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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ___ a VARA CIVEL DA

COMARCA DE JOINVILLE/SC.

JOÃO DA SILVA, brasileiro, casado, médico, CPF n o


123.456.789-01, RG no 234.567.8, residente e domiciliado
na Rua da Bonança, 456, Centro, Tubarão/SC, por seus
advogados, com escritório localizado na Rua dos
Desesperados, 55, bairro Aeroporto, Tubarão/SC, por,
vem à presença de Vossa Excelência, propor

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS

contra VENDE BEM LTDA., pessoa jurídica de direito


privado, CNPJ no 123.456.789/0001-98, localizada na Rua
do Golpe, 22, bairro Bom Jesus, Joinville/SC,
representada por seu gerente administrativo, PEDRO
MALL ANDRO, brasileiro, solteiro, gerente administrativo,
CPF no 567.584.548-33 , RG no 222.111.21, residente e
domiciliado na rua Maior Mall Andro, 33, bairro
Desaparecida, Joinville/SC, tendo em vista os seguintes
fatos e fundamentos:

DOS FATOS
No dia 20 de abril de 2013 o autor se dirigiu ao
supermercado VENDE BEM LTDA., empresa ré, para realizar compras, onde
deixou no estacionamento seu automóvel BMW X6, ano/modelo 2011, placa
JDS-0001, RENAVAN n. 123456789, avaliado em R$ 408.350,00 (quatrocentos
e oito mil trezentos e cinquenta reais). Após meia hora realizando compras o
autor retornou ao estacionamento e verificou que seu automóvel não estava
mais naquele local.
Diante da infeliz surpresa, o autor solicitou que a gerência
responsável pela ré verificasse o sistema de câmeras, constatando que o
veículo havia sido furtado por dois sujeitos mascarados, já conhecidos por
outros delitos no mesmo supermercado. Além, nas imagens das câmeras
também se identificou que Carla Perez encontrava-se no estacionamento e
presenciou o furto, dispondo-se a testemunhar o que for preciso.
Desolado com o acontecimento o autor reclamou
ressarcimento do prejuízo à ré, que através de seu gerente, e representante na
presente demanda, refutou qualquer possibilidade de ressarcimento, alegando
que o estacionamento é gratuito e tem diversas placas advertindo os clientes
de que não se responsabilizava pela segurança dos veículos ali estacionados.
Concluiu afirmando, que a compra realizada pelo autor não somava mais que
R$ 20,00 (vinte reais), e que o estacionamento era autorizado apenas para
clientes que realizassem compras no valor mínimo de R$50,00 (cinquenta
reais).
Diante dos fatos fez-se necessária a busca pela tutela
judicial, a fim do autor ter ressarcidos seus prejuízos.

DOS DIREITOS

DA RESPONSABILIDADE DA EMPRESA RÉ
 
O direito a indenização por danos materiais encontra-se
expressamente previsto no artigo 5º, incisos V e X da Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
...
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
da indenização por dano material, moral ou à imagem;
...
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação; 

Observados os fatos narrados, não restam dúvidas de


que o automóvel do autor foi furtado nas dependências da empresa ré, e que
tal conflito poderia ser facilmente resolvido caso a mesma abrisse a
possibilidade de entendimento sobre o caso.
A obrigação de indenizar nasceu do furto no
estacionamento da ré, independente de culpa desta. Assim dispõem os artigos
186 e 927 do Código Civil.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo. 
 
Está demonstrado que a ré possui o dever de guarda,
pois cria, para o usuário, uma expectativa quanto à proteção, à segurança
proporcionada ao veículo ali deixado, além de beneficiar-se pelo atrativo que o
estacionamento exerce sobre os clientes.
Sílvio de Salvo Venosa explica a responsabilidade da ré
ao oferecer estacionamento a seus clientes, qual seja, objetiva:
 
... Assim ocorre quando o estabelecimento comercial oferece
estacionamento a seus clientes. Nesse caso, o estacionamento do
veículo faz parte inarredável do negócio do fornecedor e a
responsabilidade por danos ou furto no veículo é objetiva, de acordo
com o Código de Defesa do Consumidor. Na terminologia mercantil,
podemos dizer que o estacionamento em estabelecimentos comercial
integra seu aviamento, fazendo parte do negócio. Pouco importa,
nessa hipótese, seja oneroso ou gratuito. 1
 

1
VENOSA, SÍLVIO DE SALVO. Direito Civil: Responsabilidade Civil. Editora Atlas, 3ª ed.
São Paulo. 2003, pág. 186.
O estacionamento, embora gratuito, não é uma gentileza,
visto que atrai clientes, sendo parte essencial do negócio, gerando expectativa
de lucros, sendo que a ré recebe pelo serviço disponibilizado a seus clientes,
embutindo-o no preço das mercadorias.
Não resta qualquer dúvida de que os danos deverão ser
suportados pela ré, cuja responsabilidade é objetiva. Assim versa a
jurisprudência do Tribunal de Justiça de Santa Catarina:
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. FURTO DE VEÍCULO
E PERTENCES PESSOAIS DO AUTOR EM ESTACIONAMENTO DE
SUPERMERCADO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO PELO DANO
MATERIAL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PARCIAL
PROCEDÊNCIA NO PRIMEIRO GRAU. APLICABILIDADE DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INSURGÊNCIA DO
SUPERMERCADO REQUERIDO QUE APONTA A AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DO EVENTO DANOSO EM
SUAS DEPENDÊNCIAS. INSUBSISTÊNCIA. BOLETIM DE
OCORRÊNCIA REGISTRADO PELO AUTOR QUE EVIDENCIA A
SUBTRAÇÃO DO VEÍCULO NO ESTACIONAMENTO DO
SUPERMERCADO. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM DE
VERACIDADE. DEMANDADO QUE SE LIMITA A ENFATIZAR NÃO
TER O AUTOR COMPROVADO SUAS ALEGAÇÕES.
NECESSIDADE DE PROVA APTA A DESCONSTITUIR O DIREITO
DO AUTOR. REQUERIDO QUE NÃO SE DESINCUMBIU DO ÔNUS
QUE LHE IMPÕE O ARTIGO 333, II, CÓDIGO PROCESSO CIVIL.
ADEMAIS, ESTACIONAMENTO DISPONIBILIZADO COM O
ESCOPO DE CAPTAR CLIENTES E TIRAR PROVEITO
ECONÔMICO. DEVER DE VIGILÂNCIA IMPLÍCITO. APLICAÇÃO DA
SÚMULA 130 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DEVER DE
INDENIZAR CONFIGURADO. PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS. IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARBITRAMENTO EM 20% SOBRE
O VALOR DA CONDENAÇÃO. SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS
PRESTADOS COM EFICIÊNCIA E PRESTEZA PELO PATRONO DO
AUTOR. VALORIZAÇÃO DO TRABALHO DO ADVOGADO, FIGURA
ESSENCIAL A DISTRIBUIÇÃO DA JUSTIÇA. RESPEITO AOS
LIMITES IMPOSTOS PELO ARTIGO 20, § 3º, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
APLICAÇÃO DE OFÍCIO DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NO IMPORTE
DE 1% (UM POR CENTO) DE MULTA E 20% (VINTE POR CENTO)
DE INDENIZAÇÃO, AMBOS SOBRE O VALOR ATUALIZADO DA
CAUSA. EXEGESE DO ARTIGO 17, VII E ARTIGO 18, CAPUT E
§2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. (TJSC, Apelação Cível n.
2011.005924-1, de Balneário Camboriú, rel. Des. Denise Volpato , j.
07-05-2013)
 
O Superior Tribunal de Justiça já se pronunciou por
intermédio da Súmula nº 130, a qual responsabiliza o estabelecimento
comercial por danos ou furto ocorridos em seu estacionamento.
 
STJ Súmula nº 130 - 29/03/1995 - DJ 04.04.1995
Reparação de Dano ou Furto de Veículo - Estacionamento -
Responsabilidade
A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou
furto de veículo ocorridos em seu estacionamento.
 
Diante dos fatos apresentados, não restam dúvidas
quanto à responsabilidade da empresa ré de indenizar o autor pelos danos
materiais sofridos.

DOS DANOS MATERIAIS


 
O dano material é aquele que atinge os valores
econômicos, como redução da renda ou da sua perspectiva, repercutindo no
padrão de vida da vítima ou na formação de seu patrimônio.
Como comprovado pelo demonstrativo da Tabela FIPE,
os danos materiais totalizaram R$ 408.350,00 (quatrocentos e oito mil
trezentos e cinquenta reais).

DOS PEDIDOS

Ante o exposto requer:

a) A citação da ré, na pessoa de seu representante, para


responder a presente ação, sob pena de revelia, confissão ficta e revelia.
b) a procedência dos pedidos, para condenar a ré a pagar
a título de indenização por danos materiais, a quantia de R$ 408.350,00
(quatrocentos e oito mil trezentos e cinquenta reais), que deverá ser atualizada
e acrescida de juros, correspondente ao valor de mercado do veículo, à época
do furto, conforme demonstrativo da Tabela FIPE, em 13 de maio de 2013;
c) a produção de todas as provas em direito admitidas,
em especial documental, testemunhal, pericial, e qualquer outra que Vossa
Excelência considerar necessária ao deslinde do feito;
d) a condenação da ré ao pagamento de custas e
despesas processuais, bem como a condenação da ré ao pagamento de
honorários advocatícios, de acordo com o disposto no artigo 20, parágrafo 3º
do Código de Processo Civil;

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 408.350,00 (quatrocentos e


oito mil trezentos e cinquenta reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Tubarão, 13 de maio de 2013.

MURILO THOMAZ MONTEIRO


OAB/SC ...

NATÁLIA REGINA MACHADO


OAB/SC ...

RODRIGO CASTRO DE SOUZA


OAB/SC ...

Rol de documentos:

1. Procuração;
2. RG e CPF;
3. Comprovante de Residência;
4. Certificado de registro e licenciamento do veículo;
5. Demonstrativo da Tabela FIPE de avaliação do valor do automóvel

Rol de testemunhas:
1. Carla Perez, brasileira, divorciada, dançarina, residente e domiciliada na
Rua do Tcham, 11, bairro Bahia, Joinville/SC.

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