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AO DOUTO JUÍZO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE BARRA DO GARÇAS,

ESTADO DE MATO GROSSO.

MARCELO PERCILIANO DE OLIVEIRA, brasileiro, agente de


portaria, união estável, portador da cédula de identidade RG nº 693030 expedida pela SSP RO
e inscrito no CPF sob o nº 749.837.842-68, com Endereço Eletrônico:
marcelo2561@hotmail.com, Contato Telefônico (66) 9.9221-1784, residente e domiciliado à
Rua Olavo Bilac, Qd 536, Lote 23-A, Bairro Jardim Nova Barra do Garças, Cidade de Barra do
Garças/MT, CEP 78.600-695, por intermédio do seu advogado que esta subscreve, mandato
incluso, tendo seu escritório profissional localizado à Rua Mato Grosso, nº 368 – Esq. c/ Rua
Bororos, Centro, Barra do Garças/MT, CEP 78.600-023, onde recebe intimações e notificações,
vem, com o máximo respeito, à honrosa presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM RAZÃO DE VÍCIO DO


PRODUTO (SISTEMA DE AIRBAG NÃO ACIONADO)

em face de TOYOTA DO BRASIL LTDA, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 59.104.760/0001-


91, sediada na Rua Max Mangels Senior, nº 1024, Bairro Planalto, São Bernardo do Campo, SP,
CEP: 09895-510, Endereço Eletrônico: FISCAL@TOYOTA.COM.BR, Contato Telefônico:
11 43905100, o que faz ante os fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:
I. PRELIMINARMENTE DA CONCESSÃO DOS
BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA.

Inicialmente, requer os benefícios da gratuidade da justiça na sua


integralidade, com esteio nos incisos I a IX, do §1º do art. 98, do CPC, face sua insuficiência de
recursos, não tendo à parte condição de arcar com o pagamento das custas, despesas processuais
e os honorários advocatícios, conforme reza o art. 98 e 99, do Código de Processo Civil.
O Autor, por força da própria estrutura econômica-social que vive, não
dispõe de recursos financeiros para arcar com custas e despesas processuais sem prejuízo de sua
mantença ou do sustento de sua família, pelo que declara ser pessoa pobre na acepção legal do
termo, nos termos da declaração de hipossuficiência anexa.
Isto posto, a impossibilidade momentânea de arcar com as custas processuais
não pode significar, na prática, exclusão de lesão ou ameaça de lesão a direito do crivo do
Judiciário, sob pena de ofensa ao princípio constitucional da inafastabilidade.
Diante do exposto, REQUER a concessão dos benefícios da Assistência
Judiciária Gratuita, nos termos da Lei nº 1.060/50 e da garantia insculpida no art. 5º, inciso
LXXIV, da nossa Carta Magna.

II. SÍNTESE DOS FATOS

Na data de 27 de maio de 2023, por volta das 08 horas, Autor e primo de sua
convivente Douglas Lopes da Silva, trafegavam pela rodovia MT-100 (sentido o município de
Luciara) com o veículo marca Toyota/Etios SD X, ano fabricação 2016, ano modelo 2016, cor
branca, placa QBL 2121 de Pontal do Araguaia/MT, sendo o mesmo conduzido pelo Autor, e
com Douglas Lopes da Silva no banco frontal do passageiro, quando, de abrupto, veio a perder
o controle direcional do veículo e chocar-se violentamente contra árvore, conforme demonstra
as fotos constantes.

Todavia, o veículo que conduzia, não acionou o sistema de Airbag, o que


dificultou a proteção da integridade do Autor, mesmo com este utilizando os cintos de
segurança, o que evidencia o vício no produto, tendo em vista que colocou em risco a vida do
Autor/passageiro, e, sendo item de segurança deveria ter sido acionado.

Vejamos:
As imagens fotográficas demonstram que o automóvel conduzido pelo
Autor, quando do acidente de trânsito, sofreu extensos danos na parte dianteira em vista do
impacto frontal com a árvore, após saída de pista e projeção contra a mesma.

O Autor sofreu lesões abdominais e hematoma na região da clavícula.

Como consequência de um impacto frontal severo, o sistema de Airbag


juntamente com os cintos de segurança ajuda a prevenir ou reduzir ferimentos, inflando de
forma a reduzir o impacto na cabeça do motorista e passageiro dianteiro, contra o volante e
painel de instrumentos.

A ocorrência do acidente, juntamente com a falta do acionamento do sistema


de Airbag e o dano causado ao Autor é incontroverso na presente lide.

A lesão corporal sofrida pelo Autor está fartamente demonstrada pelas


fotografias (anexa), que estabelece a necessária relação entre dita lesões e o acidente de consumo
em questão.

Pertinente esclarecer que no próprio dia do acidente a seguradora guinchou


o veículo e foram dadas as iniciativas pela indenização integral, tendo em vista a impossibilidade
de conserto do veículo. Documentação anexa.

Outrossim, conforme, cópia anexa, comprova-se que problemas com o


sistema de segurança Airbag nos veículos Toyota, modelo Etios Hatch e Sedan tem se mostrado
constantes, tanto que a empresa chamou os consumidores adquirentes dos modelos fabricados
entre 12/01/2015 à 31/03/2017 para Recall do Airbag do motorista e passageiro.

Dessa forma, a Requerida, forneceu um produto que colocou em risco a vida


do Autor pelo não acionamento do sistema de Airbag do veículo que ela própria fabricou. Além
do mais, mesmo com o Recall realizado pela empresa ré, o sistema não funcionou, as fotos do
estado que ficou o veículo após o acidente demonstram claramente que o Autor não morreu
por sorte até porque o principal item de segurança de colisão falhou, mesmo com todo Recall
realizado pela requerida.

A empresa Ré vende segurança em seus veículos e o produto vendido não


funcionou, colocando a vida do Autor e passageiro em risco iminente.

Destarte, busca provimento jurisdicional para condenar a Requerida a


indenizar, pelo dano moral sofrido sendo este refletido pelo trauma psicológico que o Autor
sofreu podendo ter sido vítima fatal no acidente, sendo que o equipamento de segurança sequer
funcionou.
III. DO DIREITO

a) DA APLICAÇÃO DO CDC E A INVERSÃO DO


ÔNUS DA PROVA.

A lide deve ser examinada à luz do artigo 12 do Código de Defesa do


Consumidor: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro e o importador respondem,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, formulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização
e riscos”; “§ 1º - o produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-
se em consideração as circunstâncias relevantes...”; “§ 3° - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador
só não será responsabilizado quando provar: II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito
inexiste”. Tal dispositivo é complementado pelo artigo 18: “os fornecedores de produtos de consumo
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor...”.
Os dispositivos em exame fundam-se na teoria do risco da atividade e na
responsabilidade objetiva do fabricante do produto, porém, o dever de indenizar está embasado
na existência do defeito do produto colocado à disposição do consumidor, assim o fabricante
do veículo só não será responsabilizado se provar que o defeito inexiste (art. 12, §3º, II), vez
que, em se tratando de relação de consumo, há inversão do ônus da prova, ex vi do art. 6º,
VIII da lei consumerista.
Pelo já demonstrado, a existência do direito indenizatório é inequívoca, ante
a face do dano moral in re ipsa, o que independe de comprovação.
As provas documentais com esta exordial demonstram sem sombras de
dúvidas a existência de defeito no componente de segurança do veículo fabricado pela empresa
Ré, restando incontroverso o seu não acionamento.
Desse modo, havendo a inversão do ônus da prova incumbe a Ré comprovar
que o defeito inexiste ou que foi ocasionado por culpa exclusiva do Autor.

Sobre o tema, colaciono entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL.


FATO DO PRODUTO. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO.
NÃO ACIONAMENTO DO AIR BAG. REGRAS DE
INVERSÃO DO P.V. ÔNUS DA PROVA. FATO DO
PRODUTO. INVERSÃO OPE LEGIS. PROVA PERICIAL
EVASIVA. INTERPRETAÇÃO EM FAVOR DO
CONSUMIDOR. 1. A Resolução n. 311, de 3 de abril de 2009,
do Conselho Nacional de Trânsito - Contran, dispõe que o air
bag é "equipamento suplementar de retenção que objetiva
amenizar o contato de uma ou mais partes do corpo do ocupante
com o interior do veículo, composto por um conjunto de
sensores colocados em lugares estratégicos da estrutura do
veículo, central de controle eletrônica, dispositivo gerador de gás
propulsor para inflar a bolsa de tecido resistente" (art. 2º). 2. A
responsabilidade objetiva do fornecedor surge da violação de seu
dever de não inserção de produto defeituoso no mercado de
consumo, haja vista que, existindo alguma falha quanto à
segurança ou à adequação do produto em relação aos fins a que
se destina, haverá responsabilização pelos danos que o produto
vier a causar. 3. Na hipótese, o Tribunal a quo, com relação ao
ônus da prova, inferiu que caberia à autora provar que o defeito
do produto existiu, isto é, que seria dever da consumidora
demonstrar a falha no referido sistema de segurança. 4. Ocorre
que diferentemente do comando contido no art. 6º, inciso VIII
do CDC, que prevê a inversão do ônus da prova "a critério do
juiz", quando for verossímil a alegação ou hipossuficiente a parte,
o § 3º do art. 12 do mesmo Código estabelece - de forma objetiva
e independentemente da manifestação do magistrado - a
distribuição da carga probatória em desfavor do fornecedor, que
"só não será responsabilizado se provar: I - que não colocou o
produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto
no mercado, o defeito inexiste; III- a culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro". É a diferenciação já clássica na
doutrina e na jurisprudência entre a inversão ope judicis (art. 6º,
inciso VIII, do CDC) e inversão ope legis (arts. 12, § 3º, e art. 14,
§ 3º, do CDC). Precedentes. 5. No presente caso, o "veículo Fiat
Tempra atingiu a parte frontal esquerda (frontal oblíqua), que se
deslocou para trás (da esquerda para direita, para o banco do
carona)", ficando muito avariado; ou seja, ao que parece, foram
preenchidos os dois estágios do choque exigidos P.V. para a
detecção do air bag, mas que, por um defeito no produto, não
acionou o sistema, causando danos à consumidora. Em sendo
assim, a conclusão evasiva do expert deve ser interpretada em
favor do consumidor vulnerável e hipossuficiente. 6. Destarte,
enfrentando a celeuma pelo ângulo das regras sobre a
distribuição da carga probatória, levando- se em conta o fato de
a causa de pedir apontar para hipótese de responsabilidade
objetiva do fornecedor pelo fato do produto, não havendo este
se desincumbido do ônus que lhe cabia, inversão ope legis, é de
se concluir pela procedência do pedido autoral com o
reconhecimento do defeito no produto. 7. Recurso especial
provido. (STJ - REsp nº 1306167/ RS (2011/0170262-4), Min.
LUIS FELIPE SALOMÃO – QUARTA TURMA, julgado em
05/03/2014)

b) DA OCORRÊNCIA DO DANO MORAL E SUA


QUANTIFICAÇÃO

Para que o lesado possa ter direito à reparação, necessária se faz a conjugação
dos seguintes pressupostos: a) que sofra dano injusto, de caráter pessoal, moral ou patrimonial,
b) que seja decorrente de fato de terceiros, c) que haja nexo causal entre o evento e a ação do
terceiro.
Restando comprovado que não houve o acionamento do Airbag no momento
do sinistro e inexistindo qualquer prova de que as lesões verificadas no autor tenham decorrido
por outro motivo, configurado se encontra o nexo causal. Portanto, caracterizado os danos
sofridos pelo Autor e o nexo de causalidade entre o mesmo e a falha no Airbag do veículo.
É consabido que em se tratando de danos morais, a fixação deve considerar
o caráter repressivo-pedagógico da reparação, a fim de propiciar à vítima uma satisfação sem
caracterizar enriquecimento ilícito. A fixação da compensação pecuniária deve se ater à natureza,
extensão e intensidade da ofensa sofrida, com abalo da vítima, com abalo das atividades
cotidianas, às condições pessoais e repercussão do dano na vida do Autor e em contrapartida a
capacidade econômica do ofensor e disparidade econômica entre as partes.
Dessa forma, ante os parâmetros acima apresentados, o Autor entende como
razoável o arbitramento a quantia de quantia total de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) pelos
danos morais sofridos, valor que requer seja a Requerida condenada a indenizar o Autor.

IV. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, pelos documentos acostados, é a presente para requerer


se digne Vossa Excelência:

a. deferir ao Autor os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, na


forma da Lei nº 1.060/50, tendo em vista que o mesmo não dispõe de
recursos que permitam custear as despesas do processo sem prejuízo de seu
sustento ou de sua fampilia;
b. receber a presente ação, bem como a citação da empresa Ré, para que
compareça a audiência designada por esse Juízo e, querendo, ofereça a defesa
que tiver, tudo sob pena de revelia e confissão quanto a matéria de fato;
c. após a instrução do feito, julgar procedente a presente ação, condenando
a Requerida no pagamento em favor do Autor indenização por dano moral,
no montante de R$ 40.000,00 ( quarenta mil reais ), ou, entendendo de forma
diversa, em valor a ser arbitrado por esse honrado Juízo, levando-se em conta
todas as circunstâncias em razão da conduta ilícita da Ré;
d. protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, especialmente pelo depoimento do representante legal da
Requerida, sob pena de confissão, testemunha e documentos, bem como a
inversão do ônus da prova, tendo em vista a relação consumerista.
e. Condenar a Requerida, ainda, no pagamento das custas processuais,
honorários advocatícios e demais cominações legais aplicáveis a espécie.

Dá-se a causa o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Barra do Garças/MT, 14 de junho de 2023.

Marks Sandro Rodrigues dos Santos


OAB/MT 30.288

Wesley Eduardo da Silva


OAB/MT 13.617

Roberta Lourenço Silva


OAB/MT 20.409

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