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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 8ª Vara Cível

da Comarca da Capital, Estado do Rio de Janeiro.

Processo: 11111111111

Ação condenatória de indenização por danos materiais

João , qualificado, por seu advogado, que esta subscreve, conforme


procuração juntada, nos autos do processo que lhe move Karla, vem à
presença de Vossa Excelência apresentar CONTESTAÇÃO COM
RECONVENÇÃO, nos seguintes termos:

I. DOS FATOS

Alega, a autora, que dirigia seu veículo na Rua 001, na cidade do Rio de
Janeiro, quando sofreu uma batida, na qual também se envolveu o veículo do
ora contestante, por estar o réu transitando acima do limite de velocidade.
Aduz que o acidente lhe gerou danos materiais estimados em R$ 40.000,00
(quarenta mil reais), equivalentes ao conserto de seu automóvel; postula
indenização pelo valor equivalente ao conserto de seu automóvel, sob o
argumento de que o réu teria sido responsável pelo acidente, por dirigir acima
da velocidade permitida; manifestado pela autora desinteresse na designação
de audiência de conciliação; atribuiu à causa o valor de R$ 1.000,00 ( mil
reais).

II. DA TEMPESTIVIDADE

Tendo em vista a juntada do o aviso de recebimento da carta de citação aos


autos em 04/02/2019, tempestiva a presente contestação, eis que protocolada
no prazo estabelecido no art. 335, III c/c art. 231, I, ambos do CPC.

III. DA DEFESA PRELIMINAR


Da incorreção no valor da causa
A autora pretende a condenação do réu ao pagamento de indenização por
danos materiais no importe de R$ 40.000,00, valor que, segundo alega, foi
gasto no conserto de seu automóvel após o acidente de trânsito. Portanto,
evidente que o valor de R$ 1.000,00 atribuído à causa não corresponde ao
conteúdo patrimonial ou proveito econômico pretendido pela a parte autora,
contrariando o disposto no art. 292, V do CPC.

Deste modo, requer-se a retificação do valor da causa para constar o


montante cujo pagamento a autora, efetivamente, pretende, de R$ 40.000,00,
devendo, nos termos do art. 293 do CPC, ser determinada por este juízo a
complementação das custas processuais, sob pena de extinção do processo
sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, III e IV do CPC.

IV. DO MÉRITO

As alegações da autora não merecem prosperar. Primeiramente, cumpre


mencionar que o réu, por ocasião do acidente e conforme apurado, estava
trafegando cerca de 5% acima do limite de velocidade da via. No entanto, o
Regulamento Técnico Metrológico (RTM) para medidores de velocidade de
veículos automotores, regulamentado pela Portaria Inmetro nº 544 de
12/12/2014, que acompanha a presente defesa, estabelece os seguintes
requisitos de tolerância para erros de medição:

“4.2.3 Os erros máximos admissíveis em serviço para medidores de


velocidade fixos, estáticos e portáteis são de ± 7 km/h para velocidades até
100 km/h e ± 7 % para velocidades maiores que 100 km/h.
4.2.4 Os erros máximos admissíveis em serviço para medidores de
velocidade móveis são de ± 10 km/h para velocidades até 100 km/h e ± 10 %
para velocidades maiores que 100 km/h”.
Deste modo, sendo fixo ou móvel o equipamento que registrou a velocidade
em que o réu trafegava, resta claro que não cometeu qualquer infração de
trânsito, vez que, sendo a velocidade da via inferir a 100 km/h o limite máximo
de 7 km/h será sempre inferior a 5% e; sendo superior a 100 km/h, é de 7%
para mais ou para menos.

A prática de ato ilícito, nos termos do art. 186 do CC, faz nascer para o


agente que causou o dano o dever de indenizar a vítima, consoante disposto
no art. 927 do CC. Portanto, a responsabilização é subjetiva e demanda, para
a condenação na obrigação de reparação, além da efetiva ocorrência do
dano, a conduta doloso omissiva, comissiva, ou culposa negligente ou
imprudente, que tenha resultado no dano sofrido.

Assim, configurado que o réu não praticou qualquer ato ilícito ou infração de
trânsito de qualquer natureza, não há que se falar em dever de indenizar a
parte autora pelos prejuízos materiais advindos da colisão entre os veículos.
Sucessivamente: da culpa concorrente

Caso Vossa Excelência não entenda pela improcedência total do pedido de


indenização da autora por ausência absoluta de culpa do réu, requer-se que
seja considerado que houve culpa concorrente.

No caso em tela, admitindo-se que o réu estava trafegando acima do limite de


velocidade em 5%, a autora omite os fatos registrados no boletim de
ocorrência, de que estava conduzindo o veículo alcoolizada e ultrapassou o
sinal vermelho. Portanto, desprezando os limites de tolerância e erro dos
radares, considerando que ambos, autora e réu, cometeram infração de
trânsito descrita nos artigos 165 e 218 do Código de Trânsito Brasileiro,
respectivamente, deve ser configurada a culpa concorrente, nos termos do
art. 945 do CC.

Neste contexto, cada parte deverá suportar os prejuízos sofridos com o


colisão entre os veículos.

V. DA RECONVENÇÃO

Considerando os fatos narrados na exordial e o evidente prejuízo


injustamente suportado pelo reconvinte em razão de conduta lesiva
reconvinda, apresenta, neste momento, a reconvenção.

As partes, reconvinda e reconvinte, encontram-se devidamente qualificados


nos autos, bem como os fatos foram narradas na petição inicial da ação
principal e complementados na contestação.

Dos fundamentos jurídicos da reconvenção

A reconvinda, por ocasião da colisão entre os veículos e conforme atestado


pelo boletim de ocorrência lavrado , estava conduzindo veículo sob influência
de álcool e avançou o sinal vermelho, praticando, nos termos dos
artigos 165 e 208 do Código de Trânsito Brasileiro, 02 (duas) infrações de
natureza gravíssima.

O reconvinte, por sua vez, não praticou qualquer infração de trânsito, vez que
trafega 5% acima do limite de velocidade da via e, conforme explanado no
anterior, o Regulamento Técnico Metrológico (RTM) para medidores de
velocidade de veículos automotores, regulamentado pela Portaria Inmetro nº
544 de 12/12/2014 estabelece limites máximo de erro na aferição dos
medidores fixos de velocidade de veículos automotores de 7 km para mais ou
para menos, se o limite de velocidade foi inferior a 100 km/h e de 7% para
mais ou para menos, se o limite de velocidade for superior a 100 km/h.
Neste contexto, resta evidente que a colisão entre os veículos se deu por
culpa exclusiva da reconvinda, não tendo o reconvinte concorrido de qualquer
forma para a ocorrência do fato que lhe causou prejuízo material de R$
30.000,00 com o conserto de seu veículo, devendo, portanto, ser
integralmente ressarcido pelos danos suportados, nos termos dos
artigos 186 e 927 do CC.

Dá-se à reconvenção o valor de R$ 30.000,00.

Requer-se que Vossa Excelência determine a intimação da reconvinda, nos


termos do art. 373, § 1º do CPC para, querendo, apresentar resposta à
presente reconvenção no prazo legal.

VI. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Nos termos do art. 98 do CPC, a gratuidade de justiça deve ser concedida à


pessoa natural ou jurídica com insuficiência de recursos para pagar as custas
do processo, as despesas processuais e os honorários de advogado.

O reconvinte, neste ato, requer a concessão de tais benefícios, por ser


pessoa pobre, na acepção jurídica do termo, conforme declaração de
hipossuficiência, firmada sob as penas da lei, que acompanha a presente
peça, isentando-o, assim, do recolhimento das custas relativas à reconvenção
e demais despesas decorrentes das ações.

VII. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Ante o exposto, requer-se:

a) O acolhimento da preliminar de incorreção do valor da causa, para constar


o conteúdo econômico efetivamente perseguido pela autora, com
determinação de complementação do pagamento das custas processuais,
sob pena de extinção do feito sem resolução de mérito;

b) A improcedência do pedido formulado pela parte autora, na ação principal,


por ausência de culpa do réu;

c) Sucessivamente, em caso de não acolhimento do primeiro pedido, que seja


reconhecida a culpa concorrente, determinando que cada parte deverá arcar
com os prejuízos relativos ao conserto de seus respectivos veículos;

d) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser pessoa pobre na


acepção jurídica do termo, conforme declaração anexa;
e) A intimação da reconvinda, nos termos do art. 343, § 1º do CPC para,
querendo, apresentar respostar à reconvenção, no prazo legal;

f) A procedência do pedido formulado na reconvenção, condenando a


reconvinda ao pagamento de indenização por danos materiais no importe de
R$ 30.000,00, correspondente ao montante gasto pelo reconvinte com o
conserto de seu veículo, acrescida de juros, correção monetária e honorários
de advogado;

g) A produção de todas as provas admitidas em juízo para comprovação das


alegações aduzidas na contestação e na reconvenção;

h) A intimação do patrono que subscreve a petição acerca de todos os atos


processuais, sob pena de nulidade, nos termos do art. 272, § 2º do CPC.

Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de 2019.

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