação, é possível constatar o desdobramento ou
rompimento do nexo de causalidade.

ü Essa teoria já foi adotada pelo STF e STJ

ü A doutrina majoritária entente que o art. 403 adota a Teoria da


Causalidade direta e imediata: (i) O dano deve decorrer direta e
imediatamente da conduta antecedente, (ii) O dano deve estar unido
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etiologicamente à conduta do agente.

a) Excludentes do nexo de causalidade

1. Culpa exclusiva da vítima;


2. Culpa ou fato exclusivo de terceiro;

Obs.1: Exclui o nexo de causalidade desde que não seja uma das hipóteses de
responsabilidade civil por fato de 3º previstas no art. 932, CC/02 (veremos
adiante)

Obs.2.: Quanto ao fato exclusivo de terceiro, temos 2 exceções: 2 hipóteses


em que o fato exclusivo de terceiro não irá excluir o nexo causal:

(1) Responsabilidade contratual do transportador por acidente com passageiro


(art. 735, CC)

Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por


acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro,
contra o qual tem ação regressiva.

(2) Responsabilidade das instituições financeiras perante seus clientes em


fraudes praticadas por terceiro

Súmula 479, STJ: "As instituições financeiras respondem


objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito
de operações bancárias."

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Obs.3: Jurisprudência:
a) STJ - Arremesso de pedra em trem. É fato de 3º que exclui a
responsabilidade objetiva do transportador (REsp 108.757, SP)
b) STJ - Bala perdida é fato de 3º. (REsp 613.402, SP).

a) Caso fortuito e força maior.

Obs.: Caso fortuito interno x caso fortuito externo: diferenciação muito


aplicada pela doutrina e pela jurisprudência:

Caso fortuito externo - temos um evento inevitável alheio à natureza da


atividade desenvolvida pelo agente causador do dano. Ou seja, se encontra
fora do âmbito de organização do agente causador do dano.

Caso fortuito interno - a contrário senso, temos um evento inevitável, mas que
está dentro do âmbito de organização do agente causador do dano, sendo
inerente à natureza da atividade.

Relevância prática dessa diferença: Apenas o fortuito externo afasta o


dever de indenizar.

Responsabilidade civil por falha dos correios no


transporte de cargas: Um roubo praticado mediante uso
de arma de fogo é considerado pela jurisprudência como
sendo um fortuito externo (força maior), sendo causa de
exclusão da responsabilidade. Não é razoável exigir que os
prestadores de serviço de transporte de cargas alcancem
absoluta segurança contra roubos, uma vez que segurança
pública é dever do Estado. Igualmente, não há imposição

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legal obrigando as empresas transportadoras a contratarem


escoltas ou rastreamento de caminhão e, sem parecer técnico
especializado, dadas as circunstâncias dos assaltos, nem
sequer é possível presumir se, no caso, a escolta armada, por
exemplo, seria eficaz para afastar o risco ou se, pelo contrário,
agravaria-o pelo caráter ostensivo do aparato. STJ. 4ª Turma.
REsp 976564-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
20/9/2012.

5.2.4 Dano ou prejuízo

o Danos clássicos (tradicionais): Danos materiais e danos morais;


o Danos contemporâneos: Danos estéticos, danos morais coletivos,
danos sociais, danos pela perda de uma chance.

a) Danos patrimoniais ou materiais


São prejuízos ou perdas que atingem o patrimônio corpóreo de alguém.
Podem ser:
o Danos emergentes ou danos positivos: O que efetivamente se
perdeu;
o Lucros cessantes ou danos negativos: O que razoavelmente se
deixou de lucrar.

ALIMENTOS INDENIZATÓRIOS

É devida a indenização a título de lucros cessantes aos dependentes do


falecido, tendo em conta a vida provável do de cujus, e NÃO cabe prisão pela
falta de pagamento (Note que é diferente da prisão civil por alimentos do
Direito de Família).

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- Se morte de pai do menor: O autor do dano deve pagar pensão ao filho


menos até os 25 anos, quando se presume ter concluído a sua formação,
incluindo-se a universidade.

- Falecimento de filho menor e família de baixa renda (STJ):


• No período em que o filho teria entre 14 a 25 anos: os pais devem
receber pensão equivalente a 2/3 do salário mínimo;
• No período em que o filho teria acima de 25 anos até 65 anos: os pais
devem receber pensão equivalente a 1/3 do salário mínimo.

- Parâmetros:
• 14 anos é a idade em que a pessoa começa a trabalhar como
aprendiz: ANTES NÃO pode ter atividade remunerada;
• 25 anos é a idade em que as pessoas em geral se casam e passam a
ajudar menos aos pais;
• 65 anos é a expectativa de vida considerada pela jurisprudência, o
que pode ser majorada, a depender dos dados do IBGE.

- STJ (Info 578): O fato de a vítima de ato ilícito com resultado morte
possuir, na data do óbito, idade superior à expectativa média de vida
do brasileiro não afasta o direito de seu dependente econômico ao
recebimento de pensão mensal, que será devida até a data em que a
vítima atingiria a expectativa de vida prevista na tabela de sobrevida
(Tábua Completa de Mortalidade) do IBGE vigente na data do óbito,

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considerando-se, para os devidos fins, o gênero e a idade da vítima.

- 13º Salário: O autor do ilícito deverá pagar aos pais do falecido, ao final de
todos os anos, uma parcela extra da pensão, como se fosse o 13º salário,
desde que comprovado que a vítima exercia atividade laboral à época em que
sofreu o evento morte.

- Súmula 490, STF - A pensão correspondente à indenização oriunda de


responsabilidade civil deve ser calculada com base no salário-mínimo
vigente ao tempo da sentença e ajustar-se-á às variações ulteriores.

- STJ (Info 580): Na responsabilidade civil extracontratual, se


houver a fixação de pensionamento mensal, os juros
moratórios deverão ser contabilizados a partir do vencimento
de cada prestação, e não da data do evento danoso ou da
citação. Não se aplica ao caso a súmula 54 do STJ, que
somente tem incidência para condenações que são fixadas em
uma única parcela.

São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos


do mesmo fato (Súmula 37, STJ).

Na indenização de anos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a


atualização de seu valoro, utilizando-se, para esse fim, dentre outros
critérios, dos índices de correção monetária (Súmula 562, STF).

b) Danos morais
É lesão ao direito de personalidade.
NÃO há finalidade de acréscimo patrimonial para a vítima, mas de
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compensação pelos males suportados. Por isso, a jurisprudência entende que


NÃO incide imposto de renda sobre os valores recebidos a título de danos
morais (Súmula 498, STJ).

A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide


desde a data do arbitramento (Súmula 362, STJ).

I) Classificação:
o Quanto ao sentido:
o Dano moral em sentido próprio: É tudo o que a pessoa sente;
o Dano moral em sentido impróprio ou amplo: É qualquer
lesão aos direitos de personalidade (não necessita prova do
sofrimento em si para a sua caracterização).

o Quanto à necessidade de prova:


o Dano moral provado (dano moral subjetivo);
o Dano moral presumido (objetivo ou in re ipsa).

- STJ (Info 598): A conduta de um adulto que pratica


agressão verbal ou física contra criança ou adolescente
configura elemento caracterizador da espécie do dano
moral in re ipsa.

- STJ (Info 612): A privação da liberdade por policial fora do


exercício de suas funções e com reconhecido excesso na
conduta caracteriza dano moral in re ipsa.

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- STJ (Info 627): Os danos decorrentes de acidentes de


veículos automotores sem vítimas não caracterizam dano
moral in re ipsa.

- STJ (REsp 1628700/MG – 2018): O dever de indenização


por dano à imagem de criança veiculada sem a autorização do
representante legal é in re ipsaa

I) Quanto à pessoa atingida:


a Dano moral direto: Atinge a própria pessoa, a sua honra
subjetiva (autoestima) ou objetiva (repercussão social da honra);
b Dano moral indireto (DANO MORAL EM RICOCHETE):
Atinge a pessoa de forma reflexa. Ex: Morte de familiar.

DANO EM RICOCHETE E PREJUIZO DE AFEIÇÃO


- Prejuízo de afeição: É o dano extrapatrimonial sofrido pelos familiares da
pessoa morta.
- Dano em ricochete: É o dano moral que atinge as vítimas por ricochete,
considerando que a vítima é o falecido e seus familiares são afetados
reflexamente pelo evento.

II) Natureza jurídica dos danos morais:


1ª Corrente: Intuito reparatório ou compensatório;
2ª Corrente: Intuito punitivo;
3ª Corrente: Caráter principal reparatório e caráter pedagógico

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acessório (PREVALECE).

III) Questões importantes:


• O mero descumprimento contratual NÃO enseja danos morais, SALVO
se envolver valores fundamentais. Ex: Plano de saúde;

• A pessoa jurídica pode sofrer dano moral (honra objetiva): Súmula 227,
STJ.

• A gravidade do dano deve ser medida por padrão objetivo e em função


da tutela do direito.

• STJ: O espólio NÃO tem legitimidade para postular indenização pelos


danos materiais e morais supostamente experimentados pelos herdeiros,
ainda que aleguem que os referidos danos teriam decorrido de erro
médico de que fora vítima o falecido.

• Súmula 624, STJ - É possível cumular a indenização do dano moral com


a reparação econômica da Lei n. 10.559/2002 (Lei da Anistia Política).

• Súmula 420, STJ - Incabível, em embargos de divergência, discutir o


valor de indenização por danos morais.

• Súmula 402, STJ - O contrato de seguro por danos pessoais compreende


os danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão.
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• Súmula 388, STJ - A simples devolução indevida de cheque caracteriza


dano moral.

• Súmula 385, STJ - Da anotação irregular em cadastro de proteção ao


crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente
legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.

• Súmula 370, STJ - Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de


cheque pré-datado.

• Súmula 326, STJ - Na ação de indenização por dano moral, a


condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica
sucumbência recíproca.

• Súmula 403, STJ - Independe de prova do prejuízo a indenização pela


publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou
comerciais.

Inf. 614, STJ – 2017:


A Súmula 403 do STJ é inaplicável às hipóteses de divulgação
de imagem vinculada a fato histórico de repercussão social.
Caso concreto - a TV Record exibiu reportagem sobre o
assassinato da atriz Daniela Perez, tendo realizado, inclusive,
uma entrevista com Guilherme de Pádua, condenado pelo
homicídio. Foram exibidas, sem prévia autorização da família,
fotos da vítima Daniela. O STJ entendeu que, como havia
relevância nacional na reportagem, não se aplica a Súmula 403
do STJ, não havendo direito à indenização. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.631.329-RJ,
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c) Danos contemporâneos
I. Danos estéticos: Ocorre quando a pessoa sofre anomalias estéticas
permanentes.
- É dano presumido: RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
- DANO ESTÉTICO X DANOS MORAIS: No dano estético, há alteração
morfológica da formação corporal. SÚMULA 387 STJ: É possível a
cumulação das indenizações de dano estético e moral.

II. Danos morais coletivos: É dano que atinge, ao mesmo tempo, vários
direitos da personalidade, de pessoas determinadas ou determináveis (danos
morais somados ou acrescidos).

III. Danos sociais: Decorrem de condutas socialmente reprováveis ou


comportamentos negativos.
- São danos difusos, envolvendo direitos dessa natureza, em que as vítimas são
indeterminadas ou indetermináveis.
- Podem gerar repercussões materiais ou morais.
- O valor da indenização deve ser destinado a um fundo de proteção.

DANOS MORAIS COLETIVOS DANOS SOCIAIS OU DIFUSOS


- Atingem vários direitos de - Causam rebaixamento no nível de
personalidade. vida da coletividade.
- Direitos individuais homogêneos ou - Direitos difusos: vítimas
coletivos em sentido estrito: vítimas indeterminadas.
determinadas ou determináveis.

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- A indenização é destinada às - A indenização é destinada a um


próprias vítimas. fundo de proteção ou instituição de
caridade.

IV. Danos pela perda de uma chance: Ocorre quando a pessoa vê


frustrada uma expectativa, oportunidade futura que, dentro da lógica razoável,
ocorreria se as coisas seguissem o seu curso normal.

Não é a subtração de um ganho certo. É a retirada de uma oportunidade de


outrem. Corresponde a um juízo de probabilidade, de oportunidade.

- Requisitos:
• Dano real;
• Atual;
• Certo.

Solução jurídica do STJ – indenização proporcional à chance de êxito


perdida. Ex.: No caso do show do milhão, o STJ fixou em ¼ de 500 mil em
razão das 4 proposições que levariam a resposta da pergunta.

Obs.: STJ: O simples fato de advogado ter perdido o prazo para interpor
recurso NÃO enseja a aplicação dessa teoria.

5.3 Notas sobre algumas espécies de Responsabilidade Civil previstas


no CC/02:

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5.3.1 Responsabilidade Civil do Incapaz

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se


as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de
fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que
deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o
incapaz ou as pessoas que dele dependem.

• Emancipação e responsabilidade civil dos pais:


- Emancipação voluntária: NÃO afasta a responsabilidade civil dos
pais;
- Emancipação legal: AFASTA a responsabilidade civil dos pais

• A responsabilidade do civilmente incapaz é subsidiária e


condicionada:

(a) Subsidiária: (art.. 928, caput)


-­‐ O incapaz só responde se os responsáveis não tiverem a
obrigação de fazê-lo
-­‐ Incapaz só responde apenas se os responsáveis tinham a
obrigação de fazer, mas não dispuserem de meios suficientes

(b) Condicionada (art. 928, §único)


-­‐ O incapaz somente responde se não lhe privar do necessário ou
não privar do necessário as pessoas que dele dependam.

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O art. 928, §único traz uma exceção/mitigação a essa regra geral da


reparação integral, justificável por uma tutela diferenciada do incapaz. Nesse
caso, o juiz prevê a possibilidade de redução ou exclusão da reparação se ela
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

STJ (Info 599): Os incapazes (ex: filhos menores), quando


praticarem atos que causem prejuízos, terão responsabilidade
subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos
termos do art. 928 do CC. Subsidiária: porque apenas
ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para
ressarcir a vítima. Condicional e mitigada: porque não poderá
ultrapassar o limite humanitário do patrimônio mínimo do
infante. Equitativa: tendo em vista que a indenização deverá
ser equânime, sem a privação do mínimo necessário para a
sobrevivência digna do incapaz. A responsabilidade dos pais
dos filhos menores será substitutiva, exclusiva e não solidária.

Obs.1: Em ação indenizatória decorrente de ato ilícito, não há litisconsórcio


necessário entre o genitor responsável pela reparação (art. 932, I, do CC)
e o menor causador do dano. É possível, no entanto, que o autor, por sua
opção e liberalidade, tendo em conta que os direitos ou obrigações derivem
do mesmo fundamento de fato ou de direito, intente ação contra ambos – pai
e filho –, formando-se um litisconsórcio facultativo e simples.

A responsabilidade subsidiária do incapaz se justifica em razão da


responsabilidade civil indireta dos pais por danos causados por filhos
menores, prevista no art. 932, I.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:


I - Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia;

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O art. 932, I aplica-se em caso de filhos menores sujeitos ao poder familiar.

Ex.: em caso de adoção, o pai biológico deixa de ter responsabilidade civil


indireta em razão da adoção, ao passo que o pai adotivo passa a ter a
responsabilidade civil indireta.

Ex.: No caso de término do poder familiar em razão da maioridade, também


cessa a incidência do art. 932, I, CC.

ENTENDA: O art. 932 do CC prevê que os pais são responsáveis pela


reparação civil em relação aos atos praticados por seus filhos menores que
estiverem sob sua autoridade e em sua companhia. O art. 932, I do CC, ao se
referir à autoridade e companhia dos pais em relação aos filhos, quis explicitar
o poder familiar (a autoridade parental não se esgota na guarda),
compreendendo um plexo de deveres, como proteção, cuidado, educação,
informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância
investigativa e diária, sendo irrelevante a proximidade física no momento em
que os menores venham a causar danos. Em outras palavras, não há como
afastar a responsabilização do pai do filho menor simplesmente pelo fato de
que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no momento da conduta.

Obs.: Atenção: Exceção à sistemática da responsabilidade civil indireta:


Regra geral: art. 934 prevê o direito de regresso. Ou seja, o responsável
indireto que indeniza a vítima em razão de dano causado pelo responsável
direto, tem o direito de regresso contra este.

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Ex.: o empregador que repara o dano causado pelo empregado tem o direito
de regresso em face do empregado, caso ele tenha agido com dolo/culpa.

Exceção: Não há direito de regresso em relação a pais e filhos. Ou seja,


o pai/mãe que repara um dano causado pelo filho menor não tem direito de
regresso contra este, tendo em vista a exceção do art. 934, parte final.

Fique de olho na jurisprudência!

Pais de menor que causou acidente de trânsito possuem


o dever de indenizar a vítima
Um menor, após ingerir bebida alcoólica, pegou o carro que
pertencia à empresa de sua família e foi dirigir levando um
amigo no carona. O menor conduzia o automóvel em alta
velocidade e, após perder o controle em uma curva, colidiu
com um poste, ocasionando graves lesões no amigo que
resultaram, inclusive, na amputação parcial de um de seus
braços. O STJ afirmou que os pais e a empresa proprietária
do veículo são responsáveis solidariamente pelo pagamento
da indenização à vítima (amigo que estava no banco do
carona). Em regra, a responsabilidade civil é individual de
quem, por sua própria conduta, causa dano a outrem. Porém,
em determinadas situações, o ordenamento jurídico atribui a
alguém a responsabilidade por ato de outra pessoa – como no
caso em questão, em que cabe aos pais reparar os danos
causados pelo filho menor, conforme prevê o art. 932 do
Código Civil. Além disso, em matéria de acidente
automobilístico, o proprietário do veículo responde objetiva e
solidariamente pelos atos culposos de terceiro que o conduz e
que provoca o acidente. Assim, a empresa proprietária do
veículo também tem responsabilidade. A vítima terá que ser
indenizada porque o menor agiu com culpa grave, nos termos
da Súmula 145 do STJ: “No transporte desinteressado, de
simples cortesia, o transportador só será civilmente
responsável por danos causados ao transportado quando
incorrer em dolo ou culpa grave”. STJ. 3ª Turma. REsp

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1637884/SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em


20/02/2018.

5.3.2 Responsabilidade Civil por Atos de Outrem:

Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial,


os empresários individuais e as empresas respondem
independentemente de culpa pelos danos causados pelos
produtos postos em circulação.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:


I - Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia;

OBS.: Segundo entendimento do STJ, o fim da


relação de conjugalidade, em princípio, em nada
influencia na atribuição de responsabilidade
objetiva aos pais do menor, pois a regra no direito
brasileiro é a guarda compartilhada, em que se
verifica a estreita convivência entre filhos e
genitores. Nesse caso, portanto, ainda que o filho
menor estivesse na companhia exclusiva de um dos
genitores no momento do ato danoso, ambos
respondem solidariamente. No entanto, se a guarda
tiver sido atribuída de forma exclusiva a um dos
genitores, que tem o menor em sua constante
companhia, apenas o guardião responderá pelo
dano.

II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se


acharem nas mesmas condições;

III - o empregador ou comitente, por seus empregados,


serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes
competir, ou em razão dele;

OBS.: Súmula 341, STF - É presumida a culpa do


patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou
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preposto.

IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou


estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para
fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e
educandos;

“A responsabilidade do estabelecimento de ensino


por dano causado por menor de idade, fundada no
932, inciso iv, do código civil, não permite o direito
de regresso contra os pais, tendo em conta a
transferência da posse de fato da criança, sendo
unicamente responsável a escola” (TJRS, 10ª C.C.,
AP. CÍV. 70024551392, REL. DES. JORGE
ALBERTO SCHREINER PESTANA, JULG.
28.5.2009.)

V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos


do crime, até a concorrente quantia.

ATENÇÃO
:
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali
referidos.

—> Respondem independentemente de culpa pelos


atos de terceiros = Responsabilidade objetiva dos
responsáveis.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem


pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou
relativamente incapaz.

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5.2.3 Responsabilidade Pelo Fato do Animal

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano


por este causado, se não provar culpa da vítima ou força
maior.

O CC adotou a Teoria da Guarda (advinda do Código Francês): a


responsabilidade não recai necessariamente sobre o dono. Ou seja, apesar de o
art. referir-se apenas ao dono, é possível haver responsabilidade civil das
pessoas que estão promovendo a guarda do animal.

Ex.: Se o animal causar dano enquanto estiver no pet shop, a responsabilidade


civil será do pet shop.

Ex.: Empresas que promovem passeios de cachorros. Se há um dano causado


pelo cachorro a terceiro, incidirá a responsabilidade civil sobre a empresa.

5.3.4 Responsabilidade Por Ruína De Edifício E Queda De Partes Não


Integrantes

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos


danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de
reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde


pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem
lançadas em lugar indevido.

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O art. 937 é aplicado no caso de a ruína ser total ou parcial. Ou seja, não é
necessário que o prédio caia por inteiro, podendo haver apenas a queda de
partes integrantes do edifício.

Ex.: Queda de marquises – é parte integrante do edifício e se trata de uma


ruina parcial.

No caso de ruina total ou parcial, a responsabilidade civil recai sobre o dono


- mesmo em caso de locação ou comodato

Já o art. 938 prevê a responsabilidade por queda de partes não integrantes, ou


seja, por coisas não pertencentes ao prédio.

Ex.: Ocorre quando o vaso de planta que se encontra na janela de algum


morador cai na rua e causa algum dano.

Nesse caso, a responsabilidade civil não se concentra no dono, mas naquele


que o habita, podendo recair sobre locatário ou usufrutuário. A
responsabilidade é objetiva

Pergunta de concurso: Diferença entre os arts. 937 e 938 –


CAI MUITO EM PROVA OBJETIVA:

No caso de locação, se cair parte integrante do edifício: quem responde não é


o locatário, mas sim o locador, pois o art. 937 afirma que a responsabilidade

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civil é do dono. No caso de parte não integrante, quem responde é o locador


ou usufrutuário por exemplo.

5.4 Independência das Instâncias

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal,


não se podendo questionar mais sobre a existência do fato,
ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se
acharem decididas no juízo criminal.

Regra: A regra geral é a independência entre os juízos cível e criminal

Exceção: art. 935 contempla 2 exceções:


Se a materialidade ou autoria estiverem sido afastadas no juízo criminal, não é
possível questionar isso no juízo cível. (Essa decisão do juízo criminal vincula
o juízo cível).

a)Se a materialidade (existência do fato) estiver sido dirimida no juízo criminal

b) Se a autoria estiver sido dirimida no juízo criminal

ATENÇÃO!!! O art. 65, CPP prevê mais uma exceção: Excludente de


ilicitude reconhecida no juízo criminal. Ou seja, a sentença penal que
reconhece a excludente de ilicitude vincula o juízo cível.

DICA: remissão do art. 935, CC para o art. 65, CPP.

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Referências bibliográficas:
Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil.
Cristiano Chaves. Código Penal Para Concursos
Fabrício Carvalho – CEAP
Dizer o Direito: www.dizerodireito.com.br

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