Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
- Quanto aos danos morais, não se cuidando de danos "in re ipsa", incumbe
à parte autora o ônus de comprovar que a falha no serviço causou-lhe
humilhação, dor ou sofrimento desarrazoados.
ACÓRDÃO
2
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
RELATORA.
VOTO
3
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da
condenação, à luz do artigo 85, parágrafo 2º, do Código de Processo Civil."
4
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Sustenta ser devida a indenização por danos morais postulada, vez que
"o acidente poderia ter custado a vida do Recorrente", e ainda, "em virtude
do impacto ocasionado pelo acidente, o Recorrente precisou ser submetido a
atendimento médico ambulatorial, tendo em vista ter sofrido uma forte
pancada na região torácica" (sic).
5
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Por fim, em relação aos lucros cessantes, alega que "o Recorrente
percebia uma renda bruta mensal de aproximadamente R$16.000,00,
devidamente comprovada através do DACTE (Documento Auxiliar de
Conhecimento de Transporte Rodoviário) e Relatórios de Contas de fls.
56/67" (sic).
Anota que lhe é devida a indenização por lucros cessantes, "no importe
mensal de R$16.000,00, durante o período de 16 (dezesseis) meses em que
o veículo permaneceu inativo ou pelo menos a importância de 25% do valor a
título de lucro mensal (extraídas as despesas)" (sic).
Parte isenta do recolhimento do preparo prévio, vez que litiga sob o pálio
da justiça gratuita (doc. ordem 04).
6
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
É o relatório.
7
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
8
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
MÉRITO
9
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
10
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
a terceiros.
11
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
12
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
"(...) a omissão configura a culpa 'in omitendo' e a culpa 'in vigilando'. São
casos de inércia, casos de não-atos. Se cruza os braços ou se não vigia,
quando deveria agir, o agente público omite- se, empenhando a
responsabilidade do Estado por inércia ou incúria do agente. Devendo agir,
não agiu. Nem como o 'bonus pater familiae', nem como o 'bonus
admistrator'. Foi negligente. Às vezes imprudente e até imperito. Negligente,
se a solércia o dominou; imprudente, se confiou na sorte; imperito, se não
previu as possibilidades de concretização do evento. Em todos os casos,
culpa, ligada à idéia de inação, física ou mental." (Tratado de Direito
Administrativo, Forense, Rio de Janeiro, 1a. ed., 1970, p. 210, n. 161).
13
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
14
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
15
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
16
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Neste tocante, afirma que "a árvore que provocou o acidente somente
caiu sobre a rodovia em razão dos fortes ventos e da chuva que assolaram a
região o dia dos fatos" (sic).
17
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Além disso, observa-se das fotos juntadas pela parte ré que a queda de
árvore nelas retratada ocorreu em um trecho de reta da rodovia, o que não
se mostra consentâneo com o local do acidente sofrido pelo autor e retratado
no "croqui" da Polícia Rodoviária Federal.
Aliás, nem mesmo se pode afirmar que, nas fotos apresentadas pela ré, a
árvore caída sobre a rodovia teria atingido algum veículo, o qual também não
se encontra ali retratado. Ora, um veículo de grande porte como é o caso do
caminhão do autor certamente demandou tempo e equipamentos pesados
para retirá-lo da rodovia, mas o veículo não aparece nas fotos, sequer no
acostamento.
18
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
árvore que caiu sobre o caminhão do autor estava "ocado; que era grosso o
eucalipto", e que "além desse que caiu tem vários eucaliptos lá, todos
ocados, com perigo de cair" (sic). Acrescentou ainda que, após o acidente, a
concessionária não retirou nenhuma outra árvore do local além do eucalipto
que caiu sobre o caminhão do autor e que pode precisar tal afirmação, pois
frequentemente transita naquele trecho da rodovia fazendo transporte de
animais para abate.
19
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
"(...) que pode ter sido verificado o risco de queda e, se foi verificado,
certamente foi aberto o chamado; que não pode realizar o corte da árvore
sem prévia autorização do órgão ambiental competente; que só faz o corte
mediante autorização ambiental, ainda que seja iminente o risco de queda;
que muito provavelmente foi feito o chamado sobre os eucaliptos
demonstrados nas fotos que constam dos autos; que o chamado é feito para
autorizar o corte da árvore; que tem órgão ambiental que demora anos
receber uma resposta deles; que trabalha desde janeiro de 2017 e não sabe
de histórico sobre quedas de árvores ocadas ou que caíram por qualquer
outro motivo;" (grifamos)
Não bastasse isso, porém, ainda que a poda ou corte de árvores exigisse
a observância de prévio procedimento administrativo-ambiental, o que pode
ser demorado, como é da concessionária
20
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
21
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
No caso, ainda que tenha ocorrido a queda da árvore por ação do vento,
a omissão da concessionária em impedir a ocorrência de tal fato não retira a
sua responsabilidade.
Por fim, não é despiciendo lembrar que recai sobre o réu a prova do fato
extintivo, modificativo ou impeditivo do direito alegado pelo autor. Destarte,
incumbia à 2ª apelante produzir prova capaz de atestar que a árvore que caiu
sobre o caminhão do autor não apresentava situação de risco de queda e
ainda, que os ventos que atingiram o local no dia dos fatos eram capazes de
provocar a queda de uma árvore de grande porte, mesmo estando saudável.
22
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
23
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
24
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
25
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Acerca dos lucros cessantes assim prevê o art. 402 do Código Civil:
26
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
27
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
O autor assevera nas razões recursais que "o Recorrente percebia uma
renda bruta mensal de aproximadamente R$16.000,00, devidamente
comprovada através do DACTE (Documento Auxiliar de Conhecimento de
Transporte Rodoviário) e Relatórios de Contas de fls. 56/67" (sic).
Pois bem.
28
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
MGL TRANSPORTES.
29
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
30
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Cabia ao autor a prova exata do lucro que deixou de receber (art. 373, I
do CPC), não tendo se desincumbido desse ônus, deve ser julgado
parcialmente procedente o pedido para condenar o requerido no dever de
indenizar os lucros cessantes no valor de renda mensal demonstrada nos
autos, qual seja, R$788,00, desde 24.09.2016 até 31.01.2018.
Do dano moral
31
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Em suas razões recursais ele afirma que "o acidente poderia ter custado
a vida do Recorrente" e que, além disso, "em virtude do impacto ocasionado
pelo acidente, o Recorrente precisou ser submetido a atendimento médico
ambulatorial". Apontou, também, que "permaneceu impossibilitado de
usufruir do veículo por um longo período, devido aos danos causados pelo
acidente, resultando em uma série de aborrecimentos e transtornos" (sic).
Pois bem.
"Para evitar excessos e abusos, recomenda Sérgio Cavalieri, com razão que
só se deve reputar como dano moral 'a dor, vexame, sofrimento ou
humilhação que fugindo à normalidade, interfira intensamente no
32
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
"Só deve ser reputado como dano moral a dor, o vexame, sofrimento,
humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústias e
desequilíbrio em seu bem estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa,
irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral,
porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no
trabalho, no trânsito, entre amigos e até no ambiente familiar, tais situações
não são intensas e duradouras, ao ponto de romper o equilíbrio psicológico
do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano
moral, ensejando ações judiciais em busca de indenização por triviais
aborrecimentos." (Filho, Sérgio Cavalieri. Programa de responsabilidade civil.
9ª. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2010. p. 78).
"O mero dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas
33
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Sabe-se que o dano moral é aquele tipo de dano que atinge aspectos
constitutivos da identidade do indivíduo, a exemplo do seu corpo, do seu
nome, da sua imagem e de sua aparência, sendo a proteção da
personalidade e, por tudo isso, um direito imprescindível para preservação da
dignidade humana.
Ele também admitiu que, muito embora tenha sido encaminhado para o
serviço de atendimento médico no dia dos fatos, foram feitos exames de
imagem e nenhuma fratura ou outro tipo de lesão mais grave foram
constatadas. Isso porque, da documentação carreada (doc. ordem 03 - pg.
19/20), evidencia-se que o requerente, apesar
34
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Vê-se, portanto, que o autor não sofreu qualquer lesão de natureza leve
ou grave não tendo, tampouco, sido evidenciada a necessidade de exames
mais aprofundados ou da permanência do paciente em internação por longo
período de tempo.
35
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
36
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
37
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
Lado outro, por dever de ofício, verifica-se que a sentença merece reparo
quanto ao termo a quo de incidência da correção monetária, a incidir sobre
os valores devidos a título de danos materiais.
38
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
CONCLUSÃO
Nos termos do art. 85, §§1º e 11 do CPC, em razão dos recursos majoro
os honorários advocatícios de sucumbência fixados em primeiro grau sobre o
valor da condenação em 2% (dois por cento).
É como voto.
39
Tribunal de Justiça de Minas Gerais
40