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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO _____

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE QUIXADÁ-CE

BRISANET SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES S.A., pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 04.601.397/0001-28, com sede no KM 14 DA
ROD CE-138, S/N, TRECHO PEREIRO/CE DIVISA COM SÃ O MIGUEL/RN, ESTRADA
CARROSSAL, BRISA 1KM PORTÃ O A, PRÉ DIO 2, ENTRADA 3, SÍTIO SERROTE VERDE,
Pereiro/CE, CEP 63460-000 vem, por intermédio de seu Advogado e bastante
procurador infra-assinado, à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 186
e 927 do Có digo Civil, propor:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS

em face da COMPANHIA ENERGÉTICA DO CEARÁ – ENEL, pessoa jurídica


de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 07.047.251/0001-70, com sede na Rua
Padre Valdevino, nº150, Bairro Centro, Fortaleza-CE, CEP 60135-040, pelas razõ es de
fato e de direito que passa a expor.

DOS FATOS
A empresa Requerente nesta demanda é proprietá ria do veículo da marca
Renault, modelo Sandero, cor predominante branca, de placa POG-6728, conforme
documentaçã o em anexo.
No dia 23 de novembro de 2020, precisamente as 12:10H, conforme
Boletim de Ocorrência em anexo, o colaborador da ora Requerente TIAGO RANGEL
LEMOS VICTOR conduzia o veículo supramencionado pela rua José Queiroz Pessoa,
sentido centro, quando, ao transitar na altura do cruzamento com a Rua Maia, fora
surpreendido pelo veículo da marca Mitsubishi Motors, modelo L200 Triton GLS D, cor
predominante branca, de placa OZJ-4524, de propriedade da Requerida, conduzido
naquele momento por seu colaborador FRANCISCO IVANILTON DOS SANTOS
NASCIMENTO.
Conforme se verifica através das imagens acostadas à presente, o
colaborador da Requerente se mantinha em via preferencial, enquanto o colaborador
da Requerida quebrou acintosamente o dever de cuidado, uma vez que, ao trafegar em
velocidade aparentemente excessiva para um cruzamento movimentado (ao contrá rio
do colaborador da Requerente, conforme se demonstra em anexo) e conduzindo um
veículo de grande porte, agiu imoderadamente, visto que nã o observou com cautela o
trâ nsito à sua esquerda, via principal e de sentido ú nico.

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À vista disso, o colaborador da Requerida, desrespeitando as leis do Có digo
de Trâ nsito Brasileiro, ultrapassou o cruzamento e colidiu com o veículo da
Requerente, causando diversas deformaçõ es que acarretaram em prejuízos
considerá veis.
O condutor do veículo da Requerente imediatamente registrou Boletim de
Ocorrência (documento em anexo) e, ainda, conversou com o colaborador da
Requerida, que afirmou nã o se responsabilizar pelo ocorrido.
A Requerente direcionou o veículo até uma oficina de sua confiança, que
realizou todos os procedimentos necessá rios para que fosse seu veículo reparado, e o
valor total do serviço do conserto correspondeu ao valor de R$ 1.100,00 (mil e cem
reais), conforme demonstrativo em anexo.
Portanto, nã o restando outra alternativa, cá está a Requerente em busca da
tutela jurisdicional, a fim de receber uma indenizaçã o por danos materiais causados ao
veículo da empresa, por culpa exclusiva da Requerida, conforme se justifica na
presente.

DO DIREITO
Inicialmente, cumpre esclarecer que a responsabilidade da empresa
Requerida, concessioná ria de serviço pú blico, é objetiva, mesmo na hipó tese de dano
causado à quele que nã o é usuá rio direto do serviço.
Aplica-se a teoria do risco administrativo, segundo a qual, a concessioná ria
tem a obrigaçã o de ressarcir danos causados por seus agentes a terceiros, desde que
presente o nexo de causalidade.
O TJRJ guarda sá bia jurisprudência relevante ao caso em tela:

Apelaçã o cível. Açã o indenizató ria. Acidente de trâ nsito.


Colisã o entre coletivo e carro particular. Concessioná ria de
serviço pú blico. Responsabilidade objetiva. Depoimento da
testemunha arrolada pela parte ré que apresenta
contradiçõ es que afastam sua credibilidade. Dinâ mica do
acidente compatível com as imagens, BRAT e depoimento
da testemunha da parte autora. Dano material configurado.
Ausência, no entanto, de dano moral. Acidente de pequenas
proporçõ es. Mero aborrecimento. Sentença alterada.
Recurso parcialmente provido.

Pois bem, o nexo está claramente demonstrado, uma vez que os condutores
sã o prestadores de serviço e conduziam um veículo pertencente à Requerida.
Em continuidade ao que se defende na presente demanda, vale observar o
que diz o artigo 28 do Có digo de Trâ nsito Brasileiro:

“Art. 28. O condutor deverá , a todo o momento, ter domínio


de seu veículo, dirigindo-o com atençã o e cuidados
indispensá veis à segurança do trâ nsito.” [g. N.].

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Tem-se, entã o, por cristalino, que a Requerida nã o manteve observâ ncia aos
cuidados indispensá veis à segurança do trâ nsito, agindo com total falta de atençã o,
posto que simplesmente avançou o cruzamento, com notó ria imprudência. Além disso,
deixou de observar as normas constantes nos artigos 34 e 44 da mesma Lei, que tratam
sobre a indispensá vel prudência e velocidade moderada em qualquer tipo de
cruzamento:

“Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra


deverá certificar-se de que pode executá -la sem perigo
para os demais usuá rios da via que o seguem, precedem ou
vã o cruzar com ele, considerando sua posiçã o, sua direçã o
e sua velocidade.

Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento, o


condutor do veículo deve demonstrar prudência especial,
transitando em velocidade moderada, de forma que possa
deter seu veículo com segurança para dar passagem a
pedestre e a veículos que tenham o direito de preferência.”

Nesse mesmo sentido, já se manifestou o Egrégio Tribunal de Justiça de Sã o


Paulo, cuja ementa transcreve-se:

“RESPONSABILIDADE CIVIL – ACIDENTE DE TRÂ NSITO –


DINÂ MICA DO EVENTO COMPROVADA – CULPA DO RÉ U
DEMONSTRADA – COLISÃ O EM CRUZAMENTO
SINALIZADO – DESCUMPRIMENTO DAS REGRAS DE
CIRCULAÇÃ O DE VEÍCULOS PREVISTAS NOS ARTIGOS 34 E
44 DO CÓ DIGO BRASILEIRO DE TRÂ NSITO – INDENIZAÇÃ O
POR DANOS MATERIAIS MANTIDA – HONORÁ RIOS
ADVOCATÍCIOS – PEDIDO DE RESSARCIMENTO DE
HONORÁ RIOS CONTRATADOS COM ADVOGADO PARA
AJUIZAMENTO DA PRESENTE AÇÃ O –
INADMISSIBILIDADE - AÇÃ O PARCIALMENTE
PROCEDENTE – APELO DO RÉ U A QUE SE DÁ
PROVIMENTO EM PARTE.
(TJ-SP - APL: 00116546120108260445 SP 0011654-
61.2010.8.26.0445, Relator: Francisco Thomaz, Data de
Julgamento: 02/09/2015, 29ª Câ mara de Direito Privado,
Data de Publicaçã o: 02/09/2015)”. [g. N.].

Partindo desses pressupostos, a legislaçã o brasileira, em especial o Có digo


Civil, prevê a possibilidade de o credor buscar a satisfaçã o de seu crédito mediante a
propositura de açã o pertinente. No caso em tela, tem-se um ato ilícito pela conduta
imprudente de desobediência da legislaçã o de trâ nsito, causando danos a terceiros, o
que se enquadra nos ditames do art. 186 do Có digo Civil, abaixo colacionado:

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Art. 186. Aquele que, por açã o ou omissã o voluntá ria,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Ou seja, pela omissã o voluntá ria da Requerida, que reflete diretamente num
prejuízo à Requerente, visto que esta teve que arcar com as despesas de conserto do
automó vel, tem-se configurado um ato ilícito. Nesse mesmo sentido, é o art. 389 do
mesmo diploma legal:

Art. 389. Nã o cumprida a obrigaçã o, responde o devedor


por perdas e danos, mais juros e atualizaçã o monetá ria
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
honorá rios de advogado.

Trata-se da necessá ria aplicaçã o da lei, uma vez que demonstrado o liame
probató rio em que a Requerida cometeu o ato ilícito de desrespeito à s leis de trâ nsito,
causando danos à Requerente e, ainda, se esquivando da obrigaçã o de reparaçã o.
Assim se manifesta o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃ O DE


RESSARCIMENTO PELO RITO SUMÁ RIO. SEGURO DE
VEÍCULO AUTOMOTOR. SENTENÇA DE PROCEDÊ NCIA.
APELAÇÃ O CÍVEL. CHOQUE ENTRE VEÍCULOS. CULPA
EXCLUSIVA DA APELANTE CONFIGURADA. DEVER DE
RESSARCIMENTO À SEGURADORA DO VALOR
DESPENDIDO PARA A REPARAÇÃ O DO VEÍCULO
SEGURADO. INTELIGÊ NCIA DO ART. 786 DO CÓ DIGO CIVIL
E SÚ MULA Nº 188 DO STF. GASTO DEVIDAMENTE
COMPROVADO PELA SEGURADORA APELADA. SENTENÇA
MANTIDA. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. De
acordo com o acervo probató rio dos autos, observa-se que
o sinistro em questã o deu-se em virtude de culpa exclusiva
da ré/apelante, que, em violaçã o aos arts. 28 e 34 do
Có digo de Trâ nsito Brasileiro, agiu com imprudência ao
conduzir o seu veículo em marcha à ré, numa rua escura,
sem ter atentado para a existência de outro veículo
estacionado do lado oposto da via pú blica, vindo a chocar-
se com este. 2. Nos termos do art. 786, caput, do Có digo
Civil, no â mbito do contrato de seguro de dano, o segurador
sub-roga-se, nos limites do valor do contrato, nos direitos e
açõ es que competirem ao segurado contra o autor do dano,
entendimento que também é respaldado pela Sú mula nº
188 do STF. 3. Levando em conta os itens que foram
substituídos e os serviços que foram prestados, observa-se
que o valor arcado pela seguradora para fins de realizaçã o
da completa reparaçã o do carro mostrou-se alinhado à
realidade mercadoló gica, especialmente porque as peças

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substituídas sã o originais de fá brica, o que nã o é o caso dos
orçamentos apresentados pela apelante, que se referem a
itens genéricos ou usados, nã o condizentes com a efetiva
reparaçã o integral imposta no art. 944 do Có digo Civil. 4.
Precedentes do STJ (AgRg no Ag 1391591/RS, Rel. Ministro
RAUL ARAÚ JO, QUARTA TURMA, julgado em 20/10/2015,
DJe 20/11/2015) e do TJRN (AC nº 2013.018586-5, Rel.
Desembargadora Judite Nunes, Segunda Câ mara Cível,
julgado em 15/04/2014 e AC nº 2010.002552-2, Rel. Juiz
Convocado Klaus Cleber Morais de Mendoça, Segunda
Câ mara Cível, julgado em 21/09/2010). 5. Apelo conhecido
e desprovido. (TJ-RN - AC: 20180062452 RN, Relator:
Desembargador Virgílio Macêdo Jr., Data de Julgamento:
13/11/2018, 2ª Câmara Cível)

Nesse sentido, sendo notó ria a necessá ria aplicaçã o da Lei, vez que
comprovada a açã o omissa ao se fazer inerte em cumprir com os pagamentos das
custas referentes ao conserto do veículo, outra soluçã o nã o resta se nã o o imediato
pagamento do débito, devidamente atualizado, conforme amplamente resguardado
pelo Direito.

O valor de R$1.100,00 (mil e cem reais) devido pelo Requerida à


Requerente, a título de indenizaçã o por danos materiais, foi atualizado
monetariamente e sobre ele incidido juros, de acordo os índices oficiais, conforme
demonstraçã o a seguir:

Portanto, requer que seja a Requerida condenada a pagar a quantia de


R$1.462,58 (mil, quatrocentos e sessenta e dois reais e cinquenta e oito
centavos) à Requerente, a título de indenização por danos materiais causados ao
veículo.

DOS PEDIDOS

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Arrimados nos fundamentos fá ticos e jurídicos aqui colacionados, e com a
confiança sempre renovada na sapiência e no espírito de justiça que revestem as
decisõ es deste juízo, é a presente para requerer:

a) A citaçã o da Requerida para, querendo, apresentar defesa no prazo


legal;
b) A TOTAL PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS, com a condenação da
Requerida ao pagamento da quantia de R$1.462,58 (mil,
quatrocentos e sessenta e dois reais e cinquenta e oito centavos) à
Requerente, a título de indenização por danos materiais causados
ao veículo;

Requer, ainda, que seja condenada a Requerida ao pagamento de


honorá rios advocatícios sucumbenciais, no importe de 15%, devendo ser calculado
sobre o valor que resultar a liquidaçã o da sentença, do proveito econô mico obtido ou,
nã o sendo possível mensurá -lo, sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art.
85 do CPC, tendo em vista o zelo e esforço do presente patrono.
No mais, requer a condenaçã o da Requerida ao pagamento de custas
processuais e demais despesas advindas da presente demanda.
Protesta provar o alegado, por todos os meios em direito admitidos.

Dá -se à causa o valor de R$ 1.681,97.

Termos em que,
Pede deferimento.
Pereiro-CE, 16 de novembro de 2021.

José Aleixon Moreira de Freitas


OAB/CE 28.119 –A e OAB/RN 7.144

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